Há duas semanas, o goleiro e maior ídolo do São Paulo Futebol Clube, Rogério Ceni, ganhou batalha na justiça contra a ex-comentarista esportiva Milly Lacombe. Para quem não se lembra do caso, há pouco menos de cinco anos, Lacombe, então comentarista do Sportv, acusou Ceni de falsificar assinatura para mostrar pré-contrato com o Arsenal, da Inglaterra e, assim, pleitear aumento de salário junto ao São Paulo.
No mesmo instante, Rogério Ceni ligou no programa e entrou “ao vivo” para dar uma lição não só naquela jornalista como em muitos que, por tabela, falam o que pensam sem ter efetivamente a prova real daquilo que estão querendo propalar no veículo de mídia que prestam serviço.
A história não merece muitas delongas e é conhecida da grande maioria das pessoas que trabalham com o futebol. A memória serve mais para destacar a inteligência e a preocupação com a imagem de ídolo que Rogério Ceni possui – fato esse bastante raro entre jogadores de futebol.
E do fato, temos duas questões para o exemplo, seguidas das respectivas reflexões: como se dá a assessoria direta para cuidar da imagem dos atletas? Como se comporta o clube diante de situações análogas?
Na primeira, deflagra o discernimento do Rogério em pegar o telefone e ligar “ao vivo” no programa, procurando minar qualquer tipo de boato que pudesse denegrir sua imagem. É bom pensarmos que a indenização por danos morais, em alguns casos, não paga todo o dano causado à imagem da pessoa desmoralizada.
Ao mesmo tempo, o fato de Rogério ser uma exceção. Ele fez o papel que um assessor de imprensa deveria fazer. Tudo bem que os assessores de imprensa não são onipresentes (e nem Ceni, que teve a “sorte” de, naquele momento, ver e ouvir o que estavam a falar dele mesmo). Mas é preciso ter planos, meios, métodos e estratégias para minimizar danos e isso passa, em muito, pelo direito de resposta com a finalidade de se chegar à verdade em casos mais polêmicos.
Na segunda, infelizmente é perceptível certa negligência dos clubes de um modo geral em proteger um de seus maiores patrimônios: seus ídolos. São eles que fazem (ou defendem) gols; que por sua vez vendem camisetas; valorizam os produtos licenciados ligado a ambos (clube e atleta); lotam os estádios, e por aí vai. Achar que o atleta é só mais um e depois virão outros parece ser o grande erro dentro desse tipo de relação.
O fato é que cinco anos se passaram desde que o caso “Ceni x Lacombe” ocorreu e, a meu ver, pouca coisa mudou dentro de um contexto amplo. Evoluímos para algumas plataformas de mídia digital e já presenciamos alguns embates por meio delas, com pouco efeito prático e mais desgaste entre os que falam e os que jogam. Ao que parece, poucos atletas foram bem orientados e menores ainda são as soluções para lidar com essa importantíssima relação.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br