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A proximidade do torcedor com o campo e o comportamento da torcida em Copa do Mundo

Quem nunca frequentou uma Copa do Mundo talvez não tenha reparado na diferença de comportamento da torcida. Fora do Brasil, em muitos países (até mesmo alguns com grande tradição no futebol), é comum assistir sentado às partidas.

Em Copas, por haver muitas nacionalidades presentes nos estádios, isso acaba gerando alguns conflitos, embora não seja comum acontecer brigas ou grandes discussões, muito menos vandalismo. No entanto, o Brasil é um público legitimamente fanático, assistindo em pé e muitas vezes destruindo cadeiras e arquibancadas, permanecendo muitas vezes em cima dos assentos.

Mesmo sendo no Brasil, a Copa do Mundo deveria prezar por um comportamento mais adequado. Jamais deixará de ser brasileiro por adotar a educação e bons hábitos na praça esportiva.

No entanto, entra aí a questão das barreiras físicas entre campo e arquibancadas. A maioria das modernizações de estádio no mundo preza a eliminação de barreiras físicas e visuais, com a função de aproximar o público do evento.

Saem, então, os fossos com aspecto medieval, cheio de armadilhas, como espetos, arames farpados e alturas relativamente grandes, e entram uns mais discretos, onde há um desnível relativamente pequeno, criando corredor entre o campo e a arquibancada, onde ficam posicionados os seguranças e mantendo a mesma cota entre dos degraus mais baixos e o campo de jogo.

 

Mas essa solução gera alguns problemas, pois é contraditória. Para a segurança da partida, são posicionados seguranças no novo ‘fosso’ e alguns também nos níveis mais baixos, criando uma barreira móvel para o torcedor.

Além disso, as próprias placas de publicidade ao redor do campo geram uma nova barreira, pois não deixam que o público veja os limites com campo, perdendo saídas de bola. Inutilizando, assim, as primeiras fileiras das laterais.

Nas arquibancadas atrás do gol é pior ainda, pois a barreira imensa de fotógrafos não permite a visibilidade do campo como um todo.

Acima, a solução escolhida para o Soccer City, em Johannesburg, na Copa de 2010 e em treinamento com a segurança contratada para auxilío de invasores. Gradil no limite da arquibancada com portões que abrem contra o público, suportes metálicos esgastados para evitar o acesso direto ao fosso e seguranças nos dois níveis.

De fato, a proximidade buscada nem sempre consegue seu objetivo. Um estudo muito cauteloso deve ser feito para achar um ponto adequado para a cota mais baixa das arquibancadas e as barreiras da Copa e dos jogos nacionais – que tem alturas bem diferentes.

Nenhuma campanha começou de fato a conscientizar o brasileiro para os bons modos e é um risco manter esse tipo de solução. Inicialmente, seria muito adequado manter uma barreira translúcida (a Fifa especifica uma material como sugestão em seu manual de requerimentos) a fim de ganhar tempo para o país se adequar a esses “novos” comportamentos, pois o brasileiro não está preparado…

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br