Manchester United e Chelsea fazem na próxima quarta-feira uma das mais midiáticas finais de Liga dos Campeões da Europa dos últimos tempos. O jogo é visto como a consagração inglesa. Mas, sinal dos tempos, essa consagração acontece não por causa do estilo de jogo dos britânicos.
A primeira final inglesa da liga é a coroação do estilo inglês de gerenciar equipes de futebol. Desde a metade os anos 90, os ingleses estão na vanguarda da administração de clubes. Inicialmente era apenas o Manchester United quem se apresentava na liderança do gerenciamento de um clube como empresa. Agora, num outro modelo, o Chelsea também comprova a superioridade britânica.
Mas a decisão inédita na Europa mostra algo que, em gramados latino-americanos, podemos comprovar cada vez mais. A lógica da bola tem seguido a lógica da grana dos clubes. Dos oito finalistas da Libertadores, existe apenas um intruso, que é a LDU, do Equador. Os outro sete times são, logicamente, equipes de Brasil, Argentina e México, os três países com mais dinheiro em seus clubes.
A modernização do futebol tem feito com que cada vez menos um clube tenha sucesso fazendo tudo da maneira errada. Gastar mais do arrecadar, não investir em infra-estrutura, não ter um departamento técnico preparado e atualizado. Tudo isso já faz parte hoje das premissas para se formar uma equipe vencedora.
É impossível um clube imaginar-se na disputa de títulos se não fornecer estrutura de treinamento aos atletas. Se não der a eles condições boas para se recuperar de lesões, se não tiver profissionais capacitados em cada uma das áreas, desde a administração até a psicologia.
O futebol hoje é uma complexa empresa, que para piorar depende em demasia de um fator externo que foge a toda essa gestão organizada: o resultado.
Sem ele, é muito difícil manter a casa em ordem. Uma empresa pode perder um pouco de dinheiro num ano e se recuperar no outro. No futebol, a pressão da mídia e da torcida fazem com que a derrota muitas vezes signifique a necessidade de mudança de rumo na estruturação de uma equipe.
Ou seja, a bola tem cada vez mais lógica. Mas, ainda assim, permanece sem lógica. Por isso que é tão contagiante…
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