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O pontapé inicial para 2017

O que podemos esperar dos clubes brasileiros em relação a patrocínios para 2017? Sem dúvida, será um ano tão ou mais desafiador do que 2016, pois o cenário econômico do país não vislumbra otimismo. As empresas deverão diminuir ainda mais suas verbas de marketing e tendem a centralizar os seus investimentos em plataformas mais conservadoras, como publicidade em televisão.

Em situações extremas como a que vivemos no Brasil, devemos então buscar uma nova forma de enxergar o horizonte e isso poderá trazer transformações que se perpetuarão para o futuro. É papel dos clubes olhar para os seus departamentos de marketing como um ponto central do seu negócio e que necessita de completa profissionalização.

Nos Estados Unidos, durante cenários de crise, há uma tendência de crescimento dos investimentos em patrocínio em comparação com os investimentos em mídia. Para melhor compreensão, o tamanho do bolo diminui, mas a fatia de patrocínio fica proporcionalmente maior. Isso ocorre pelo fato das empresas confiarem nas propriedades de patrocínio existentes, sabendo que estarão mais próximas de seus potenciais consumidores e tendo em mãos ferramentas que avaliam o retorno obtido pelas marcas.

No Brasil, o cenário é exatamente o oposto. Durante períodos de crise, o investimento em patrocínio despenca, havendo uma completa concentração do dinheiro em compra de mídia. Isso ocorre por causa de alguns fatores, especialmente por não haver ferramentas de mensuração clara de resultados para cada tipo de propriedade.

A mensuração realizada no Brasil avalia o retorno de mídia obtida por aquele patrocinador gerado pela exposição das marcas nas camisas e outras propriedades de visibilidade dos clubes, como backdrop, uniforme de treino e placas de campo. Esse número é a base para que as empresas determinem se o investimento vale a pena ou não, mas sempre comparando ao que fazem com a mídia tradicional. Em resumo, compram mídia na camisa dos times, não necessariamente patrocínio. E, na realidade, não são patrocinadores, são anunciantes.

Não temos a cultura de avaliar o retorno que as propriedades de relacionamento, ativação e experiências de marca geram para os patrocinadores, gerando insegurança por parte dos executivos de marketing das empresas que precisam justificar internamente as suas decisões. É preciso olhar sob novas formas a execução do que é um verdadeiro patrocínio, pois uma vez bem feito e planejado, irá gerar experiências únicas para as marcas capaz de conquistar um público consumidor potencial.

É papel dos clubes e dos organizadores de eventos criar mecanismos que justifiquem o investimento que um patrocinador fará. Somente dessa forma conseguirá comprovar a força de sua marca e tornar-se alvo de outras empresas interessadas em explorar novas fontes de negócio.

Ao mesmo tempo, é uma oportunidade para consultorias e agências de marketing esportivo criarem soluções para esse embate. Quem conseguir desenvolver metodologias adaptadas ao mercado brasileiro de forma coerente, terá um terreno enorme pela frente.

Vamos torcer e, principalmente, trabalhar para 2017 terminar com grandes conquistas nessa área. Desenvolver um plano de patrocínio mais completo é parte de um capítulo essencial para a modernização do futebol brasileiro.

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As dietas fracassadas e o futebol brasileiro

Publicada no livro homônimo, a crônica “Eu sei, mas não devia”, da escritora Marina Colasanti, lista uma série de concessões que as pessoas naturalizaram em suas rotinas. A gente se acostuma a morar em apartamentos com visão obstruída, a acordar sobressaltado, a ler sobre guerras, a ser conduzido, diz o texto. E por admitir que essas coisas são normais, a gente acaba mudando a visão ou o jeito de lidar com uma série de aspectos relevantes do cotidiano. É por essa sucessão de transgressões que o futebol brasileiro ainda tem dificuldade para se consolidar em diferentes âmbitos.

Vivemos numa realidade em que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é uma caixa preta composta por federações de gestão ainda mais nebulosa. O arcabouço é sustentado por clubes igualmente afetados por práticas deletérias e por pessoas que vislumbram nessa seara apenas um caminho mais curto para o benefício próprio. A estrutura é viciada, o que naturaliza práticas absolutamente nocivas. Cria-se um ciclo interminável de malfeitos e conformismo.

Segundo pesquisa da University College London, baseada no Reino Unido, o cérebro humano se acostuma a ilícitos. O estudo acompanhou o comportamento da amígdala cerebral, estrutura envolvida na geração de respostas emocionais como angústia e medo, para constatar que existe uma tendência orientada à desinibição sobre a desonestidade quando ela traz benefício e não é punida.

O futebol brasileiro vive entre as duas realidades: o ciclo de malfeitos e conformismo e a naturalização de atitudes orientadas apenas ao benefício próprio. Falta controle, mas existe uma carência ainda maior de autoanálise (no sentido individual, mas também a avaliação de instituições pelas próprias instituições).

É por isso que o inconformismo tem de ser o primeiro passo dado pelo futebol brasileiro em 2017. Não podemos começar o ano “deixando para lá” ou simplesmente passando por cima do que ficou na temporada passada.

Que ninguém comece 2017 achando que a tragédia envolvendo o avião que levava a delegação da Chapecoense é coisa do passado. Que ninguém esqueça dos dirigentes brasileiros envolvidos em escândalos de corrupção no futebol mundial. Que ninguém pense que é normal ou que o Brasil está imune ao recente escândalo de assédio sexual de menores no futebol britânico.

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O Brasil vive um momento especialmente instável no campo político, exacerbado por uma reação de muitas pessoas ao deixar o estado de catarse. O inconformismo ainda é puro e pouco adulto – quase como uma birra de criança.

Há muito o que mudar no futebol brasileiro, e essas alterações passam necessariamente por uma revisão de postura. Que o ano novo represente para todos uma chance de olhar para dentro e iniciar essa reflexão que o mundo todo precisa – não apenas no esporte.

Que essa evolução individual seja contínua e que nos ajude a aceitar mais, mas não no sentido mais frequente do verbo atualmente. Que possamos entender que pessoas erram, mas que não sejamos passivos.

A temporada 2016 nos deu uma série de demonstrações de que pequenas mudanças de postura podem ter imensos reflexos. Vejam o que aconteceu com a seleção brasileira depois da mudança de apenas um profissional – Dunga foi substituído por Tite no comando da equipe nacional, e isso alterou toda a percepção do país sobre a equipe.

A mudança deve começar de dentro e pode até ser pequena, mas só vai acontecer quando entendermos que somos agentes desse processo. Você já começou a pensar em como fazer sua parte?

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Ano novo, futebol novo

Na última coluna do ano, comentei sobre melhorias na gestão esportiva para que o futebol possa ser cada vez melhor, enquanto negócio. Mas, falando em termos práticos, vamos abrir o ano novo comentando sobre a execução dos planos de ação que podem contribuir para levar os negócios do futebol a um patamar melhor. Percebi que em alguns momentos temos dúvidas na aplicação de algumas ferramentas ou técnicas. Vamos então falar sobre uma delas, que poderá permitir que façamos facilmente bons planos de ação.

Um plano de ação, pode ser compreendido como o planejamento de entregas que irão materializar as entregas que darão vida real ao nosso planejamento estratégico. Mas qual a minha intenção em falar sobre produtividade e plano de ação?

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Existe um simples motivo que me fez abordar esse tema, todo empreendedor ou gestor esportivo geralmente possui ou tem boas ideias, em inúmeras vezes bastante claras de um novo processo de trabalho ou solução para um problema cotidiano. Em algumas situações, já se possui uma equipe envolvida; já existem os recursos e até já se traçou um plano estratégico para o futebol. Mas, onde realmente o seu calo aperta? Na realização! Materializar um planejamento estratégico é uma jornada repleta de desafios, impasses, e sobretudo de dúvidas. Se você, enquanto gestor do futebol, já passou ou está passando por algo deste tipo, sabe do que estou comentando aqui.

Então, como não vivemos só de problemas, certo (rs)? Vou comentar sobre uma ferramenta que, quando bem aplicada, pode auxiliar a eliminar estas dúvidas e impasses, melhorando significativamente a execução de seus projetos. Ela se chama 5W2H e sou particularmente muito fã desta ferramenta.

Vamos lá, conforme conceituado no site da Endeavor Brasil, o 5W2H é, na verdade, um checklist de atividades específicas que devem ser desenvolvidas com o máximo de clareza e eficiência por todos os envolvidos em um projeto. Esse termo corresponde, na verdade, às iniciais (em inglês) das sete diretrizes que, quando bem estabelecidas, eliminam quaisquer dúvidas que possam aparecer ao longo de um processo ou de uma atividade. São elas:

5 W: What (o que será feito?) – Why (por que será feito?) – Where (onde será feito?) – When (quando?) – Who (por quem será feito?)

2H: How (como será feito?) – How much (quanto vai custar?)

Ou seja, é uma metodologia cuja base são as respostas para estas sete perguntas essenciais. Com estas respostas em mãos, você terá um mapa de atividades que vai te ajudar a seguir todos os passos relativos a um projeto, de forma a tornar a execução muito mais clara e efetiva.

Mas é tão útil assim para o futebol?

Sim! O 5W2H ajuda, certamente, na execução e no controle das tarefas que precisam ser executadas para que os planos do futebol possam ser materializados. O uso desta ferramenta pode representar sensível economia de tempo e recursos – afinal, quando bem implementado, as dúvidas dão lugar à produtividade. Porque tudo ficará muito mais claro e a atribuição de atividades de cada profissional envolvido será imediatamente beneficiada.

Concluindo, com o uso do 5W2H os envolvidos saberão exatamente o que fazer, quando, onde, de que forma, etc. E o resultado valioso é uma sinergia que pode ser um importante diferencial estratégico para o futebol.

Até a próxima coluna, onde irei comentar sobre como aplicar o 5W2H.