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Importância da habilidade no processo de seleção, formação e detecção de talentos no futebol

Além do aspecto cronológico e maturacional discutidos nesta coluna na semana passada, outro fator determinante de desempenho é a habilidade. Definida como a capacidade de realizar tarefas pré-determinadas com a máxima eficiência possível, no menor tempo e com a maior economia de energia (Knapp, 1977), pode ser dividida em habilidade cognitiva, perceptiva e motora (Bate, 1996). Também pode ser classificada quanto à organização das tarefas (discreta, seriada ou contínua), previsibilidade do ambiente (aberta ou fechada) e grupamento muscular envolvido (grosseira ou fina) (Magill, 2000).

Pela grande variabilidade de ações exigidas no futebol, dificilmente conseguiremos definir qual delas é mais predominante, porém, não há dúvidas de que o fator cognitivo seja talvez o mais importante para o sucesso do jogador.

Para ilustrar a importância da habilidade cognitiva, vamos imaginar um jogador que consiga a perfeição nos gestos em ambiente controlado, porém não tem capacidade de definir com a máxima eficiência a melhor opção em cada situação durante o jogo. Ou então aquele que executa o gesto perfeitamente, mas para isso demora o dobro do tempo necessário ou permitido pelo adversário em uma situação de jogo. Em ambos os casos, a eficiência da habilidade motora não implicará no sucesso em se jogar futebol.

Para piorar, no processo de formação de jogadores, em que a habilidade geral não é treinada de forma correta, pode ocorrer um circulo vicioso de o jogador não aprender a técnica em condição de jogo por não conseguir desenvolver sua habilidade cognitiva e não desenvolver sua habilidade cognitiva porque aprendeu o gesto (habilidade motora) fora da condição de jogo.

Para que isso não corra, é fundamental que os clubes com propósito de formar jogadores completos consigam quantificar e qualificar cada uma destas habilidades. Entre as alternativas para este fim, os testes elaborados por McMorris e Graydon (1996), McMorris e Beazeley (1997), McMorris e Graydon (1997), Williams e David (1998) para mensurar a habilidade de percepção e antecipação são boas opções. Para avaliação das capacidades psicomotoras, as alternativas podem ser a utilização dos testes de Helsen e Pauwels (1992), Helsen e Pauwels (1993) e de McMorris et al. (2000) e por fim a habilidade específica do futebol pode ser mensurada pela aplicação dos testes de Ali et al. (2007), Ali et al. (2008), Rampinini et al. (2007) e Zeederberg et al. (1996).
 

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Nestes testes, quanto mais deficiências forem encontradas precocemente, maiores serão as chances de corrigir o jogador ainda jovem. Com isso, este poderá aprender uma variedade de recursos cognitivos e explorar de forma ótima suas capacidades físicas, técnicas e táticas.

Talvez quando as variáveis determinantes da habilidade geral tiverem o mesmo grau de importância dado para as capacidades físicas na maioria dos clubes, um número muito maior de jogadores qualificados seja revelado.

Mas para que isso ocorra da melhor forma possível será fundamental a capacitação de profissionais que não só analisem estes dados de forma adequada, mas também consigam propor exercícios que possibilitem o máximo desenvolvimento possível de todas as habilidades e capacidades de que um jogador de futebol necessita.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

 

Referências bibliográficas

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