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Nivelado por baixo

Comentários não faltaram ao compararem os finalistas da Libertadores e da Sul-Americana de 2017. Grêmio e Lanús, Independiente e Flamengo, respectivamente. Que estas duas últimas equipes eram dignas de uma decisão do principal torneio de clubes do continente. Em uma analogia aos torneios europeus, é comparar com a Liga dos Campeões e com a Liga Europa. Haja vista que os finalistas da Liga Europa não possuem a mesma competitividade e histórico que um finalista de Liga dos Campeões, um ‘romântico’ (desses filósofos do esférico) diria: “Que maravilha e competitivo o futebol sul-americano. Decanos da bola neste continente a fazerem a final de um torneio menos importante que o principal”.

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Independente del Valle (EQU), vice-campeão da Libertadores em 2016. Foto: Divulgação

 

Ledo engano. Classificam-se para a Copa Sul-Americana aquelas equipes não tão bem colocadas em seus países. As “melhores” vão para a Libertadores. Nem é preciso ficar na ponta da tabela para isso. Sobretudo entre brasileiros e argentinos. Em um continente em que mesmo os campeões nacionais escancaram um diagnóstico de falta da gestão do futebol, os torneios se nivelaram por baixo. Aquela equipe que isso tiver, desponta. Em terra de cego, caolho é rei. Já diz o ditado. É por isso que no início de cada campeonato brasileiro, muitos são surpreendidos em função do grande número de clubes que podem ser campeões. A administração amadora, os interesses pessoais em jogo, a predominância de um grupo político – que chega a propor a tomar decisões populistas – acaba por nivelar o torneio por baixo e conferir este ilusório equilíbrio.

É claro ser desinteressante que os títulos do futebol nacional estejam concentrados em dois ou três clubes. Entretanto, com uma gestão voltada para o mercado e levada a sério, o futebol fica de alto nível. Dentro de campo e fora dele. E o Brasil possui mercado consumidor para atingir estes objetivos. Na França, o Olympique Lyonnais (Lyon) foi multicampeão por conta de como encarou a administração do clube. A sequência foi quebrada quando outras instituições quiseram fazer o mesmo e quando chegou o investimento externo: russo e árabe, sobretudo.

Portanto, Flamengo e Independiente fizeram a mais importante final de sempre da Copa Sul-Americana. Sem dúvidas disso. No entanto é exagero afirmar que o futebol daqui possui uma excelência em sua gestão – como é capaz de ter – que faz com que os torneios sejam equilibrados e competitivos. É a falta de gestão, otimização e potencialização de recursos: o nivelamento por baixo. Enquanto que o ideal, correto e de bom senso deveria ser o nivelamento por cima.

Obrigado a todos por seguirem esta coluna. Um bom ano 2018 a todos, repleto de prosperidade.