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Controlar ou dominar o jogo? Eis a questão (1ª parte)

Existe uma idéia (um conceito) no futebol, introduzida pelo treinador holandês Louis Van Gaal, que trata do domínio ostensivo das ações do jogo dentro da partida. Segundo ela (a idéia), seria possível a uma equipe dominar totalmente as ações do adversário controlando-as durante todo o tempo de jogo.
  
A idéia de Van Gaal, batizada de “Futebol Dominante” ganhou força em alguns países europeus e com a mesma intensidade fora despercebidamente “negligecida” (negligenciada+esquecida) no Brasil.
 
Como não podemos, aqui neste espaço, “negligecer” as coisas táticas do futebol, vamos, partindo da idéia de “Futebol Dominante”, fazer algumas reflexões sobre controle e domínio de jogo.
 
Se buscarmos nos nossos dicionários da língua portuguesa, observaremos muitas e alargadas definições para “controle” e “domínio”. Dentre aquelas que podem ser mais didáticas e reveladoras para a nossa discussão temos que:
 
a)     controle é o ato de dirigir algo ou alguém, fiscalizando-o e orientando-o de modo mais conveniente.
b)     domínio é a faculdade de dispor de alguma coisa como senhor dela; autoridade; conhecimento; influência.
 
Observemos que ainda que possam parecer iguais, controle e domínio não são sinônimos. Quando nos voltamos ao futebol então, maior ainda a distância entre as definições de cada uma dessas palavras.
 
No nosso esporte bretão, controle e domínio, mais do que construções bem definidas da língua portuguesa, tornaram-se conceitos inerentes as questões táticas do jogo que precisam ser entendidos em toda a extensão de suas possibilidades.
 
No futebol, CONTROLAR as ações do jogo significa conduzir o adversário (de forma conveniente) e levá-lo de maneira fiscalizada ao caminho que se quer levar. Em outras palavras, controlar as ações do jogo representa, de forma direta ou indireta (ativa ou passiva) “dirigir” as ações do adversário de acordo com os interesses da própria equipe.
 
Em contrapartida, DOMINAR as ações do jogo significa ter autoridade sobre ele (o jogo), influenciando-o através do conhecimento a seu respeito. Enquanto o “controlar as ações do jogo” está atrelado ao controle do adversário, o “dominar as ações do jogo” está atrelado ao domínio do próprio jogo.
 
E o que isso quer dizer?
 
Isso quer dizer em outras palavras que o posto “Futebol Dominante” na verdade, “aportuguesado” deveria ser o “Futebol de Controle” (ou melhor, uma das possibilidades do “Futebol de Controle”).
 
Para Van Gaal em seu modelo de jogo, o time do “futebol dominante” representa “o time que decide o jogo” (criando mais chances do que o adversário, jogando ofensivamente, tendo a bola sob controle, definindo as transições da maneira que for mais interessante e comandando o ritmo de jogo do adversário). Então devemos considerar que as estratégias para alcançá-lo não são necessariamente sempre imperativas. Ou seja, o “Futebol Dominante” busca o controle das ações do jogo e uma das direções para alcançá-lo (que é imperativa) está atrelada a realização de rápidas recuperações da posse da bola, ataques rápidos e busca intensa do gol. É necessário, porém, considerar que o controle das ações pode acontecer em outra direção (não imperativa): com boas transições defensivas (mas não necessariamente com rápida recuperação da posse da bola), com bons ataques (que não sejam necessariamente rápidos), com a busca do gol (mas não necessariamente o tempo todo), com a busca da bola (para ficar com ela o maior tempo possível).
 
Isso quer dizer que o “Futebol de Controle” pode ser de controle direto, intenso e imperativo mas também pode ser de controle indireto, cadenciado e discreto.
 
O “Futebol Dominante” que chamarei “Futebol de Influência®” (para não confundirmos com as idéias iniciais de Van Gaal), transcende a idéia de controlar o adversário para interferir no jogo, e parte para assumir a idéia de dominar o jogo para controlar o adversário.
 
Segundo essa idéia (a do “Futebol de Influência®“) o “dominar o jogo” representa compreender as variáveis técnico-tático-físico-mentais predominantes e determinantes do jogo para poder interferir nelas, de tal forma que seja possível manipular o jogo, transformando-o em um futebol diferente daquele compreendido pelo adversário, minimizando ao máximo suas possibilidades de reação e maximizando as próprias chances de vitória.
 
O Futebol de Influência® trata de um paradigma diferente daquele “vigente” e precisa ser bem compreendido para poder ser bem analisado.
 
Então, se você quer conhecer um pouco mais sobre a idéia do Futebol de Influência®, não perca a continuação desse texto na próxima semana…
 

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA…

Para interagir com o colunista: rodrigo@universidadedofutebol.com.br