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Campeonato Catarinense sem público?

As partidas de estreia do Campeonato Catarinense correram o risco de serem disputadas sem a presença da torcida, eis que por recomendação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), todos os jogos das duas primeiras rodadas do Estadual de 2013 deveriam ser disputados com os portões fechados.

Tal situação se deu em razão dos clubes não terem cumprido o prazo determinado para a entrega dos laudos necessários para a liberação dos estádios, descumprindo, assim, o que estabelece o Estatuto do Torcedor.

Destarte, o Regulamento Geral da Federação Catarinense de Futebol (FCF) define que a Federação deve fazer o controle dos laudos e decidir sobre a proibição de público quando descumprido o regulamento.

O Estatuto do Torcedor, por seu turno, prevê a obrigatoriedade de entrega, pelos clubes, dos Laudos: de Segurança, de Engenharia, de Prevenção e Combate de Incêndio e de Condições Sanitárias e de Higiene.

Segundo a Promotoria o ponto relevante não seria a mera entrega dos laudos e as consequências pelo descumprimento dos prazos, mas a proteção à vida e à integridade física dos torcedores, além do próprio dever geral de respeito à lei.

Assim, o Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC) vetou a presença de público em todos os estádios nas duas primeiras rodadas da competição baseando-se em um Termo de Cooperação Técnico, assinado em 2010, com a Federação Catarinense de Futebol (FCF), Associação de Clubes, Polícia Militar, CREA, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária Estadual, que solicitava que os laudos técnicos dos estádios fossem encaminhados à FCF em até 35 dias antes do início da competição.

Ressalte-se que tanto o art. 15 do Regulamento Específico do Campeonato Catarinense de Futebol Profissional da Divisão Principal de 2013 como o art. 114 do Regulamento Geral obrigam os clubes de futebol a encaminharem à FCF, no prazo de 35 dias antes do início da competição, os laudos técnicos. Ato contínuo, o art. 115 do Regulamento Geral estabelece que a FCF não poderá autorizar a realização de partidas oficiais, com a presença de público, em estádios de futebol nas competições que vier a organizar, quando o estádio não possuir todos os laudos de segurança ou forem entregues fora do prazo ou, ainda, elaborados em desacordo com as diretrizes da Portaria n. 238/2010 do Ministério do Esporte.

Contra tal situação a Associação dos Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina postulou junto ao Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina (TJD/SC), cujo Presidente analisou a liminar da Associação para liberação de público nos estádios catarinenses na primeira e segunda rodada do Estadual. O TJD/SC deferiu a liminar pleiteada, com a base na análise dos laudos técnicos apresentados.

A decisão da Justiça Desportiva Catarinense restabelece a intenção do Estatuto do Torcedor que deve prevalecer ante o excesso de formalismo. O torcedor possui o direito de segurança e acesso aos estádios de futebol, independentemente da anterioridade que apresentem os laudos. Portanto, o princípio que deve ser adotado é o da proteção integral dos direitos do torcedor e não o formalismo exacerbado.
 

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A escolha de Guardiola

Em 2003, Josep Guardiola havia decidido que deixaria o futebol da Itália. Revelado pelo Barcelona, time em que construiu grande parte da carreira, o volante defendeu Brescia e Roma no país do calcio. Durante semanas, o nome dele recheou listas de notícias sobre mercado – as especulações mais frequentes eram sobre uma mudança para o Manchester United. E o jogador espanhol escolheu o Al-Ahli, do Qatar.

Dez anos depois, uma decisão de Pep voltou a causar furor. Ele estava em período sabático depois de uma vitoriosa passagem como técnico do Barcelona, e o nome do espanhol passeou por projeções sobre o futuro de algumas das maiores e mais ricas equipes da Europa. E Guardiola escolheu o Bayern de Munique, da Alemanha.

As duas histórias têm pouco em comum, mas mostram que Guardiola nunca teve receio de arriscar na carreira. A própria mudança para o Brescia, quando ele tinha 30 anos e havia acabado de terminar um longo contrato com o Barcelona, é um exemplo disso.

Como técnico, Guardiola começou no Barcelona B. Ele ascendeu ao time principal em 2008 e comandou um dos períodos mais vitoriosos da história da equipe catalã. Foram 18 títulos em quatro anos, com três troféus do Campeonato Espanhol e dois da Liga dos Campeões da Uefa.

Mais do que os títulos, Guardiola incutiu no Barcelona um jeito de pensar futebol. Ele resgatou conceitos que fazem parte da história do clube, como a profusão de passes curtos e a prioridade total à posse de bola. O time de Pep marcava no campo de ataque, mudava posições constantemente e usava muito bem os deslocamentos em diagonal – marcas, aliás, que permanecem na equipe a despeito da saída do treinador.

As vitórias e o encantamento que Guardiola produziu no Barcelona transformaram o espanhol na maior aposta do futebol mundial em muito tempo. Em 2012, quando deixou o time catalão, ele iniciou um período sabático. Longe do mercado, Pep fomentou especulações. Equipes tradicionais, novas ricas, seleções e torcedores… O mundo queria o treinador.

O primeiro aspecto a ser considerado na decisão de Guardiola, portanto, é o que isso representa para a carreira dele. O espanhol assumirá o Bayern de Munique no início da temporada 2013/2014, quando terminar o tal ano sabático.

Na temporada 2010/2011, segundo estudo da consultoria Deloitte, o Bayern de Munique foi o quarto time europeu que mais faturou. O time alemão amealhou 321,4 milhões de euros, montante que foi superado apenas por Real Madrid, Barcelona e Manchester United.

Outro estudo, feito pela consultoria Brand Finance, aponta a marca do Bayern de Munique como a segunda mais valiosa do futebol mundial em 2012. O clube foi avaliado em US$ 786 milhões, evolução de 59% em comparação com a temporada anterior. Perde apenas para o Manchester United (US$ 853 milhões).

O Bayern de Munique tem dinheiro. O Bayern de Munique tem uma marca poderosa. Mas o time bávaro também tem um elenco forte, que decidiu a Liga dos Campeões contra o Chelsea na temporada passada – o time inglês foi campeão.

Guardiola encontrará no Bayern de Munique um elenco forte, com jogadores rápidos e um meio-campo muito habilidoso. De cara, o espanhol terá três enormes desafios: criar uma hegemonia nacional na Alemanha, liga que tem sido uma das mais imprevisíveis entre as grandes da Europa, voltar a vencer a Liga dos Campeões da Europa e encantar. A sombra do Barcelona, belo e eficiente, estará sempre à caça do treinador.

Sobretudo porque o Barcelona pós-Guardiola é igualmente forte. O time catalão segue dominando a bola, acuando adversários e vencendo. Apesar de ter sofrido um revés no último fim de semana, registrou o melhor início na história do Campeonato Espanhol. Além disso, a equipe de Tito Vilanova está viva na Copa do Rei e na Liga dos Campeões da Uefa.

Há vários desafios para Guardiola no Bayern, mas o maior deles é pessoal: mais do que vencer ou encantar, o espanhol precisa mostrar que não é apenas um produto da estrutura e da qualidade do Barcelona.

É aí que a decisão de Guardiola começa a se mostrar acertada em termos de planejamento de carreira. O técnico não escolheu um novo rico ou um time em que a participação dele seria teria de ser mais incisiva. Pegou uma equipe ajeitada, com dinheiro, torcida e estrutura, mas que não conquista o título nacional há duas temporadas.

O atual bicampeão alemão é o Borussia Dortmund. O Bayern não passava duas temporadas sem erguer a taça nacional desde o intervalo de 1994 a 1996, quando o Dortmund conquistou outros dois títulos. Na temporada 2012/2013, porém, esse hiato deve acabar. A nova equipe de Guardiola lidera com folga, com 45 pontos em 18 jogos – o segundo colocado é o Bayer Leverkusen, que tem 36.

A equipe que chegará às mãos de Guardiola, portanto, também deve estar mais leve por ter acabado de conquistar um título. Ou mais de um, já que o Bayern de Munique também está na disputa da Liga dos Campeões da Uefa.

A trajetória desta temporada mostra que vencer não será suficiente para Guardiola. Não foi suficiente para Jupp Heynckes, o atual comandante do Bayern de Munique.

Guardiola precisa ser no Bayern de Munique o combustível que ele representou no Barcelona. Os dois times têm várias similaridades, como o bom uso das categorias de base.

Para isso, a comunicação terá papel fundamental. José Mourinho, técnico do Real Madrid, chegou a dizer certa vez que nunca trabalharia na Alemanha porque o idioma seria uma barreira intransponível para ele. No Barcelona, Guardiola trabalhava com uma base de espanhóis, com participações de vários sul-americanos.

Além do idioma, Guardiola terá de aprender as diferenças culturais entre Espanha e Alemanha. Se tivesse assumido um time da Itália, por exemplo, poderia aproveitar a vivência como atleta.

A escolha de Guardiola reuniu qualidade, dinheiro, força de marca, atual momento, características do clube e até o tamanho do desafio. O espanhol precisa criar numa equipe diferente, com um idioma diferente e com jogadores de perfis diferentes, um modelo parecido com o que ele instituiu no Barcelona.

Se a informação que circulou na mídia alemã estiver correta, o caminho de Guardiola já começou bem. Jornais germânicos disseram que o contrato do espanhol com o Bayern de Munique estava fechado desde o ano passado, mas a equipe soube blindar a notícia e anunciou para público, imprensa e elenco apenas quando julgou conveniente.

A comunicação correta começa por saber quando falar. A decisão de Guardiola é totalmente compreensível, mas só os resultados dirão se foi um acerto tão grande quanto a condução do negócio.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Demagogias no mundo esportivo (parte 02)

Como falado na semana passada sobre a situação do entorno do Maracanã e as demagogias acerca do estádio de atletismo Célio de Barros e o Museu do Índio, em que se comprovou que o problema não é a quantidade mas sim os projetos relacionados ao atletismo, e que o tal antigo museu virou, na realidade, um local de ocupação ilegal de famílias indígenas, temos agora o caso do antigo e o novo estádio do Grêmio de Foot-ball Porto Alegrense.

No final de dezembro, apareceram algumas notícias que davam conta do tombamento do estádio Olímpico. Ora, imediatamente após a inauguração da moderna Arena Grêmio, concebida em uma plataforma de negócios consistente entre duas empresas privadas – o Grêmio e a OAS – vem agora o poder público interferir a ponto de prejudicar as pretensões do principal investidor do empreendimento?

Para rememorar, a OAS negociou com o Grêmio a permuta do terreno onde hoje está o estádio Olímpico pela construção da Arena. Pela troca, a OAS projetou suas receitas com a construção de um empreendimento comercial no lugar do antigo estádio, localizado em região central e nobre da capital Porto Alegre. É sabido que um "tombamento" como patrimônio histórico limita em muito qualquer pretensão de intervenção imobiliária naquele bem.

O vereador que propõe o tombamento é conselheiro do Grêmio e esteve na assembleia de aprovação do negócio com a OAS. Além dele, alguns dirigentes gaúchos reforçam um posicionamento que entra no limiar da quebra de contrato de um negócio legítimo.

Não se respeitam contratos. Não se respeitam estudos. Não se leva em conta o investimento realizado, o fluxo de caixa de um projeto grandioso, as possibilidades de receitas e os riscos tomados para entregar uma arena moderna no prazo estipulado.

E a cada leitura de notícias sobre este tema nos meios de comunicação, chegamos à conclusão que parece ser mais saudável para a iniciativa privada manter, de fato, distância de qualquer tentativa de negócio que vá além de um mero patrocínio na camisa de jogo. Uma pena, pois, para o bem do futebol e das empresas, as oportunidades de negócios lucrativos para ambos são enormes.

Em suma, percebe-se que constantemente lutamos por coisas erradas, fugindo do foco da discussão. O cerne dos problemas, mais das vezes, não é tangível e carece, principalmente, de uma percepção mais global sobre os anseios e as expectativas de todos os envolvidos.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Demagogias no mundo esportivo (parte 01)

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Impressionismo brasileiro

Impressionante! Sensacional! Craque! Inesquecível!

O superlativismo que reina no futebol brasileiro tem me distanciado, cada vez mais, da dita "crônica esportiva" superficial, despreocupada com a abordagem crítica, mas preocupada em vender.

Tais exageros editoriais e de linguagem são, em grande medida, originados pelo excesso de otimismo pelo qual passa a gestão do futebol no país. Que, tal qual na política nacional, se esforça para não enxergar e agir sobre aquilo que realmente deve ser feito dentro das instituições e que possa gerar um legado positivo.

O que se tem gerado, no futebol brasileiro, mais especialmente falando dos clubes, é um grande legado de dívidas. Aliás, isso tem sido profissionalmente rolado de gestão em gestão.

E a opinião pública acaba por receber, da mídia esportiva, nuances enviesadas a respeito do que acontece no esporte, com o agravante de endossar condutas irresponsáveis na administração dos clubes.

Transmuta-se má gestão, temerária, em boas práticas quando nos deparamos com algumas reportagens como a que li neste domingo. No Jornal Zero Hora, a matéria, em tom de saga, intitulada de "A Era Vargas", ressalta as dificuldades e peripécias protagonizadas pelo Grêmio na contratação do chileno Vargas, do Napoli, por empréstimo.

Descreve como foram feitas reuniões em hotel/restaurante, entre o presidente, o treinador e o diretor de futebol do clube, para selar a missão em busca do jogador estrangeiro.

Que o diretor de futebol gremista foi ao Chile, em 23 de dezembro, para se encontrar com o jogador e seus empresários, trocando camisas de Grêmio e Napoli. Que o Grêmio convidou o empresário do chileno para a inauguração de sua moderna arena em dezembro.
E que o presidente gremista vaticina ao seu diretor: "Vá para a Europa e só volte ao fechar com o Vargas".

O diretor obedeceu e assim fez. Ficou dez semanas na Europa. Dez semanas no Velho Continente pra fechar por empréstimo com um jogador de futebol. Dez semanas são dois meses e meio. Quase um quarto de ano.

Vale a pena todo esse esforço e esse investimento do clube para contar com um jogador por curto período?

Por outro lado, ao ouvir o presidente do São Paulo, que estava na briga pelo jogador até bem pouco tempo atrás, percebe-se o grande leilão que houve na negociação, por parte dos italianos, que mudavam as condições do acordo a todo o momento. O São Paulo desistiu da briga. O Grêmio comemorou.

Em conversa com amigos, ouvi um deles falar algo de que não esqueci jamais: que não gostaria de ser o treinador que sucede Vanderlei Luxemburgo num clube. Perguntei por que?

Disse que ele monta supertimes, com investimento maciço em contratações e, com isso, consegue conquistar títulos algumas vezes. E quando sai, a ressaca da onda atinge quem chega. Nessa ânsia de ser "manager", os cofres do clube tem de ter fôlego pra sustentar os pedidos do treinador e os salários dos jogadores. Uma poderosa e perigosa receita inflacionária.

Dando certo ou errado esse tipo de gestão, com certeza, vai impressionar a todos e estimular as sensações e as palavras no superlativo!

E que os últimos apaguem a luz!!!!!!!!

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Façam suas apostas

Nos últimos dias, a imprensa esportiva divulgou o anúncio feito pelo clube alemão Bayern de Munique de que Pep Guardiola assumirá o comando da equipe a partir de julho de 2013. Guardiola assumirá o posto de Jupp Heynckes, que lidera o Campeonato Alemão com nove pontos de vantagem do segundo colocado e que disputará uma vaga nas quartas de final da Champions League, com o Arsenal-ING.

A contratação deu fim às intensas especulações de que o ex-treinador do Barcelona comandaria algum clube inglês. No entanto, novas especulações surgem para amantes e estudiosos do futebol que passam a imaginar e criar hipóteses sob como será o novo modelo de jogo do clube alemão.

Dentre as expectativas, seguramente, a pergunta inicial se refere ao predomínio da posse de bola frente aos adversários. Será esse o comportamento coletivo predominante em organização ofensiva? Outra questão compreende a plataforma de jogo: Guardiola optará pelo 1-4-3-3 ou 1-3-4-3 utilizados no clube catalão ou a cultura do clube e características dos jogadores implicarão na escolha de outra plataforma?

E quanto às contratações? O treinador espanhol chegará no início da temporada, num período aberto para transferências. Quais serão as características e posições dos jogadores contratados? Virá alguém do Barcelona?

As especulações não se restringem às questões técnicas. Muitos estão na expectativa em saber como será gerir uma equipe que não tem a maioria do elenco formada nas categorias de base do clube (dos dezoito atletas convocados para a 17ª rodada do Campeonato Alemão, somente quatro eram "pratas da casa").

Além disso, como Guardiola irá lidar com um novo ambiente? Sair de um clube em que ele conhecia todos os atalhos de La Masía ao Camp Nou e facilitava (ou ao menos tornava menos complexa) sua compreensão do “todo” para, em breve, frequentar os corredores de um clube em que ele terá que conhecer um ambiente/cultura totalmente distinto e, inclusive, aprender um novo idioma. Sem dúvida, um desafio grandioso!

Como grandes equipes e treinadores sempre devem ser estudados, sugiro uma tarefa para realizarmos ao longo de 2013 e sermos mais precisos diante de tantas expectativas: acompanharmos alguns jogos da temporada 12/13 da equipe alemã, seja pelo campeonato nacional, seja pela Liga dos Campeões, e definirmos o modelo de jogo apresentado pela equipe de Jupp Heynckes. Aguardarei em meu e-mail (e também farei meu banco de dados) informações dos comportamentos individuais e coletivos do Bayern para cada um dos momentos do jogo. Quem quiser, pode utilizar vídeos editados, lances com gols, relatórios ou quaisquer outras informações que tenham relevância na análise da equipe alemã.

Após a fase inicial da tarefa, a sequência será avaliar a equipe de Pep Guardiola passados cinco meses do início do trabalho. Os últimos jogos da fase de grupos da Champions e do Campeonato Alemão da temporada 13/14 serão as partidas estudadas. Com a ajuda dos leitores e com análises semelhantes às feitas com Heynckes, uma coluna comparativa será publicada relacionando cada um dos modelos de jogo.

Acompanhar jogos, estudá-los e extrair informações úteis deve ser prática cotidiana de quem trabalha ou pretende trabalhar com futebol. Estudar o Bayern de Munique significa tentar compreender uma das grandes equipes do futebol mundial e que apresenta princípios de jogo condizentes com o futebol moderno. Declaradamente, contrataram Pep Guardiola para dar brilho ao futebol alemão e, nas entrelinhas, ganharem tudo!

Estudar o Bayern de Munique é mais proveitoso do que estudar algumas equipes brasileiras que se reforçaram vigorosamente para as competições deste ano, porém, mantêm treinadores no comando com as mesmas (e ultrapassadas) ideias de jogo de temporadas anteriores e que dependerão excessivamente das características individuais dos jogadores contratados para a nova formatação do modelo de jogo.

Ao longo do ano irei lembrá-los em relação à tarefa. Por enquanto, como de costume, deixo uma pergunta: será que o Bayern de Munique, quando treinado por Pep Guardiola, conseguirá parar o Barcelona?

Que comecem os estudos…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Projeto 'Por um futebol melhor': avanço no tratamento aos torcedores

Em 1990, foi promulgada a lei 8.078, denominada “Código de Defesa do Consumidor”, com o intuito de assegurar os direitos dos consumidores, o que, nos termos da Lei Pelé, assegurava os direitos de quem adquirisse ingressos.

Treze anos depois, em 2003 foi promulgada a lei 10.671, o "Estatuto do Torcedor", com o objetivo de proteger especificamente os consumidores do esporte, ante as suas necessidades específicas, ampliando o conceito de consumidor, passando a considerar torcedor todo indivíduo que aprecie ou acompanhe eventos esportivos.

A referida norma foi um verdadeiro marco na história do desporto brasileiro, especialmente do futebol. Os ingressos (bilhetes) e assentos passaram a ser numerados e os torcedores a ter o direito ao seguro por danos sofridos no evento esportivo.

As competições passaram a ser transparentes, instituindo-se um ouvidor para receber críticas, sugestões e observações acerca da tabela e regulamento das competições.

Apesar dos consideráveis avanços, para efetivação dos direitos e do respeito aos torcedores, é imprescindível uma mudança de paradigma dos clubes o que iniciou-se com o programas "sócio-torcedor".

Neste aspecto, o ano de 2013 começou de forma fantástica com o projeto "por um futebol melhor" encabeçado pela Ambev com Ronaldo ‘Fenômeno’ como embaixador, que tem como base mostrar ao torcedor que o dinheiro que ele investir para ser sócio do clube voltará para ele, muitas vezes até mais, com descontos em produtos e serviços das empresas parceiras (os preços dos sócios-torcedores são variados).

Assim, os sócios-torcedores de 15 times brasileiros contarão com descontos em produtos e serviços de diversas marcas. Inicialmente, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Ponte Preta, Portuguesa, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Vitória e Bahia aderiram ao projeto. Em março, Internacional, Grêmio, Santa Cruz, Náutico e Sport também estarão dentro dos clubes participantes do movimento.

As primeiras empresas a oferecerem benefícios aos sócios-torcedores são Ambev, Seara, PepsiCo, Unilever e Danone. Elas já estão à disposição dos associados. A partir de fevereiro, os produtos e serviços das outras quatro empresas entram no movimento: Netshoes, Sky, Burger King e Bradesco.

A intenção é alcançar os torcedores que não vão aos estádios, pois os programas de "sócio-torcedor", em regra, trazem como atrativo principal o direito a ingressos e, atualmente, possuem adesão de somente 0,2% das pessoas que acompanham futebol. A meta é erguer esse percentual para 2%, com 3,5 milhões de pessoas envolvidas. Isso geraria uma receita superior a R$ 1 bilhão anuais aos clubes.

Nessa primeira fase do movimento, os torcedores terão desconto em aproximadamente 300 produtos, como alimentos, bebidas, itens de higiene pessoal, limpeza e material esportivo.

Inicialmente, duas redes varejistas são as parceiras: Carrefour e Extra. Os locais terão um selo identificando que participam da promoção e para ter o desconto, o torcedor precisa apenas informar seu CPF na hora do pagamento, já que os sistemas das lojas estarão integrados aos clubes.

Caso os clubes se adequem e organizem seus programas de "sócio-torcedor" ao “por um futebol melhor, o projeto, além de trazer ao consumidor do evento esportivo uma série de benefícios, trarão aos clubes e ao evento maior atratividade e fidelidade e corresponde a um avanço significativo na relação clube/fornecedor – torcedor/consumidor.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Adam Smith e o futebol brasileiro

A cada início de temporada no futebol brasileiro, Adam Smith se revira em seu descanso secular. O filósofo e economista escocês, considerado um dos pais da economia moderna e do liberalismo econômico, foi o autor do célebre "A riqueza das Nações (1776)" e um dos primeiros a descrever os efeitos da oferta e demanda sobre os preços, como resultado da famosa "mão invisível" do mercado.

Deixando as discussões ideológicas de lado, fico pensando como seria se Adam Smith acordasse hoje e fosse assistir a uma partida do futebol brasileiro, mais precisamente do Campeonato Carioca.

Estamos no dia 19 de janeiro de 2013, e Adam Smith interrompe seu sono quase eterno de 222 anos e decide recuperar o tempo perdido e conhecer mais sobre o tão falado esporte bretão, e nada melhor do que fazer isso no país do futebol.

Alegremente, decide assistir aos jogos da rodada inaugural do Campeonato Carioca de Futebol. Ao chegar aos estádios, sua primeira sensação é de que ainda está na Inglaterra do século XVIII. Paga o preço dos ingressos (entre R$ 30 e R$ 60) e acha caro, mas logo pensa como será recompensado por ver um belo espetáculo.

Entra no estádio ansioso, certo que está que terá dificuldades para conseguir um lugar, deve estar lotado. E vem o primeiro choque de realidade à brasileira: estádio deserto, ocupação inferior a 10% dos espaços. Faz calor, o jogo é lento, muitos passes errados, nenhum gol…Adam Smith tenta lutar contra a ideia de voltar para o túmulo.

Contrariado, mas certo de que a teoria econômica não pode estar tão longe da realidade, vira para ao lado e interrompe os xingamentos do torcedor após mais um erro grave do árbitro, perguntando: quanto caiu o preço dos ingressos em relação ao campeonato anterior? Afinal, o jogo é ruim e o estádio está vazio.

Espantado e já acostumado com o futebol Brasileiro, nosso amigo torcedor alerta a Adam que na verdade o preço do ingresso AUMENTOU!

Simpático como um bom carioca, tenta explicar ao escocês que o preço aumentou para dar liberdade aos clubes de fazer promoções (!!!!!!!!????????)

"É o que os cartolas falaram, doutor, tá no jornal!".

Termina o primeiro tempo e Adam Smith fica triste ao pensar que ninguém aprendeu seus ensinamentos, aqueles de que os preços reagem à oferta e demanda. Se um produto tem pouca procura, o preço naturalmente deveria cair, se tem grande procura deveria subir.

Sem saber como o futebol brasileiro é gerido, Adam Smith pega sua peruca e retoma seu descanso eterno.

Para interagir com o autor: fernando.ferreira@universidadedofutebol.com.br

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Demagogias no mundo esportivo (parte 01)

Falar em demagogia ou de outras culturas significa entrar em uma seara um tanto quanto complicada, muito por não estar diretamente envolvido com as situações as quais se tecem alguns comentários, podendo cometer injustiças vez por outra.

Mas, me permito, nesta coluna, abrir um espaço para arriscar e falar sobre demagogias que o esporte brasileiro é constantemente submetido – tal e qual já comentei em 2011 aqui na Universidade do Futebol sobre os casos da venda de bebida alcóolica nos estádios, meia-entrada e do canto do hino nacional antes das partidas de futebol (https://universidadedofutebol.com.br/Coluna/11605/Lei-Geral-da-Copa).

Os temas que ensejam polêmica mais recentemente dizem respeito a dois estádios: o Maracanã e a nova Arena do Grêmio. Ambos retratam um misto de amadorismo em diversas esferas do esporte com uma falta de percepção holística sobre os diferentes fenômenos.

Do Maracanã, vivemos o debate sobre o futuro do estádio de atletismo Célio de Barros e do Museu do Índio, onde residem famílias indígenas em plena área urbana. A intervenção nestes dois espaços, incluindo ainda a demolição do Complexo de Piscinas Júlio Delamare, permitirá ao novo Maracanã ter um aspecto mais voltado para o entretenimento, facilitando a circulação de pessoas e melhorando a segurança em dias de jogos no espaço.

No caso do atletismo, percebe-se que houve um desvirtuamento em face do cerne dos debates e a lógica de desenvolvimento do esporte no país. Explico: diz-se que com a derrubada do Célio de Barros, o atletismo brasileiro será imensamente prejudicado, com sérios riscos de não conquistar medalhas em 2016. Vamos supor que este fato seja verdade.

Vamos, portanto, pesquisar no site da Cbat as pistas de atletismo certificadas pela Iaaf, que as classifica pelo mundo por classes. Só para termos uma ideia do que isso significa: o Brasil possui seis pistas "Classe 1" – para podermos comparar, os EUA têm quatro neste mesmo nível. Sim, o todo poderoso Estados Unidos, que conquistou 29 medalhas no atletismo na última Olimpíada, têm menos pistas certificadas que o Brasil, contra nenhuma dos atletas brasileiros. São 97 pistas no mundo que tem a certificação “Classe 1”, o que significa dizer que 6,2% delas está no Brasil.

Classificadas como "Classe 2", o Brasil possui outras 15 pistas entre 406 listadas, enquanto que na terra do Tio Sam, onde as grandes estrelas do atletismo mundial treinam, existem "apenas" seis. A toda badalada Jamaica, com 12 medalhas em Londres, tem apenas dois pistas oficiais de atletismo, ambas na capital Kingston, sendo uma de cada classe.

Só o Rio de Janeiro possui seis pistas de atletismo entre as Classes 1 e 2. Mesmo com a eminente derrubada do estádio Célio de Barras, a capital Fluminense terá mais do que o dobro de pistas de atletismo em classe mundial quando comparada a Jamaica.

Posto isto, será que é possível responder: no Brasil faltam instalações ou bons projetos? Às vezes, me pergunto até que ponto nossas reivindicações são corretas e justas, quando a execução – ou as tecnologias e os recursos humanos que possuímos para preparar bons atletas ficam em um segundo plano pelo seu componente intangível.

No que diz respeito ao Museu do Índio, devo tecer um comentário breve: concordo com o tombamento do equipamento desde que o integre à paisagem e ao perfil de entretenimento do Maracanã. Isto significa reformar completamente o tal museu, integrando-o pela perspectiva do turismo, ou seja, dentro de um contexto histórico de projeto para a cidade como um todo. Não vejo motivos em manter o prédio por manter, como muitas vezes se faz no país…

(continua na próxima semana, com o caso Arena do Grêmio…)

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O futebol explica a vida

Um grande sábio que eu tenho a honra de conhecer costuma dizer que "o futebol explica a vida". Esse sempre foi o adágio usado por ele para justificar qualquer metáfora baseada em cenários ou episódios ludopédicos. Afinal, qual a trajetória humana, o jogo com a bola nos pés é feito de aprendizados, exige decisões urgentes, apresenta caminhos diferentes para um objetivo comum e suscita emoções absolutamente dicotômicas.

O futebol, assim como a vida, demanda estratégia e conhecimento, que em muitos momentos podem ser simplesmente empíricos. As decisões em campo frequentemente são guiadas pelo mesmo instinto que faz com que as pessoas se desloquem entre móveis à noite, com a luz apagada. E não são poucas as topadas para mostrar quanto esse comportamento é perigoso.

Contudo, a evolução do jogo tem limitado o espaço para o empirismo. Com uma margem de erro menor, o futebol exige planejamento e eficiência. É o fim do período romântico – e não apenas em campo, é claro.

Essa realidade tem aspectos positivos, mas causa vítimas. Quem não se adapta ao novo cenário é engolido por ele. É o cerne do projeto da Arena Juventus, prédio que será erguido na Rua Javari e remodelará um dos mais tradicionais e charmosos estádios de São Paulo (veja mais aqui, ó: http://tinyurl.com/a7fb3lg).

O espaço para topadas no futebol é cada vez menor. Jogadores, treinadores ou dirigentes não têm mais dedinhos para arriscar. Ainda assim, a comunicação segue recorrendo a axiomas que há muito deixaram de ser irrefutáveis.

E o pior é que isso gera um efeito cascata: os comunicadores, formadores de opinião, disseminam opiniões que contrariam a nova lógica do esporte. É nítida a defasagem nesse aspecto.

A visão sobre esporte nos Estados Unidos é um exemplo disso. Parte muitas vezes das próprias ligas uma profusão de análises e dados estatísticos, mas há sites, blogs e emissoras de TV que complementam ou refinam os números.

Ah, e você pode até dizer que estatísticas e números deixam a transmissão chata. Você pode até dizer que isso acrescenta pouco e que o jogo é decidido em campo. Você só não pode ignorar que muitas vezes isso é útil. A decisão sobre quantas ou quais informações são aproveitáveis não deve partir de quem comunica, mas de quem recebe o conteúdo.

Pense então na quantidade de câmeras, no excesso de ângulos diferentes para cada lance e no imenso banco de dados das ligas dos Estados Unidos. Se houver um lance bonito ou polêmico, a transmissão precisa de poucos instantes para recuperar um episódio similar ocorrido em uma edição passada.

José Trajano, comentarista da "ESPN", costuma dizer que os gols de campeonatos de futebol na Europa parecem mais bonitos do que os tentos marcados no Brasil, e que isso acontece pelo somatório entre qualidade de imagem e quantidade de câmeras. A comparação óbvia é o cinema: uma cena bonita e bem filmada tem sempre mais impacto.

Se o futebol não é jogado como era e não é gerido como era, é impossível que ele continue sendo analisado do mesmo jeito. Falei em conteúdo e em formato, mas isso também vale (e muito) para linguagem.

Como bem lembrou o blog do site "Trivela" nesta semana, a mídia inglesa tem discutido muito nos últimos dias os preços de ingressos da Premier League (o post está aqui, ó: http://tinyurl.com/br6ml9j). O debate foi incentivado por uma faixa de protesto de torcedores do Manchester City, que tiveram de pagar 62 libras para ver o jogo contra o Arsenal no estádio Emirates, em Londres.

Os protestos sobre o preço do ingresso geraram, aqui e lá, discussões sobre o novo público que frequenta estádios. Os valores de entradas são mais altos, e isso limita a participação da população menos abastada. O estádio de futebol vira local de elite.

A inflação nos bilhetes é necessária. Pode se mostrar contraproducente no médio ou no longo prazo, mas é mais provável que seja irreversível. O dinheiro oriundo de entradas e de consumo no interior dos estádios é uma receita imprescindível para os clubes.

Em nome de uma receita parruda de match day, clubes não têm outra saída: precisam do público com mais poder aquisitivo. Por consequência, há uma mudança até no perfil das pessoas que vão aos estádios e dos que veem futebol pela TV.

Ainda sobre o tópico público, há algo que eu já comentei várias vezes aqui: o jeito de consumir informação e entretenimento mudou. O nível de exigência das pessoas também é diferente.

Então, o que temos é isso: o futebol é diferente, as pessoas são diferentes e a relação das pessoas com o futebol é diferente. No Brasil, só a comunicação não evoluiu com a mesma velocidade.

Afinal, qual foi a última grande mudança no formato de transmissão de esporte no Brasil? O tira-teima? A câmera sobre o campo, que foi usada em dois ou três jogos internacionais pela "Globo" e posteriormente abandonada? A câmera superlenta? É pouco.

E quando eu falo de recursos tecnológicos, é claro que a primeira mídia que vem à pauta é a TV. Entretanto, a discussão pode ser ampliada para outros veículos e outras plataformas. Com exceção da internet, que é nova por essência, o que mudou no esporte brasileiro?

Uma saída encontrada pelas ligas dos Estados Unidos e pela Fifa é gerar o próprio conteúdo. Transmissões da Copa do Mundo de futebol são geradas para o mundo inteiro por uma mesma empresa. Isso garante a qualidade do conteúdo, mas também pode servir para aspectos como a divisão do tempo de exposição dos patrocinadores.

O único senão é que a criação de um padrão nacional de transmissão de futebol não depende de uma ou outra emissora. Isso depende de o esporte nacional se organizar como entidade, o que parece, infelizmente, o caminho oposto do que acontecerá nos próximos anos.

Sobra aos profissionais que trabalham com comunicação no esporte, portanto, a evolução individual. Está claro que o meio precisa evoluir e que tem necessidade de novos formatos, mas isso depende de um nível de organização que nós não temos (e nem parecemos dispostos a ter).

O que pode mudar, então, é o conteúdo. Para isso, os profissionais precisam de mais preparação e de uma boa dose de aprofundamento. É fundamental sair do raso em searas que fazem parte do novo cotidiano do futebol, como gestão, medic
ina, fisioterapia, psicologia e outras.

Há poucos anos, a abordagem multidisciplinar era um diferencial apenas para as pessoas que trabalham diretamente no esporte. Hoje em dia, trata-se de uma visão insuficiente até para quem transmite o jogo para a população.

O futebol brasileiro precisa deixar de ter uma visão míope, restrita. Essa mudança, assim como na vida, só pode começar por quem forma opiniões.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Imagina o legado da Copa

A frase "imagina na Copa" já se tornou célebre. Em redes sociais, na publicidade de cerveja patrocinadora do evento. Em particular, para se questionar e desafiar a capacidade de entrega do Brasil perante aquilo que se comprometeu e aquilo que prometeu.

Ironizar é o tom. Mais um motivo foi dado para que se ironize como o país do futebol trata o maior evento mundial desse esporte em oportunidade para construir um legado também social.

A Associação das Prostitutas de Minas Gerais irá oferecer cursos de inglês para suas filiadas. E também de português. A intenção é melhorar a competitividade em tempos de Copa e poder atender bem os clientes.

Sabe-se que o turismo sexual é um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta, uma vez que, no Nordeste, principalmente, a exploração infantil nesse segmento é flagrante. Não deveria ser o legado e imagem que deveríamos projetar para o mundo.

A Escola Friedenreich, uma das melhores do Brasil, iria ser destruída também, no complexo do novo Maracanã, para virar estacionamento do estádio. Houve mobilização social intensa, que fez com que o tombamento da escola impedisse, até agora, a demolição.

O Museu do Índio, também localizado no mesmo complexo, será demolido. Índios que moram no local resistem, até o momento, à reintegração de posse pretendida pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Ainda, no mesmo espaço do novo Maracanã, a iminente demolição do estádio de atletismo Célio de Barros, centro de formação e de prática esportiva importante para a comunidade.

Parece que a discussão séria e consistente com a sociedade sobre o legado da Copa não foi importante ao longo destes anos de preparação para o evento.

Se é que houve tal discussão. Tudo indica que foi algo impositivo, tendo o Estado Brasileiro a Fifa como bode expiatório de plantão, para lhe imputar a culpa sobre a obrigatoriedade de seguir os famosos "cadernos de encargos".

Visitei uma comunidade alemã, distante 70 km de Curitiba, neste fim de semana. Lugar muito agradável, com bons serviços de gastronomia e algo de turismo rural e de aventura. Um colono entusiasmado da região contava sobre seus planos de ampliar o restaurante que mantém, "por que, imagina na Copa, ano que vem, a quantidade de turista que vai ter aqui".

O diálogo entre os governos e a população, sobre causas e consequências da Copa do Mundo, foi muito pobre. Isso provoca discrepância de expectativas. Ou se critica demais a realização do evento no país. Ou se exalta demais.

Típico de um país ainda pobre em democracia.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br