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Mais uma publicação nacional, dessa vez uma mais especializada – a Exame – ressalta os avanços das classes econômicas do país. Mais precisamente, a última edição da revista apresenta algumas tendências de padrão de perfil dos novos consumidores que surgirão caso o momento econômico atravessado pelo país se consolide. Farei, aqui, uma breve análise do reflexo que cada um desses perfis pode ter no futuro do futebol nacional:
 
Tendência 1: O avanço das mulheres no mercado
 
A coisa boa: Gera um novo público para o futebol, que tende a exigir maiores condições de conforto e segurança, além de também atrair mais o público feminino. Na medida que clubes reconhecem o valor econômico desse público, eles devem criar mecanismos para atraí-lo, o que acaba sendo bom pra todo mundo. Além disso, o reflexo na venda de merchandising pode ser muito poderoso.
 
A coisa ruim: Com maior poder de decisão econômica familiar concentrado na mulher, o futebol arrisca perder o público jovem caso não ofereça condições de segurança necessárias, além de substituir o estádio por um outro passatempo em família mais cômodo. Além disso, possíveis conexões com jogadores ícones podem fortalecer o mercado externo e estagnar o mercado interno.
 
Tendência 2: Mais casais jovens sem filhos
 
A coisa boa: Casais novos tendem a ter mais dinheiro disponível para gastar com lazer. Entretanto, esse lazer precisa privilegiar o casal, e não os indivíduos, portanto precisa oferecer condições básicas, também, de segurança e conveniência. Além disso, a união com o clube pode ser mais uma maneira de expressar a união do casal e de criar uma identidade própria.
 
A coisa ruim: Sem filhos, não existe muito a necessidade de repassar tradições, um importante componente da cultura do futebol. Casais jovens sem filhos também são mais descompromissados e podem preferir uma viagem a um jogo de futebol. Caso o casal vá a um jogo e não goste da experiência, dificilmente eles voltarão ao estádio.
 
Tendência 3: Cresce o número de pessoas morando sozinhas
 
Coisa boa: Indivíduos com mais tempo livre, o que acarreta na busca por algum tipo de passatempo, e o futebol é um dos principais existentes. Sem responsabilidade, o solteiro pode ir a um jogo de futebol para confraternizar com os amigos, além de buscar maiores laços de aproximação com o clube, principalmente através da compra de produtos.
 
Coisa ruim: Como o indivíduo está teoricamente mais livre, ele pode buscar outras formas de entretenimento. Além disso, ao morar sozinho, o indivíduo concentra todos os seus custos, o que diminui a parcela que eventualmente pode ser utilizada para gastar com o futebol.
 
Tendência 4: Mais consumidores de meia-idade com alta renda
 
Coisa boa: Quanto mais velho, para o futebol, melhor. Quanto mais dinheiro, também. Se o futebol conseguir se aproximar, ganha não só a receita direta, mas também através de patrocínio e direitos de transmissão, além de outras parcerias.
 
Coisa ruim: Quanto mais dinheiro, mais opções para entretenimentos mais refinados. Quanto mais idade, também. E futebol não é uma coisa exatamente refinada.
 
Tendência 5: Uma vida mais longa e melhor
 
Coisa boa: Quanto mais velho, como dito acima, melhor. Afinal, depois de aposentados, sobra tempo e espaço para preocupações na cabeça das pessoas. Tempo e espaço que o futebol preenche muito bem.
 
Coisa ruim: Quanto mais velho, mais exigente a pessoa fica, principalmente com relação a conforto, comodidade e segurança. E, como se sabe, o futebol brasileiro dificilmente consegue oferecer isso.
 
O Brasil vai mudar. Mudará também o futebol?

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br