Já imaginou um título desses num anúncio de jornal?
Vá se acostumando. Daqui alguns anos ele poderá ser real…
…ou seria Real?
No último dia 8 de agosto fomos surpreendidos com o anúncio de que o Real Madrid contratara o jogador profissional mais novo do mundo, o garoto de apenas 7 anos de idade, Leonel Angel Coira.
Se a intenção era de apagar o atual sucesso do Barcelona dando a impressão de se preocupar com o futuro não haveria tanto problema, até porque as comparações entre Leonel Coira e Lionel Messi já se iniciaram só pela nacionalidade e pela semelhança entre os nomes.
Mas, se a intenção do Real é ter Leonel como futuro jogador do time profissional, ao decidir contratar o garoto de 7 anos alguns riscos desnecessários foram assumidos.
Independentemente do valor de salário e da condição de vida que esta contratação pode representar para a família ou para o próprio Leonel, não podemos esquecer que outras questões estão em jogo.
Fico me perguntando:
1. Quais os critérios utilizados pelo Real para acreditar que Coira se tornará um bom jogador?
2. Como avaliaram a capacidade dele para o futebol?
3. O que ele tem de diferente de outras crianças de 7 anos do mundo todo que jogam futebol? Seria a técnica, a inteligência, a genética, a habilidade, o perfil psicológico, comportamental e emocional de Leonel muito diferenciado em relação às outras crianças?
4. Como Leonel suportará a pressão ao longo de sua vida?
5. Sua contratação não caracteriza exploração do trabalho infantil?
6. Será que alguma ONG, os Direitos Humanos ou as entidades que cuidam do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não irão se manifestar contra o Real Madrid?
7. Quantos pais vão se inspirar nisso e querer negociar contratos de seus pequeninos filhos com grandes clubes internacionais?
8. Será que o Real Madrid já sabe quem será seu treinador em 2021 para fazê-lo aproveitar Leonel com 17 anos?
Como não tenho respostas para nenhuma dessas perguntas, sinceramente, desejo que essa contratação tenha sido apenas uma jogada de marketing e que Leonel tenha sua vida normal, pois uma coisa é a criança se divertir jogando futebol; e outra é ela ser cobrada por isso.
Que ele possa crescer, estudar, se divertir, ter outra profissão além do futebol e que esta manobra do Real não traga nenhuma sequela para a formação de seu caráter e de sua personalidade.
Além disso, peço que se alguém tiver respostas para alguma das minhas perguntas, por favor, menifeste-se. Será um prazer receber seu e-mail para discutirmos isso.
Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br