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Novamente, as cotas de TV – Parte 01

Nos últimos dias, voltou à tona o debate em torno da divisão das cotas de televisão para o triênio 2016-2018. E, mais uma vez, as negociações seguem de forma individual, clube a clube, com o meio de comunicação que comumente adquire esses direitos. Este formato, aplicado no futebol brasileiro desde 2011, vai na contramão de um processo global de negociação de forma coletiva.
O noticiário geral dá conta de um aumento do abismo dos valores recebidos por Corinthians e Flamengo ante os que menos recebem pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Se antes, a relação do que mais recebe para o que menos recebe era de 4,07 para 1, agora, será de 4,85. Um aumento de 19,2% desta diferença. Mais adiante veremos que esta diferença é ainda maior quando comparada com o formato de negociação de outras ligas do futebol pelo mundo.
Pensando nisso, fiz uma simulação para aquilo que seria a divisão de cotas do Campeonato Brasileiro da Série A para 2016, projetando a participação dos quatro que sobem da Série B (que estavam no G4 da Série B em 19-outubro-2015) e os quatro que caem da Série A (que estavam no Z4 da Série A em 19-outubro-2015), a partir dos critérios de distribuição das receitas com direitos de transmissão dos Campeonatos Italiano (Serie A), Francês (Ligue 1) e Inglês (Premier League).
Cada liga tem um modelo próprio. O que é comum é a divisão em partes iguais de uma parte do bolo (40% no caso do Campeonato Italiano, 49% no caso do Campeonato Francês e 50% no caso do Campeonato Inglês) e, as demais partes, seguem critérios técnicos ou de mercado, o que oferece as merecidas vantagens para as grandes marcas do futebol, mas sem deixar uma diferença tão grande entre elas.
A tabela a seguir apresenta a comparação com a aplicação dos critérios de cada campeonato europeu citado e a respectiva possível distribuição dos direitos de transmissão para o Campeonato Brasileiro. Considerou-se um total de R$ 1,36 bi para o Campeonato Brasileiro de 2016 como um todo.

* O Campeonato Alemão (Bundesliga) não foi considerada por não ter sido possível identificar claramente os critérios de distribuição dos direitos de transmissão, que está todo pautado em performance esportiva nas últimas quatro temporadas, envolvendo também a segunda divisão no critério. O Campeonato Espanhol também não foi considerado por ainda ter seus direitos de transmissão negociados individualmente, a exemplo do Campeonato Brasileiro, embora esteja trabalhando para mudar este formato

 
Vê-se, claramente, que em qualquer critério destes países, teríamos uma distribuição de valores muito mais equilibrada do que a se percebe atualmente no futebol brasileiro. Há uma sensível vantagem para o formato do Campeonato Francês aplicado ao Campeonato Brasileiro, especialmente pelo resultado do Desvio Padrão, que indica uma maior proximidade entre todos os envolvidos, embora o Campeonato Inglês apresente uma menor diferença comparativa entre o que mais recebe com o que menos recebe das verbas de televisão.
Na próxima semana, farei uma proposição híbrida de modelos para tentar chegar em um valor mais próximo possível de 2 para relação entre o maior e o menor valor, de modo a baixar sensivelmente também o Desvio Padrão, como ideia para as futuras negociações de Direitos de Transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol.