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A proeza de Ceni

 

Um pedido de desculpas de Milly Lacombe. Assim poderia ter se encerrado o caso Rogério Ceni e Milly travado desde o ano passado, quando a jornalista foi incisiva demais num comentário e teve de bater-boca com o goleiro são-paulino no ar, em pleno Arena Sportv.
 
O caso tornou-se famoso no meio do futebol. Milly perdeu espaço dentro da Sportv. Rogério teve o direito de resposta que se espera. Mas o bafafá não parou por aí.
 
Na semana passada o desfecho do episódio foi noticiado em todos os veículos. Milly pediu desculpas publicamente por ter dito que Rogério havia forjado assinatura num documento com uma suposta proposta do Arsenal para tirá-lo do São Paulo ainda em 2001.
 
O tal documento misterioso foi matéria da Folha de S. Paulo naquele ano, mostrando que a tal proposta do Arsenal havia sido enviada, na verdade, de uma casa de venda de instrumentos musicais no bairro de Pinheiros. E, à época, a Folha foi além, mostrando que o dono da loja era amigo de Ceni, que por sua vez era inimigo do presidente são-paulino Paulo Amaral.
 
Milly esqueceu-se de lembrar esse pequeno caso quando da discussão pública com Rogério. No fim, ficou chato para ela. E Rogério, por ser “chato”, conseguiu ter os seus direitos preservados e, na semana passada, foi além. Obteve da jornalista a necessidade de pedir desculpas.
 
Mas Rogério não se contenta com uma simples vitória. Na Justiça, o jogador ainda cobra uma indenização por danos morais. O goleirão são-paulino quer mais de R$ 150 mil de Milly. Esse processo deve demorar mais um pouco para dar frutos, se é que de fato os dará.
 
Independentemente do que for decidido, a vitória de Rogério nos tribunais é, também, a vitória do jornalismo em geral. Sem dúvida que, depois do ocorrido, muitos jornalistas vão pensar duas vezes antes de falar qualquer coisa com o microfone como testemunha. As mesas-redondas estão cheias de irresponsabilidades. E parece cada vez mais claro que o público está cansado das mesas-redondas.
 
Ou o jornalismo na TV se reinventa, ou que todos passem a ser como Rogério Ceni, que de tão chato que é, fez com que a Justiça fosse cumprida. Mais do que as desculpas públicas do jornalista, Rogério conseguiu fazer o jornalista parar e pensar antes de falar.
 
Isso sim é uma proeza.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br