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O Modelo de Jogo e a Dallas Cup – parte I

Estudar o que diferentes escolas têm pensado, treinado e aplicado deve ser um exercício permanente para quem trabalha com futebol.

Como forma de observação específica, nada melhor do que assistir aos jogos de uma equipe e registrar todas as variáveis que são passíveis de análise, por exemplo: regras de ação, comportamentos coletivos nos quatro momentos do jogo, manifestação dos princípios de jogo, referências espaciais, plataforma de jogo, características dos jogadores, scouts quali e quantitativos, etc.

Recentemente, na disputa de uma competição internacional sub-19, a Dallas Cup, foi possível analisar o Modelo de Jogo de equipes de oito países distintos. Tal procedimento permite, ao menos, uma comparação de como temos jogado aqui e como se tem jogado lá fora, seja em países emergentes, tradicionais, ou até sem expressão na modalidade.

Nesta coluna (e na próxima) serão abordados alguns elementos do Modelo de Jogo das seguintes equipes: Real Salt Lake-USA, Valencia-ESP, Everton-ING, River Plate-ARG e Monterrey-MEX. Após a apresentação sintetizada dos Modelos, será feita uma breve reflexão sobre similaridades, diferenças e qualidade do jogo.

A seguir, uma síntese de elementos do Modelo de Jogo do Real Salt Lake-USA:

Princípio Operacional Defensivo Dominante: Recuperação da Posse
Forma de Marcação: Zonal
Linha de Marcação: Linha 2 – Intermediária Ofensiva

Princípio Operacional de Transição Ofensiva Dominante: Retirar a bola do setor de recuperação horizontalmente
Número de Jogadores no Balanço Ofensivo: 2

Princípio Operacional Ofensivo Dominante: Manutenção da Posse de Bola
Forma de Ataque: Ataque em Zona com estruturas fixas e móveis
Tipo de Ataque: Ataque posicionado
Variação de Tipo de Ataque: Contra ataque
Forma de repor a bola em jogo com o goleiro: Curtas predominantemente

Princípio Operacional de Transição Defensiva Dominante: Recuperação imediata
Número de Jogadores no Balanço Defensivo: 5 + Gr recuado

Abaixo, elementos do Modelo de Jogo do Valencia-ESP:

Princípio Operacional Defensivo Dominante: Impedir Progressão
Forma de Marcação: Zonal
Linha de Marcação: Linha 3 – Meio Campo

Princípio Operacional de Transição Ofensiva Dominante: Retirar a bola do setor de recuperação horizontalmente
Número de Jogadores no Balanço Ofensivo: 1

Princípio Operacional Ofensivo Dominante: Manutenção da Posse de Bola
Forma de Ataque: Ataque em Zona com estruturas fixas
Tipo de Ataque: Ataque posicionado
Forma de repor a bola em jogo com o goleiro: Curtas predominantemente

Princípio Operacional de Transição Defensiva Dominante: Reorganizar linhas da equipe
Número de Jogadores no Balanço Defensivo: 5 + Gr recuado

Na sequencia, algumas informações do Modelo de Jogo do Everton-ENG:

Princípio Operacional Defensivo Dominante: Impedir Progressão
Forma de Marcação: Zonal
Linha de Marcação: Linha 3 – Meio Campo

Princípio Operacional de Transição Ofensiva Dominante: Retirar a bola do setor de recuperação verticalmente
Número de Jogadores no Balanço Ofensivo: 1

Princípio Operacional Ofensivo Dominante: Progressão ao Alvo
Forma de Ataque: Ataque em Zona com estruturas fixas
Tipo de Ataque: Ataque rápido
Variação de tipo de ataque: Ataque direto
Forma de repor a bola em jogo com o goleiro: Curtas e longas

Princípio Operacional de Transição Defensiva Dominante: Reorganizar linhas da equipe
Número de Jogadores no Balanço Defensivo: 5/6 + Gr recuado

Até a próxima semana!
 

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Meia entrada no futebol

A legislação brasileira concede o direito à meia-entrada para determinadas classes de consumidores. A competência constitucional para estabelecer quais categorias terão direito ao benefício é dos Estados e Municípios, mas pode ser concedido de maneira concorrente também pela União.

Assim, o benefício da meia entrada está regulamentado por lei federal, leis municipais e estaduais, que possuem o condão de incentivar atividades culturais e esportivas, entre outras.

Em âmbito federal, a Lei 12.933/2013 estabelece o benefício do pagamento de meia-entrada assegurada a 40% do total dos ingressos disponíveis em espetáculos artístico-culturais e esportivos, para estudantes, idosos (previsto também no Estatuto do Idoso), pessoas com deficiência e jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes.

A lei exige, ainda, que sejam afixados com as condições para a meia entrada, bem como com a indicação dos telefones dos órgãos de fiscalização, em local visível da bilheteria e da portaria.

Vale dizer que os Estados e Municípios também podem legislar sobre tema e criar novas classes de consumidores beneficiados com a meia-entrada.

As violações ao direito à meia entrada devem ser encaminhadas ao Procon e podem gerar danos morais e/ou materiais.

Nos jogos de futebol as classes de consumidores legalmente previstas possuem o direito à meia entrada, ou seja, pegar 50% do valor pago pelas outras classes.

Portanto, eventuais descontos concedidos para todos os consumidores devem ser acumulados para fins de concessão da meia entrada, o que vale dizer que, na hipótese de um clube estender o benefício a todos os torcedores, aqueles beneficiados pela Lei 12.933/2013, terão direito a desconto de mais 50%.

Neste sentido, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por intermédio do PROCON/MG, multou o Atlético em R$ 292.375,00 eis que o clube, na final da Copa do Brasil 2014, disponibilizou ingressos de meia entrada para todos os torcedores indiscriminadamente. Ou seja, não houve a concessão do benefício às classes de consumidores previstas na Lei 12.933/2013.

Portanto, o torcedor/consumidor deve ficar atento e denunciar eventuais violações aos seus direitos.

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E os Estaduais?

O debate sobre a real utilidade dos Campeonatos Estaduais no meio dos Campeonatos Estaduais promovido em larga escala pelos meios de comunicação, alardeada em entrevistas coletivas ou de campo de treinadores, dirigentes e jogadores ou pelas aberturas de diálogo em fóruns de discussão de especialistas em gestão do esporte é a prova clara de como os problemas no país são tratados de forma reativa e não proativa.

Aproveitando que está aberta a “temporada de caça aos Campeonatos Estaduais”, seguirei o senso comum para dar algumas pinceladas sobre o assunto. Primeiro, que não sou a favor de acabar totalmente. E não estou dizendo isso em nome dos “coitadinhos dos clubes pequenos. O que farão da vida?”. Isso, aliás, é uma das coisas que tem que parar no Brasil. Não dá para querer resolver o problema de todo mundo sempre.

A remodelação é, de fato, fundamental. Nenhuma novidade! É inconcebível um modelo de competição em que o salário do principal atacante de uma equipe grande é maior do que a folha de salário de uma equipe de pequeno ou médio porte. Trata-se de um formato insustentável para ambas as partes. Mas, e a solução?

É ilusão pensar em diminuir a força das federações estaduais, pelo sistema político já consolidado. Também que os clubes irão se organizar enquanto ligas – o que seria o ideal – não parece algo palpável no curto prazo. Basta ver que alguns clubes não se entendem sobre o lugar de ficar das torcidas organizadas dentro do estádio, quem dera debater seriamente sobre um projeto efetivo de evento estruturado.

Se quisermos falar realmente em negócios, pelo menos no curto prazo, é necessário chegar a um equilíbrio, em que a sequência dos campeonatos estaduais leve a algo palpável a cada temporada, em que se fecha um ciclo. Ainda longe do ideal, mas exequível no curto prazo: que o Campeonato Brasileiro (Séries A, B e C) seja disputado somente aos finais de semana ao longo de todo o ano e todo o resto (Estaduais, Regionais, Copa do Brasil, Copa Libertadores e Copa Sulamericana) ocorram no meio de semana, em formato de torneios. Deixei de lado o Campeonato Brasileiro da Série D por merecer um outro termo de debate.

Lógico que o enredo é maior. Ainda nem mencionei o potencial e o grande valor que um Campeonato Regional pode ter, a exemplo da Copa do Nordeste, permitindo uma sustentabilidade mais consistente dos clubes ao longo do ano. O fato é que a composição deve respeitar as capacidades econômicas das equipes e o potencial de desenvolvimento por um determinado período de tempo. Mas de forma sintética, a lógica, para início de conversa, é esta! 

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Mordaça

Apaixonado por futebol e por hipérboles, o escritor Nelson Rodrigues disse certa vez que o clássico entre Flamengo e Fluminense “começou 40 minutos antes do nada”. No último domingo (05), as duas equipes fizeram um confronto que corroborou essa ideia. Era apenas um duelo válido pela fase de classificação de um combalido Estadual do Rio de Janeiro, mas um gigantesco número de elementos fez com que as discussões em torno da partida extrapolassem consideravelmente os 90 minutos. E é claro, tudo isso suscita discussões no campo da comunicação.

O cerne da discussão sobre o clássico, na verdade, é algo que passa bem longe das quatro linhas. Existe uma crise política no futebol do Rio de Janeiro, e Flamengo e Fluminense são os dois clubes grandes que se colocaram como oposição à federação local (Botafogo e Vasco, em contrapartida, são defensores da gestão da entidade).

“Nosso relacionamento com a federação não existe. É inexistente. Não há o que ser conversado agora; nós simplesmente não temos por que sentar na mesma mesa”, disse Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, na quinta-feira (02).

Um dia depois, o técnico Vanderlei Luxemburgo concedeu uma entrevista coletiva extremamente performática. Punido por ter criticado o Estadual do Rio de Janeiro, o comandante do Flamengo recebeu suspensão de duas partidas. A equipe rubro-negro havia obtido efeito suspensivo, mas essa decisão foi derrubada. No domingo, contra o Fluminense, o auxiliar Deivid foi o responsável por comandar o time no banco de reservas.

Na coletiva, Luxemburgo avisou que sequer estaria no Maracanã para ver o jogo entre Flamengo e Fluminense. Além disso, minimizou o peso da suspensão e empilhou críticas à Ferj (Federação Estadual do Rio de Janeiro).

“Como cidadão, me senti violentado e agredido. Fiz muitas coisas pelas quais deveria ter sido punido, mas agora eu queria apenas a melhoria do futebol brasileiro. Tomaram uma goleada por 7 a 1 [para a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo] e estão buscando um caminho ainda. A federação não quer dar chance aos jovens, e foi por isso que eu me posicionei contra o regulamento que limita o número de inscritos no campeonato”, disse Luxemburgo.

“Não vou me posicionar mais. Só vou fazer isso quando tiver direito à liberdade”, completou o treinador, que depois pegou um esparadrapo e colou sobre a boca para completar o protesto.

No domingo, antes de a bola rolar, os jogadores de Flamengo e Fluminense deram sequência ao movimento iniciado por Luxemburgo. Perfilados para a execução do hino nacional, todos cobriram a boca com a mão.

No entanto, o maior protesto veio depois. Fred, camisa 9 e capitão do Fluminense, foi expulso. E não esperou sequer o término da derrota por 3 a 0 para o Flamengo para fazer críticas incisivas: “Hoje o nosso campeonato é o ex-campeonato mais charmoso do mundo. Nos ajudem. Queremos coisas mais claras, menos obscuras. Precisamos de apoio para brigar por isso”.

Após o término do clássico, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, deu razão a Fred. “Vocês estão vendo o que está acontecendo. Tudo que nós pedimos é isonomia. O Fluminense está tentando jogar e brigando pelas coisas em campo, mas assim está difícil. Olhem para a rodada toda para ver”, disse o mandatário em entrevista coletiva. No domingo (05), o Vasco, time extremamente próximo da atual gestão da Ferj, teve três pênaltis a seu favor em derrota por 5 a 4 para o Friburguense.

O último domingo foi o ápice de um processo que se arrasta desde as primeiras reuniões de conselho técnico do Estadual de 2015. Segundo levantamento do portal UOL, clubes e Ferj emitiram 27 notas oficiais com críticas nesta temporada – a briga tem sido concentrada nos sites das instituições.

Dois aspectos chamam atenção nessa crise institucional do futebol do Rio de Janeiro. O primeiro é a ilação: em cenários assim, é fundamental que as pessoas envolvidas tenham cuidado para não ligar pontos que não têm necessariamente uma conexão. O árbitro errou na expulsão de Fred? Outro juiz tomou decisões equivocadas ao anotar três pênaltis para o Vasco? Alguém tem prova concreta de que houve ação deliberada por causa da cisão entre equipes e Ferj?

Se existe prova, apresentar é fundamental. A discussão não pode ser balizada por suposições ou acusações vazias. Agora, se não houver algo concreto, as pessoas precisam entender o poder de formadores de opinião. De lado a lado, o risco de impingir coisas que não são necessariamente verdadeiras é enorme.

Outro ponto a ser discutido em toda essa história é até que momento o discurso basta. Notas oficiais, entrevistas e gritaria deixam clara a crise no futebol do Rio de Janeiro. A questão é: isso é suficiente?

Se os clubes quiserem realmente uma mudança, precisam apresentar demandas, propor fóruns de discussão e buscar soluções. Esse processo pode desembocar numa oposição formal à atual gestão da Ferj ou até numa ruptura – presidentes de Flamengo e Fluminense já aventaram a possibilidade de criação de uma liga paralela em 2016.

O risco de toda essa situação é reduzir a importância do atual momento do futebol do Rio de Janeiro. Flamengo e Fluminense têm obrigação de não permitir que a crise se transforme em choro de quem se sente prejudicado. O que existe é muito maior do que isso, e o contexto não aparece em entrevistas como as dos últimos dias.

Entrevistas e notas oficiais, aliás, são relevantes para marcar posição. Se os clubes não fizerem nada além disso, porém, os textos acabarão sendo inócuos.

Comparo o atual cenário do Rio de Janeiro com as recentes manifestações populares sobre política. Afinal, o que as pessoas queriam quando fizeram panelaços e foram às ruas? Quais eram as demandas? Quem organizou isso e tentou apresentar pedidos nos fóruns competentes para discutir isso?

Dizer que “está tudo errado” e criticar de forma indiscriminada pode ser legítimo, mas é pouco produtivo. Acontece na política porque as pessoas se sentem alheias à vida política do país – e esse é um processo que tem sido desenvolvido durante anos. No esporte, contudo, a posição dos clubes não é essa. São eles que sustentam o poder das federações e são eles que controlam o consumo da cadeia. Se houver um mínimo de organização e de discussões produtivas, a força deles é imensa.

O problema, como acontece em muitos outros assuntos do futebol brasileiro, é que dirigentes veem rivais como adversários ou concorrentes. Não existe um pensamento sistêmico que aborde necessidades e projetos coletivos, algo que as grandes ligas esportivas do p
laneta costumam fazer.

O que tem acontecido no Rio de Janeiro é apenas a exposição mais clara de um aspecto em que o Brasil ainda precisa evoluir de forma considerável. Usar a mídia para escancarar insatisfação pode ser produtivo, mas o peso sempre vai ser maior se as pessoas souberem por que estão brigando. 

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O nível do debate

Os anos pré-Copa e agora, no pós-Copa, abriu-se um espectro de debates em torno dos negócios relacionados ao futebol. São infindáveis os comentários sobre precificação de ingressos, organização do futebol brasileiro ante o cenário político da própria modalidade ou o endividamento dos clubes.

Mais das vezes, os comentários são, naturalmente, rasos, sem qualquer profundidade ou aplicabilidade efetiva. Vai-se pelo caminho mais fácil, o do senso comum, ou melhor, o do discurso fácil. Como não se eleva o nível do debate, é natural que as estruturas de poder se perpetuem, até porque, aos olhos de todos, não se tem a solução efetiva.

Na sequência, vou ilustrar tais premissas em exemplos recentes do meio do futebol. Mas antes, vou citar um outro, de uma outra área e, certamente, bem mais complexa do que a nossa por envolver uma série de variáveis sociais de difícil solução no curto prazo.

Em 2011, me mudei para o Rio de Janeiro, um pouco depois do início do processo de pacificação das favelas na cidade. Desde então acompanho, ainda que pelos noticiários, todos os movimentos em torno do desafio que é a ruptura de um modelo complicadíssimo de poder paralelo desenvolvido historicamente em áreas de elevado risco social. Mas sem entrar no mérito dos infindáveis problemas que ocorreram ao longo do processo (naturais, diga-se de passagem), o que fica sempre muito claro, sempre, é o plano.

Toda a vez que o Secretário de Segurança Pública vai para a frente das câmeras para explicar alguma ruptura no processo, fala com propriedade, enredado sempre por um projeto maior, dentro de algo que envolve não só a Segurança, mas também apoiado em uma visão transdisciplinar. E que os obstáculos e falhas do caminho sempre estiveram planejados e estão sendo contornados (e não são poucas as falhas, obviamente, diante de um cenário extremamente complexo, como já falei anteriormente). Daqui, poderíamos citar várias passagens e frases marcantes que corroboram com a premissa – para quem quiser saber um pouco mais, assistam a entrevista em https://www.youtube.com/watch?v=dlVwjS1DaH0 (do final de 2011). Mas não vou mais me alongar neste exemplo para voltar ao contexto do futebol.

Pois bem, no ambiente do futebol brasileiro, o nível do debate é quase que invariavelmente raso. O assunto mais latente ultimamente é a ocupação das novas arenas, o preço dos ingressos e o valor “abusivo” cobrado pelas gestoras das arenas para os clubes jogar. A fala fácil de que o Brasil é um país pobre e, portanto, tem que cobrar preços de ingressos mais baratos ou que os ricos não são tão fanáticos quanto os pobres para poder lotar as arenas é um absurdo.

E o mais espantoso: nem clubes nem gestores de arenas explicitam suas estratégias – talvez por não tê-las. Ou, mais grave, por não estar alinhado o negócio um do outro. O movimento natural é o de ruptura e a perda de uma oportunidade única de falarmos verdadeiramente sobre entrega de entretenimento.

No caso da tentativa de reorganização do futebol em relação a suas estruturas políticas, a lógica é a mesma. Muito se quer, mas não se tem um plano efetivo de médio-longo prazo. A Lei de Responsabilidade Fiscal está aí, foi uma conquista. Mas e agora? O que vem depois? É assustador ouvir aqueles que demandaram mudanças sem apresentar uma resposta coerente para o futuro dos projetos e das ações estratégicas.

Talvez o leitor agora esteja se perguntando: “OK, mas o que tem a ver a pacificação de comunidades do Rio de Janeiro com o preço do ingresso no futebol ou a sua organização política?”. É que no caso da segurança do Rio, ninguém consegue desmoralizar o discurso pois ele é fruto de um infindável debate e de um planejamento – para debater este assunto com tais lideranças, precisa estudar muito! No nosso mundo do futebol, não dialogamos efetivamente com todos os stakeholders para se encontrar um denominador comum e, portanto, qualquer discurso fácil serve e é aceito.

Na realidade, o caminho mais fácil nem sempre é o melhor. O Bahia deixar a Arena Fonte Nova, por exemplo, é um caminho absurdamente fácil, no afã da luta de classes entre uma “gestora de arena opressora e capitalista” diante de “clubes sem recursos”, em um processo de “coitadismo coletivo”. Lembrando que a operação das novas arenas existe há menos de 2 anos quando, no mundo, as arenas demoraram mais de 5 anos para começar a trabalhar com uma pequena margem de lucro.

Fazer errado dá o mesmo trabalho que fazer o que é certo. A grande diferença está no resultado. Enquanto não planejarmos e entendermos o que queremos com o negócio do futebol, vamos continuar a andar em círculos.