O futebol brasileiro está morto.
Não sou (apenas) eu que afirmo.
A revista inglesa 4-4-2 (Four Four Two) deste mês sentencia.
Tostão, em suas colunas, há um certo tempo também.
E, pelos tópicos da reportagem, diante do que tenho visto nos jogos dos clubes brasileiros, em geral, devo, tristemente, concordar.
“Futebol feio”, “A Copa 2014 é um caos”, “Eles não têm mais estrelas” e “Seus melhores jogadores são zagueiros”.
O futebol brasileiro está feio. Demais. Lento, sem criatividade, sem espírito, sem alma, sem pegada.
A impressão é que todos os jogadores estão com a cabeça na Europa – porque desejam ir pra lá, ou porque voltaram pro último ato da carreira já consagrada, cujos aplausos por aqui não lhes são mais necessários.
Dizer que a preparação para a Copa 2014 é caótica é redundante. Pra encurtar meu texto e facilitar sua compreensão, sugiro que frequente aeroportos do Sul e Sudeste, ou as estradas federais. Ah, mais fácil: tente reservar hotel de nível médio em São Paulo.
E o teste pelo qual passou o Pacaembu, na despedida do Ronaldo – que não será estádio da Copa – apontou rachaduras na organização de um evento esportivo. Das mais simples, como a falta de orientação para os acessos VIP. Imagine a classe média…
Falando em Ronaldo, nos não temos mais estrelas mesmo. As maiores são “gringas”. Neymar e Ganso já vão embora.
E, incontestavelmente, nossos zagueiros estão entre os melhores do mundo – Lucio, Thiago Silva, David Luiz, além de Juan, Luisão e os bons laterais que estão na Europa, sem falar dos goleiros.
Escrevo logo após ter visto o documentário “Telê Santana – Meio século de futebol arte”.
Telê não era unanimidade como pessoa. O que se percebe é que esse fato se dava por sua postura perfeccionista e todo exagero que disso decorre.
Por outro lado, todos os que participam das entrevistas afirmam que ele sabia armar verdadeiras equipes, ao extrair dos jogadores o melhor do corpo, da mente e da alma de cada um.
Isso o fez escrever, na história do futebol brasileiro e mundial, capítulos de beleza e vitórias.
O Santos do Muricy -discípulo de Telê – tem esta centelha de bom futebol.
O Barcelona, de hoje, tem no seu DNA holandês-catalão, nas mãos de Guardiola, aquilo que seduz e conquista.
O Cérebro Iniesta encerra os valores humanos e técnicos que são defendidos pelo Barça, até mesmo na escola que o clube mantém na Argentina.
Telê, descanse em paz, ao lado do futebol arte que tanto encantou o Brasil.
Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br