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O controle do treino e a preparação para a competição

Numa comissão técnica com atuação interdisciplinar, aumentam-se cada vez mais os controles da semana de treino com o objetivo de dominar e intervir corretamente em todas as variáveis que influenciam no resultado do final de semana.

Sendo assim, o controle da carga, os ajustes das pausas, a quantidade de séries, os scouts quantitativo e qualitativo, a frequência cardíaca, a distância percorrida, o tempo da sessão de treino, os horários, a dosagem da suplementação e o cardápio são alguns dos elementos que os gestores de campo e demais profissionais controlam fielmente para serem assertivos na execução do seu planejamento.

Faço, então, uma pergunta: quais foram os atletas da sua equipe que mais ganharam as atividades do treinamento na semana passada (considerando, é claro, que você já enxerga o futebol sob uma ótica sistêmica e que, portanto, suas atividades foram jogos e não exercícios analíticos)?

Todo treinador gosta de atletas que ganham jogos! Esta é uma informação óbvia, porém, julgo que é muitas vezes esquecida ao longo da semana de treinamento.

Criar um mecanismo de controle de performance individual pode ser determinante para que os seus atletas atinjam o esperado estado de jogo, fundamental para se aproximar da realidade da competição.
Não há desculpas para que este controle não seja feito. Com todas as atividades da semana previamente definidas e com a ciência dos atletas que estão à disposição, fica fácil para a comissão técnica dividir as equipes e ao longo dos treinos, digo jogos, anotar os vencedores.

Ao final de uma semana de treinos e “n” jogos realizados, é hora de calcular o percentual de aproveitamento em função dos pontos disputados. Com os dados em mãos, o treinador tem uma valiosa ferramenta para feedbacks individuais ou coletivos.

Exemplificando: atletas acomodados ao longo da semana de treinamento se verão pressionados a treinar para não ocuparem a última colocação no ranking de pontos; atletas que aparentemente não se destacam poderão surpreender com um desempenho individual acima da média; um atleta que pouco se importa com este controle pode evidenciar qual é seu comprometimento com a preparação para o jogo e um atleta que se esforça durante os treinamentos terá mais um motivo para assim proceder.

Para gerar maior competitividade é válida a variação das equipes ao longo das atividades. Mesclar titulares e reservas aumentam as combinações de equipes e podem trazer resultados mais interessantes.

Fica a critério da comissão quantos pontos vale cada atividade. Uma sugestão é definir maior pontuação para o jogo quanto maior a sua complexidade. Ou seja, aquecimentos e atividades que envolvam baixa complexidade como, por exemplo, jogos com pouco número de jogadores ou regras simples devem ter pontuação (ou peso) menor que atividades mais complexas, como, por exemplo, jogos conceituais em ambiente específico carregados de regras que dificultam o jogo (comparado ao jogo formal).

Enfim, acostumar a equipe a competir e a ganhar é o grande objetivo deste controle do treino. Num ambiente de aprendizagem em que prevaleça a competição, a busca pela evolução será condição indispensável, pois sabidamente todos os jogos elaborados levarão em consideração o jogar atual, o jogar pretendido e a lógica do jogo, correto? Logo, quanto mais jogos ganhar, maiores as chances de estar cumprindo as diferentes lógicas dos jogos elaborados e, portanto, maiores chances de evoluir. Não cometa o equívoco de criar um jogo pelo jogo. Seguramente o resultado (evolução) será abaixo do ideal.

Perceba que conhecer os melhores jogadores da sua equipe pode ser bem simples e custo zero. Após uma temporada, a apresentação de um dado como este pode agregar valor (ou não) significativamente para um jogador e ser uma ferramenta importante na definição do seu futuro.

Fico refletindo se um ambiente de competição (não somente por posição entre os titulares) predominasse nas milhares de equipes do futebol brasileiro. Infelizmente, para chegar a este ponto, muitos paradigmas, crenças e conceitos precisarão ser revistos. Mas, uma coisa é certa: todo treinador gosta de atletas que ganham jogos!

Bons treinos e até a próxima semana.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br