A Copa do Mundo no Brasil está sendo muito boa para mostrar para o mundo o quanto este país é péssimo na celebração e cumprimento de contratos. Assim como em qualquer ramo de negócio, que por vezes não aparece para o grande público, no esporte esta premissa não é verdadeira, uma vez que escancara para a opinião pública o nosso “modus operandis”, de firmar acordos e depois empurrar com a barriga ou deixar a conta para terceiros, E NÃO PAGAR.
Ora, o último causo da vez são “as tais” estruturas móveis e “as tais” FAN FESTS. Pelo visto, a grande novidade que contaram recentemente aos brasileiros é que a Copa do Mundo de Futebol é um evento de PROPRIEDADE da FIFA. O Brasil “apenas” desejou e venceu uma pseudo concorrência para o sediar.
A lógica, por óbvio, é que o detentor dos direitos de realização de um evento firmasse contratos para garantir a entrega conforme suas prerrogativas técnicas e de qualidade. Nada além disso e foi o que a FIFA fez. Se há problemas com a FIFA de ordem política ou se acham que as exigências são “pesadas demais”, isso deveria ter sido debatido minimamente quando se apresentou o “Caderno de Encargos” para a realização do evento e/ou no ato da assinatura dos inúmeros contratos firmados, que estão públicos nos respectivos portais de transparência das sedes e do Governo Federal.
Ah, quer dizer que não lemos os contratos antes de assinar? http://wp.clicrbs.com.br/duplaexplosiva/2014/02/14/estruturas-temporarias-da-copa-inter-alegara-que-texto-da-fifa-e-dubio-e-que-municipio-e-estado-tambem-sao-responsaveis-pelo-pagamento/?topo=13,1,1,,,13. Em que parte está dúbio o “artigo 6”, “letra g” do “Stadium Agreement” que todas as sedes assinaram: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/copa/transparencia/stadium_agreement.pdf (este é o contrato do Corinthians com a FIFA, com tradução juramentada, sendo que os termos são padrões para todas as sedes)? Em que parte não percebemos uma “pequena conta”, de “uns equipamentos sem significado”, que gira em torno de R$ 20 e R$ 60 milhões?
A ironia do parágrafo anterior é válida, pois, francamente, está claro, em todos os termos e em todas as alíneas que os custos de equipamentos e salas pertencem à “Autoridade de Estádio”, que é o dono do equipamento. Ou seja, o fato de não termos organização interna para dialogar e definir a quem cabe algumas despesas pertence tão somente a acordos paralelos entre o proprietário do estádio e os entes públicos, conforme cada caso. Para a FIFA, o único entendimento é que o dever de entregar todas as benfeitorias é de obrigação de fornecimento do proprietário do estádio.
Enfim, começo e termino este texto para acabar no mesmo termo: a Copa está escancarando, de verdade, como os brasileiros lidam no dia a dia com contratos e acordos formais. Eis o legado negativo que este importante megaevento vai deixando. No campo dos negócios ou dos negócios esportivos, a regra, mais das vezes, passa por não respeitar as regras. Poderíamos ter aproveitado para mostrar um novo Brasil, com eficiência política, ética, econômica e social. Optamos por nos manter com os mesmos conceitos que se fazia dos brasileiros.
Se queremos aparecer para o mundo como uma nação globalmente importante, precisamos mudar para um sentido diametralmente oposto esta cultura que não dá vantagem para ninguém. Só nos afunda!!!