Antes de iniciar o texto de hoje, quero destacar e agradecer aos leitores, pelo grande número de mensagens que me foram enviadas, comentando a coluna da semana anterior.
Bom, vamos lá.
No artigo passado, publicado aqui na Universidade do Futebol, propus um debate sobre regras de ação que podem orientar jogadores e equipes durante partidas de futebol, para que, de maneira organizada, possam tomar decisões e agir.
Essas regras de ação, como mencionei, podem surgir de princípios orientadores que são subordinados à Modelos de Jogo ou à Lógica do Jogo, dentre outras referências possíveis.
Ao serem subordinados a uma ideia de Modelo de Jogo, farão emergir um tipo de decisão circunscrita aos conteúdos do próprio Modelo.
Ao serem subordinados a Lógica do Jogo, farão emergir decisões circunstanciais ao jogo.
Como exemplo prático desse debate conceitual todo, utilizei a transição defensiva, e deixei a figura abaixo como pista para o debate de hoje.
Nela, temos uma ilustração geral sobre o conceito de “espaço efetivo” de jogo em três dimensões (como não vou explorar a fundo o tema, convido àqueles que quiserem, para lerem o artigo do treinador Leandro Zago, clique aqui.
Nas transições defensivas (vou continuar com elas), a relação criada entre o homem que está com a bola (dando início a transição ofensiva de sua equipe) e o(s) marcador(es) direto(s) para gestão defensiva dos corredores de movimentação da bola, é uma relação que deve levar em conta que o espaço efetivo de jogo possui volume.
E possuindo volume, é necessário que ele deva ser considerado na prática, na arquitetura geral da ação de jogadores e equipes para atuarem sobre a bola, tanto com a defesa em equilíbrio quanto nas transições defensivas.
Vejamos a figura que segue:
Quando a distância entre “homem da bola” e defensor é grande, ainda que aparentemente ele (o defensor) faça um gestão mais produtiva do espaço de profundidade, o volume efetivo marcado é reduzido.
O volume do espaço efetivo é construído a partir da relação entre largura, profundidade, e altura.
Se a ação de quem defende cria barreiras de grande altura, largura e profundidade, o volume do espaço efetivo marcado será grande.
Se a ação de quem defende cria barreiras de pequena altura, largura e profundidade, o volume de espaço efetivo marcado será também pequeno.
O que determina a magnitude do volume, a partir do controle de altura, largura e profundidade, é a distância estabelecida entre o homem que marca e o homem da bola.
Quanto menor a distância entre eles, maior altura, largura e profundidade geridos pelo defensor.
Em outras palavras, quanto mais encurtada for a distância entre o jogador que age defensivamente sobre a bola e o jogador que está de posse da bola, maior o ângulo em altura, largura e profundidade ele consegue proteger.
Isso define uma área coberta maior por parte do marcador, e por consequência aumenta as exigências para que o portador da bola consiga criar uma solução (passe, lançamento, drible, condução, etc.) eficiente para situação.
Vale destacar que uma grande distância entre marcador e homem da bola, só “aparentemente” (como já mencionei) gera melhor gestão da profundidade.
Quando falamos de gestão do volume do espaço efetivo de jogo não podemos nos esquecer de que estamos falando também da ação do marcador sobre a decisão/ação do portador da bola.
Claro, a maneira com que o marcador gerencia o volume do espaço interferirá diretamente nas opções, e portanto nas decisões/ações do atacante.
Isso quer dizer que uma distância aumentada entre defensor e homem da bola pode em certas circunstâncias cobrir melhor o espaço, por exemplo, das costas dos defensores, mas não dificulta necessariamente a ação propriamente dita do portador da bola para alçar a bola nesse espaço.
A mesma ideia vale para a largura do espaço efetivo marcado.
E ainda que de certa forma possamos entender a ideia de volume do espaço efetivo de jogo, e nesse caso o defensivo, como um conceito dentre tantos outros que parecem não ter aplicabilidade, sugiro atenção a ele!
Ele se define a partir de relações primárias do jogo: eu-adversário, eu-bola e eu-adversário-bola.
Então, queiramos ou não elas (as relações) estão presentes no jogo, de modo mais elaborado ou mais “anárquico”.
Então, olho no volume do espaço efetivo de jogo!