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Caso Suarez: dois pesos e duas medida

Na partida entre Itália e Uruguai, válida pelo Grupo D da Copa do Mundo, mais do que a desclassificação da tetracampeã Itália, chamou atenção a mordida do atacante uruguaio Suarez no italiano Chiellini.

O árbitro não viu a agressão, mas as câmeras mostraram com bastante clareza a atitude violenta e indisciplinar do atleta sul-americano.

Até pelo inusitado, o caso tomou grande repercussão e a FIFA instaurou procedimento disciplinar que foi julgado por uma Comissão Disciplinar estabelecida no Rio de Janeiro cujo os membros são Claudio Sulser (Argelia), Lim Tong (Singapura), Raymond Hack (Africa do Sul), Ariel Navarro (Panama), Norman George (Cook Island). Esta comissão tem a atribuição de julgar as infrações disciplinares.

O procedimento disciplinar, nos termos do artigo 108, do Código Disciplinar da FIFA, pode iniciar-se de ofício (por iniciativa da própria comissão) ou por qualquer pessoa ou autoridade, sendo que os oficiais das partidas (árbitros) são obrigados a denunciar as infrações.

Importante ressaltar que ao atleta sempre é garantido o direito de defesa.

Vale destacar, ainda, que nos moldes do artigo 77, do Código da FIFA, a Comissão Disciplinar pode sancionar o atleta por faltas graves não punidas pelos árbitros e também impor sanções adicionais.

Suarez foi denunciado nos termos do art. 48, D, do Código Disciplinar da FIFA por conduta incorreta frente a adversários que chegou às vias de fato (pena mínima de dois jogos).

O órgão julgador que é independente, decidiu por punir o atleta uruguaio com nove partidas, quatro meses afastado do futebol e multa de cem mil francos suíços (cerca de R$ 250.000,00).

O atleta pode apresentar recurso perante a Comissão de Apelação da FIFA, mas, independente disso, deve cumprir imediatamente a punição, eis que inexiste efeito suspensivo.

Indiscutivelmente, o ato de Suarez foi reprovável e deveria ser punido.

Entretanto, a Comissão Disciplinar da FIFA não tem demonstrado o mesmo rigor em outros casos de gravidade similar ou até maior.

Em outras competições organizadas pela FIFA, atos de racismo foram punidos de forma mais branda e, nesta Copa já houve cotoveladas e entradas de sola que sequer foram denunciadas.

Ora, por mais que a mordida seja um ato violento, sua capacidade de lesar o adversário é infinitamente menor que uma entrada truculenta ou uma cotovelada.

E não há que se dizer que entradas ríspidas e cotovelada fazem parte do jogo, eis que são igualmente punidas.

Diante disso, a punição aplicada ao uruguaio Suarez mostra-se desproporcional ao grau de lesividade de seu ato e traz um precedente bastante perigoso, já que partindo-se deste parâmetro, eventual cotovelada ou entrada maldosa deverá trazer penas significativamente mais rigorosas que a aplicada em razão da mordida.

Insta lembrar, que o lateral brasileiro Leonardo, foi punido com 4 partidas pela cotovelada no jogador norte-americano Tab Ramos na Copa de 1994. O atleta vitimado sofreu fraturas no crânio e no maxilar por causa daquela agressão e correu o risco de ter que se aposentar.
 

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Atenção! Concentrem-se

Para as equipes que avançam para as oitavas de final do Mundial do Brasil, o momento passa a exigir muita concentração daqui em diante pois como sabemos a partir de agora os confrontos são eliminatórios e quem vacilar fica pelo caminho, certo?

Sendo assim, vou compartilhar com vocês novamente uma reflexão sobre a concentração. Anteriormente, comentei sobre a necessidade de todo atleta como qualquer outro ser humano, em buscar sua melhor performance profissional e pessoal desenvolvendo-se em busca da sua excelência. Inclusive aprofundei um pouco sobre o conceito da concentração, que é o primeiro e o mais importante elemento da excelência.

Porém neste momento, o mais importante para as seleções que permanecem na disputa é estarem atentas na questão da concentração no desempenho dentro da competição, passando a terem como meta nas atuações manterem-se totalmente concentradas, positivas e conectadas com as coisas certas, bem como agirem conforme toda sua capacidade, evitando assim desperdiçar as oportunidades que se apresentem durante os jogos que estão por vir.

Os atletas podem e precisam comprometerem-se a respeitar a concentração e concentrarem-se totalmente em fazer com que as situações de alto desempenho aconteçam.

Mas para isso alguns fatos que irão promover o melhor desempenho em cada atuação podem ser determinantes.

• Um desempenho de qualidade, nas situações reais de jogos, começa com a decisão de cada atleta sobre o que ele deseja fazer na sua atuação em campo e com a decisão da concentração que ele vai adotar nesta situação;

• A concentração de qualidade requer que o atleta respeite a sua melhor concentração e que ele esteja conectado completamente nas ações do jogo e que contribua para que ele siga o plano de jogo estabelecido;

• Esta concentração requer ainda que o atleta se comprometa verdadeiramente em manter seu melhor nível de concentração diante das distrações que possam acontecer, mantendo elevada capacidade de recuperação desta concentração de maneira muito rápida.

De maneira geral é MUITO IMPORTANTE, para as seleções que continuarão na disputa, reconhecerem que nas situações críticas e nos momentos decisivos de uma grande competição o desempenho de suas equipes é PREDOMINANTEMENTE MENTAL!

Se os atletas perderem a concentração – caso se desconcentrem, percam a conexão com o jogo ou abandonem a esperança pela vitória – a equipe desaba emocionalmente e sua performance cai drasticamente, ocasionando na maioria dos casos a sua eliminação da competição.

Vamos as oitavas de final e que o Brasil continue firme na disputa pelo HEXA!

Até a próxima!  

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É fácil julgar

A mordida de Suarez no ombro de Chiellini no jogo decisivo de ontem entre Uruguai e Itália, válido pela fase de grupos da Copa do Mundo, ensejou uma série de comentários, críticas e suposições a respeito da atitude da estrela uruguaia. E, apesar de esta coluna não ser conclusiva na análise do caso, pretendo deixar algumas inquietações que fogem um pouco a visão minimalista da imprensa e da opinião pública de um modo geral.

Primeiro, que todos devem saber, Suarez não é “réu primário” para situações análogas. Isso por si só enseja um reflexão bem mais profunda não simplesmente sobre o caráter do atleta, mas do que o leva a ser reincidente em tal comportamento.

Estamos agora discutindo as possíveis punições que o atleta deverá sofrer da FIFA para esta Copa (1, 2 … 4 jogos). Mas o problema é bem mais profundo, até porque ele já recebeu uma sanção severa na Liga Inglesa quando o fez atuando pelo Liverpool contra o Chelsea no ano passado, ficando 10 partidas afastado.

Será que não há diálogo com o atleta? Ou o diálogo está sendo insuficiente? Ou o diálogo, para este caso não resolve? Vejam que a punição parece também não ser a solução mais adequada. A pergunta que fica é: o que o leva a cometer tal atitude?

Há um costume muito peculiar da imprensa e da sociedade de um modo geral de julgar fatos e gerar conclusões aparentemente decisivas sem tentar entender o todo. O caso em voga é um ponto fora da curva: não existe reprodutibilidade de atitude similar no mundo do futebol (no esportivo, lembro apenas de Mike Tyson x Evander Holyfield). Nem pelos jogadores de caráter mais duvidosos que se tem registro. O que representa o ato de morder alguém, de forma agressiva, para a psicologia?

Isso por si só mereceria um debate bem mais consistente. Talvez a linha de “distúrbio psíquico” é a que poderá melhor encontrar respaldo nas ciências. Ou o histórico de vida pessoal, que tende a responder muitas das atitudes na vida adulta.

Enfim, o que é certo é que é muito fácil sentar, escrever (ou falar), vociferando sobre o comportamento de outrem sem ter o mínimo de cautela, respeito, análise e compreensão sobre o todo. É neste particular que a indústria do esporte como um todo precisa evoluir e muito!!! 

Leia mais:
Caso Suarez: dois pesos e duas medida

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“O jogo” e a Copa do Mundo do Brasil

Ledo engano achar que as grandes seleções são capazes de controlar o jogo contra seleções de menor expressão! Pelo menos são os exemplos que estamos assistindo na Copa do Mundo do Brasil.

Querer controlar um jogo como o do futebol, durante noventa minutos, já seria pretensão audaciosa em qualquer circunstância. Nos jogos da Copa do Mundo do Brasil, ainda mais.

O máximo que temos visto é o controle de alguns momentos do jogo. Uma equipe bem treinada, com bons jogadores e com grande peso de camisa terá boas chances de controlar parte dos noventa minutos dos jogos que jogar. A Copa brasileira está comprovando esta teoria. Entre um momento de controle e outro aparecem as investidas corajosas do time que era dominado e aí o jogo se embaralha!

Observando a Copa do Mundo do Brasil, vamos às reflexões sobre o assunto.

As “surpresas” têm sido tantas que motivam vários tipos de questionamentos. A interatividade promovida pelas TVs que transmitem os jogos, leva ao ar várias dúvidas dos torcedores:

– Será que estamos transferindo o polo de qualidade do futebol mundial?

– Será que as grandes seleções estão desmotivadas para a Copa?

– Não existe mais “time bobo”?

– Os times de menor expressão aprenderam a jogar o futebol?

Há algum tempo estamos assistindo às mudanças do jogo. Já falamos sobre isso na última coluna publicada no Universidade do Futebol – “Não há nada de novo no futebol”. É fato que os pilares que sustentam a dinâmica individual e coletiva desse jogo, sempre foram e continuam sendo o tático, o físico, o técnico e o psicológico.

A forma como eles interferem nos noventa minutos dão tons diferenciados aos jogos. Nos últimos anos, o componente tático tem se sobressaído em relação aos outros intervenientes. É sabido que hoje não se joga o futebol em alto nível se não houver inteligência na construção dos treinos e do jogo. Mas em torneios curtos como é a Copa do Mundo…

Vamos fazer um exercício.

Copa do Mundo é uma realidade diferente. Tudo é mais concentrado. Tudo vale mais. Um jogo de Copa costuma ser muito mais emoção, mental, psicológico, que em campeonatos longos, com longas histórias a serem contadas.

Numa Copa do Mundo, um time mais motivado, apurado psicologicamente, pode tirar vantagens em relação ao seu oponente mais pragmático, ou tático. Estes dois componentes serão sempre muito importantes, assim como também o são o técnico e o físico, mas um deles pode sobressair em relação a outro, ainda que momentaneamente, e fazer valer o resultado nos jogos.

Explorando o conceito transdisciplinar, em que alguns fatores se alternam em graus de importância uns em relação a outros, simultânea e ou concomitantemente, os jogos da Copa estão nos dando uma ótima mostra deste fenômeno.

Na abordagem transdisciplinar não é muito simples detectar qual fator está prevalecendo sobre o outro em determinado momento. Nos jogos da Copa do Mundo do Brasil estamos assistindo a jogos mais “soltos” e com grande apelo motivacional – psicológico. Afinal de contas, tratam-se de “jogos de Copa do Mundo”.

Nesta história, para incrementar ainda mais o exercício proposto, o nosso país parece ser um fator motivacional além da conta. Já twittei sobre isso dias atrás, quando percebia quão motivadas estavam as seleções forasteiras em especial na Copa Brasileira. Parece que a magia do Brasil encantou individual e coletivamente os disputantes da nossa Copa.

A energia que o torcedor brasileiro e que o ambiente brasileiro estão passando aos competidores tem sido fator preponderante para apimentar os fenômenos de campo que estamos assistindo. Fui assistir no Mineirão a Bélgica 2×1 Argélia. Sensacional! O torcedor e o ambiente brasileiros estão dando um tempero especial à Copa do Mundo da Fifa.

O futebol é global e tem acesso a ele e suas descobertas todos aqueles interessados ou curiosos pelas novidades. Os mais espertos e ou inteligentes têm tirado proveito desta exposição. É só ver como estão jogando algumas seleções de menor porte. Seus treinadores, certamente desenvolveram conceitos importantes com suas observações e estudos.

Não é difícil perceber o jogo competitivo e organizado que várias das seleções participantes estão praticando. Mas, aquelas que o fazem com maior apelo motivacional, têm sido bem sucedidas.

Não vou citar nenhum time em particular, pois foram várias as “surpresas” até agora, quando ainda estamos na fase classificatória. No entanto, garanto que as seleções que alcançaram vitórias ou empates surpreendentes o fizeram com qualidade de jogo e mérito em relação aos seus adversários.

Acredito que, mesmo com muita emoção, as respostas aos fenômenos da Copa do Mundo do Brasil contribuirão para a continuidade de mudanças na qualidade tática do jogo.

O que percebo é que a Copa do Mundo do Brasil está servindo de importante vitrine para a evolução que o futebol mundial vem sofrendo há alguns anos. O jogo será cada vez mais parecido com o futebol total de décadas atrás – todos atacam e todos defendem com muita organização e competitividade.

A dificuldade dos “grandes” em relação aos “pequenos” está patenteada na Copa do Mundo do Brasil, e a herança disso tudo será um futebol mais forte e emocionante espalhado pelo mundo.

Não acredito que o fenômeno permanecerá no curto prazo, ou seja, por algum tempo o grande continuará grande e o pequeno continuará pequeno. Mas não será mais da mesma forma e, com o passar dos anos, o jogo deverá ganhar em organização e recursos táticos para vários níveis de equipes.

Por enquanto o espetáculo apresentado se deve muito ao fato da Copa do Mundo ser no Brasil. Mas é certo também que o mundo está aprendendo a jogar o jogo e a proliferação das boas ideias é uma grande razão pra isto. A motivação, que agora está na Copa Brasileira, deverá ser outra em outras circunstâncias, mas sempre contando com a evolução do jogo. A Escola Brasileira de Futebol não pode ficar para trás nesta revolução do aprendizado tático!

Que vença o Brasil para a alegria de um povo que merece! E que cresça o nosso jogo com as lições que estamos recebendo a domicílio.

Até a próxima resenha…

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Chile vs Holanda; Jorge Sampaoli vs Louis van Gaal: reflexões sobre questões táticas na Copa do Mundo Fifa de Futebol do Brasil

Os jogos da Copa do Mundo FIFA de futebol no Brasil estão bastante atrativos.

Mesmo para confrontos que poderiam remeter a ideia de que seriam “partidas desinteressantes”, sempre há algo para se destacar sobre o jogo.

Aos meus olhos, claro, o grande número de gols também tem chamado a atenção.

Mas o que dizer da, no geral, boa ocupação dos espaços do campo por parte de jogadores e equipes?

O que dizer da evidente demonstração coletiva das equipes, expressando suas regras de ação para jogar, seus planos de jogo, seus modelos, suas identidades?

E as inúmeras representações da potencialização da aparente soma complexa de 11 jogadores que tem resultado taticamente em 12, 13, 14 ou sei lá, 15 (o todo realmente maior do que a soma das partes) – quando se olhássemos rapidamente talvez não tivessem potencial para chegar a 9 ou 10?

Essa riqueza/beleza dos jogos, ainda que não seja nada de novo, dá margem para inúmeros assuntos e debates. E vários deles prenderiam verdadeiramente nossa atenção.

Então, na sequência das colunas sobre a Copa não posso deixar de abordar temas como “as nacionalidades dos treinadores das seleções da Copa – e a influência disso no futebol apresentado pelas seleções”, “a queda da seleção da Espanha” – defendendo a ideia de que, não é que o futebol/estilo espanhol não funciona mais (funciona sim!), o fato é que a Espanha não trouxe seu estilo à tona para os jogos (onde debateremos o “efeito Guardiola”), ou ainda o “quanto os aspectos ambientais tem interferido em ocorrências técnico-táticas de jogo (nos gols?)”; os “treinos em caixa de areia (pode?)”, ou ainda “os erros táticos admissíveis e não admissíveis, que seleções em Copa do Mundo podem e não podem cometer”.

São muitas as ideias!

Hoje porém, vou tentar abordar brevemente um tema recorrente nos debates com os amigos no Café dos Notáveis nesse tempo de Copa: as Seleções da Holanda e do Chile.

Comecemos pela Seleção do Chile.

Antes de mais nada, devo destacar que o treinador do Chile (Jorge Sampaoli) é um dos três treinadores nascidos na Argentina, que comandam Seleções na Copa – e apesar de ser o mais “badalado” dos três, especialmente pelo atual momento (classificação antecipada e vitória do Chile sobre a Espanha) penso que dentre eles, José Pekerman (outro argentino), treinador da Seleção da Colômbia ainda é o melhor.

Jorge Sampaoli, que passou a chamar a atenção após seu excelente trabalho na equipe da Universidad de Chile teve também boa passagem pela equipe do Emelec do Equador.

Antes disso, foram mais dificuldades do que sucessos, muitas derrotas e tropeços – que de alguma forma contribuíram para um salto em sua carreira profissional.

Sampaoli na Seleção do Chile, deu sequência ao 1-4-3-3 de Bielsa (treinador anterior do selecionado chileno) no que se refere principalmente a ocupação dos espaços.

No que diz respeito às regras de ação dos jogadores, no gosto pelo protagonismo com bola, e no ritmo de jogo, deu sequência ao seu próprio 1-4-3-3 da Universidad de Chile (a mesma Universidad que goleou o Flamengo, no Rio de Janeiro, por 4 a zero na Copa Sul Americana 2011) – 1-4-3-3, que já naquela época, de maneira versátil, se transformava no 1-3-4-3 (com um volante, um meia e um falso atacante).

Com bola, a Seleção do Chile é envolvente. Tem gosto pelo jogo apoiado, com passes curtos e rápidos (e não por acaso é uma das equipes que mais passam a bola na Copa do Mundo do Brasil).

Isso não é um trabalho de agora. Vem desde Bielsa no seu comando.
Sem bola, a equipe chilena, ainda que possa não parecer (porque sofreu apenas um gol nas duas primeiras rodadas), é frágil (nas eliminatórias para a Copa, sofreu 25 gols em 16 jogos). Tem cometido erros primários para fechar a circulação de bola adversária, marcado mal as diagonais e permitido que os seus adversários finalizem muito contra sua meta defensiva.

Por isso, mesmo com o futebol que vem encantando, e mesmo com o “pressing” em bloco alto muito organizado, que especialmente no início das partidas tem “encurralado” os adversários, a seleção chilena poderá sofrer do mesmo problema que a Universidad de Chile, do treinador Sampaoli sofria quando não conseguia ter a posse da bola sob o seu controle.

Seria interessantíssimo para a Copa e para o futebol que o Chile fosse longe no Mundial do Brasil… Mas tenho lá minhas dúvidas…

Agora a Holanda.

A seleção holandesa, outra “sensação” da Copa FIFA 2014 tem sido uma equipe muito interessante para observação.

Além de ter bons jogadores que são protagonistas e decisivos em seus clubes, de ter o artilheiro das eliminatórias europeias (van Persie), tem no seu comando um dos mais experientes e mais respeitados treinadores holandeses: Louis van Gaal.

As equipes de Louis van Gaal historicamente são muito competitivas.

Também gostam de protagonizar o jogo, de brigar pela bola, de alternar o ritmo das jogadas… mas acima de tudo de serem estratégicas. E isso normalmente acaba trazendo vantagens, especialmente por permitir a elas maior adaptabilidade aos seus jogos e adversários.

Nas eliminatórias para a Copa do Mundo tiveram uma das melhores defesas. Não perderam nenhum jogo. Jogaram a grande maioria do tempo no 1-4-3-3 (poucas vezes no 1-4-4-2).

Precisou se reinventar na preparação para a Copa, e mesmo sem grande “minutagem” nos jogos para colocar à prova, apostou no 1-5-3-2 variando para o 1-3-4-1-2 (ou 1-3-4-3).

Nos dois primeiros jogos da Copa do Mundo Fifa 2014 utilizou por mais tempo em campo (apesar da desconfiança da imprensa e torcida holandesa) o 1-3-4-1-2.

Não tem conseguido repetir o mesmo futebol de controle das eliminatórias da Copa (na partida contra a Austrália, pela 2ª rodada da competição, perdeu as “rédeas” do jogo algumas vezes), mas tem sido avassaladora quando ataca.

Faz mais passes em progressão do que a equipe do Chile e chega na grande área ofensiva com mais facilidade – o que garante a Seleção da Holanda maior número de finalizações também.

Chile e Holanda são duas Seleções que valem a observação.

Claro, não se pode afirmar que uma delas, ou até mesmo que as duas cheguem longe na Copa. O fato é que com antecedência se classificaram para a 2ª fase da competição.

E independente do resultad
o do confronto entre elas, o certo é que cada uma, com sua proposta mostrou nas duas primeiras rodadas, muita qualidade técnica-organizacional.

Uma delas vai enfrentar o Brasil.

Se for o Chile, vale para a Seleção brasileira observar os jogos dos chilenos, das eliminatórias – e se quiser entender a fundo o que se passa na cabeça do treinador Jorge Sampaoli, resgatar jogos decisivos da Universidad de Chile quando ele era o comandante da equipe.

Se for a Holanda, estou certo de que vale concentração total naquilo que Louis van Gaal vem fazendo desde os últimos jogos de preparação para a Copa, além é claro, dos três jogos da primeira fase da competição.

Sobre o confronto entre Chile e Holanda, que ocorre um dia após a publicação desse texto (portanto escrevo sem saber sobre o jogo), alguns palpites:

a)Se o Chile jogar no 1-4-3-3, com um falso atacante de centro, imagino que o confronto apresente mais assimetrias espaciais para equilibrar o setor de meio campo das equipes, tanto se a Holanda jogar no 1-4-3-3, quanto se for no 1-3-4-1-2 (1-5-3-2 que se transforma em 1-3-4-3).

b)Se o Chile jogar no 1-3-4-3, haverá assimetrias espaciais para equilibrar o setor de meio campo por parte das duas equipes caso a Holanda jogue no 1-3-4-1-2. Caso a Holanda desenhe seu 1-4-3-3, é provável que mesmo com os ajustes assimétricos por parte do Chile para organizar o espaço de jogo, o selecionado holandês leve vantagem numérica, especialmente na faixa central do campo de jogo.

Então, se Jorge Sampaoli não preparar nenhuma surpresa, e se o modo de operação chileno for o mesmo apresentado nas partidas anteriores, sob o ponto de vista da referência primária de ocupação do espaço para dar orientação aos jogadores, parece ser “estratégia dominante” para a Holanda iniciar a partida no 1-4-3-3.

É claro, existem outras inúmeras referências que devem ser observadas para entender o confronto entre as duas Seleções – e as vantagens e desvantagens que cada uma delas pode ter.

Mas aí, que venham as surpresas! Que seja um grande jogo, e que vença o melhor!

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As versões e as finalizações da Holanda na Copa do Mundo Fifa 2014

A Holanda lidera o Grupo B na Copa do Mundo Fifa 2014 com 6 pontos em 2 jogos. Se no primeiro jogo, contra a então temida seleção espanhola, o 1-5-2-1-2 foi o esquema utilizado por Louis Van Gaal, contra a Austrália a superioridade obtida surgiu no segundo tempo, com Memphis Depay no lugar de Martins (substituído após choque com Cahill) num 1-4-2-3-1.

Porém, seja com um ou outro esquema o que merece destaque neste início de competição é a eficácia ofensiva da seleção holandesa. Com aproveitamento impressionante nas finalizações, tem apresentado números que demonstram o controle dos jogos que disputou.

Veja, abaixo, o desempenho da equipe holandesa neste fundamento do jogo tanto na goleada contra a Espanha por 5 a 1 como na vitória, de virada, contra a Austrália por 3 a 2:

Como pode ser visto, até o momento foram 23 finalizações da seleção holandesa na competição, destas:

•8 Finalizações (34,7%) em jogadas de Posse de Bola
•10 Finalizações (43,4%) em jogadas de Contra Ataque
•1 Finalização (4,3%) em jogada de Escanteio
•1 Finalização (4,3%) em Falta Frontal
•2 Finalizações (8,6%) em jogadas de Falta Lateral
•1 Finalização (4,3%) em Jogada Individual

Do total de finalizações realizadas, impressionantes 95,6% (ou 22 finalizações) tiveram como destino a meta adversária e os 8 gols feitos resultaram num aproveitamento de finalizações de 34,7%.
As características das jogadas que resultaram em gols são as seguintes:

•2 Gols (25%) em jogadas de Posse de Bola
•4 Gols (50%) em jogadas de Contra-Ataque
•1 Gol (12,5%) em jogada de Falta Lateral
•1 Gol (12,5%) em Jogada Individual

Para concluir, abaixo um quadro comparativo do aproveitamento de finalizações (certas e gols) de outras duas seleções candidatas ao título, Brasil e Alemanha, nas duas primeiras rodadas da competição:

Note que as melhores marcas destas seleções (destacadas em vermelho) estão distantes dos percentuais obtidos pelos holandeses.

Em seu próximo confronto, a Holanda disputará a liderança do grupo contra o Chile, comandado pelo argentino Jorge Sampaoli e que, bem como os holandeses, também tem utilizado a linha de 5.

Podemos ter dúvida de qual esquema predominante Louis Van Gaal vai utilizar contra os chilenos. Já se o esquema será perigoso…

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Enfim, a tecnologia na Copa

Na partida entre França e Honduras, enfim, a tecnologia criada para confirmar o gol foi utilizada. O lance que fez história se deu aos dois minutos do segundo tempo e era válida pelo grupo E da primeira fase da Copa do Mundo do Brasil.

O lance fatídico se deu após um lançamento de Valbuena em que o atacante francês Benzema cabeceou na saída do goleiro hondurenho Valladares. A bola tocou na trave esquerda, voltou em direção ao goleiro de Honduras, mas cruzou a linha do gol, após tocar nas mãos do arqueiro.

O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci ao perceber em seu relógio que a bola havia cruzado integralmente a linha do gol, correu para o centro do campo sem qualquer dúvida.

Dentre os principais esportes do mundo o futebol é o que menos alterações sofreu em suas regras ao longo da história.

A principal mudança foi referente ao impedimento. Inicialmente, não era permitido passar a bola para a frente, como ocorre no rúgbi. Mais tarde, estabeleceu-se número mínimo de jogadores entre o que recebe o passe e o gol, até chegar à regra atual de dois defensores.

Desde a criação das regras do futebol, há mais de 150 anos, também foram criados o pênalti, as substituições, os cartões amarelos e vermelhos, por exemplo.

Com relação à utilização da tecnologia, o futebol tem sido bastante resistente.

Qualquer proposta de mudança nas regras do futebol só entra em vigor depois de aprovada pela International Football Association Board (Ifba), uma comissão formada por quatro representantes da Fifa e um de cada federação de futebol britânica (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales), os criadores do futebol. Para aprovação, as propostas devem ser aceitas por seis dos oito membros. A Fifa e a Ifba são extremamente conservadoras.

Apesar disso, o futebol finalmente se rendeu à tecnologia com a “goal-line technology” na Copa das Confederações e no Mundial de Clubes e, pela primeira vez, os árbitros têm o auxílio de elementos externos para tomar suas decisões em campo.

A Copa do Mundo do Brasil é o primeiro Mundial a utilizar essa tecnologia que, enfim, decidiu um lance polêmico trazendo mais transparência e credibilidade ao evento. Trata-se de um passo singelo, mas muito importante para a evolução do futebol. 

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O desafio da consistência

Amigo leitor, refletindo sobre o desempenho da seleção brasileira após a segunda e de certa forma decepcionante partida contra a seleção mexicana trago um momento de pausa para pensarmos sobre a consistência das atuações da seleção no mundial em disputa.

De acordo com Terry Orlick em seu livro "Em busca da excelência", um desempenho consistente em alto nível depende de uma concentração de alta qualidade por parte do atleta e isso passa por uma capacidade de concentração adequada para cada perfil de atleta. As pessoas e atletas que atuam consistentemente próximas ao seu potencial máximo aprenderam a fazer três coisas na vida de maneira extremamente eficaz:

• Direcionar e controlar seu foco;
• Canalizar suas emoções em direções positivas;
• Recuperar-se rápida e eficientemente das adversidades.

Este terceiro ponto citado pode ser bem explorado pela seleção brasileira para recuperar parte da confiança deixada para trás após a partida contra o México, sendo que as maneiras sugeridas abaixo são uma contribuição eficaz para se conseguir manter o controle e recuperar-se de maneira eficaz das adversidades, principalmente nas competições mais curtas aonde as oportunidades de treinamento são mais escassas e de curta duração.

• Relaxamento – É sugerido que o atleta procure relaxar fisicamente, acalmar-se. É necessário respirar fundo e sentir o corpo se soltar enquanto expira;

• Foco na correção – Sugere-se que o atleta dirija sua atenção para a correção dos erros e não para se aborrecer com eles. Sempre que um erro for cometido, o atleta pode repeti-lo mentalmente e corrigir os erros na sua própria mente antes de tentar novamente. Sempre que o treino for ótimo e sem erros, o atleta pode escrever as razões que foram fundamentais que levaram à ação bem sucedida e com isso ele sedimenta o aprendizado;

• Incentive-se – Sugere-se que o atleta evite dizer coisas do tipo “Seu incompetente, você nunca faz nada certo!” ou “Dessa forma nunca irei conquistar o título mundial”. Todo atleta precisa lembrar que sempre existirão fatos que lhe trazem a memória a informação de que ele consegue sim agir de tal forma bem sucedida e que num momento específico ele somente cometeu um erro, ao contrário de achar e começar a acreditar que tudo está errado em suas ações. Quando o atleta se elogia pelas coisas certas que fez, seu desempenho tende a melhorar sensivelmente.

Preparar-se para reagir da melhor forma às adversidades pode contribuir para um melhor desempenho na próxima partida e ainda contribui de forma eficaz no aumento da confiança de cada um em campo.

Penso que quando ações como as citadas acima estão aliadas com o espírito de equipe, comentado na coluna anterior, tudo torna-se menos complicado e qualquer equipe de futebol pode obter melhorias no seu desempenho individual e coletivo.

Que venha a seleção de Camarões e as demais partidas até a grande final do mundial!

Até a próxima. 

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As primeiras lições da Copa

Apesar de todos os folclores que se propala em torno da FIFA relacionados à Copa, sua imensa lucratividade e seus desmandos sobre a soberania nacional – alguns até verídicos, outros tantos que mais se assemelham a lenda urbana ou oportunismo de terceiros que buscam aparecer indevidamente –, temos que destacar e aprender com a gestão de um evento de excelência que nada mais faz do que proteger a sua marca e as marcas que compartilham com ela a sua presença na Copa:

1) O Cenário: mesmo favorecidos pelas modernas arenas construídas para a Copa, a transformação e a padronização dos estádios permite a criação de um ambiente único que facilmente remete a identificação ao evento. Parece simples mas não é. E vê-se como faz toda a diferença – basta ver as mesmas arenas em atividade em outras competições locais como a atmosfera que é criada é de fato distinta.

2) Os Patrocinadores: pela lente das câmeras percebe-se o cuidado com as marcas dos patrocinadores em painéis de LED de alta definição, que contribuem tanto para a visibilidade destes como a sua integração ao cenário, como comentado no item anterior. Isso torna a comunicação do patrocinador menos agressiva por não “poluir” visualmente o ambiente. Fora das lentes, a participação ativa das marcas na recepção aos torcedores antes da sua efetiva entrada no recinto esportivo com tendas temáticas, entretenimento (ainda que simples – como o Itaú, que montou uma espécie de salão para pintura do rosto dos torcedores com as bandeiras das respectivas seleções – mas que chamam a atenção do público) e lojas com produtos licenciados. Plenamente passível de aplicação dentro da nossa realidade com o intuito de aproximar os patrocinadores do consumidor.

3) O Tempo: o respeito aos horários, tanto de início quanto de intervalo das partidas, assim como a execução dos hinos nacionais, são tão simples mas que fazem uma enorme diferença para quem consome o produto.

Que estes aprendizados, resumidos sinteticamente em três, apesar de haverem tantos outros, sejam minimamente absorvidos para a continuidade futura das atividades do futebol no Brasil. 

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Os mitos fundadores da Modernidade

No início histórico da sua prática, o desporto sempre foi uma regalia, quer da nobreza, quer da burguesia que, na sociedade classista ocupou o lugar daquela, Isto não quer dizer que o burguês do século XIX, nas suas horas de ócio, se tenha convertido no caçador, ou no cavaleiro, como o nobre em largo troço da História.

A sociedade evoluíra; o progresso técnico aumentava; o capitalismo assenhoreava-se, progressivamente (e pela força das armas), do mundo todo – o burguês, mais do que nobre, interessa-lhe passar por gentleman, com uma visão da sociedade, alicerçada no “laissez faire, laissez passer” e procurando semear esta floresta de enganos, donde ressalta a ideia que a democracia participativa e o liberalismo económico sempre coexistem. O Doutor Mário Soares já o disse claramente, no seu livro Dois Anos Depois (Editorial Notícias, Lisboa, 1998, p. 105): “Acrescente-se que não é legítimo estabelecer uma conexão necessária entre economia de mercado e democracia. Se é certo que não há exemplo de democracias plenas, sem economias de mercado (foi a lição que o Mundo tirou do colapso generalizado dos países comunistas) a inversa não é verdadeira, visto que há casos de ditaduras que conseguem obter apreciáveis índices de crescimento económico, pelo menos a curto prazo”.

Mas o Doutor Mário Soares poderia explicitar quais os países onde há “democracia plena”, visto que a democracia económico-social e a democracia participativa e directa não se sabe onde existam, por esse Mundo além. Por isso, a economia está aí ao serviço dos imperativos do mercado e não ao serviço das necessidades de todos e cada um dos cidadãos. A finança desregulamentada trouxe consigo a incontrolada “tirania dos mercados”. E, assim, subordinada à vigilância e à sanção dos mercados, a solidariedade social morre, por maior que seja a boa vontade de alguns governantes.

Como se sabe, os USA são, hoje, o bastião do neo-liberalismo e do famigerado free market global. Ora, a América do Norte é um país marcado e corroído, por insanáveis contradições estruturais. Ao lado do peso crescente dos neo-conservadores e da sua predisposição para uma sociedade classista e para a guerra imperialista (veja-se a guerra do Iraque), a sociedade americana enfrenta, hoje, uma cada vez maior insegurança na economia, que resulta em desemprego e em emprego precário e no aumento espantoso das desigualdades.

Como Le Monde Diplomatique já o acentuou: ”nos USA, o aumento da criminalidade, proveniente do fosso que se vem cavando entre ricos e pobres, faz do Estado norte-americano um Estado carcereiro, ou seja, a população dos condenados a prisão, por homicídios e roubos, cresce assustadoramente”. Ainda que o Sr. Obama porfie em aparentar o contrário. Precisamos, pois, de forma imperiosa e urgente, rever os mitos fundadores da Modernidade, incluindo aquela doutrina da Democracia Representativa, como nova religião, quando sabemos que ela não finda com as desigualdades. Digamo-lo, sem receio: porque os governantes estão, normalmente, ao serviço, mesmo que o não pensem, dos “grandes interesses”, as políticas (uncluindo as desportivas) visam, em primeiro lugar, o lucro e só depois as pessoas. Demais, em total cumplicidade com os governos, a Igreja Católica ainda não varreu da sua doutrina a tese: “Omnis potestas a Deo” (todo o poder vem de Deus), o que leva, sem se dar por isso, à divinização do Poder, aqui e além constituído por verdadeiros adversários da democracia participativa. Aliás, os governos do fundamentalismo islâmico dizem o mesmo, com os resultados que todos conhecemos…

Na Europa, a partir da Idade Moderna, foram o experimentalismo demiúrgico e as revoluções científicas que predominaram, em desfavor das transformações sociais. Mesmo no desporto, o que mais se aplaude não é um verdadeiro desporto-para-todos, decorrente de uma sociedade-para-todos. Mas os recordes e os desempenhos espantosos, grande parte deles empoleirados na prática habitual do “doping”.

É verdade: o desporto que admiramos, embevecidos, é, aqui e além (não sempre, evidentemente) uma verdadeira mentira. Quando, em 1988, o treinador de Ben Johnson (conhecido pelo Químico) asseverou, em pleno tribunal, que a maioria dos atletas norte-americanos competiam dopados, anteviu o que, anos depois, é verdade insofismável: na alta competição, o doping é praticado por muitos atletas que nela participam. De facto, há um esteróide sintético que não só aumenta a massa muscular e reduz a fadiga, mas também ainda é indetetável por qualquer controlo anti-doping. Daí, as vitórias espantosas de alguns atletas, nos Mundiais e nos Jogos Olímpicos!

É preciso rever os mitos fundadores da modernidade… incluindo no desporto. Aceito, com naturalidade, que se recuse, como interpretação verosímil, o que venho de escrever. A sociedade do espetáculo, que é a nossa, queda-se no espetáculo, isto é, no fenómeno, e quase nunca desce à essência. Como canta o poeta: “Ver as coisas por fora / é fácil e vão. / Por dentro das coisas / é que as coisas são”.

 

*Manuel Sérgio é antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.