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O processo santista com Jesualdo

O trabalho de um treinador de futebol é um processo. É uma construção. Composto por várias etapas. Alguns resultados aparecem no início disso tudo. Claro, com o dedo do treinador – nada é por acaso. Mas também muito por conta do caos que é o jogo de futebol. Algumas mudanças surtem efeito rápido e são capazes de ganhar jogos. Só que para ganhar campeonatos insisto na questão do processo. Longo, construído, trabalhado e com métodos.
O português Jesualdo Ferreira chegou agora no Santos. Tem pouquíssimo tempo não só de trabalho de campo, mas também de convivência. Sim, a convivência é parte fundamental no processo de construção de qualquer equipe, afinal, estamos falando de seres humanos e não de máquinas. Por isso é impossível, e até injusto, fazer qualquer avaliação do trabalho dele até aqui.
É claro que Jesualdo já expôs suas ideias ao grupo. Os jogadores já sabem como se comportar com e sem a bola, em fase ofensiva, defensiva, nas transições e até nas bolas paradas. Entretanto, não houve tempo hábil para que os comportamentos estejam presentes no inconsciente deles.
Nas partidas iniciais do Paulistão, já pudemos constatar nesse Santos que a saída de bola é feita sempre por três jogadores (os dois zagueiros mais um volante), os outros volantes/meias vem buscar essa bola para a construção ser mais sustentada, quem abre o campo são os laterais e não os extremos, no terço final a ideia é ter uma concentração maior no setor da bola e não guardar tanto uma posição fixa. Em fase defensiva, há um bloco médio, às vezes baixo e consequentemente o goleiro é pouco acionado para fazer coberturas. E nas bolas paradas ora o time marca por zona, ora individualmente.
Mas tudo isso é muito embrionário. Faltam ajustes, os mecanismos não estão sincronizados. Requer tempo. E, claro, a gestão do ambiente vai ser fundamental para que as coisas aconteçam dentro de campo. Lidar com a imprensa, torcida e até mesmo os dirigentes santistas será um grande desafio para o comandante português. Em muitos momentos até mais complicado do que as coisas dentro das quatro linhas. Faz parte do processo.