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Violência no Mineirão: de quem é a culpa?

 No último domingo, o Cruzeiro preparou uma grande festa após a partida contra o Bahia, no Mineirão, para comemorar o título brasileiro. Entretanto, a violência entre seus torcedores fez com que a festa fosse adiada. Desde então, tem-se falado muito sobre os incidentes de violência ocorridos.

Chama a atenção perceber que a extinção de torcidas organizadas tem sido apontada como principal solução, como se as torcidas organizadas, por si só, fossem causadoras de violência.

A própria diretoria do clube mineiro tem pedido de forma ostensiva a extinção das Torcidas Organizadas.

Destarte, extinguir as Organizadas não acabará com a violência e nem todas torcidas organizadas são violentas.

Percebe-se a necessidade de apontar um culpado sendo que, em nenhum momento, foram apontadas as falhas do Poder Público e dos Organizadores do evento.

Aliás, tratava-se de uma festa de uma instituição privada e, como tal, deveria haver segurança privada e não força pública de segurança.

Se ocorreu violência é porque há marginais dentre os torcedores e há a ineficiência do Poder Público em identificá-los e puni-los e dos organizadores na elaboração dos planos de ação exigido no Estatuto do Torcedor.

Não é necessário inventar a roda. Basta estudar as medidas adotadas na Espanha e na Inglaterra, especialmente o "Relatório Taylor" e adaptá-lo à realidade brasileira.

Extinguir as Torcidas Organizadas dará uma resposta a um anseio popular, mas não resolverá o problema, pois os mesmos torcedores voltarão a cometer atos violentos unindo-se em uma Barra (nome dado às torcidas organizadas não formais nos demais países da América Latina).

Portanto, a solução para a violência passa necessariamente por uma punição individualizada dos torcedores e de forma rápida e eficaz a fim de desestimular qualquer ato violento.

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Agressividade e expulsões: o que fazer?

 No futebol, o comportamento agressivo de alguns atletas podem prejudicar uma equipe e consequentemente os resultados dentro e fora de campo dentro da temporada.

O comportamento agressivo por parte dos atletas, variam conforme as intenções dos participantes e das regras e do comportamento do árbitro.

Quantas vezes uma equipe acabou sendo derrotada numa partida em que atuava melhor que o adversário, mas ao perder um atleta em campo por motivo de expulsão acabou não resistindo a superioridade numérica? Nem sempre a máxima do futebol de que “um time em inferioridade numérica muitas vezes joga melhor e vence a partida”, funciona não é mesmo?

Os clubes precisam estar atentos com a questão da agressividade no futebol e consequentemente precisam imprimir ações preventivas para garantir a boa conduta de seus atletas dentro e fora de campo.

Os principais fatores para o surgimento de comportamentos agressivos nos jogos são:

• Local do jogo;
• Importância do jogo;
• Nível de rendimento dos jogadores;
• Placar do jogo;
• Posição e tarefa tática do jogador;
• Comportamento do árbitro;
• Comportamento dos técnicos;
• Quantidade e comportamento dos torcedores.

Dependendo da forma significativa da importância emocional que o jogo representa para cada jogador, o comportamento agressivo e violento no futebol. Caso os atletas apresentem este comportamento agressivo durante uma partida de futebol, os torcedores também serão estimulados a apresentarem comportamento violento contra o árbitro e isso cria um clima emocional de violência na partida.

Cabe aos clubes aplicarem algumas recomendações para o treinamento esportivo que possam contribuir no controle dos comportamentos agressivos dos atletas, tais como:

• Os treinadores e atletas devem aprender a respeitar os princípios éticos e os valores humanos, por exemplo, respeitar as regras esportivas e a saúde do adversário;

• O treinador deve evitar ou diminuir a pressão do sucesso e do rendimento sobre seus atletas, especialmente no trabalho com crianças e atletas jovens;

• Os profissionais que lidam com o desenvolvimento do comportamento humano devem orientar os treinadores e atletas como utilizar técnicas de relaxamento e controle do estado emocional;

• O treinador deve representar um modelo positivo tranquilo, seguro e controlado de comportamento;

• O treinador deve procurar desenvolver boas relações interpessoais com seus atletas e criar um bom clima emocional no treino e na competição;

• O treinador e os executivos do futebol devem desenvolver boas relações com a mídia e informar a imprensa de forma objetiva e construtiva sobre o trabalho no clube e sobre os resultados de cada competição.

E você, amigo leitor? Em sua opinião, vale a pena investir na prevenção ou é melhor arriscar perder jogos importantes e pontos preciosos nas competições?

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O mito do patrocínio político

 Tem sido pauta recorrente de debates o chamado “Patrocínio Político”, que é aquele feito por uma empresa (estatal ou privada) tão somente por uma sinergia e afinidades políticas a um determinado clube ou federação esportiva.

Aí é que começa o campo das ilusões…

Não nos iludamos, ele existe sim!!! A utilização política do esporte como meio para se aproximar do povo ou fazer favores (trocas) para parceiros e apadrinhados não é novidade. E o esporte acaba se tornando um campo fértil para este tipo de ação.

E fica ainda menos complicada e mais fácil de justificar a transferência de alguns milhões a título de patrocínio para algumas entidades em um momento em que o esporte é capa de praticamente todos os jornais.

Não nos iludamos, ele não é sustentável!!! Eis a grande armadilha de processos “TOP-DOWN”. Funciona apenas pontualmente (e, por vezes, de maneira conturbada). A falta de diálogo com o 2º e 3º escalão das empresas fere qualquer projeto que se pense para mais de um ano.

E importa esclarecer: não é raro encontrar grandes empresas que substituem com frequência os principais cargos, mantendo a base de conhecimento (ou os cargos executivos) por muito mais tempo. Neste sentido, se o patrocínio não é construído como uma ação estratégica da empresa, ele tende a se esfacelar a uma velocidade tão grande quanto o primeiro aporte feito na organização esportiva.

Em suma: apesar de todo o alvoroço que se criou (e se cria) em torno de alguns projetos de patrocínio que supostamente tem cunho político, que não se perca de vista o próximo contrato tão logo se assine o primeiro…

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Pedro Rocha

Wembley. Estreia da Inglaterra na Copa de 1966. Pedro Rocha recebe um balão de costas para a meta de Banks. Dá um chapéu em Bobby Moore sem ver às costas dele um dos maiores zagueiros da história, e emenda de sem-pulo. Foi o único aplauso do estádio no chocho empate sem gols. Que ainda veria outro chapéu de El Verdugo em Jack Charlton.

Muito mais de bola não se viu naquela Copa. Mas em outras três, jogando bem ou mal o Uruguai, o que se viu de bom futebol se viu pela cabeça privilegiada para jogar, cabecear e falar. Foi visto pelo peito de raça e classe de quem vestiu camisas como se fossem a própria pele. Quem podia jogar e ganhar de times com Pelé. Ademir da Guia. Rivellino. Tostão. Gérson. Companheiro de São Paulo no no bi paulista de 70-71.

O Canhota foi mais um craque que foi ainda melhor por atuar ao lado de um dos grandes. Grandíssimos. Rocha que cortava e construía. Pedro pedreiro de grandes times como o Peñarol e o São Paulo. Pedro Rocha que sabia se posicionar em campo e fora dele.

Craque uruguaio que brilhou no Brasil. O que é para poucos. Craque que jogava com e pelo time. O que é pedra ainda mais bruta. Pedro Rocha que lutou bravamente contra longa doença que hoje nos deixou.

Partida que deixa o legado do bom futebol. De quem hoje se irritava com jogador que celebra gol tirando a camiseta. “Para quê? Para mostrar o peito musculoso?”

Era disso que ele também se queixava há alguns anos quando assistia a um futebol diferente do dele. Onde ele admitia ser difícil se encaixar. Embora todo o talento que tivesse o escalava em muitos dos melhores times de todos os campos e tempos.

Pedro Rocha fez do pavor de tomar gols dele e do time dele uma arte. Doía perder para o São Paulo com ele nos anos 70. Mas confortava saber que não era para um time qualquer. Muito menos para um camisa dez comum.

Viejo Verdugo, uma vítima mais uma vez se curva. Eternamente em sua homenagem


*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

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Questão de postura

 As últimas rodadas do Campeonato Brasileiro deflagraram uma série de discussões sobre estratégias. Uma rápida olhada pela tabela é suficiente para entender que há grandes degraus de motivação em brigas por título, classificação para torneios internacionais ou para evitar o rebaixamento.

Antes de qualquer análise aprofundada, é importante pontuar que isso não se deve à fórmula de disputa. Se o Nacional fosse disputado em fase de classificação e mata-mata, como funcionava até 2002, haveria debates semelhantes no término da primeira etapa ou entre os times que caíssem na fase eliminatória.

A questão não é de modelo, mas de postura. No atual modelo, haveria debate sobre diferença de motivação e entrega de resultados mesmo se o Campeonato Brasileiro fosse disputado em fases eliminatórias desde o início da temporada.

Aqui cabe um parênteses do parênteses: não é um problema os clubes preservarem titulares ou escalarem formações mistas. Aliás, isso é extremamente comum em torneios de outras regiões – no futebol europeu, por exemplo.

Outra questão é o calendário. É difícil cobrar regularidade de jogadores que são submetidos a esforços superiores ao que eles podem entregar. A temporada do futebol no Brasil é extenuante e sequer considera aspectos como recuperação, desgaste físico e nível do jogo.

Com tudo isso em mente, é fundamental que o futebol brasileiro tenha um debate sobre postura. As conversas pontuais oferecem poucos efeitos práticos e são extremamente danosas para o espetáculo.

Nesse ponto, a questão técnica vira um problema de comunicação. O campeonato tem rodadas com lances bonitos e jogos decisivos, mas o assunto é sempre a postura de um time ou a falta de compromisso de outro.

O futebol brasileiro precisa urgentemente deixar de ser visto como um assunto individual. Enquanto os times brigarem apenas por suas aldeias, a guerra estará sempre perdida.

De vez em quando eu acho que exagero ao usar o mercado dos Estados Unidos como contraponto, mas é necessário nesse caso: as grandes ligas esportivas norte-americanas fomentam estratégias individuais de comunicação para o mercado interno, mas você raramente vê algo fora de lá qualquer ação que seja focada em apenas um time.

As ligas norte-americanas têm um senso coletivo de venda. Para o mercado externo, o que vale é o campeonato.

A liga profissional de basquete dos Estados Unidos (NBA) tem mais de 80 jogos na fase inicial. É um calendário arrastado, com uma série de rodadas que decidem pouco. Lá também há discussões sobre times que preferem perder para fecharem o ano com piores campanhas e terem vantagem na escolha de atletas da temporada seguinte.

A diferença é: nos Estados Unidos a discussão sobre motivação e entrega de jogos não prejudica o espetáculo. A visão que se tem do que acontece em quadra é absolutamente diferente do que existe aqui.

O futebol brasileiro tem vários problemas, mas no fim todos desembocam em uma discussão muito semelhante. Não há como tratar o esporte aqui como um produto e vender de forma adequada se o pensamento for individualizado.

A visão individualizada foi ratificada nos últimos anos pela distribuição de direitos de mídia, que é negociada separadamente, mas esse está longe de ser o ponto precursor do debate.

Na última semana, Coritiba, Fluminense e Vasco começaram a vasculhar súmulas do Campeonato Brasileiro a fim de encontrar pontos que pudessem gerar punições a outros times e mudar a briga contra o descenso. Os três pensaram em seus interesses e recorreram a ações lícitas. E o campeonato, como fica?

O futebol no país não vai evoluir como produto enquanto olhar apenas para o próprio umbigo. A CBF administra a seleção, os clubes cuidam de suas marcas e ninguém se preocupa com o que une essa cadeia. E aí eu não falo do Campeonato Brasileiro, mas de todos os pontos coletivos – competições, espaço na mídia, venda comercial e eventos, por exemplo.

O futebol brasileiro, assim como outros setores do país, tem um problema de postura. Isso não é uma exclusividade local, tampouco um fator que inviabiliza totalmente a sobrevivência do esporte. Mas é fato que o tratamento dado ao mercado somente potencializa o defeito.

Nesse sentido, o Bom Senso F.C. é uma demonstração do quanto os clubes brasileiros estão atrasados. Os jogadores se uniram para discutir soluções coletivas e que sejam pertinentes para todo o futebol. Quando os times tiveram qualquer articulação parecida?

Até o Clube dos 13, que foi fundado em 1987 com a incumbência de ser o embrião de uma liga esportiva, foi frustrante nesse aspecto. O grupo reuniu apenas a elite do futebol nacional e limitou a discussão a ponto de se transformar em um balcão de negociação com a TV.

Dirigentes que olham para o Bom Senso F.C. como uma manifestação pelo bem dos atletas apenas ratificam a limitação de visão do futebol brasileiro. Já passou da hora de todas as instituições envolvidas no esporte sentarem para pensar no bem coletivo. O futebol precisa disso.

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Uma questão de bom senso

“Muito futebol mata o futebol.”

Essa é uma frase um tanto já repetida por aí. Vale dizer, tudo o que é feito em demasia acaba sobrecarregando os fundamentos em que se escora qualquer atividade humana.

Não à toa, o Bom Senso FC tem como principal ponto de discussão sadia a adequação do calendário às diferentes realidades pelas quais passa nosso futebol.

Com todas as ressalvas e proporções feitas à parte do que os atletas vivenciam, também reconheço que vinha sentindo o peso do calendário junto às minhas obrigações como colunista semanal.

Embora jamais tenha tido a pretensão de ser um virtuose das linhas e entrelinhas que aqui percorri ao longo dos últimos anos, ter inspiração, foco e disciplina, non-stop, mantendo a qualidade do “toque de bola” não me estava sendo mais tão simples.

Portanto, resolvi invocar um período breve de afastamento da Universidade do Futebol, por duas razões: pela intensidade de atribuições profissionais que me impedem acumular esta função na reta final de ano; pela necessidade de reflexão e redefinição estratégica da abordagem que pretendo adotar em meus textos a partir de janeiro de 2014.

Nos últimos tempos, tenho dedicado trabalho e estudos ao que poderia ser traduzido como responsabilidade social no futebol.

Seja atuando junto ao Programa Gols pela Vida, do Complexo Pequeno Príncipe; seja contribuindo, menos do que gostaria, com a própria UdoF nesta temática; seja junto ao MBA finalizado, recentemente, pela George Washington University, meu olhar está atento ao papel transformador e desenvolvimentista do futebol em nossa sociedade.

Assim sendo, pretendo, quando da retomada das colunas no ano que vem, aproveitar todo esse conjunto de experiências acumuladas, para aprofundar ainda mais as reflexões a respeito e compartilhar com nossos leitores, ao mesmo tempo em que sei que, seguramente, isso criará um canal de diálogo valioso com os que se interessam sobre responsabilidade social no futebol.

Acredito que o ano de 2014 e o contexto da Copa do Mundo no Brasil favorecerão o debate sobre nosso futebol num amplo sentido: aquilo que acontece dentro dele e aquilo que pode ocorrer a partir dele.

Bom Senso FC e sua pauta, manifestações sociais durante a Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, eleições majoritárias no país e na CBF, são catalisadores e ótimo meio de cultura para nos debruçarmos sobre.

A reassunção de fé no papel que o futebol ocupa na nossa sociedade e, principalmente, naquilo que ele ainda pode desempenhar num país como o Brasil – inclusivo e responsável – serve de conteúdo riquíssimo para, de certa forma, aportarmos pequena contribuição ao que o movimento vem defendendo, com o endosso, ressonância e prestígio da Universidade do Futebol:

Por um futebol melhor
para quem joga,
para quem torce,
para quem apita,
para quem transmite,
para quem patrocina.
Por um futebol melhor para todos.

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Os chutões, o português José Mourinho, a beleza de jogar futebol e a lógica do jogo

Na próxima semana, vou inaugurar nesse espaço a publicação de textos (pelo menos dois de cada quatro no mês) que tentarão responder a determinado tipo de questão temática enviada a mim pelos leitores, a partir do email da Universidade do Futebol (rodrigo@universidadedofutebol.com.br).

Então, qualquer questão que envolva o jogo de futebol e ideias que incorporem conceitos como “tática”, “fisiologia e/ou bioquímica do jogo”, “teoria do jogo”, “complexidade”, “organização sistêmica”, e temas relacionados, será muito bem-vinda.

Os emails deverão chegar até quarta-feira de cada semana, e após análise das questões, uma será escolhida para dissertação e debate.

Hoje, ainda sem a inauguração do mencionado acima, quero chamar a atenção para um ponto de vista que, estou certo, deve gerar alguma polêmica. Por isso, tentarei ter todo o cuidado possível – sem deixar de dizer aquilo que quero efetivamente dizer.

Faz poucos anos, em um memorável jogo de Uefa Champions League, a Internazionale de Milão vencia, na Itália, já na fase de “mata-mata”, o jogo de ida contra o FC Barcelona (que era na época a grande equipe europeia a ser batida).

O time italiano, dirigido por José Mourinho, conseguia naquele momento o que parecia impossível para a maior parte das equipes, jogadores e treinadores da competição – levar vantagem sobre o time catalão.

Na época escrevi dois textos a respeito do confronto; um sobre o jogo na Itália e um sobre o jogo na Espanha (na Espanha a Internazionale, com um jogador a menos em boa parte da partida acabou sendo derrotada, mas por um placar que eliminou o FC Barcelona).

Pois bem.

Muitas foram as críticas ao treinador português naquele momento. Da Espanha, Holanda e França, um grande número de matérias contestavam a maneira de jogar do time italiano para vencer o jogo.

Tudo porque a Inter abdicou da bola. Quando a tinha sob sua posse efetiva, tentava rapidamente com dois ou três passes chegar ao ataque. Quando isso não era possível, ela (a bola) era lançada nas “costas” da linha de defesa do time catalão, em uma tentativa de subir a marcação e recuperá-la nas proximidades da sua meta ofensiva.

Na maior parte do jogo, mais vezes a bola foi lançada ao espaço descrito, do que foram construídas sequências ofensivas rápidas e apoiadas para se chegar ao campo de ataque.

Aos olhares treinados para ver a beleza do jogo apoiado, com passes rápidos e muita mobilidade em todas as direções do campo, o jogo apresentado pelo time de Mourinho não possuía nada de belo.

Para a imprensa portuguesa em geral e para os torcedores da equipe italiana, ao contrário, foi um belíssimo e estratégico jogo. Muitas vezes. o resultado final de uma partida parece dizer muito pouco a respeito daquilo que foi (e é) o jogo. Mas só parece!!!

Como já mencionei outrora, o futebol é mais um jogo de como aproveitar chances do que um jogo de como criar oportunidades. Há beleza nisso… Mas tudo depende de como olhamos para essa “beleza”.

E, além de beleza, há muito, mas muito conteúdo de jogo nisso!!!
Isso é um fato tão concreto como o de que a maior parte das análises de jogo, por exemplo, quando percebem a posse de bola, a percebem apenas quando ela é efetiva (e por que não quando ela é a “posse a distância”, ou a “posse sem bola”?)…

Outro fato concreto, também como exemplo, é a percepção de que as bolas lançadas (ou por que não, chutadas) à frente são uma “aberração” do jogo…

Não estou defendendo uma concepção “A” ou “B” de se jogar (e nem tão pouco os “chutões”)… Não, não é isso!!!

Estou querendo, mais uma vez (a terceira nesse ano!) chamar a atenção para o fato de que sob o ponto de vista da lógica do jogo, a beleza, os conteúdos, e a inteligência para jogar não estão subordinados as estratégias de jogo, modelos de jogo, ou ao que intimamente ou culturalmente achamos bonito – estão subordinados sim, ao JOGO propriamente dito, no cerne, na sua essência!

O ambiente, a cultura, os modelos (e outras coisas mais) são caminhos (alguns dos inúmeros) para chegar ao jogo – eles não têm fim neles mesmos e, portanto, não é para nenhum deles que devemos perguntar o que é o JOGO.

Devemos perguntar sobre o jogo ao próprio JOGO!

E ainda que isso pareça abstrato ou filosófico demais, convido a todos que estão lendo esse texto a refletirem sobre o assunto…

Por hoje é isso!!!