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Decifrando a Sul-Americana

A Copa Sul-Americana é o campeonato estadual da América do Sul. No começo, os times grandes que jogam reclamam que atrapalha o calendário. Conforme o tempo vai passando e as chances de conquista vão aumentando, ninguém abre mão.

Esse é o argumento que você deve usar quando estiver conversando no bar. Em uma conversa mais séria, você pode até mudar o glossário, mas a idéia continuará essencialmente a mesma. A verdade é que a Copa Sul-Americana é uma competição forçada, que se baseia nos mesmos princípios dos campeonatos estaduais.

As duas competições servem, essencialmente, para preencher calendário e agradar mercados menores. Os campeonatos estaduais são, essencialmente, competições com fins políticos, que servem para atender a uma enormidade de clubes pequenos, na maioria das vezes vindo de cidades pequenas, que enxergam na competição uma das grandes chances de trazer para seu campo clubes de maior expressão regional e nacional. Sem os campeonatos estaduais para ocupar o início do ano, muitos clubes perderiam a razão de existir. É para manter esse status limiar de sobrevivência que o campeonato estadual ganha tanto apoio. Pensando economicamente, ele está longe de se justificar. Contudo, entretanto, todavia, ele cumpre esse caráter político e, porque não, cultural, uma vez que ajuda a disseminar o esporte de alto rendimento fora dos grandes centros, além de ser um grande expositor de talento.

A Copa Sul-Americana, assim como os campeonatos estaduais, está longe de se justificar economicamente. Ela atende essencialmente clubes menores, que jamais conseguiriam participar de uma competição de maior expressão. Por favor, não remeta isso ao mercado brasileiro, mas sim aos mercados periféricos. Os clubes brasileiros, assim como os clubes argentinos, são as instituições que se sacrificam para conseguir compor o laboratório político. É em cima deles que a Copa Sul-Americana se molda para que equipes da Bolívia, Equador e Venezuela, para ficar restrito apenas ao eixo esquerdista-bolivariano da América do Sul, possam ter a chance de ocupar seu calendário anual com outros grandes confrontos além daqueles pertencentes à Libertadores no primeiro semestre.

Há quem defenda um modelo da Sul-Americana semelhante ao da Copa da Uefa. Seria um erro. A América do Sul, obviamente, não tem nem o potencial de mercado e muito menos a diversidade de clubes como a Europa. Uma Sul-Americana igual à Uefa seria ainda menos viável do que o modelo atual.

Nos campeonatos estaduais, os clubes grandes pagam o pato da falta de estrutura econômica do resto do estado em questão. Na Copa Sul-Americana, os maiores clubes do Brasil e da Argentina pagam o pato pela falta de desenvolvimento econômico do resto do continente.

E do jeito que as coisas vão no eixo bolivariano, ainda irão continuar a pagá-los por um bom tempo.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br