Por: Luis Filipe Chateaubriand
O notável Peter Drucker já ensinava que não são as empresas que devem ser gerenciadas, mas as Organizações em geral que precisam ser gerenciadas. Uma empresa precisa ser gerenciada, para gerar lucro. Uma organização não empresarial precisa ser gerenciada, mas para se obter credibilidade, institucionalização e, eventualmente, lucros.
Portanto, repete-se, são as Organizações que precisam de Gestão, e não apenas as empresas.
No futebol brasileiro, criou-se um mito de que as Sociedades Anônimas Anônimas do Futebol (SAFs) são a solução.
Não necessariamente.
Perceba-se que Flamengo e Palmeiras, considerados os principais clubes brasileiros no momento, não são SAFs.
O Flamengo, entre 2014 e 2018, fez um vigoroso ajuste financeiro, aumentando brutalmente as receitas e decaindo, mais brutalmente ainda, os gastos, o que lhe proporcionou saúde financeira ímpar. O clube Rubro Negro faturou o recorde de mais de um bilhão de reais em 2022, 2023 e 2024 e, para 2025, estima-se o hiper faturamento de mais de dois bilhões de reais.
Não foi preciso ser SAF para tal.
O Palmeiras, a partir de ajuda do ex-presidente Paulo Nobre, sanou dividas, passou a ter um estádio próprio rentável e, posteriormente, passou a ter o também rentável patrocínio da CREFISA. O alvo verde imponente ganhou, desde a Gestão de Paulo Nobre, três Copas Libertadores da América, quatro Campeonatos Brasileiros e duas Copa do Brasil.
Não foi preciso ser SAF para tal.
Já o Vasco da Gama, que foi SAF da 777 Partners, cumpriu o papel subalterno de formar grandes promessas das divisão de base, e ver a SAF vendê-las a “peso de ouro”, sem o clube receber dinheiro por isso. O clube chegou ao incrível endividamento de 1,18 bilhão de reais ao final de 2024, especialmente no período em que a 777 Partners conduziu a Gestão.
Era SAF e não funcionou.
Um clube de futebol pode funcionar como SAF, como é o caso do Bahia.
Assim como pode funcionar sem ser SAF.
Cada situação, em si, determinará se um clube qualquer deve ser SAF, ou não.
Em suma, não é o modelo de Gestão que determina o sucesso de um clube de futebol – mas, sim, a própria Gestão.