Categorias
Colunas

Análise do Jogo: Brasil 2-0 Costa Rica

Confira a análise dos gols da partida (o vídeo acima contém imagens da emissora FS e FIFA).

 
A seleção brasileira conseguiu impor o seu futebol, dominando a Costa Rica praticamente o jogo todo. Jogou bem e não deixou o rival jogar. Teve volume, criou muitas chances e concedeu raríssimas (Alisson ainda não fez nenhuma defesa difícil na competição).
Como tem sido em quase todos os jogos das grandes seleções nesta Copa do Mundo, o jogo foi nervoso e dramático, gerando alto desgaste emocional. Os gols saíram após muita insistência, somente nos acréscimos do 2º tempo. Embora tenha feito por merecer abrir o placar muito antes, tamanho seu domínio em relação à Costa Rica, a seleção esbarrou numa grande atuação de Keylor Navas e na execução de um plano de jogo muito bem traçado pelo adversário.
Méritos para Oscar Ramirez que entendeu o funcionamento da equipe de Tite e soube neutralizar os pontos fortes do Brasil durante a maior parte do tempo.
Postura e Proposta da Costa Rica:
Diante de uma das melhores equipes do mundo, tanto coletiva como individualmente, a Costa Rica não quis se expor e jogou por uma bola (que teve e desperdiçou, logo aos 12 minutos).
Defendendo num bloco baixo muito compacto, em 5-4-1, deu campo e a bola para o Brasil. Com uma marcação zonal agressiva, sempre com superioridade numérica, coberturas e dobras de marcação, a seleção costarriquenha se aproveitou da pouca agressividade do Brasil em atacar espaços nas costas da sua última linha e acumulou jogadores de maneira muito organizada, negando os espaços à frente da área.

Para ler a análise na íntegra, clique aqui.

Categorias
Colunas

Ocupação (racional!) do espaço de jogo

Sabemos que o domínio do espaço de jogo é algo muito complexo, principalmente aos mais jovens, e um dos principais problemas no processo de formação incide exatamente sobre o espaço que o jogador ocupa no campo no decorrer de um jogo. Inclusive, é muito comum observarmos nos escalões iniciais a tal da aglomeração junto a bola, o que reforça a ideia de que uma das principais funções do treinador/professor é fazer com que o jovem deixe de se preocupar somente com a bola e passe a ter atenção aos companheiros, aos adversários e ao espaço de jogo.
A ocupação do espaço representa uma das orientações fundamentais no processo formativo. Para auxiliar o jovem futebolista a atingir este domínio do espaço, é importante que o jogador tenha total conhecimento das linhas que demarcam o campo, bem como das zonas do campo (setores e corredores) que não possuem marcas reais, mas que servem como referência para uma distribuição coerente dos jogadores.
A linha que demarca o centro do campo nos permite visualizar a divisão do terreno de jogo em duas partes – meio campo defensivo e meio campo ofensivo. O restante da “divisão” do campo ocorre da seguinte maneira:
Três setores (setor defensivo, setor do meio-campo e setor ofensivo) no sentido transversal do campo.

Figura 1. Exemplificação dos setores do campo

 
Três corredores (corredor direito, corredor central e corredor esquerdo) no sentido longitudinal do campo.
Figura 2. Exemplificação dos corredores do campo

 
Percebemos então, que existe uma grande diferença entre jogar futebol e aprender a jogar futebol. Aqui evidenciamos a necessidade de compreender o jogo, de se ajustar ao que ocorre no centro de jogo mesmo estando distante e de perceber o que fazer em função de ter ou não a bola (fase ofensiva ou defensiva). Trata-se do ensino dos princípios de organização coletiva (Princípios Gerais, Princípios Específicos e Princípios Estruturais – ver tabela), ou seja, a parte previsível do jogo, aqueles comportamentos que tendem a ocorrer de forma predominante e que são treinados antecipadamente.
Neste sentido, a exercitação dos princípios específicos do modelo de jogo objetiva o modo como se pretende jogar. Trata-se do ponto de partida essencial e referencial, que estabelece linhas orientadoras e indica o caminho para a resolução das situações de jogo. Este aspecto é fundamental, pois é através dos princípios específicos do modelo de jogo que o treinador organiza os comportamentos da equipe e dos jogadores, promovendo uma forma de interagir e condicionando o modo como solucionarão os problemas do jogo. Por isso, compreende-se que devemos treinar os comportamentos que desejamos que ocorram de forma predominante em cada momento do jogo.
Para além disso, o desenvolvimento desse “modo de jogar” depende também da forma como os jogadores se posicionam no campo de jogo de acordo com a posição 1) da bola, 2) do adversário e 3) dos colegas de equipe. Estamos falando dos princípios estruturais, que servem de referência de posicionamento e configuração do jogo.
Tabela 1. Princípios de organização coletiva

 
Percebe-se então, que a finalidade dos princípios de jogo é dar sentido ao desenvolvimento do processo de ensino/treino, configurando-se como conteúdos centrais na busca de um padrão de comportamentos que evidencie a identidade da equipe.