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A judicialização do esporte

Por vezes, a grande maioria dos debates em torno da gestão do esporte se dá pelo questionamento sobre o dinamismo das entidades esportivas no sentido de promover e desenvolver suas atividades em parâmetros mais próximos do mercado de entretenimento. O que vemos é um ambiente extremamente burocratizado, em que as entidades colocam em prática processos morosos de trabalho no seu contexto de gestão.
Fiz uma pesquisa rápida para identificar o perfil dos presidentes dos 20 clubes da Série A para verificar se poderíamos encontrar algum indício dos “porquês”. Fiquei restrito à profissão (e, aqui, cabe um GIGANTESCO PARÊNTESES: não pretendo defender reserva de mercado para a Profissão A em detrimento à Profissão B. Acredito em competências e, por conta disso, independente da formação básica, o que importa na condução de uma organização está ligado muito mais com a inteligência de gestão do que propriamente com o nível de graduação ou especialização acadêmica).
No entanto, o que chamou a atenção foi que 65% dos presidentes (ou 13 em 20) têm formação na área do direito. O número chama muito a atenção, especialmente para uma reflexão sobre como são os processos de condução ao poder, que é sabidamente extremamente regulamentado.
Essa constatação, a bem da verdade, não é nova. Muitos artigos científicos atestam sobre um perfil similar em muitas entidades de prática ou administração do esporte. A grande questão é: para avançarmos com as mudanças necessárias, tão propaladas por inúmeros especialistas, será que não estamos esbarrando em organizações fortemente amparadas por procedimentos jurídicos? Para mudar, precisa de mais leis ou mais projetos e ações? Quem está apto a fazer, propor e implementar os melhores projetos e ações em prol do futebol?
As dúvidas ficam no ar justamente para gerar melhores reflexões e debates. Não parece haver resposta pronta, certa ou errada. O fato é que necessitamos de uma discussão bem mais profunda, com boa base analítica, para poder contribuir com o alcance de todo o potencial de negócios que se vislumbra no futebol brasileiro.