O Brasil celebrou em 20 de novembro o Dia da Consciência Negra. E como recomendam as pessoas que se preocupam com o crescimento e desenvolvimento de nosso país de forma justa e democrática, esta data é adequada para que façamos uma reflexão crítica sobre as condições de vida da população negra brasileira.
Aproveitando, portanto, o momento procurei refletir um pouco sobre alguns aspectos que envolvem a inserção do negro no futebol brasileiro.
Não são poucas as pessoas que afirmam não existir preconceito de cor ou racismo no Brasil.
Há aqueles também que consideram o futebol como uma das instituições mais democráticas que possuímos e que não faz distinção de raça ou de classe social para abrir portas aos seus atores, desde que sejam talentosos.
E concluem afirmando que o futebol é um canal privilegiado que promove a inclusão e a justiça social, dando oportunidade a todo mundo, indistintamente.
Visto por certo ângulo até podemos dar alguma razão a tais argumentos.
De fato, se formos analisar a porcentagem da população negra e mulata de nosso país e compararmos com o número de atletas da raça que praticam futebol e nele se destacam como profissionais, vamos encontrar muitos deles nos clubes espalhados pelo Brasil.
Faça o exercício de verificar em algumas revistas especializadas, álbuns de figurinhas ou mesmo sites dos diferentes clubes brasileiros e você vai notar que há um número razoável de atletas negros e mulatos em grande parte das equipes.
Entretanto, se formos analisar um pouco mais profundamente, verificaremos que esta democracia e os canais de inserção ou inclusão social não são tão amplos assim.
Se tiver um pouco de paciência tente, por exemplo, descobrir quem são os treinadores que dirigem os diferentes times. Pegue os 40 clubes que disputam as séries A e B do Campeonato Brasileiro e vai descobrir que não há mais do que 2 ou 3 treinadores negros ou mulatos dirigindo essas equipes.
Mais difícil para pesquisar, mas também interessante é verificar quantos dirigentes negros ou mulatos possuímos no futebol brasileiro. Infelizmente vamos descobrir que eles são em números muito reduzidos.
Seria isto simples coincidência ou o reflexo do preconceito e racismo ainda vigente entre nós?
Eu, particularmente, não tenho dúvida alguma quanto à resposta.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br