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O impacto do sequestro emocional

A inteligência emocional, obra científica de Daniel Goleman defende a ideia de que as emoções são fundamentais para nos tornarmos capazes de melhorarmos habilidades ligadas à família e vida profissional. Na sua teoria, Goleman acredita que as emoções saudáveis nos possibilitam desenvolver relações tão saudáveis com aqueles à nossa volta, que o sucesso torna-se algo mais real para quem assim se desenvolve, do que para quem tem um Q. I elevado, por exemplo. É importante lembrar também que o Q.I não pode ser alterado durante a vida, mas a inteligência emocional pode ser desenvolvida e ampliada.

No passado, nosso centro emocional localizado na região da amígdala, era responsável direto pela nossa sobrevivência e nossas decisões. É nela que ainda são gravadas nossas memórias emocionais, como felicidade, tristezas, através da conexão entre tálamo/amígdala, que nos faz lembrar-se de determinadas situações carregadas ou não desta memória emocional. Nesta região do cérebro nascem nossas emoções mais básicas como medo, raiva e amor.

O sequestro emocional, um tema muito pertinente ao esporte no contexto da Inteligência Emocional, acontece quando esta região do cérebro, onde a conexão neuronal entre tálamo/amígdala nos informa sobre um perigo iminente ou a situação emocional carregada de emoções passadas nos fazem agir tomando decisões impróprias ou incoerentes com aquele momento. Ah, aqui então começamos a entender quando atletas ou qualquer pessoa tem um momento que chamamos de “perder a cabeça” e realiza algo totalmente impensável para os que conhecem o comportamento desta pessoa. Já foram inúmeros jogos de futebol em que presenciamos esses momentos, não é mesmo?

Do ponto de vista neurológico o sucesso da inteligência emocional depende do controle executivo realizado pela região pré-frontal do cérebro sobre a amígdala. Quando este controle neuronal falha é que acontece o sequestro de amígdala, que desencadeia um processo em que somos totalmente controlados pelas nossas emoções.

As habilidades da inteligência emocional destacados por Goleman, que são capazes de nos fazer controlar nossas emoções são: Autossuficiência, Autocontrole (controlar nossos impulsos), Motivação, Empatia (lidar com as emoções dos outros) e Habilidades Sociais (relacionamento).

Nossas emoções estão ligadas ao nosso sistema imunológico, por exemplo, destacando como pessoas mais irritadas, depressivas, aflitas, pessimistas tem o dobro do risco de adoecer. Então ser inteligente emocionalmente também é uma questão de saúde, além de ser uma ótima prevenção às lesões para os atletas de futebol.

O stress, comumente presente na vida dos atletas atualmente devido à pressão por vitórias e títulos, é talvez uma das situações mais difíceis de serem vencidas, porém com a inteligência emocional, através das cinco habilidades citadas anteriormente e somadas a outras ações como otimismo somos capaz de superá-lo.

As mudanças nas situações que causam o stress, a mudança no modo como o atleta percebe as situações que o causam e alterar o modo como o seu corpo e sua mente reagem a essas situações são ações que podem contribuir para o atleta profissional vencer o stress.

Mas na prática como podemos aprender a controlar nossa mente, para não sermos “sequestrados” pela amígdala?

Para que um atleta possa evitar as possíveis consequências negativas de um sequestro, é fundamental que exercite respostas que o possibilite ter o controle emocional. Quando o atleta sofre o “sequestro”, seu cérebro fica repleto com eletroquímicas e ao se conseguir controlar esta situação, as químicas não mais persistirão e se dissiparão de três a seis segundos.

Um controle adequado para este momento necessita de uma tarefa cognitiva um pouco mais complexa do que apenas o famoso “contar até dez” e deve ter a duração de aproximadamente seis segundos. Com isso se promove uma pausa em que se usa a parte analítica do seu cérebro, porém devemos estar atentos de que caso esse “botão de pausa” se torne um hábito, se faz necessário para um novo “botão”.

Compartilho alguns exemplos de ação para que o atleta possa exercitar a com isso controlar o seu estado emocional:

• Lembrar-se de seis amigos que possui no futebol
• Lembrar-se de seis clubes adversários que já enfrentou
• Visualize seis detalhes de um estádio que gosta de atuar
• Lembrar-se de quaisquer seis capitais do país
• Contar até seis em outro idioma que está aprendendo
• Conjugue verbos em um novo idioma que está aprendendo

O fato de fazer uma pausa nestes momentos não significa que o problema ou gatilho de sua emoção está eliminado; porém o atleta conseguirá restabelecer a comunicação adequada entre as partes do cérebro, que o permita pensar com todos os seus recursos, para que ele tome as melhores decisões e ações.

Até a próxima!