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A análise de desempenho no futebol – parte I: dados gerais

Depois da trilogia do Felipão, vamos agora para a série sobre a análise de desempenho!

Nos últimos anos, a análise de desempenho vem ganhando cada vez mais espaços no âmbito esportivo.

Em algumas modalidades, o papel da análise se configura com um dos pontos centrais da performance, como no futebol americano, beisebol, basquete, vôlei, futsal, atletismo, e assim por diante.

Assistindo a algumas partidas de vôlei da Superliga Nacional, notei que muitos treinadores ficam com seus tablets ao lado da quadra (alguns deixam com seus auxiliares) recebendo informações instantâneas sobre onde estão sendo os saques do adversário, onde os pontos estão acontecendo, onde a bola está passando pelo bloqueio, etc.

Será que tudo isso é importante? Será que ganha jogo?

No futebol, a análise de desempenho vem a algum tempo ganhando espaço, principalmente após a contratação do analista Rafael Vieira pela CBF. Quando o mesmo foi apresentado como membro da comissão de Mano Menezes, muitos se perguntaram o que esse profissional faria.

Mas o que ele faz?

Bom, neste ano iniciei um projeto piloto na base do clube e gostaria de compartilhar algumas reflexões e mesmo dúvidas sobre essa função.

No meu primeiro dia como analista de desempenho levantei as funções que pensei ser relevantes se tratando de formação e de resultado.

A lista é extensa.

De uma maneira geral, as funções giram em torno da análise individual dos atletas em treinos, jogos e fora do campo; análise coletiva da equipe em jogos e treinos; análise do adversário individual e coletivamente.

Dentro dessas funções, temos subdivisões que vão desde a análise comportamental do atleta até a análise das suas ações no jogo com controles subjetivos, quantitativos e qualitativos de seu desempenho.

Desempenho que precisa ser entendido com algo complexo, onde as variáveis são fractais do desempenho.

Por exemplo, em um controle hipotético de deslocamento do atleta, vejo que ele percorreu 6,320 km em um período de 80 minutos. Pelos parâmetros utilizados observo que é uma distância relativa baixa; contudo, com a análise do jogo, posso identificar que minha equipe recuperava a bola muito rapidamente e economizava energia para chegar ao gol adversário. Além disso, esse atleta ocupa muito bem o espaço e é ponto fundamental para a progressão da equipe com bola. Analiso também que mesmo tendo um volume total de deslocamento não tão alto. Suas ações de alta intensidade estão na média do grupo, ou seja, um dado apenas pode visto fragmentado do todo: complexidade.

O desempenho de um atleta de futebol não se resume as ações “táticas” ou ao posicionamento em campo. Ele é muito mais do que isso.

Analisar o desempenho do atleta é compará-lo com ele mesmo em toda a sua essência e verificar como cada variável está interagindo com as demais.

Depois de tudo isso é preciso ainda gerar as informações e os relatórios para os diversos departamentos do clube. Cada um deles precisa de um tipo de informação baseado nos próprios dados que eles fornecem para o analista que tem o papel integrador da informação. Ele deve agir como um ser transdiciplinar dentro do clube.

Mas e as informações para o treinador?

O que é importante para ele ganhar os jogos?

Muitas informações!

Mas não todas!

Como diria Renato Russo:

“Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.”

Isso é a análise de desempenho.

Em próximas colunas continuo essa discussão.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

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