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A mídia e a Copa

A mídia está preparada para a cobertura da Copa do Mundo no Brasil? Essa pergunta, a cada dia que passa, fica maior, pelo menos para mim. Não, a questão aqui não é simplesmente nos perguntar se nossa imprensa saberá falar do tema futebol com mais ênfase do que já existe. Isso, está muito claro, os jornalistas estão mais do que aptos a falar.

O problema reside fora das quatro linhas. Em busca do furo, da notícia em primeira mão, do inédito, muitos jornalistas têm, no que tange à organização da Copa do Mundo, deixado de lado o senso crítico para adotar o interesse pela informação.

Saber onde será a abertura do Mundial, ter uma notícia exclusiva sobre a escolha de um estádio ou poder dizer primeiro qual a nova cifra envolvendo uma construção da Copa.

Em busca dessas informações, o senso crítico muitas vezes é deixado de lado pelo jornalista. E é aí que reside o maior problema do Mundial.

Será que o jornalista brasileiro vai conseguir se manter crítico em meio a uma disputa feroz por audiência e prestígio? Em nome da fama, muita gente deixa se levar por jogos políticos e interesses maiores em relação à Copa do Mundo no Brasil.

A mídia talvez não esteja preparada para perder a audiência, mas ganhar pelo Brasil no Mundial. Em nome de muito furo de reportagem teremos, até 2014 e além, muita derrota da análise crítica e da isenção.

Na era do controle do envio de informações, o jornalismo tem cada vez mais ficado longe da sua essência, que é o combate ao que se faz de errado.

A questão do estádio paulistano para o Mundial, ou o atraso das sedes em simplesmente todo o processo de construção do país da Copa mostra, claramente, como estamos despreparados para a Copa do Mundo. Pelo menos fora das quatro linhas.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br 

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Clube de futebol falido

A expressão “clube de futebol falido” vem perseguindo o ideário deste esporte há muito tempo no Brasil.

Talvez o seu clube do coração já tenha padecido deste rótulo outrora.

Nesta semana, um deles foi à falência. Não legalmente, de direito, como se costuma dizer.

Mas de fato.

O Moto Club, de São Luís, no Maranhão, fundado em 1937, decretou o encerramento das atividades.

O clube venceu 24 campeonatos estaduais, mas já vinha sofrendo dificuldades financeiras e esportivas, confusões com a Federação de Futebol do Maranhão, o que o conduziu ao rebaixamento para a 2ª divisão estadual em 2009.

Atualmente, qualquer 2ª divisão estadual é uma penúria para os clubes…

Juridicamente, a falência decorre de um processo judicial de arrecadação dos bens do falido e verificação do passivo deixado pela empresa, tendo como finalidade o pagamento de credores e apuração de eventuais crimes falimentares.

Neste caso, foi mais uma declaração de autofalência proposta pelo clube do que algo perpetrado por terceiro.

Acredito que, realmente, a situação do clube deveria estar irreversível.

Na atividade econômica privada e com fins lucrativos, normalmente, antes da falência, tenta-se salvar a empresa e tudo aquilo que dela depende com um período antigamente chamado de concordata.

A concordata foi substituída pelos conceitos de recuperação judicial ou extrajudicial. São termos que expressam melhor o instituto jurídico que visa prolongar a existência de um empreendimento, beneficiando credores e trabalhadores, segundo parâmetros de saneamento legal-financeiro da gestão.

Seria benvinda uma força-tarefa, no futebol brasileiro, capaz de mapear e indicar soluções para a sustentabilidade da indústria, baseadas numa matriz de gestão, jurídica, financeira, econômica e de marketing.

À exceção de raros clubes e de raríssimas federações e, principalmente, da CBF, muita coisa chegaria à autofalência ou à declaração de falência, sem sequer ter fôlego para um processo de recuperação.

Triste, mas verdadeiro, pois o mercado do futebol no Brasil é demasiadamente saturado.

Mercados saturados costumam ter concentração de negócios visando à eficiência, ganhos de escala e sustentabilidade. Fusões e aquisições costumam ocorrer naturalmente entre empresas.

No futebol, fica quase impossível imaginar.

Difícil supor que o Moto Club fosse incorporado por ou fundido com o Sampaio Corrêa para se tornar uma força do futebol regional.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br