A intuição sempre foi um ingrediente fundamental nos seres humanos. Poderíamos até afirmar que a nossa sobrevivência, enquanto espécie deve muito a ela. A própria mulher, através dos tempos, tem conseguido superar preconceitos e mostrar seu valor através desta característica; a tão conhecida intuição feminina.
Esta capacidade de tomada de decisões ou de fazer julgamentos muito rápidos com base em poucas informações está em alta neste século 21. E isto parece meio paradoxal, já que vivemos em plena era da informação e do conhecimento.
Mas transportemos para o futebol esta questão dos julgamentos e tomadas de decisão feitos com base em conhecimentos sistematizados, confrontados com àqueles realizados por pura intuição.
Tomemos como exemplo a atividade do treinador que é o profissional que precisa, durante um jogo, tomar decisões tão rápidas quanto precisas. Muitas vezes todo o indispensável conhecimento que possui sobre estratégias, táticas e outros assuntos importantes para a performance do seu time não basta. É preciso mais do que isso. Ele precisa de uma intuição muito acurada para decidir acertadamente.
Quantas vezes já pude observar um treinador ganhar ou perder jogos em função do uso adequado ou inadequado desta capacidade humana.
A novidade é que esta habilidade, tida como natural, pode ser desenvolvida e treinada. Estudiosos, pesquisadores, psicólogos estão concluindo que é possível controlar e educar nossas reações instintivas. Como nos afirma Malcolm Gladwell em seu livro Blink, a decisão num piscar de olhos: “o poder de avaliar uma dada situação em questão de segundos, não é um dom divino reservado apenas a uns poucos eleitos. É uma habilidade que pode ser voluntariamente desenvolvida por todos nós”.
E a mesma lógica utilizada para entender o papel do treinador pode ser usada para o atleta. Um jogador de futebol pode ter uma extrema habilidade com a bola, mas será incompleto se não tiver uma ampla compreensão e percepção de tudo o que está acontecendo ao seu redor. Mais do que isso, se não tiver adequadas intuições na hora do jogo, para decidir as melhores jogadas, de nada valerá toda a sua técnica, seu preparo físico ou sua disposição tática.
Portanto, a conclusão que podemos chegar é que a intuição não é tão somente um artifício que utilizamos quando não temos os exatos conhecimentos dos fatos. Ela é algo que juntamente com as informações necessárias, nos ajudam a fazer julgamentos e tomarmos decisões com muito mais qualidade.
Pense nisto!
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br