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Profissionalização não garante lisura

O assunto da semana no futebol é, sem dúvida, o escândalo deflagrado em função da revelação do esquema de arranjos de resultados de jogos que beneficiaram financeiramente algumas pessoas.

 

O episódio me fez lembrar do Barão de Itararé que dizia: “o homem que se vende recebe sempre mais do que vale”. O escândalo do apito e a frase do Barão de Itararé nos remete a uma reflexão de caráter eminentemente ético.

 

Será que se os árbitros de futebol fossem profissionais, como sugere alguns, com salários e dedicando-se exclusivamente à sua tarefa de apitar os jogos, as coisas seriam diferentes?

 

Há os que acreditam que sim. Entre eles, encontra-se nada mais nada menos do que Joseph Blatter, o presidente da Fifa, defensor da tese.

 

Para mim é difícil entender esta lógica. Se pensássemos que a profissionalização da arbitragem poderia melhorar a qualidade dos espetáculos, através de uma melhor preparação e concentração dos árbitros, até que poderia concordar.

 

Absurdo

 

Achar, porém, que pelo simples fato do árbitro receber um salário, mais ou menos polpudo, garantiria mais lisura e princípios éticos nas arbitragens é, em outras palavras, admitir que todo homem tem seu preço. Ou, então, tomar, como princípio que o rico é mais honesto e o pobre mais desonesto, o que se constitui num verdadeiro absurdo.

 

Mas, com profissionalismo ou sem profissionalismo, tomara que essas denúncias, que parecem não ter fim em nosso país, sirvam não só para reflexões profundas, mas fundamentalmente, para fortalecermos nossas instituições esportivas e políticas, através dessas experiências dolorosas que somos obrigados a passar. Poderemos, assim, punir corruptos e corruptores, criando-se mecanismos para que fatos semelhantes não se repitam.

 

Se isto ocorrer será o lado positivo de toda esta crise moral a qual fomos submetidos.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br