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“El Clásico” de sucesso

O último domingo foi marcado por grandes clássicos, como Corinthians x São Paulo pela semifinal do Paulistão, Flamengo x Botafogo pela semifinal do Carioca e, principalmente, Real Madrid x Barcelona pelo Campeonato Espanhol.

Esse último ultrapassa cada dia mais as fronteiras espanholas e se consolida como uma grande atração global. Em comparação com o que vemos hoje no Brasil, há um grande abismo entre a qualidade do produto oferecido aos fãs.

Além da constelação de craques remunerados a peso de ouro, incluindo os dois maiores jogadores do futebol mundial desse início de século, a atmosfera construída com extrema organização faz com que o espetáculo futebol alcance um outro patamar. Estádio completamente lotado, transmissão ao vivo para mais de 150 países com audiência estimada em 650 milhões de telespectadores, patrocinadores satisfeitos e uma partida fantástica e emocionante são parâmetros que comprovam o quanto o resultado dentro e fora de campo está totalmente relacionado ao seu planejamento.

elclassico
Lionel Messi e Cristiano Ronaldo antes do clássico entre Barcelona e Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol| Crédito: Alex Gallardo

Enquanto o jogo entre Real e Barcelona teve mais de 80 mil torcedores presentes no Estádio Santiago Bernabéu, o clássico carioca entre Flamengo e Botafogo obteve apenas um quarto disso, ou seja, 20 mil torcedores. Enquanto as camisas de Real Madrid e Barcelona expunham de forma limpa os seus principais patrocinadores, coincidentemente duas das maiores companhias aéreas do mundo como Emirates e Qatar Airways, o clássico paulista entre Corinthians e São Paulo mostrava uma falta de padronização. Por um lado, o Corinthians, clube com a maior torcida e potencial de consumo no Estado, jogou sem patrocinador máster após o término de contrato com a Caixa. Pelo lado tricolor, o uniforme expunha o exagero de 5 marcas patrocinadoras, sem contar a marca de material esportivo.

Não considero que lá fora tudo é feito com maestria e que aqui está tudo errado. Vemos polêmicas importantes também por lá. Tanto Real Madrid como Barcelona, apesar de ostentarem orçamentos bilionários, possuem também enormes dívidas. A arbitragem é amplamente discutida, ao ponto de jogadores dos dois clubes tornarem a discussão pública via redes sociais. O abismo dos dois clubes para os demais clubes espanhóis é exorbitante, tornando o campeonato uma disputa polarizada entre Real Madrid e Barcelona, com a participação ocasional de um ou outro entrante.

Ao mesmo tempo, é inegável que temos melhorias por aqui. Os estádios e campos de jogo são melhores do que eram há 10 anos atrás. A organização dos campeonatos, mesmo que em passos lentos, tem avançado. Parte dos clubes já adotam uma gestão profissionalizada e capacitada.

Os exemplos citados dos clássicos entre Flamengo e Botafogo e Corinthians e São Paulo não faz referência a uma crítica direta aos modelos específicos desses clubes, mas sim de uma constatação geral que o produto em si precisa ser melhor valorizado e construído entre todas as partes interessadas, trazendo clubes, federações, mídia e patrocinadores para a mesa.

O pequeno público entre Flamengo e Botafogo não é culpa isolada dos dois clubes. É um problema de segurança pública, de falta de renda dos torcedores para comprar ingresso, de um calendário extremamente desorganizado e confuso.

O excesso ou falta de patrocinadores citados de Corinthians e São Paulo, não é apenas um problema criado por essas instituições, mas sim da pressão e do modelo existente em todo o cenário nacional. Há profissionais capacitados nesses dois e em outros clubes, mas que não conseguem desenvolver algo com resultado mais imediato pelo fato do sistema predominante ser ainda amador e muito político.

O avanço de cada clube depende, portanto, da união entre todas as partes para que o produto se desenvolva. Não adianta um clube adotar uma política isolada de modernização e profissionalização. O máximo que vai acontecer é fazer com que esse clube obtenha destaque e melhores resultados dentro do cenário atual, mas com um produto defasado. Para alcançar novos patamares, é dever desses clubes puxar a corda para que os outros também cresçam e tornem o espetáculo mais atrativo para seus fãs, potencializando todas as oportunidades existentes.

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"El Clásico" de sucesso

O último domingo foi marcado por grandes clássicos, como Corinthians x São Paulo pela semifinal do Paulistão, Flamengo x Botafogo pela semifinal do Carioca e, principalmente, Real Madrid x Barcelona pelo Campeonato Espanhol.

Esse último ultrapassa cada dia mais as fronteiras espanholas e se consolida como uma grande atração global. Em comparação com o que vemos hoje no Brasil, há um grande abismo entre a qualidade do produto oferecido aos fãs.

Além da constelação de craques remunerados a peso de ouro, incluindo os dois maiores jogadores do futebol mundial desse início de século, a atmosfera construída com extrema organização faz com que o espetáculo futebol alcance um outro patamar. Estádio completamente lotado, transmissão ao vivo para mais de 150 países com audiência estimada em 650 milhões de telespectadores, patrocinadores satisfeitos e uma partida fantástica e emocionante são parâmetros que comprovam o quanto o resultado dentro e fora de campo está totalmente relacionado ao seu planejamento.

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Lionel Messi e Cristiano Ronaldo antes do clássico entre Barcelona e Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol| Crédito: Alex Gallardo

Enquanto o jogo entre Real e Barcelona teve mais de 80 mil torcedores presentes no Estádio Santiago Bernabéu, o clássico carioca entre Flamengo e Botafogo obteve apenas um quarto disso, ou seja, 20 mil torcedores. Enquanto as camisas de Real Madrid e Barcelona expunham de forma limpa os seus principais patrocinadores, coincidentemente duas das maiores companhias aéreas do mundo como Emirates e Qatar Airways, o clássico paulista entre Corinthians e São Paulo mostrava uma falta de padronização. Por um lado, o Corinthians, clube com a maior torcida e potencial de consumo no Estado, jogou sem patrocinador máster após o término de contrato com a Caixa. Pelo lado tricolor, o uniforme expunha o exagero de 5 marcas patrocinadoras, sem contar a marca de material esportivo.

Não considero que lá fora tudo é feito com maestria e que aqui está tudo errado. Vemos polêmicas importantes também por lá. Tanto Real Madrid como Barcelona, apesar de ostentarem orçamentos bilionários, possuem também enormes dívidas. A arbitragem é amplamente discutida, ao ponto de jogadores dos dois clubes tornarem a discussão pública via redes sociais. O abismo dos dois clubes para os demais clubes espanhóis é exorbitante, tornando o campeonato uma disputa polarizada entre Real Madrid e Barcelona, com a participação ocasional de um ou outro entrante.

Ao mesmo tempo, é inegável que temos melhorias por aqui. Os estádios e campos de jogo são melhores do que eram há 10 anos atrás. A organização dos campeonatos, mesmo que em passos lentos, tem avançado. Parte dos clubes já adotam uma gestão profissionalizada e capacitada.

Os exemplos citados dos clássicos entre Flamengo e Botafogo e Corinthians e São Paulo não faz referência a uma crítica direta aos modelos específicos desses clubes, mas sim de uma constatação geral que o produto em si precisa ser melhor valorizado e construído entre todas as partes interessadas, trazendo clubes, federações, mídia e patrocinadores para a mesa.

O pequeno público entre Flamengo e Botafogo não é culpa isolada dos dois clubes. É um problema de segurança pública, de falta de renda dos torcedores para comprar ingresso, de um calendário extremamente desorganizado e confuso.

O excesso ou falta de patrocinadores citados de Corinthians e São Paulo, não é apenas um problema criado por essas instituições, mas sim da pressão e do modelo existente em todo o cenário nacional. Há profissionais capacitados nesses dois e em outros clubes, mas que não conseguem desenvolver algo com resultado mais imediato pelo fato do sistema predominante ser ainda amador e muito político.

O avanço de cada clube depende, portanto, da união entre todas as partes para que o produto se desenvolva. Não adianta um clube adotar uma política isolada de modernização e profissionalização. O máximo que vai acontecer é fazer com que esse clube obtenha destaque e melhores resultados dentro do cenário atual, mas com um produto defasado. Para alcançar novos patamares, é dever desses clubes puxar a corda para que os outros também cresçam e tornem o espetáculo mais atrativo para seus fãs, potencializando todas as oportunidades existentes.