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Otimismo no futebol feminino brasileiro em 2021

Crédito imagem – Felipe Oliveira/EC Bahia

Não é nenhuma novidade que 2019 foi um ano importante na consolidação do futebol feminino no Brasil. Em virtude da força e o crescente interesse da população na prática – por exemplo, com a transmissão da Copa do Mundo Feminina – o ano de 2020 vinha com grandes expectativas.

No entanto, o ano de 2020 foi fortemente marcado pela pandemia do COVID-19 e todas as restrições nas quais fomos submetidos em um esforço conjunto para erradicação dessa doença que até hoje assola o mundo inteiro.

Infelizmente vários âmbitos da sociedade foram acometidos pela crise, e com a comunidade esportiva não seria diferente. Várias competições ao redor do mundo foram paralisadas, e mesmo quando aconteciam, foi com a ausência do público.

A título de exemplo, no Brasil, apenas 11 dos 26 estados conseguiram concluir seus campeonatos femininos estaduais, evidenciando não apenas um período de crise mundial, mas acabando também por intensificar ainda mais os percalços que a prática ainda enfrenta no país como a falta de estrutura, maior planejamento e etc.

No início de dezembro de 2020 a CBF emitiu um ofício determinando que os campeonatos estaduais que não aconteceram no ano passado poderiam ser realizados até 28 de março de 2021. Alguns campeonatos já retornaram às suas atividades, mas caso outros não retornem, nos deparamos com um problema: o Brasileirão deste ano está agendado para começar em maio, e corremos o que risco de que alguns campeões estaduais ainda não tenham nem sido definidos quando a data chegar.

Mas, mesmo diante de tantos obstáculos e incertezas, o futebol feminino conquistou alguns recordes em 2020. O Brasileirão Feminino foi transmitido pela Band, e registrou números de audiências significativos e impressionantes para o horário nobre da televisão brasileira, além investir e transmissões exclusivamente femininas, sob o comando de Alline Calandrini, Milene Domingues e a narradora Isabelly Morais.

Com a popularização dos jogos nas redes sociais e algumas transmissões realizadas via Twitter e Facebook, houve um aumento expressivo no público que acompanhou as competições – um aumento de cerca de três vezes o número em relação ao ano anterior.

O destaque foi tanto que a final do campeonato mineiro fez história, recebendo no Mineirão o clássico duelo entre Cruzeiro e Atlético-MG que foi transmitido na televisão aberta, também com grande audiência. E o destaque não ficou apenas por conta das competições nacionais: as semifinais e final da Champions League feminina foram transmitidas pela ESPN, resultando também em grande engajamento nas redes sociais.

O resultado foi tão relevante que os campeonatos viraram aposta para diversos canais neste ano de 2021. A Band possui os direitos de transmissão do Brasileirão feminino até 2022, mas também já se sabe que a Disney está à procura de mais competições para que possa investir nas transmissões, uma vez ela já detém os direitos da Champions feminina e a Supercopa da Espanha, por exemplo.

Além disso, a Globo também vêm demonstrando crescente interesse em mais transmissões da modalidade; além da contratação da narradora Renata Silveira e de outras comentaristas, o objetivo também é negociar e tentar comprar os direitos do Campeonato Brasileiro Feminino.

O projeto é ainda mais estratégico: as contratações foram feitas em partes, inserindo de maneira gradual nomes femininos nas transmissões masculinas, buscando uma maior representatividade no esporte como um todo. A ideia originalmente era transmitir as partidas do campeonato no lugar da transmissão da Fórmula 1, que teria seu contrato finalizado ao final de 2020, o que não ocorreu. Porém, a emissora global ainda está interessada em transmitir os jogos em outros horários acessíveis, o que apenas corrobora o potencial econômico da modalidade.

Vale ressaltar que a transmissão dos jogos femininos ajudaria no desfalque que a emissora carioca passou a enfrentar com a perda dos direitos de transmissão do Campeonato Carioca e a Libertadores de 2021.

O ano de 2021 também merece destaque uma vez que serão realizadas as Olimpíadas de Tóquio, e a seleção feminina brasileira tem vaga garantida. Lideradas pela técnica Pia Sundhage, as jogadoras já se encontram em Viamão-RS desde o dia 5 de janeiro para início dos treinos e preparações para a competição. O primeiro compromisso oficial da seleção será na disputa da sexta edição do Torneio She Believes, entre os dias 15 a 24 de fevereiro em Orlando, nos Estados Unidos. O Brasil é um dos convidados da competição e disputará com as seleções do Japão, Canadá e as anfitriãs e atuais campeãs mundiais, os Estados Unidos. A estreia será contra o Japão, no dia 18 de fevereiro, as 18 horas (horário de Brasília).

Ou seja, mesmo diante de tantos desafios, o futebol feminino só vem crescendo – e ainda tem muito a crescer. Os patrocínios e investimentos estão em evidente expansão, e podemos apontar como exemplo o Guaraná Antártica e a Riachuelo, que patrocinaram o Campeonato Brasileiro de 2020.

Uma maior exposição ajudaria ainda mais no crescimento da modalidade, cativando um maior público e catapultando o esporte a um destaque cada vez maior e merecido.