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Rogério Micale

Há uma década, mais ou menos, um pensar novo começou a atuar efetivamente no futebol brasileiro. A porta de entrada das boas ideais foram principalmente as Categorias de Base dos nossos clubes.

Frequentada por uma geração de profissionais curiosos e pesquisadores, uma avalanche de conhecimentos invadiu a formação de talentos e a ciência da construção do jogo no futebol brasileiro. Há pelo menos vinte anos o mundo respira novas formas de conceber o treinamento e as táticas no futebol. No Brasil, foi principalmente a “meninada da Base” quem correu atrás!

Como os setores de formação dos clubes brasileiros são sempre mal falados, o futebol dos adultos ficou meio distante deste novo pensar. Não raro, achamos aqui no Brasil que o talento nasce pronto e os formadores são quem os “estragam”. Por isso também os departamentos de Base e Profissional ficam de costas um para o outro em seu modo de gerir o projeto futebol nos clubes. Infelizmente, ainda continua assim em grande parte deles. São raríssimas as exceções!

Só se fala em Categorias de Base no Brasil quando mais um jovem craque desponta em nossa vitrine. Mesmo assim, valorizando somente o talento e não considerando a bagagem de trabalho realizada para que o craque chegasse àquele ponto.

E o Rogério Micale? Onde ele se encontra nesta reflexão? Afinal de contas é o personagem principal do nosso post.

Pois bem, o professor Micale se mostra ao Brasil e ao mundo como grande representante da nova, já bem experiente, geração de treinadores e formadores do talento nacional brasileiro. Rogério Micale com seus dez a quinze anos de treinador de categorias de base, saiu do seu “humilde espaço” para contribuir nobremente com a conquista brasileira do ouro Olímpico do futebol. Eu sempre digo, que quando quero aprender algo diferente e moderno no futebol me recorro à “garotada da Base”, treinadores e outros profissionais. Não me arrependo nunca!

Para mim, Rogério Micale é a prova inequívoca que o futebol de Base brasileiro é competente e uma grande escola formadora de profissionais. Nem pareceu que ele nunca tinha sido treinador de equipes adultas. Conduziu com sabedoria a grande missão que lhe foi atribuída. Seu perfil de treinador faz parte da nova geração que poderá representar a virada em campo dos “7X1” que nos incomoda!

Não serei injusto com os “coroas”, treinadores brasileiros mais experientes, que também abraçaram essa linha de pensamento e trabalho que concebe o futebol moderno.

Tite talvez seja o mais destacado representante desse grupo seleto de treinadores do nosso mercado. Não parou no tempo e não se conteve a uma visitinha ao território europeu como “estágio profissional”. Fez um ano de profundos estudos para argumentar seu inovador método de trabalho. Além disso, ele sabe, assim como os profissionais da base, que a literatura moderna está ao alcance de todos, e pelo que percebemos, mostra ser um assíduo degustador desse saber.

Rodrigo Leitão disse certa vez: não é preciso atravessar o Atlântico para saber como o Barcelona joga e/ou constrói a sua forma de jogar. Jorge Sampaoli construiu um Chile rico em conceitos táticos modernos, praticamente sem sair da América do Sul.

As ideias e a fala do professor Tite são sempre compatíveis à qualidade de jogo das suas equipes. Para o bem do futebol brasileiro, tomara que o novo treinador da Seleção Canarinho consiga bons resultados para fazer valer a importância desses pensamentos que povoam a nossa escola.

Outros nomes importantes da nova geração, além de Micale e Tite, merecem ser citados: Róger Machado, João Burse, Eduardo Baptista, Enderson Moreira, Osmar Loss, Adilson Batista, Fernando Diniz, José Ricardo, Paulo de Castro, Sandro Fórner, Lucas Macorin, Leo Condé, Rodrigo Leitão, Felipe Surian, Gustavo Silva, Diogo Giacomini, Max Sandro, Maurício Barbieri, Carlos Amadeu, Paulo Autuori, Jorginho, Doriva, Marquinho Santos, Ney Franco, Dado Cavalcanti, Bruno Pivetti, Ricardo Gomes…, dentre outros.

A maioria deles com passagens pela Base em seus currículos. Estes profissionais, acompanhados de todas as necessidades subjacentes à construção do jogo moderno, são e/ou serão grandes protagonistas do alavancar do futebol brasileiro nos próximos anos. Me desculpem outros nomes que fazem parte desse grupo especial e que não deixam de ser tão importantes por não terem sido citados neste espaço.

Aos leitores que não conhecem o passado dos treinadores que mencionei, não há distinção entre eles quanto à formação que tiveram. Temos ex-atletas e acadêmicos, todos com ótimos perfis para o mercado do futebol moderno. A competência é que deve regular a trajetória destes profissionais, assim como acontece em todas as profissões. Uma coisa é certa: a maioria deles, senão todos, passaram ou estão passando pelos cursos de formação de treinadores da CBF. Será que o Brasil está se encontrando em uma nova fórmula de reimplantar Escola Brasileira de Futebol?

Parabéns aos amigos da comissão técnica que participaram competentemente da conquista do ouro Olímpico, especialmente ao Rogério Micale, um grande comandante! Parabéns aos jogadores que neste torneio já jogaram um jogo brasileiro parecido às necessidades do futebol moderno! E isso sem perder traços importantes da escola brasileira. Estamos no caminho!

Forte abraço e até breve…