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Portuguesa: o maior amor do mundo da minha aldeia

Muita gente que saiu do Canindé na terça-feira com o título antecipado da Série B não sabia o que era ser campeã. E nem precisava disso para saber ser tão ou mais feliz e orgulhosa que alguns que torcem por best-sellers, campeões de audiência e de campo.

É fácil torcer pelo melhor ou pelo maior. Pode causar raiva em muitos, inveja em tantos, discussão sempre. Mas admitir torcer por um clube de menos títulos, torcida, dinheiro e poder é quase encerrar a discussão e iniciar a galhofa. Ou, muito pior, o que há de mais nefasto, e o que há de mais podre e pobre para o nosso coração rico de paixão: o desprezo. A comiseração.

Pior que ser gozado na derrota é não ser zoado. Melhor aturar uma segunda-feira ainda mais perdida que a partida de domingo que aquele olhar de deixa-pra-lá-que-não-vou-zoar-o-infeliz-que-não-sabe-o-que-é-ser-campeão. Algo que muitas vezes o torcedor campeão da Série B por antecipação e com imensos méritos sabe muito mal o que é.

Mas tem algo que muitos que não foram campeões na terça-feira (mas foram muito mais vezes outros tantos dias) podem não saber sentir. Ou não ter a menor ideia mesmo. Não é o prazer de ser campeão. É o prazer de ser. Simplesmente isso: ser.

Quem é Portuguesa é. Ponto final. Algumas vezes pontos ganhos. Muitas vezes pontos e partidas perdidas. Mas quem é Portuguesa quis. E quer muito mais que outros mais queridos pela bola. Quem é Portuguesa pode amaldiçoar o avô, o pai, a mãe, Madredeus, a namorada, o bairro, Portugal, a camisa rubro-verde, o caldo verde, o pastel, o fado, os fardos, o Roberto Leal, a Amália Rodrigues, o coração, o Tejo, Camões, Julinho Botelho, Djalma Santos, Ivair, Enéas, Edu Marangon, Dener, Zé Roberto, Cabral, Caminha, os caminhos, as caravelas, os caras velhos que não dão as caras, os caras pintadas que cobrem o rostos, os euros, os escudos, os brasões, os barões assinalados, os plebeus apunhalados, as armas, as almas, os Desportos, a Portuguesa, a Lusa, a luz que não acende às margens do Tietê ainda mais marginalizado no Canindé.

Mas quem viu aquela gente toda ali contra o Sport. Quem vê não tanta gente por aí neste esporte que vai muito além de ser campeão, sabe que um torcedor rubro-verde precisa se respeitar mais que o próprio clube pelo qual ele torce.

Não sou Lusa. Mas queria que mais gente no meu Palmeiras amasse tanto a Portuguesa como essa turma ótima do Jorginho. Gente de primeira linha que não importa a divisão ou multiplicação. Não importa se é primeira ou última colocada. O que importa é ser. Portuguesa!

Vamos à luta, ó, campeões!

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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Meios e métodos para o treinamento de força no futebol

Sabendo que a força é uma importante capacidade motora para a prática do futebol, qual o melhor método para seu desenvolvimento?

Embora as leis da física definam a força como sendo o produto da massa pela aceleração (F=m.a), na teoria do treinamento muitos a entendem apenas como a carga que alguém consegue deslocar sem, no entanto, considerar a velocidade com que essa carga é deslocada.
Nesse sentido, a teoria do treinamento desportivo divide a força em alguns parâmetros, os quais são melhorados conforme as tipologias de treinos que são aplicadas.

Quando o sujeito desloca a máxima carga externa possível em uma única execução, por exemplo, essa capacidade é chamada de força máxima. Tradicionalmente esse tipo de treino possibilita maior ativação das unidades motoras e maior adaptação central do que muscular e geralmente é realizado por aqueles que desejam ganhar força, porém não desejam ganhar peso (como é o caso de algumas lutas onde as categorias são definidas pelo peso corporal).

Para treinar essa capacidade, o atleta deverá realizar poucas séries (1 a 3), poucas repetições (1 a 5) e cargas muito elevadas (95 a 100%). Como a adaptação neural é um ponto forte desse tipo de treino, também é recomendado que os intervalos entre as séries sejam longos (3 a 5min) para permitir recuperação metabólica completa. Apesar de extremamente vantajoso, o cuidado com esse tipo de trabalho é não deixar o sistema nervoso do atleta se acostumar com movimentos lentos.

Já para aqueles que desejam aumentar os níveis de força pelo ganho de massa muscular, devemos trabalhar a chamada resistência de força. O objetivo desse treino é permitir que o sujeito tenha hipertrofia e para isso ele deve executar séries duradouras (3 a 6), com maior número de repetições (8 a 12) e cargas moderadas/altas (>80% de 1RM). Vale lembrar que, para hipertrofia, o ideal é que a recuperação entre as séries não sejam completas e, para isso, intervalos entre 45 e 90s são suficientes.

Outra possibilidade de se treinar força é pelo trabalho de resistência muscular localizada. Embora este tipo de força seja importante como capacidade motora geral, no futebol ele é praticado como parte de um treino regenerativo ou por aqueles que necessitam melhorar o condicionamento físico ou estão em processo de reabilitação e precisam melhorar a musculatura antes de voltar para o trabalho de hipertrofia ou potência.

Esse tipo de força é treinado com altas repetições (>15), carga leve (<60% de 1 RM) e geralmente feito em circuito com alternância de grupos musculares. Nesse caso não há necessidade de intervalos entre as séries.

Quando a força é produzida na menor unidade de tempo possível, estamos nos referindo a força rápida ou força explosiva. Nesse tipo de treino a potência é o principal objetivo, sendo o número de séries e de repetições relativamente curtos. Já os intervalos entre as séries precisam ser bastante longos, pois como essa potência geralmente está associada com a técnica específica do gesto, ela deve ser realizada sem nenhuma fadiga prévia para não prejudicar a qualidade do movimento.

Agora que já definimos os tipos de força e as cargas onde cada uma pode ser treinada, podemos pensar na especificidade dos gestos para o futebol. Para muitos, a especificidade do treino está na semelhança do movimento treinado com o executado no esporte. Contudo, se pensarmos na extensão de joelhos, por exemplo, poderíamos dizer que a cadeira extensora é um treino específico para o chute, já que ambos necessitam de extensão do joelho?

Obviamente que não, pois mesmo o movimento sendo parecido (extensão de joelho) do ponto de vista neural, ele é totalmente diferente. Além disso, se a cadeira extensora for realizada para hipertrofia, se não houver transferência do aumento da massa muscular (hipertrofia) para o gesto técnico do chute (coordenação), esse tipo de trabalho pode até piorar o desempenho.

Além disso, sabendo que talvez o maior objetivo o futebol seja potência e velocidade, o treino de hipertrofia, embora permita acumular mais massa muscular e seja importantíssimo, principalmente no período de formação do atleta, caso ele não seja “transferido” para um treino de potência, o atleta até poderá ficar extremamente musculoso, porém poderá reduzir sua velocidade. Por esta razão, no passado, muitos treinadores aboliam o treino de força para os atletas, pois percebiam que ao praticarem treino de hipertrofia os jogadores ficavam mais lentos ou “duros”.

Para que isso não aconteça, duas estratégias podem ser adotadas e serão descritas a seguir:

i)pedir para o atleta executar os movimentos sempre na máxima velocidade possível, independente do tipo de treino de força que ele está realizando;

ii) exercitar sua capacidade de restituição de energia elástica acumulada durante as ações excêntricas da musculatura esquelética.

No segundo caso, estamos nos referindo ao treinamento pliométrico, o qual tem ganhado cada vez mais destaque no futebol e será nosso assunto da próxima semana.

Até lá!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br