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Mantendo-se positivo após das derrotas

É normal muitos atletas se abaterem após uma sequencia de derrotas, isso acontece com qualquer pessoa que passa por insucessos em sequência. O ânimo desaparece, a autoestima vai por água abaixo e consequentemente o desempenho tende a piorar.

Então como retomar o caminho da paz e tranquilidade num universo profissional aonde externamente ao ambiente aonde se trabalha no cotidiano a pressão é enorme? Aonde não existe tempo para se trabalhar de maneira planejada com ações de curto, médio e longo prazo?

Complicado não é mesmo? Mas estamos falando do que acontece frequentemente no futebol brasileiro e com todos os atletas profissionais que atuam nesse mercado.

Uma questão muito interessante é a capacidade que as pessoas podem ter em se manterem positivas, mesmo quando as situações são adversas. De certa forma podemos compreender que viver com uma perspectiva positiva corresponde a termos em nós mesmos o nosso melhor amigo. Isso ocorre quando escolhemos apoiar a incentivar a nós mesmos e aos outros a fazermos coisas boas e lembrar em grandes quantidades sobre as que fizemos ao longo da jornada. Mas podemos nos perguntar: é possível escolhermos ter uma perspectiva positiva em nossas vidas? Se a resposta for positiva, como isso seria possível de se realizar?

Sim podemos fazer isso, mudar nossa perspectiva sobre tudo que nos acontece e Terry Orlick nos deu uma grande contribuição sobre como fazer, conforme os itens que compartilho agora com vocês.

SEMPRE PENSAMENTOS POSITIVOS – Somente os pensamentos positivos nos ajudarão a fazer as coisas que realmente desejamos fazer. Sendo assim, pense consigo mesmo, fale consigo mesmo e concentre-se nas coisas que o ajudarão a viver e atuar usando sua verdadeira capacidade.

SEMPRE IMAGENS POSITIVAS – Somente as imagens positivas das coisas que você deseja fazer ou deseja alcançar o ajudarão a realmente conquista-las. Portanto, imagine-se sendo como deseja ser, alcançando o que quer alcançar e realizando as coisas que quer fazer em sua vida, exatamente da maneira como gostaria de fazer, concentrando-se plenamente, sendo preciso e esbanjando confiança.

SEMPRE POSSO – Não há vantagem nenhuma em encarar as situações da vida ou um desempenho pensando: Não posso ou Não consigo fazer isso. Encare todos os seus desafios sempre pensando: Eu posso ou Nós podemos.

SEMPRE OPORTUNIDADES – As oportunidades existem por toda a parte, podemos sempre aprender, crescer, encontrar algo positivo nas coisas, se conhecer melhor (e isso é extremamente importante), sermos mais equilibrados, enfim mais felizes.

SEMPRE FOCADO – Apenas quando você está plenamente focado em realizar cada etapa de sua atividade é que você pode viver e atuar em seu verdadeiro potencial humano.

SEMPRE LIÇÕES – Em tudo que você faz, cada treinamento, cada jogo e em cada experiência de vida existem lições! Procure as boas, extraia lições positivas de cada uma delas e vivas estas lições. Ao fazer isso seu crescimento será contínuo e se tornará excelente.

SEMPRE PASSO A PASSO – Você pode realizar muito se der pequenos passos a cada dia. O próximo passo ou a próxima ação à sua frente é o mais importante, dando esse passo avance para o próximo, e para o próximo. Este é o único caminho para que você chegue ao seu destino desejado.

Assim, amigo leitor, penso que uma forma pela qual os atletas podem encarar os períodos de crises e derrotas seria por exemplo seguir as dicas acima, elas levam ao foco, concentração e atitudes necessárias para que o famosa frase ditas por todos após insucessos “agora é trabalhar para sairmos dessa situação” torne-se efetiva e eficaz, trazendo na prática novos resultados no desempenho dentro de campo.

Até a próxima! 

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O Futebol e os Escritores

O JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias) é publicação que não dispenso. E fico “encharcado de sonho” após a sua leitura, como o chale velho da D, Leocádia do Húmus de Raúl Brandão. Filho de uma sociedade industrial, ou moderna, baseada em certezas, no progresso linear e no determinismo científico, tento adaptar-me à pós-modernidade, ambígua pela incerteza, insólita pela descontinuidade, inenarrável pela complexidade. E o sonho volta a ser uma necessidade. Agnes Heller, socióloga húngara e nome primeiro da Escola de Budapeste, publicou (creio que em 1977) On the New Adventures of the Dialectic (Acerca das Novas Aventuras da Dialética), um ensaio que alcançou ampla repercussão entre a juventude e onde se realça que todos os seres vivos, incluindo as plantas e os animais, sentem necessidades do tipo existencial, tais como o alimento, o repouso, a reprodução. Na espécie humana, porém, para além destas, palpitam outras qualitativamente diversas, que Heller considera as fundamentais, ou radicais, tais como a amizade, o lazer, o amor, o sonho. Entendo agora porque me delicia tanto a leitura do JL: o que é a literatura senão uma superior manifestação do sonho? E não poderá dizer-se o mesmo do futebol-espetáculo, interpretado por jogadores da estirpe de um Ronaldo, ou de um Messi, ou de um Iniesta, ou de um Neymar?

O jogo e os jogos têm merecido estudos, os mais diversos, da antropologia, da psicologia, da sociologia, da filosofia. No que à relação entre jogo(s) e literatura diz respeito, ela desponta normalmente em enunciados do tipo “o jogo literário”, “o jogo do escritor”, “a poesia como jogo”, etc. No entanto, encontramos textos em que o jogo é o tema principal. O jogador de Dostoievski é um exemplo, entre outros.

No JL, de 11 a 24 de Junho de 2014, não deixei, em primeiro lugar, de ver o livro que Miguel Real, em instantes luminosos de crítica literária, seleciona, A Última Noite em Lisboa, de Sérgio Luís de Carvalho. Depois, vi e revi, através do JL, algumas frases de escritores célebres, que se encontram expostas, no Museu de Língua Portuguesa, em São Paulo, acerca do futebol. E começo pela doce, pela dulcíssima, Clarice Lispector: “Não, não imagine que vou dizer que o futebol é um verdadeiro balé. Lembrou-me foi uma luta entre vida e morte comno gladiadores. E eu – provavelmente coitada de novo – rinha a impressão que a luta só não saía das regras do jogo e se tornava sangrenta potque um juia vigiava, nãlo deixava, e mandaria para fora de campo quem como eu faria se jogasse! Bem, por mais amor que eu tivesse por futebol,. Jamais me ocorreria jogar. Ia preferir balé mesmo. Mas futebol parecer-se com balé? O futebol tem uma beleza própria dos movimentos, que não precisa de comparações”.

Luís Fernando Veríssimo faz eco do que os antropólogos e psicólogos dizem, há muito tempo: “Só o futebol permite que você sinta aos 60 anos exatamente o que sentia aos 6. Todas as outras paixões infantis ou ficam sérias ou desaparecem, mas não há uma maneira adulta de ser apaixonado por futebol. Adulto seria largar a paixão e deixai para trás essas criancices: a devoção a um clube e às suas cores como se fosse a nossa outra nação, o desconsolo ou a fúria assassina quando o time perde, a exultação guerreira com a vitória. Você pode racionalizar a paixão, e fazer teses sobre a bola, e observações sociológicas sobre a massa ou poesia sobre o passa, mas é sempre fingimento. É só camuflagem. Dentro do mais teórico e distante analista e do mais engravatado cartola aproveitador existe um guri pulando na arquibancada”.

O Mário Vargas Llosa, um dos grandes senhores da literatura mundial, esclarece: “O futebol é o ideal de uma sociedade perfeita: poucas regras claras, simples, que garantem a liberdade e a igualdade dentro de campo, com a garantia do espaço para a competência individual”. Augusto Abelaira não esconde a sua paixão pelo futebol: “Insisto. Se o futebol estivesse por inventar, seria eu a inventá-lo. E até inventaria a televisão, para o ver calmamente em casa”. Jacques Derrida, num ensaio que tem sobre Maurice Blanchot distingue entre o testemunho e o simples relato, que invoca a conhecida oposição, em Lacan, entre saber e verdade. O relator diz o que se passou, testemunhar implica presença e defesa da verdade. Lídia Jorge é da ordem do simples relato: “Acho graça ao jogo, só que ele não pode engolir o nosso espaço cívico, o nosso interesse pela política, pela sociedade, pela leitura. Há uma euforia disparatada, promove-se um entusiasmo desbragado”. Jorge Jesus é da ordem do testemunho, quando sustenta: “O futebol é a minha vida. Se o futebol não existisse, não seria a mesma pessoa e, possivelmente, até seria mais infeliz. É mesmo no futebol que me realizo” . José Maria Pedroto, a sorrir, e de cigarro entre os dedos, disse-me um dia: “O futebol é como o tabaco. Uma pessoa habitua-se e não consegue passar sem ele”. Mas, sem ele, também não conseguem passar os adeptos do futebol, os “torcedores”, como dizem os brasileiros. O futebol está na moda.

A recepção, que tocou a loucura, ao Cristiano Ronaldo, por parte do público feminino de Campinas vem dizer-nos que até há um elemento erótico, no desporto atual. No final do século XVI, o termo sport chegou a utilizar-se com o sentido de “fazer amor”. Afinal, para as meninas da cidade de Campinas e diante do Cristiano Ronaldo, o que está em jogo? Não é desporto tão-só. Nem arte unicamente – a “oitava arte”, como já lhe chamam. É que o futebol, como o desporto (lá volto eu a repetir-me) não se reduz a uma Atividade Física. Verdadeiramente, é uma Atividade Humana. O amplo leque de escritores que por ele se apaixonam assim o provam, assim o dizem, assim o cantam… 

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A dança das cadeiras número 457738290493

Não, eu não contei quantos treinadores caíram nos últimos anos. Não, este número do título não é verdadeiro. É que o assunto, de tão repetitivo, chega a ser irritante e, portanto, para o conceito, qualquer número serve.

Está difícil, inclusive, falar sobre gestão do esporte e no futebol brasileiro porque os erros e atitudes se repetem em demasia. Não há erro novo no mundo da bola. Talvez esta eterna dança de treinadores seja o símbolo mais tangível do nosso retrocesso, ou melhor, da falta de qualquer inspiração para se ter um pequeno avanço.

É inconcebível uma evolução de modelo em que não se preserva o trabalho, mas se decide pelos resultados pontuais. Não se tem como mensurar e comentar um negócio em que não se vê claramente o começo, meio e fim de uma proposta de desenvolvimento de projeto.

Dizem que profissionalizar é a solução, mas até isso os clubes entenderam de maneira equivocada: não basta contratar uma pessoa para resolver todos os problemas, tendo sob o seu guarda-chuva uma série de dirigentes não remunerados, sem conhecimento de causa ou formação específica. A banalização do termo tem sido o maior perigo ultimamente e tem refletido em muito nesta dança das cadeiras.

Estruturar um projeto consistente, em que se tenha clareza sobre as tomadas de decisão (e os possíveis riscos do conjunto dessas decisões), são fundamentais para o sucesso e a sobrevivência do mesmo. Depois, como em qualquer ambiente de negócio, é que se cobre os resultados planejados e os eventuais equívocos cometidos.

Continuo torcendo (e muito) para que tenhamos novos problemas para debater. Do jeito que está, fica cada vez mais claro como estamos estagnados e não estamos conseguindo evoluir verdadeiramente. É preciso experimentar algo diferente… E pra ontem!!! 

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O futebol que queremos

O sociólogo Maurício Murad, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do mestrado da Universo, costuma dizer que é impossível dissociar estádios de futebol do que acontece do lado de fora. Arenas esportivas são microcosmos, e por isso servem como amostragem de virtudes e problemas da sociedade. Esse perfil deve-se basicamente a três pontos: a composição heterogênea do público, a relação emocional das pessoas com o espetáculo e a falta de um trabalho em sentido contrário.

Estádios de futebol têm setores com diferentes preços, condições e serviços. Esse perfil e a abrangência da modalidade na formação cultural, sobretudo no Brasil, garantem a heterogeneidade do público. É uma das raras situações no país em que pessoas que vivem realidades diferentes compartilham uma paixão. Enquanto a bola corre de um lado para outro, ricos, pobres, brancos, negros, magros, gordos, homens e mulheres vivem apenas o que acontece ali. Quem nunca interagiu com um total desconhecido em um estádio de futebol? Quem nunca abraçou um estranho para celebrar um gol?

O contato entre estranhos é facilitado por um sentimento comum e pelo segundo fator que caracteriza estádios de futebol: são ambientes passionais. Ali, pessoas aproveitam para descarregar o estresse cotidiano e viver uma metonímia da felicidade que esperam para seus cotidianos.

Entender esses dois conceitos é fundamental para saber o que é um estádio de futebol. É um local com pessoas boas e pessoas ruins, assim como acontece do lado de fora. Além disso, esses “bons” e “ruins”, que nem sempre são assim tão rasos e peremptórios, têm relações exageradas porque estão num ambiente que fomenta isso.

E isso nos leva ao terceiro ponto, que na verdade é o objeto deste texto. Estádios são reflexos da (falta de) educação da sociedade, e essas reações são amplificadas pelo ambiente. Mas tudo podia ser direcionado se houvesse um trabalho educativo em sentido contrário. Afinal, para que serve o público que assiste a jogos de futebol?

No mundo corporativo é bem mais consolidada a noção de marketing institucional. Tão importante quanto vender empresa ou produtos para o público é vender isso para os próprios funcionários. Eles precisam entender qual a função deles e o que podem ganhar estando ali.

E no esporte? Quem já pensou em educar torcedores e mostrar a eles a função que o público tem em um estádio? Quem já pensou em criar padrões e comportamentos adequados a um conceito sistêmico de espetáculo? A plateia é parte do todo, afinal.

Tomo aqui um exemplo do vôlei: a popularização da modalidade no Brasil tornou-se mais contundente a partir da geração que ganhou medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Entre o fim da década de 1980 e o começo dos anos 1990, houve um esforço coletivo para aproveitar o furor em torno do feito. Uma das medidas foi a criação de animadores de torcida em jogos da seleção brasileira. Eles distribuíam brindes, puxavam gritos e acrescentavam uma atração ao evento.

A figura dos animadores de torcida é muito comum em ligas esportivas dos Estados Unidos. Também é corriqueira por lá a ideia de promoções e ações feitas especificamente para o público que vai às arenas. O jogo não é uma atração que se encerra no que acontece no campo (ou quadra).

O Botafogo deu outro exemplo no Brasil. Quando assumiu o estádio Engenhão, que havia sido construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o time do Rio de Janeiro teve um problema de logística: a arena é afastadas, e a maioria do público só entrava em cima da hora das partidas. Resultado: longas filas e confusão na entrada.

A solução que a diretoria encontrou para isso foi programar shows de artistas botafoguenses – músicos e humoristas, principalmente – e oferecer um “prêmio” ao público que chega mais cedo. Foi algo pontual, mas teve um efeito educativo.

Um dos argumentos mais usados no Brasil para defender a venda de bebidas alcoólicas em estádios é o comportamento do público. “O torcedor fica do lado de fora até perto do apito inicial, bebe em menos tempo e em maior quantidade”. É clara a dicotomia entre as duas linhas de raciocínio.

O que aconteceu na Arena Grêmio na última quinta-feira (28) tem relação direta com tudo isso. Torcedores do time gaúcho direcionaram ofensas racistas ao goleiro Aranha, titular do Santos. Uma moça foi flagrada pelo canal fechado “ESPN Brasil” chamando o jogador de “macaco”.

Não foi o primeiro episódio de racismo em estádio de futebol. Não foi sequer o primeiro envolvendo a torcida do Grêmio – a mesma que fez troça de torcedores do Internacional por causa da morte do ídolo Fernandão e que tem cânticos homofóbicos direcionados ao rival, vale lembrar. E o que foi feito para criar um comportamento contrário?

Infelizmente, vivemos numa sociedade em que o preconceito é muito presente. O estádio é apenas um exemplo disso, e as manifestações são potencializadas pelo emocional aflorado. Ali, xingamentos são provocações ou apenas arroubos de quem se sente protegido por estar num grupo.

Já passou da hora de tratarmos o comportamento do público como um componente fundamental do esporte. Precisamos pensar no futebol que queremos, e isso inclui doutrinar as pessoas que acompanham a modalidade. Não podemos esperar que a relação passional sustente o segmento.

Na última semana, o jornal “Lance!” divulgou resultados de uma pesquisa sobre torcidas feita em parceria com o instituto Ibope. O Flamengo ainda é dono do maior grupo de adeptos do país (16,2%), seguido pelo Corinthians (13,6%), mas ambos perdem para os desinteressados (23,4%). No país do futebol, o maior grupo ainda é o de pessoas que não seguem sequer a seleção brasileira.

Ainda assim, como tem mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil tem pelo menos 150 milhões de interessados por futebol. Pode não ser o país mais apaixonado pela modalidade em proporção, mas existe um potencial claro aí: se bem explorado, esse pode ser o maior mercado de futebol do planeta.

O que falta para isso, então? Falta uma lógica de comunicação mais próxima do que o mercado eficiente faz. Falta conhecer o público, entender os anseios dele e direcionar o comportamento. Falta pensar no futebol que queremos.

Essa noção tem de incluir o campo, é claro. O jogo que queremos é rápido, de transição e vertical como o do Real Madrid de Carlo Ancelotti? É lento, paciente e apaixonado pelo passe como o Barcelona de Pep Guardiola? Há diferentes formas de ser vencedor e de encantar. Escolher entre elas é um processo que deve incluir diferentes áreas e deve alicerçar um plano de comunicação complexo. E o público
não pode ser excluído disso.