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Processo digestivo do impacto tecnológico: os receios não são exclusivos do futebol

Olá amigos.

Em janeiro deste ano, foi publicada uma lei (nº 11.900) que permite aos juízes (juízes mesmo, não os árbitros de futebol) optar por ouvir os depoimentos dos presos por meio de videoconferências.

A medida prevê uma análise dos riscos de segurança que o réu oferece, das condições de saúde do mesmo entre outros aspectos.

A adoção desta tecnologia vem causando grandes polêmicas e focos de discussão. Apesar de não tratar especificamente do futebol, ainda que desejemos que alguns envolvidos com o esporte bretão estivessem na condição de usuários dessa tecnologia enquanto presos (mas isso é outra história), o ambiente criado em torno dessas polêmicas nos mostra que não é exclusividade da modalidade gerar crises com a adoção ou não de recursos tecnológicos.

Retomamos a ideia do processo digestivo do impacto tecnológico, e das dificuldades de nós, seres humanos, em lidar com o novo, ou ainda, em aceitar que precisaremos nos atualizar profissionalmente para fazer algo que sempre fizemos.

Vejamos mais um pouco da repercussão sobre a lei em questão. Seus defensores apresentam números  sobre a liberação de 900 policiais que retornariam às ruas, mais as viaturas que estariam livres para ajudar no policiamento, a diminuição dos gastos com os deslocamentos para a realização das audiências entre presos, advogados e juízes, sem contar a diminuição do risco das eventuais tentativas de resgates por parte de grupos criminosos.

Seus críticos argumentam que isso tira a possibilidade do contato “olho no olho” entre juiz e preso, o que pode ajudar o juiz a interpretar a sinceridade do depoimento. Outro argumento levantado é sobre os prejuízos causados pelo o fato do advogado estar ao lado do juiz e não do preso durante a sessão, restringindo sua atuação mais próxima ao seu cliente. Em síntese, a restrição de uma análise “humana” como dizem alguns críticos.

Analisando o contexto em si, é possível identificar elementos comuns com a prática do futebol e, novamente, destacar que, cada vez mais, fica evidente e repetitivo que o profissional que se atentar a essas questões e antecipar-se ao movimento estará em destaque quando ficar inevitável a necessidade de pessoas que saibam lidar com os novos recursos. Esse saber lidar significa utilizar suas habilidades e competências tirando o máximo de proveito dos recursos, porque como já disse Dirk Wolter “nada funciona se não fizermos realmente funcionar”.

A adoção da tecnologia, dos processos de gestão, dos estudos aprofundados, da compreensão do que as ciências humanas podem dar ao futebol, enfim, a compreensão de que o futebol deve ser entendido como um todo e não apenas como fatores isolados, contribui para uma série de aspectos:

– diminuição de custos de viagem com análise de adversários e prospecção de jogadores;

– diminuição dos custos operacionais e administrativos por meio de instrumentos mais precisos e eficazes de gestão, controle e comunicação;

– diminuição do tempo gasto pelos profissionais para coletar informações de âmbito físico, técnico e tático, conseguintemente, aumentando o tempo do profissional para usar suas competências na analise em si dos dados e na elaboração de intervenção e estratégias, isto é, aumento do tempo destinado a intelectualidade da função, deixando o trabalho “braçal” de coleta de dados para recursos muito mais precisos e detalhistas que nós, seres humanos (lembrando que somos nós que dizemos o que o computador deve fazer).

Muitos outros aspectos podem ser citados, o que precisamos é não nos tornarmos presos de nossas próprias limitações, pois, se assim for, nem as videoconferências nos ajudariam.

¹ (fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3438467-EI5030,00.html)

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br