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Enfim, a negociação de Neymar

O início de uma nova era! Esta foi a expressão utilizada pelo zagueiro e capitão da equipe do Santos, Edu Dracena, durante uma entrevista, para se referir à confirmação da negociação de Neymar, até então seu companheiro de clube, ao Barcelona-ESP.

Apesar de todos os esforços do clube santista para mantê-lo pelo menos até ao final da Copa de 2014, o fato é que a pressão externa realizada sobre o craque adiantou a esperada (e inevitável) transferência para a Europa.

Tal transferência é a oportunidade de ratificação das expectativas criadas em torno do atacante. Torcedores, imprensa, treinadores e especialistas esperam uma evolução do jogador que deverá solucionar problemas distintos dos que enfrentava no futebol brasileiro.

Com maior ou menor aprofundamento, muitos afirmam que a marcação na Europa é diferente da praticada no Brasil. Se por aqui, ele estava acostumado a enfrentar marcações e pressões individuais, no Velho Continente encontrará linhas do adversário mais próximas, marcações zonais com ou sem pressing, coberturas e direcionamentos para setores de menor risco. Mecanismos defensivos comuns no futebol europeu que exigirão maior inteligência de jogo individual e coletiva de Neymar.

E não é só no momento ofensivo do jogo (para desorganizar o momento defensivo do adversário) que a evolução será necessária. A participação efetiva em todos os momentos do jogo, exigida de todos os jogadores, comum ao Barcelona e a todas as equipes taticamente evoluídas, seguramente lhe será exigida.

Nas transições defensivas, o Barcelona rapidamente apressa o adversário em espaço e tempo, enquanto no Brasil, o Neymar comumente perde segundos preciosos reclamando com a arbitragem. Quando reage mais rapidamente, faz uma ou duas pressões no adversário portador da bola sem um maior compromisso coletivo.

Defensivamente, para cumprir o modelo de jogo da equipe catalã, o jovem atacante deverá jogar orientado para a recuperação da posse de bola o mais rápido possível.

Para isso, comportamentos de jogo habituais como estar à frente da linha da bola e andar enquanto compõe o balanço ofensivo deverão ser substituídos.

Já nas transições ofensivas, a evolução passa, principalmente, por jogar com menos toques na bola no setor tiki-taka da equipe espanhola e também saber ocupar espaço distante da bola, cumprindo a função determinada pelo modelo e pelas circunstâncias do jogo.

Tal evolução é necessária para evitar o excesso de jogadas individuais nas faixas intermediárias do campo de jogo e a demasiada centralização à bola.

A capacidade do jogador é indiscutível e sua adaptação ao futebol europeu seria mais rápida se ele saísse do país com mais competências, que lhe serão exigidas, já adquiridas. No entanto, no Brasil, tanto na formação, como no profissional, ainda estamos distantes de termos o futebol evoluído como realidade.

E como disse Edu Dracena, inicia-se uma nova era! Não para o Neymar, um grande talento que vai para uma das maiores equipes do futebol mundial, mas para o Santos, que segundo o zagueiro, estava acostumado a dar a bola ao atacante e esperar para ver o que acontecia.

Sem o Neymar, vamos precisar mais de Muricy, que trouxe os reforços que queria para a temporada 2013 e ainda assim continuou praticando o que muitos chamaram de "Neymardependência".

O treinador santista, pelas suas conquistas, pelo peso que possui no futebol nacional e pelo seu cargo é um dos responsáveis por acelerar (ou desacelarar) o processo de evolução do nosso futebol.

De acordo com a declaração de Edu Dracena e os próximos jogos da equipe santista, agora sem o craque, vamos torcer para que a nova era não comece nos decepcionando.

Obs: Muricy Ramalho foi demitido no início da sexta-feira e optei por não alterar o conteúdo da coluna. Que os votos feitos ao Muricy sejam estendidos ao novo treinador da equipe santista.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Neymar e o dilema do Santos

Na semana que passou, a transferência de Neymar para o Barcelona dominou os noticiários esportivos. Imprensa e torcedores promoveram acalorados debates. Diante de tudo que foi dito torna-se imprenscindível algumas ponderações.

Necessario destacar que o Neymar não foi vendido, eis que o "passe" foi extinto. Na verdade, o atleta teve o seu contrato especial de trabalho rescindido.

Assim, não houve pagamento pelo atleta, mas, sim da cláusula indenizatória pela rescisão antecipada do contrato de trabalho.

Ao Santos e aos investidores, foi importante considerar a transferência neste momento, pois, a legislação da Fifa traz norma na qual a partir dos últimos 6 (seis) meses de vigência do vínculo contratual, o atleta se encontra disponível para discutir um pré-contrato com qualquer outro clube que tenha interesse em adquirir os seus direitos desportivos, sem que este clube interessado necessite recompensar, obrigatoriamente, o empregador, no qual está o jogador com o contrato de trabalho desportivo a expirar, vejamos o artigo 18, parágrafo 3º, do Regulamento do Status e da Transferência de Jogadores da Fifa, de 18 de dezembro de 2004:

– Artigo 18 Disposições especiais relativas a contratos entre atletas profissionais e clubes (…)

3. Um clube que pretende estabelecer um contrato com um atleta profissional deve informar ao clube atual do jogador, por escrito, antes de abrir negociações com ele. Um atleta profissional só poderia ficar livre para estabelecer um contrato com outro clube, se o contrato com o seu clube atual tivesse terminado ou estivesse por terminar dentro de seis meses. Qualquer violação a esta disposição deve estar sujeita a sanções apropriadas.[1]

Depreende-se facilmente do que está previsto na referida norma da Fifa que se o contrato laboral desportivo ainda estiver com período superior a 6 (seis) meses para ser executado, clube algum poderá abordar um atleta para contratá-lo sem antes consultar o seu empregador, sob pena de responder pelas sanções previstas civil e/ou criminalmente, em virtude do cometimento de aliciamento desportivo.

Tal consulta será devidamente formalizada por escrito.
Contrariamente, ocorrerá se estiver nos últimos 6 (seis) meses para terminar o contrato, caso em que o clube adquirente poderá abordar o atleta de forma direta.

Sendo assim, firmado o pré-contrato e após o cumprimento dos últimos 6 (seis) meses, o jogador encontra-se livre para se transferir para o seu novo clube, sem que compensação alguma seja devida ao clube anterior.

Todavia, caso o clube adquirente, futuro destino do atleta, queira contar com os seus serviços antes do término dos 6 (seis) meses finais, deve pagar a multa indenizatória estabelecida para estes casos, em face de o contrato firmado com o clube cedente ainda estar em vigor.

Sendo assim, considerando que o contrato do Neymar terminaria no meio de 2014, ou o Santos aceitava o pagamento da rescisão ou correria o risco de, no final do ano (seis meses antes), o atleta sair do clube sem nenhum tipo de compensação.

Portanto, diante das normativas Fifa para transferências de atletas, o Santos atuou da maneira mais recomendável a fim de se evitar prejuízos financeiros ao clube e aos seus investidores.

 

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br