Diz o ditado que, quem fala o que quer, ouve o que não quer. A situação bizarra vivida pelo Palmeiras na última semana é a prova de que a comunicação é o último item numa lista de prioridades dentro de um clube de futebol.
Pode parecer repetitivo, mas sem dúvida que os exemplos que colhemos no cotidiano nos mostram que a preocupação com a imagem do clube é o que menos interessa dentro da estrutura da maioria das agremiações brasileiras.
Salvador Hugo Palaia, diretor de futebol, e Tite, então treinador, trocaram farpas pela imprensa sobre o comportamento do time do Palmeiras na derrota para o lanterna Santa Cruz. Como se não houvesse vestiário. Como se eles não tivessem o número do telefone celular de um e de outro. Como se o Palmeiras não importasse, mas sim suas preferências pessoais, seus pensamentos, seu sangue fervendo.
E é esse o grande drama da comunicação clubística nos dias de hoje. Não há uma hierarquia interna de relações públicas. Os dirigentes falam o que quer, os jogadores se sentem no direito de também fazê-lo, o técnico idem. E a imagem do clube que se lixe.
Foi assim que o Palmeiras saiu de uma confortável situação para o inferno na noite de quinta-feira. Numa declaração infeliz de um dirigente mais preocupado em polemizar do que em pensar no bem da instituição para a qual trabalha.
Assessoria de imprensa nos clubes de futebol significa, hoje, um profissional sem expressão no mercado jornalístico, que tenha bom relacionamento com jogadores, que consiga frear o ímpeto dos colegas sedentos por notícia, que jogue ao lado do time.
A comunicação estratégica, tal qual funciona numa grande empresa, não faz parte da prioridade de um clube. Investir 15 a 20 mil reais por mês numa grande equipe de comunicação, é algo impensável nos dias de hoje. A função do assessor não é apenas cuidar da atualização do site oficial, não é só fazer o meio-campo com a imprensa, não é simplesmente levar o atleta para dar entrevista depois do jogo ou do treino.
Comunicação é uma ferramenta primordial dentro dos clubes. Todos os diretores devem falar a mesma língua. O treinador tem de respeitar uma hierarquia. O jogador tem de se comportar de maneira a dar o exemplo.
Afinal, o grande charme do esporte é proporcionar emoções inesquecíveis. Mas essas emoções não podem se tornar motivo para a derrocada moral de um clube. E o primeiro passo para se corrigir isso é investindo na comunicação estratégica, que vai muito além do fornecimento de estatísticas sobre os jogadores.
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