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Canonização

O goleiro Marcos, grande ídolo do Palmeiras e campeão mundial em 2002 pela seleção brasileira, encerrou a carreira.

Parou o tempo para todos os que o admiravam, pelo que fazia dentro de campo, dentro da pequena área, mas também pelo que cativava aos que lhe rodeavam e conheciam fora dele.

Tempo congelado na figura rara, atualmente, de um jogador que se dedicou exclusivamente a um clube, tal qual um casamento à moda antiga, na alegria – foram tantas – e na tristeza – ao não aceitar o convite do Arsenal após ter sido campeão mundial e preferir a vida dura na Série B nacional.

Mas antes da outorga do status de santo, Marcos fora nominado beato, nos primórdios da carreira.

Teve grande escola com os goleiros Veloso e Sergio e, a partir disso, começou a operar seus milagres.

A beatificação, primeiro passo no processo de canonização para que alguém seja alçado ao status de santo, pressupõe algumas condições.

Uma Congregação para a Causa dos Santos é responsável por investigar sobre a vida, virtudes, martírio, fama de santidade ou milagres atribuídos a alguém.

Instaurado o processo, se ao nominado lhe são imputadas virtudes em grau heróico (fé, esperança, caridade, prudência, justiça, etc.), alcança o status de “Venerável”.

Ao se comprovar a prática de um milagre – cura inconteste frente à Ciência e à Medicina – a beatificação ocorre.

Quando se dá a verificação de um segundo milagre, o processo de canonização finda com a cerimônia, presidida pelo Papa, em que se dá o nome de Santo àquele que teve vida virtuosa e milagrosa.

Marcos, seguramente, passou por todo esse processo probatório de canonização, cuja veneração também se deu junto aos torcedores de clubes de todo o Brasil.

A festa realizada, na semana passada, foi digna de um grande ser humano – que vem antes do grande jogador de futebol – que, como se supõe dos Santos, serve de exemplo para muitos.

Tomando ao pé da letra o Código de Direito Canônico, nota-se a importância da figura do Santo na relação íntima com os fiéis quanto ao exemplo de vida e amparo às causas mundanas:

"Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem."

Não ouvi falar, ainda, de como, oficialmente, se referem a este Santo, mas arrisco: São Marcos do Parque Antártica, o Bem-Aventurado e Bem-Humorado, Padroeiro das Defesas Milagrosas.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Volta, Corinthians! Bi mundial!

Há exatos 22 anos, no Morumbi, Neto e companhia (bem) limitada venciam o Brasileirão pela primeira vez. Iniciando o processo de (inter)nacionalização inexorável do Corinthians. Há quase 13 anos, o Maracanã e o mundo eram do Todo-Poderoso Timão. Hoje, e para sempre, o primeiro sul-americano bicampeão mundial (da Fifa) é o clube que há 102 anos nasceu no Bom Retiro paulistano. É a nação que é Corinthians. Que foi ao Japão e voltou (bi)campeã. Povo que pode bater no peito alvinegro e gritar que ninguém mais pode cochichar nada contra o que se conquistou no campo em um século de paixão.

A Libertadores demorou – mas veio invicta, como desde 1978 não se via na América do Sul. Se há como discutir a presença (e não a conquista) alvinegra em 2000, não há como colocar em dúvida a competência e a capacidade do campeão mundial de 2012. Superando o campeão africano na semifinal e o europeu na final duas vezes com a cabeça de Guerrero. Com a alma de guerreiros.

Um gol aos 23 minutos e 39 segundos que clonou aquele que, há 35 anos, encerrou 22 de jejum. O do Pé de Anjo de Basílio. O da Cabeça de Louco de Paolo. A do pulmão e pés hábeis de Paulinho, autor do lance sensacional que deu no gol e no título, depois de oito segundos após o toque de letra. Camisa 8 como Basílio. Camisa alvinegra como os campeões do mundo do Brasil em 2002. Da camisa amarela como a de Cássio. O goleiro que defendeu aquela bola de Diego Souza na Libertadores. O monstro que defendeu cinco bolas (duas impressionantes) em Yokohama contra o time do melhor goleiro do mundo. Mas não do campeão mundial de 2012. Muralha que só errou um lance no gol bem anulado de Torres. Zaga que bobeou no fim e levou um chute na trave na última bola do jogo. Só para deixar mais corintiana a decisão. Só para dar mais sabor ao amor campeão.

Quem torce ama. Quem deixou o coração em Yokohama torceu mais do que ninguém no mundo que é corintiano. Volta, Corinthians, agora para seu berço e para seu povo. Vai, Corinthians. A terra do gol nascente é sua. Vem, Corinthians. Se você não foi o Brasil todo, todo o mundo cabe no Parque São Jorge.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.