Na onda do Campeonato Mundial da Fifa, o assunto desta semana são os efeitos do fuso horário já que quase todos os times (exceto o Kashiwa) tiveram que viajar por algumas horas para chegar ao Japão.
Em geral, os seres humanos possuem ritmos biológicos – também denominados de ritmos circadianos – os quais são bem característicos.
Em média, esses ciclos têm duração de aproximadamente 24 horas, porém alguns sujeitos têm variações deste ciclo de modo que alguns são mais matutinos, outros mais vespertinos e ainda outros mais noturnos.
Mudanças de fuso horário podem afetar esses ritmos e seus efeitos, também conhecidos como “Jet Lag”, podem prejudicar significativamente a performance.
Além de hormônios e temperatura, há também variação no ciclo de fome, sono e vigília e se não houver adaptação suficiente ou diminuição desses efeitos, não somente o desempenho estará comprometido, mas a saúde do atleta também.
Entre os prejuízos causados pelo “Jet Lag”, encontram-se: distúrbios no sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, depressão, noção distorcida de tempo, espaço e distância, perda do apetite e distúrbios gastrointestinais.
Para cada fuso horário viajado (Vide Figura 01), em média, um dia de adaptação se faz necessário.
Figura 01: Distribuição de fuso horário mundial
Mas existe algo que pode ser feito para amenizar o “Jet Lag”?
Em primeiro lugar se faz necessário agir preventivamente. Nessa estratégia, recomenda-se um bom planejamento que inclua o conhecimento do local para onde se viaja. i.e. cultura local, hábitos alimentares e clima, e a antecipação da administração de vacinas obrigatórias pela legislação que podem causar efeitos colaterais que podem mascarar o Jet Lag.
Também podem ser adotadas estratégias não-medicamentosas, como: reajustar o ritmo cronotrópico do atleta antes mesmo da viagem; mudar o relógio e realizar as atividades diárias no ritmo do país para onde se irá viajar; ressincronizar o sono; realizar exposição de luz (fototerapia) provocando ajuste antecipado do ritmo circadiano; ajustar a alimentação com mais carboidrato e mais proteínas para estimular ou inibir sono e despertar; calcular a data da chegada conforme o tempo de ajuste necessário.
Quanto às estratégias medicamentosas, a mais comumente utilizada é a administração de melatonina, de ramelteon (Rozerem), tasimelteon, zolpidem (Ambien), cafeína, difenidramine (Benadryl) e armodafinil (Nuvigil) com doses ajustadas conforme a necessidade.
Com essas estratégias, os altetas poderão recuperar o ritmo biológico com maior velocidade e, consequentemente, recuperar a rotina de treinos para manutenção ou melhora do desempenho.
Para saber mais:
Kolla BP, Auger RR. Jet lag and shift work sleep disorders: how to help reset the internal clock. Cleve Clin J Med. 2011 Oct;78(10):675-84.
Herman D, Macknight JM, Stromwall AE, Mistry DJ. The international athlete–advances in management of jet lag disorder and anti-doping policy. Clin Sports Med. 2011 Jul;30(3):641-59. Epub 2011 May 14.
Choy M, Salbu RL. Jet lag: current and potential therapies. P T. 2011 Apr;36(4):221-31.