O texto desta semana visa desmistificar alguns termos muito utilizados atualmente e que nos deixam confusos. Muito se fala em arena e estádio, sendo que ninguém sabe ao certo a diferença entre eles.
Eu acredito que não tenha tanta diferença, funciona mais como uma ideia de inovação, de transformação de um estádio comum em um espaço de espetáculos, o que, arquiteturalmente falando, muda muito pouco.
Arena
A ligação do termo “arena” com os estádios surgiu dos anfiteatros romanos, em que a estrutura é basicamente a de um estádio comum, sem cobertura, com o centro de apresentação (jogos, shows, peças ou batalhas) no centro, no nível mais baixo das arquibancadas, que eram geralmente circulares ou ovais. Os anfiteatros tinham a grande intenção de abrigar um público grande.
Estádio
O estádio foi criado para partidas esportivas e todos nós sabemos muito bem suas características: ele pode ser a céu aberto, semi coberto ou totalmente coberto.
Posteriormente, para bancar as necessidades financeiras, os usos começaram a aumentar com a realização de shows e eventos religiosos, como o recebimento do papa, por exemplo.
Recentemente, pela necessidade de mostrar que o estádio terá uso, não ficará ocioso, denunciando mau investimento, e garantindo também a sustentabilidade econômica do equipamento, a transformação de um mero estádio em uma “arena” traz a imagem de que o equipamento, assim como os anfiteatros, recebe um leque maior de atividades variadas.
No entanto, é mero discurso. A arquitetura não tem muita diferença, pois é costumeiro se pedir a tal “arena multifuncional”, como se o termo fosse o suficiente para definir conceitos, estratégias ou diretrizes arquitetônicas.
Embora o intuito de ter diferentes usos em um mesmo espaço seja interessante, a forma como é desenvolvida é muito vaga. Seria necessária uma definição mais focada para uma arquitetura específica e diferenciada.
A principal mudança que vemos com o termo é que os estádios (agora transformados em arenas) são necessariamente cobertos. No entanto, essa cobertura – cobrindo todos os assentos das arquibancadas e todos os anéis – se dá pela necessidade atual do público e exigência dos reguladores de campeonatos, como a Fifa, e nada tem a ver com o anfiteatro – este sempre a céu aberto.
Portanto, arena e estádio são estratégias de vendas de um produto igual como se tivesse um conceito diferente. O mesmo acontece com outros termos frequentemente utilizados sem fundamento e sem justificativas, como “legado” e “sustentabilidade”. Puro discurso.
Nota sobre a coluna da semana passada:
A usina de Battersea foi vendida para uma empresa da Malásia, portanto, o sonho de estádio icônico do Chelsea não será concretizado ali.
Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br