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História é Marketing Esportivo

Dentro desta coluna já foi falado que marketing esportivo tecnicamente trata-se de conceber um produto do esporte para ser disponibilizado no mercado (“market”), pronto para ser consumido. E são vários os que podem ser vendidos e comprados. Entre eles, aqueles que trabalham com história do futebol, seus clubes, federações, ligas…e até mesmo cidades e países! Nessa linha de pensamento estão os museus temáticos, pôsteres e passeios.
Entretanto, como que uma cidade ou um país possui um produto esportivo relacionado à história?
Uma ideia bacana teve a prefeitura de Montevidéu, capital do Uruguai. O país recebeu em 1930 a primeira Copa do Mundo. Logo, lá aconteceu o primeiro jogo e o primeiro gol. Por que não lembrar-se deste primeiro gol e “materializá-lo” de alguma forma? Claro que sim! Entretanto, um problema: o estádio já não mais existe, o antigo campo de Pocitos, onde hoje é uma zona residencial.

O marco do centro do campo (Imagem: Arquivo Pessoal)

 
No entanto, em um trabalho de pesquisa, as autoridades locais conseguiram localizar as ruas, exatamente onde ficava o campo de jogo. No local construíram um marco para o centro do campo e outro para a baliza onde saiu o primeiro zero do placar nos mundiais, com placas em alusão ao feito, ocasião com data e hora.
Placa em referência ao primeiro gol das Copas do Mundo (Imagem: Arquivo Pessoal)

 
Para quem gosta de futebol, lembranças como estas possuem imenso valor. Não surpreendeu quando os moradores da rua disseram que os marcos lá instalados recebem turistas do mundo todo. De longe parecem simples referências, mas de perto percebe-se a grandeza desta lembrança e a importância que teve aquele fato para toda a história do futebol.
Totem em referência à baliza onde aconteceu o primeiro gol da história dos Mundiais (Imagem: Arquivo Pessoal)

 
Lembrar o passado de uma instituição é, acima de tudo, respeito a um patrimônio (material ou imaterial, como no caso). O resgate da história gera cultura, cultura é intrínseca aos valores, que levam à tradição, que geram dedicação e empenho, fatores fundamentais para a vitória. Ou então para uma filosofia vencedora. Orgulho. E uma cidade, através do esporte, tem dado esse exemplo. Se eu fosse de lá, sentiria – bastante – orgulho disso.
Em tempo: o lugar do primeiro gol da história das Copas do Mundo é na rua Coronel Alegre, entre Silvestre Blanco e Charrua, no bairro de Pocitos, em Montevidéu.
 

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Analítico e Situacional – serve como treinamos?

Olá a todos, neste artigo iremos refletir sobre uma questão que está na base de qualquer microciclo do treinamento de futebol. Que são os treinos de técnica analítica e situacional. Utilizaremos a condução como exemplo de gesto técnico para analisar o modo e o porque treinamos (ou não) nestes dois modos.
Para se treinar o futebol se pensa que descompor o jogo possa enfatizar um determinado princípio, conceito ou gesto técnico podendo chegar até o máximo da previsibilidade de um exercício que é o de técnica analítica.
Dentre os modelos de aprendizagem do futebol é muito comum dividir por faixa etária os gestos técnicos, que devem ser “ensinados” aos garotos até sua fase adulta com a crença que realizando o gesto técnico isso “automaticamente” possa ser reconhecido e realizado em uma situação de jogo.
Tendo como exemplo a condução como gesto técnico, vamos analisar o treinamento analítico como instrumento para apreendê-lo ou aperfeiçoa-lo. A ideia é que se possa isolar as demais variáveis do jogo como: companheiro, adversário, posição no campo, fase de jogo, gestão emotiva, capacidade de escolha, entre outros, para se ter o foco quantitativo nos componentes técnicos para realizar uma boa condução; com diferentes partes do pé, em diferentes velocidades, número de toques, mudanças de direção, etc.
A reflexão que devemos fazer é se estamos seguros que isolando qualquer tipo de gesto técnico no futebol, o próprio jogador conseguirá transferi-lo em partida. Um jogador que sabe realizar a condução com boa técnica, saberá reconhecer quando e o porque realmente serve durante a partida?! Exemplos: para conquistar espaço, para atrair adversários ou para realizar um dribbling. Como diz Julio Velasco: “Nós devemos partir do jogo com a ideia de ensinar a jogar. Muitas vezes não ensinamos a jogar, mas ensinamos a fazer um exercício. Não se usam exercícios como instrumento para jogar, senão treinamos jogadores a fazerem bem um exercício, pensando que o “tranfert” ao jogo seja algo simples e não é, por nada! (Julio Velasco – ex treinador de vôlei da seleção italiana).
Quando realizamos o treinamento situacional esperamos rever os gestos técnicos treinados de forma analítica sendo aplicada. Ao analisarmos os gestos técnicos estamos observando na perspectiva de tempo e espaço?! Quando se faz treinamentos de jogos reduzidos serve ter regras de número máximo de toques? Como o jogador pode reconhecer a importância da condução como resolução de problemas? Quantas vezes um jogador tem espaço para conduzir a bola e quase que automaticamente procura um companheiro a quem passar?! Como a questão é sobre quando conduzir, não podemos limitar os toques em exercícios situacionais e sim corrigi-los durante sobre o porque e quando realiza-los.
Podemos ver neste vídeo o jogador Frenkie de Jong (20 anos) do Ajax, da Holanda, que parece ter bem claro os princípios e a importância da condução.


Estes pontos de reflexão têm como base entender que o jogador, assim como o jogo, é uma unidade. Tudo o que o jogador precisa para melhorar em qualquer aspecto (também físico) já está dentro do jogo.
Temos a ideia de se treinar tudo aquilo que é necessário para jogar futebol tirando do próprio jogo para depois “recoloca-lo” dentro. Quando se realiza a condução (como qualquer outro gesto técnico) em um determinado momento da partida, temos de compreender mais o “porque” que o “como”. Esta perspectiva pode mudar o modo na qual analisamos o todo e, principalmente, o modo que pensamos à um exercício seja analítico que situacional. O exercício não deve ser simplificador, mas facilitador da compreensão do jogo. Como diz Oscar Cano: “O primeiro erro é chamar treinamento no momento que pressupõe que devemos jogar. Treinar é reproduzir e o futebol não se presta, pela sua natureza, a ser reproduzido as ações específicas. Se deve ir a jogar, não a treinar”. (Oscar Cano – Treinador de futebol; especialista em jogos posicionais).
Abraço a todos!

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Entre o Direito e o Torcedor

Sexta-feira e o Carnaval quase aí. É nesse clima de festa que dou as boas-vindas para vocês essa semana, aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. Hoje vamos conversar um pouco sobre você. Sim, o você torcedor. Torcedor de todo dia, torcedor de todo jogo, torcedor de todo estádio.
Na conversa de hoje vamos falar um pouco sobre o que é o “torcedor no estádio” para o Direito, em especial o torcedor como consumidor (a gente conversa sobre isso logo mais!). Então vamos ver alguns detalhes interessantes sobre o direito do torcedor no estádio. E a gente fecha essa semana lembrando um pouco de como isso afeta o seu clube. Afinal, hoje estamos entre o direito e o torcedor!
Bora lá?
Semana com Copa do Brasil e os campeonatos estaduais ainda rolando, e você vendo o jogo na televisão. Você é um torcedor, assim como eu. Só que hoje a gente vai falar daquele que vai no estádio. Desde aquele torcedor raiz que ainda compra seu ingresso na hora até aquele que é sócio torcedor. Hoje a gente vai conversar sobre aquele torcedor que vai ao estádio para assistir ao jogo ou comer aquele sanduíche de pernil – ou feijão tropeiro se você tiver sorte e estiver em Minas Gerais. Hoje a gente vai falar do torcedor como consumidor e essa palavra importa!
Aquele que tem aquela simpatia pelo seu clube. Aquele que vai ao estádio assistir uma partida. Aquele que é a base do esporte. A base do futebol como produto. A base do jogo como entretenimento. O torcedor é um consumidor do esporte. E, por isso, é visto (com carinho) também pelo direito. Afinal, o torcedor é quem sustenta o nosso futebol já que sem ele… não teria jogo.
Pensando nisso, foi criado lá em 2003 o Estatuto do Torcedor. Essa lei traz um monte de palavras que no fundo dizem o óbvio: a gente (torcedor) compra um produto ou um serviço que é o futebol de hoje, e por isso a gente consome o esporte. E se a gente consome o esporte torcendo, bom, a gente é um… sim, meu jovem Padawan, um consumidor. E como consumidor-torcedor a gente é um pouco mais protegido (e às vezes até demais – mas aí é história para outro dia).
É por isso que quando a gente vai ao estádio, a gente pode exigir algumas coisas que o torcedor de antigamente nem sonhava. São três as ideias (ou direitos) principais nesse ponto: a gente tem que saber das coisas antes, a gente tem que poder reclamar se alguma coisa não der certo (claro, desde que não seja o resultado do jogo – mal para quem torce para o meu time!), e a gente tem que entrar e sair inteiros do estádio.
Eu sei, isso parece meio básico e até senso comum. Mas, acredite, não é sempre assim! Vamos aos exemplos? Imagina que você é um torcedor que foi ao estádio porque tinha jogo naquele dia. Imagina que você ia comprar o ingresso na hora já que não tinha internet em casa. Imagina que o jogo estava marcado de manhã. Surpresa! Quando você chegou lá não tinha fila. Só que não tinha fila porque não tinha ingresso. E não tinha ingresso porque não tinha jogo.
Teve uma época que isso acontecia. Hoje é mais difícil. E se acontecer, o clube vai sofrer com reclamações no que a gente chama de “ouvidoria” (ou SAC do torcedor). E, na nossa história, o torcedor vai lá, conta o que aconteceu, e recebe uma explicação do clube. Se tudo foi seguido da maneira correta, o clube avisou com antecedência que a partida foi remarcada por alguma razão e fica tudo bem – como a Federação do seu Estado marcar um jogo no mesmo dia que uma partida da Copa do Brasil, coisa que nunca acontece.
Só que agora a gente muda um pouco a nossa história e imagina que o torcedor foi ao estádio, conseguiu comprar o ingresso, e foi assistir à partida. O estádio é grande, cabem mais de dez mil pessoas, e o torcedor se sente seguro quando vê algumas câmeras por lá. Ainda mais que ele teve que passar por uma revista pessoal, pelos seguranças do estádio, e ainda contou com a ajuda dos orientadores para achar o seu lugar. Até aí lindo, né?
Agora imagina que o capitão do time foi expulso. Imagina que o time perdeu. E imagina que a torcida não gostou e começou uma briga que quase explodia o estádio! Bom, mesmo com tudo isso, o clube não evitou o pior e o nosso torcedor apanhou. O dono do estádio tem que deixar lá para atender quem precisa: ambulância, médicos e enfermeiros.
O pior não aconteceu e o nosso torcedor está melhor agora e com fome. O nosso torcedor vê que tem comida no estádio. O nosso torcedor vai lá e come. E passa mal. Muito mal. E é internado no hospital com intoxicação alimentar porque a comida estava vencida. Bom, era dever do clube do nosso torcedor que jogava em casa garantir que o alimento estivesse “em ordem” para ser vendido. Nosso torcedor vai fazer o que? Sim, vai de novo na ouvidoria.
Agora imagina que o nosso torcedor está passando mal. Imagina que o nosso torcedor está indo embora. E imagina que o nosso torcedor tropeçou em uma barra de ferro no chão e também quebrou o pé. Bom, nesse caso é melhor esse se benzer, né? E, além disso, o clube do nosso torcedor deveria ter um seguro de acidente pessoal que daria o dinheiro de volta para nosso amigo e ajudaria ele nesses tempos difíceis.
Nosso amigo já sofreu bastante hoje só que a saga dele ainda não terminou. E o que acontece quando o nosso torcedor conversa com a ouvidoria e não dá em nada? Ele vai no Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) reclamar. E se mesmo assim não der em nada, muito provavelmente vai dar uma canseira no clube na Justiça.
E infelizmente, como a gente (torcedor) sabe, muitas vezes as histórias acabam assim. E mesmo com toda essa proteção na lei, a gente tem que ir atrás “na marra” dos nossos direitos. E é por isso que é importante saber um pouco sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor – pelo menos até os clubes terem um plano de ação concreto nas ouvidorias.
É, meu amigo, torcer é um negócio sério. E esse futebol que a gente consome é um produto hoje em dia. Parafraseando um amigo da bola “Futebol é entretenimento, esporte é a sua pelada de domingo com os amigos”. E é bem por isso que é importante a gente saber um pouco mais sobre o que a gente vê entre o Direito e o Torcedor.
Espero que tenham gostado de mais uma semana aqui comigo no “Entre o Direito e o Esporte”. Como de costume, deixo o convite para me acharem por aqui ou no LinkedIn. Vejo vocês depois do carnaval para conversar sobre um tema bem sério: a torcida organizada. Aproveitem o feriado e cuidado com as estradas, até a nossa próxima coluna aqui!

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A evolução de um modelo de jogo

É no início da temporada que um treinador define como sua equipe vai jogar durante o ano. Independentemente de ser um técnico que já esteja no clube ou um que acabe de chegar. É possível um treinador remanescente tentar novas ideias. É o caso de Fábio Carille, no Corinthians, que para 2018 fez uma mudança sutil na formatação do time deslocando Jadson do lado para o meio do campo. E aqui não é uma mudança só de ocupação de espaço. A função e as atribuições de Jadson mudaram quase que por completo, e agora pelos lados do campo Carille tem Clayson e Romero, dois jogadores mais agudos e verticais.
O modelo de jogo é um ideal que se busca durante todos os jogos. É como uma missão de vida. Você nunca atinge. Mas vive por ela a todo momento.
E a especificidade do futebol mostra que não é só o comandante que determina como será o jogar da equipe. Tudo começa com ele, é verdade. As ideias, os conceitos e o padrão de resposta coletivo para cada fase do jogo (ataque, defesa, transição defensiva e transição ofensiva). Porém, os jogadores têm papel determinante na execução dessas ideias e na evolução delas.
Cada atleta traz uma história, uma escola, uma filosofia e um jeito próprio de jogar. Ao colocar onze jogadores com experiências diferentes em campo, vemos surgirem relações e respostas novas, que ninguém, nem mesmo o treinador, poderia prever.
Só que isso demanda tempo. Essas relações não surgem em três jogos ou em três semanas de treinos.
Por isso, prevejo a evolução de todos os times. Não posso tirar conclusões do São Paulo, por exemplo, com Nenê sendo titular em sua estreia sem ter feito um treino sequer com a equipe. Ou o Palmeiras ainda sem Gustavo Scarpa. Um futebol de qualidade se joga com ideias. Um futebol ruim se joga com ideias fracas ou até mesmo sem ideias.
Mas a dinâmica entre os jogadores tem um papel determinante na evolução da equipe. E não falo aqui de qualidades técnicas individuais. O melhor time não é o que tem os melhores jogadores. O melhor time é aquele que parece que tem quatorze e não onze jogadores em campo, tamanha a sinergia e complementaridade entre eles.

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O futebol e sua gestão…

É notória a intensa rivalidade que permeia o futebol sul-americano. Há anos a Copa Libertadores da América aumenta ainda mais a tensão futebolística entre brasileiros, argentinos, uruguaios, chilenos, equatorianos e etc. São muitos os épicos embates entre os clubes e, nos últimos anos, outra competição organizada pela CONMEBOL vem alimentando ainda mais a disputa, a Copa Sul-Americana.
E muito mais que a rivalidade entre as 4 linhas, os torneios da CONMEBOL vêm expondo a diferença dos modelos de gestão do futebol dos clubes latinos. Recentemente, num intervalo de não mais que cinco anos, duas equipes (de dois diferentes países) expõem nitidamente este contraste, ambas chegaram a ser finalistas de competições Sul-Americanas, mas, no atual momento, vivem realidades totalmente distintas.
Hoje, um destes clubes acumula excelentes campanhas no campeonato nacional de seu país, figurando entre os primeiros colocados, além de seguir disputando títulos sul-americanos, enquanto o outro, amarga maus resultados dentro de seu país (incluindo rebaixamentos) e não tem mais figurado as finais das competições da CONMEBOL. Por que uma diferença tão grande de realidades?
Como em praticamente tudo que envolve as relações humanas (ao menos na visão de mundo deste que vos escreve), é quase que impossível isolar um único fato ou razão para explicar o momento atual de cada clube (ou qualquer outra situação), são inúmeras as variáveis e distintas análises que poderiam ser realizadas, porém, nesta coluna, proponho um olhar que vai além das linhas de marcação, corredor de ataque ou zona de finalização. Convido a um olhar que observe a gestão extracampo. Podemos assim, citar alguns dados que nos permitem entender um pouco os diferentes momentos de cada equipe.
Para diferenciá-las e facilitar o entendimento, nomearei as equipes em “A” e “B”:

  • Nos últimos cinco anos, a equipe B teve três diferentes treinadores. Já a equipe A, contou com os serviços de nove diferentes treinadores.
  • Somados os balanços financeiros das temporadas de 2013 a 2017, a equipe A apresenta um resultado positivo entre 15 a 20 milhões de euros. Já a equipe B apresenta um saldo positivo entre 30 e 35 milhões de euros.
  • A equipe A já acumula dois rebaixamentos em 5 anos. Com a equipe B não houve rebaixamentos, e o clube ainda chegou também a ser vice-campeão nacional.
  • Entre 2013 e 2018 a equipe B contratou 64 jogadores. A equipe A contratou 193 diferentes jogadores no mesmo intervalo de tempo.
  • A equipe B busca ter uma forma própria de jogar futebol, desde as categorias de base até o profissional, e busca seguir uma política de formação, promoção e contratação dos treinadores da base e profissional. Não há uma política muito clara quanto a isso na equipe A.
  • Em média, no país da equipe A, os clubes recebem anualmente cerca de o dobro do valor que os clubes recebem no país da equipe B pelos direitos de transmissão das competições nacionais.
  • Além do futebol profissional e amador, a equipe B oferece e administra vários outros esportes (profissionais), um clube social e tem uma atuação marcante dentro da comunidade (chegando a contribuir com hospitais e instituições de caridade). A equipe A também possui outros esportes (não profissionais), um clube social, e busca ter uma atuação mais tímida na comunidade.
  • No país da equipe B, não há tantos subsídios do governo, ou providentes patrocínios de empresas estatais. No país da equipe A, isso é procedimento recorrente.

Trouxe aqui alguns aspectos que caracterizam a postura de cada clube frente a situações semelhantes. Certamente que outros pontos poderiam ser levantados, assim como alguns deles sofrerem uma análise mais profunda, entretanto, fazendo uma rápida apuração dos dados e fatos relacionados às características de gestão de cada clube e cruzando-os com vários cases de sucesso e insucesso dentro do universo do futebol profissional, não é tão difícil constatar que a probabilidade de que a equipe B consiga colher frutos melhores do que os da equipe A é maior. Duas equipes de médio porte em seu país, que possuem uma tradicional e fanática torcida local e que, no competitivo meio que buscam viver, precisam minimizar ao máximo os erros e potencializar seus recursos. Frente a isso, uma equipe que constantemente muda seu comando técnico e que, a cada temporada, reformula praticamente todo o elenco de jogadores, terá um maior dispêndio de recursos, aumentará as probabilidades dos erros e ficará cada vez mais distante de um futuro de crescimento sustentável.
Sendo assim, qual destas duas equipes se mostra mais propensa ao sucesso?
A intenção não é julgar, mas levar à reflexão. Não é por acaso que estas equipes conquistaram resultados tão distintos! O futebol tem um potencial gigantesco! Precisamos e podemos explorar mais este potencial! E essa constatação não é somente deste que vos escreve, em conversas com um amigo e profissional do futebol latino-americano, com experiência e abertura em grandes clubes do nosso continente, ele expressa a mesma opinião e ainda complementa dizendo que um dos grandes problemas do futebol na América do Sul é que existe mais amor ao poder, ao capital, do que aos clubes, ao esporte.
Eu ainda acredito que temos condição de continuar evoluindo, continuar progredindo, de fazer cada vez melhor! E você?

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Futebol é marca

Há alguns anos, o Corinthians ostentava várias estrelas em seu escudo. No Cruzeiro, sua constelação era envolvida em um círculo com uma coroa no topo, que sugeria a conquista da “tríplice coroa” (título estadual, mais o do nacional e o da Copa do Brasil). No exterior, o símbolo da Roma tinha uma sigla – não tão fácil de identificá-la – “ASR” (Associazione Sportiva Roma). O PSG tinha, em seu distintivo, a inscrição “Paris Saint-Germain” no mesmo tamanho da fonte. O do Manchester City era cheio de detalhes e com um lema quase ilegível.
Tudo isso que aqui foi falado constituem-se marcas. Para todas elas concedemos atributos. Em outras palavras, o que vem a mente quando se fala o nome delas, ou vê-se seu símbolo. Quanto mais fácil identificá-lo, melhor, independente da distância ou até mesmo do que está escrito. Nesse sentido, a “Estrela Solitária” do Botafogo, em alusão à estrela d’alva, é grande exemplo de fácil identificação e associação a todo um significado que ela sugere.
E é esta a função de um símbolo: representar uma instituição, seus valores, sua história e legado. Ele deve ser de fácil lembrança e identificação. Quanto mais limpo (menos visualmente poluído), melhor. Um critério bastante utilizado é o de uma criança conseguir desenhá-lo.
Nesse sentido, Everton, Roma e Paris St-Germain (PSG) repensaram seus escudos ao passo que suas marcas tornavam-se globais. Notem que o nome e o que dá identidade ao clube estão valorizados nas novas versões. No Everton, o nome, a torre e o lema (agora legível). ‘Roma’ ocupou o lugar do “ASR”. Quem olhava para o símbolo antigo do clube e não soubesse da história da loba e dos irmãos, sequer fazia ideia da sigla abaixo do desenho, também não saberia identificá-lo enquanto instituição esportiva.

A evolução do símbolo do Everton (ING) ao logo dos anos. O da direita é o atual Imagem: divulgação.

 
À esquerda, o símbolo antigo da Roma. À direita, o novo (divulgação)

 
À esquerda, o símbolo antigo do PSG. À direita, o novo (divulgação)

 
Para o PSG, a mesma coisa. A cidade de Paris, como marca, é maior que o clube. Vincular-se mais ao nome desse município-alfa é projetar o clube em nível mundial, o que conecta com os investimentos que têm sido feitos dentro de campo.
No Brasil, o Cruzeiro consultou a sua torcida, que prefere as estrelas da constelação valorizadas – e não limitadas dentro de uma forma geométrica – em um universo que é simbolizado pela camisa azul do clube. Simples e significativo. O Corinthians optou por excluir as estrelas do símbolo e valorizar o escudo. O título na história sempre existirá. Não depende de uma estrela.
Mural no estacionamento da Arena Corinthians retrata a evolução dos distintivos do clube (divulgação).

 
A marca, quer seja no futebol ou fora dele precisa se comunicar com seu torcedor, que é consumidor. Já dizia Chacrinha: “quem não se comunica, se trumbica”!
Em tempo: completo, com este texto, 6 meses como colunista na Universidade do Futebol. Quero agradecê-los por seguirem este espaço, ao refletir naquilo que pode ser feito pela gestão do futebol nacional gerador de renda e emprego, dentro e fora de campo.

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Quando a política afeta o futebol

Em eleição realizada no último sábado (03), Andrés Navarro Sanchez, 54, voltou à presidência do Corinthians. Vai ocupar no próximo triênio o cargo em que já havia estado entre 2007 e 2011, período que sedimentou uma das fases mais prolíficas do clube em campo, mas também aumentou vertiginosamente o endividamento e inseriu a agremiação no noticiário policial (ou nas denúncias que levaram políticos ao banco dos réus). Não foi o retorno do estilo dele, contudo, a grande notícia do dia no Parque São Jorge. O processo que determinou o rumo administrativo da equipe alvinegra num futuro próximo foi marcado por protestos, violência, cenas constrangedoras e sobretudo pela falta de representatividade. Num universo de mais de 30 milhões de torcedores, pouco mais de 3 mil participaram do pleito (o vencedor contabilizou 1.235 sufrágios).
Durante o dia de eleição, uma equipe de reportagem do canal fechado “ESPN Brasil” foi vítima de agressões (um chute e uma mordida, pelo menos). Outros profissionais foram ameaçados de diferentes formas, e até o próprio Sanchez teve de lidar com o clima hostil. Após ter sido eleito, o presidente foi atacado com um copo de cerveja e teve de passar pelo menos 20 minutos escondido em um banheiro feminino.
Há uma série de análises a serem feitas sobre o que motivou protestos e o que fomentou o ambiente conturbado no Parque São Jorge. A motivação, porém, não interfere no sentimento decorrente da eleição: existe um descolamento entre os torcedores alvinegros e a política alvinegra. Não é um caso isolado – basta lembrar o que aconteceu recentemente com o Vasco –, mas emblemático.
Num processo de comunicação, poucas coisas são mais complicadas do que exilar o consumidor. O que acontece em clubes brasileiros é um retrato de erros empilhados e tem como consequência o estabelecimento de um hiato. Essa distância entre entidade e público impede que as organizações conheçam efetivamente as pessoas que gostam de sua marca e o quanto é possível lucrar com esse vínculo.
O cenário constituído no futebol brasileiro faz com que seja uma falácia a ideia de que os grandes clubes têm milhões de torcedores. De que adianta contar com um contingente tão grande se a marca não conversa com esse público e não sabe aproveitar o potencial que ele tem?
Um contraexemplo no início de 2018 tem sido dado pelo Cruzeiro. Entre os times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, o time mineiro detém até aqui um dos desempenhos mais expressivos da temporada. No entanto, não é por isso que tem sido um dos líderes de público. No domingo (04), a torcida azul levou quase 50 mil pessoas ao Mineirão em vitória por 1 a 0 sobre o América-MG. Não pesou contra os adeptos o fato de ser início de ano ou de ser um clássico válido pelo Estadual (no atual contexto, um certame com menos relevância).
O Cruzeiro é um exemplo porque a atração real tem de ser o clube, e não a competição ou o contexto. O torcedor tem de ser impelido a ir ao estádio apenas para ver sua equipe em ação, mas esse é um processo que depende de o time conhecer seu público e saber como se comunicar com ele.
Nesta segunda-feira (05), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fará reunião com os clubes para discutir o regulamento do Campeonato Brasileiro. Haverá debates sobre a venda de mando de campo e o uso de gramado sintético, por exemplo.
O caso da venda de mando é uma distorção que reflete bem o conceito deste texto. No ano passado, o Madureira sofreu para conseguir classificação para a Copa do Brasil e celebrou a possibilidade de disputar um dos principais torneios do país. O time carioca enfrentou o São Paulo na primeira fase, mas não permitiu que seus torcedores conferissem isso de perto. Mais: após passar meses contando como era importante a classificação para a Copa do Brasil, impediu que seus adeptos desfrutassem ou pudessem ter certeza de tudo que foi comunicado. Em vez disso, a diretoria vendeu o jogo para Londrina, enfrentou os paulistas em campo neutro e viu seu time ser eliminado.
O dinheiro advindo da venda de mando foi relevante para a própria manutenção do Madureira. Se não tivesse feito isso, talvez a diretoria tivesse jogado em um estádio vazio e sofresse para fechar as contas da temporada. É um dilema causado pela má gestão de diferentes elementos (o calendário, os Estaduais e a própria marca dos clubes).
O fato é que os clubes brasileiros podem ter evoluído em muitos aspectos, mas ainda não se esforça para saber mais sobre quem consome o esporte e os motivos de quem deixa de consumir a despeito de ter vontade.
O potencial do futebol brasileiro não está subdimensionado; está alijado do processo, longe do conhecimento do público. Os clubes poderiam estar muito preocupados com esse desperdício de informações – sobretudo numa época em que esse conhecimento sobre o público, com comunicação e anúncios direcionados, é tão comum. O que acontece, contudo, é uma preocupação com o jogo político (interno ou externo).
Abel Braga, técnico do Fluminense, fez uma pergunta retórica no último domingo que diz tudo sobre o atual momento do futebol brasileiro. Consternado por ter de jogar longe do Rio de Janeiro e por ter sido eliminado da Taça Guanabara, equivalente ao primeiro turno do Estadual do Rio de Janeiro, o comandante questionou: “Qual é a nossa identidade?”.
A verdade, Abel, é que os clubes brasileiros ainda se preocupam pouco com isso.

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Futebol: a unificação da mentalidade não deixa o resultado ao acaso (Parte II)

Tradicionalmente, as pessoas no futebol querem uma coisa: vencer. Mas pensando em todo o processo de formação, o que significa “vencer”?
Vencer o jogo, principalmente fazendo-o como se pretende, é somente uma parte da grande vitória. Em um cenário ideal, todo o esforço investido retorna imediatamente com as vitórias em jogos, conquistas de campeonatos, promoção da base ao profissional, etc. Mas não é só isso!
O clube precisa ter uma estrutura de desempenho voltada ao que se deseja fazer, isto é, a maneira como se trabalha, com alinhamento cuidadoso de ideias, unidade de propósito, clareza de objetivo. Princípios, valores, normas e conduta; tudo se unindo!
Em essência, a ideia é bem simples: durante a temporada, de tempos em tempos, por que não verificar se o que está sendo feito está na direção certa, independente do resultado do último jogo? Se existem maneiras de aprimorar a forma como se está trabalhando para obter resultados melhores e quais seriam as dificuldades para isso?
Este procedimento permite ao clube ter um feedback quase que imediato do comportamento do indivíduo (jogador ou treinador) e do trabalho realizado. Porém, para que isso ocorra de forma eficiente, as pessoas precisam ter uma alta capacidade de comunicação e compartilhamento de informações, sem deixar os instintos e a paixão de lado, mas agindo predominantemente de forma decisiva com base nos princípios que dão a identidade ao clube.
Neste sentido, o clube precisa deixar bem claro quais são os seus valores e a sua identidade para poder avaliar de forma correta o perfil mais adequado daqueles que poderiam fazer parte do quadro de funcionários. No caso do perfil dos jogadores, certamente estes precisam ter qualidades que possam ser potencializadas dentro do modelo de jogo que o clube preconiza. Mas, e quanto aos treinadores? Qual deve ser a conduta destes profissionais? Será que a forma de comunicação utilizada é relevante? Sim! O clube precisa assegurar que o modelo permanecerá centrado no desenvolvimento do jogador, melhorando suas capacidades, maximizando o prazer pelo jogo e incentivando a participação ao longo dos treinos.
No entanto não vivemos em um mundo perfeito, por isso prefiro culpar o processo ao invés da pessoa. E quando o processo é ruim, o tempo da sua vida é desperdiçado em um trabalho que não cria valor algum. Sendo assim, observar, avaliar, decidir e agir sem critérios bem definidos acaba por agregar muito pouco à um processo que deveria ser de renovação de ideias, desenvolvimento e promoção.
Em geral, o que se percebe em contextos assim é uma total falta de lógica com objetivos absurdos ou impossíveis, expectativas exageradas quanto aos resultados, uma sobrecarga de trabalho com coisas que não produzem nada e um desperdício emocional enorme. Este último costumamos presenciar na beira dos gramados com atitudes ineficientes, destrutivas, desumanizadoras e nocivas. Tal comportamento é gerado por pessoas que gostam de “sacudir” os jogadores e deixá-los apreensivos, justificando que isso os faz treinar ou jogar melhor.
No fundo, estes profissionais só querem fazer algo significativo. A maior parte só não sabe como. Mais um motivo para que o clube seja o responsável pelo norteamento das ações e com isso consiga gerir e valorizar devidamente seus talentos.

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Entre o Direito e a torcida

Bom dia e bem-vindos a um novo mês aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. Como é fevereiro, mês de carnaval, vamos conversar sobre um assunto de todos aqui: o futebol como paixão. Ou seja, vamos falar do direito para quem vai ao estádio.
Vamos lá?
Em fevereiro vamos conversar sobre o que a gente acha entre o Direito e a Torcida. E para facilitar um pouco a leitura, teremos quatro dias de conversa aqui. Hoje vamos ver uma introdução sobre o que vai ter na coluna nesse mês. Semana que vem teremos o primeiro tema, os torcedores “comuns”. Já na semana pós carnaval a gente vai conversar sobre as torcidas organizadas nos estádios. E, então, vamos fechar o mês com o sócio torcedor. Assim, a gente sai do começo do nosso futebol até os dias de hoje entre o Direito e a Torcida. Bora?
Sabe aquele torcedor que ainda não é sócio torcedor, mas ainda gosta de ir em uma partida aqui e outra ali? Então, é sobre eles que vamos falar na segunda coluna do mês de fevereiro. Os torcedores “comuns” são aqueles que um dia já foram maioria nos estádios. E que com o tempo foram “perdendo espaço” para a “fidelização do torcedor” – por aqui conhecidos como programas de sócio torcedor. Em algumas arenas até são uma espécie em extinção. Só que mesmo assim ainda tem a sua importância, e o Estatuto do Torcedor ainda fala bastante sobre esse público dos estádios.
E aquela parte da torcida que tem aquele monte de regras especiais para entrar, assistir ao jogo, e deixar o estádio? Sim, a gente também vai conversar um pouco sobre as torcidas organizadas na semana logo depois do carnaval. A torcida organizada faz parte da nossa cultura e do nosso jogo, e por isso é importante a gente entender quais são as regras que afetam esses torcedores dentro dos estádios. E é justamente sobre isso que vamos conversar.
Já na última coluna desse mês de fevereiro, vamos conversar sobre um tema que vira e mexe aparece na mídia. O sócio torcedor e os programas de fidelização do torcedor que os clubes de futebol fazem aqui no Brasil. Ou seja, aqueles programas que funcionam tipo aquele cartãozinho cheio de carimbo daquela lanchonete que você vai durante a semana, sabe? Esse tema faz brilhar o olho de quase todos os clubes e é por isso que é importante entender um pouco mais sobre como isso tudo funciona.
Como dá para ver, até torcer para o seu time passa entre o Direito e o Esporte. E é por isso que o foco desse mês é na torcida do futebol! Bom, por essa semana é isso. A gente se vê semana que vem para conversar um pouco mais sobre o que a gente acha entre o Direito e a Torcida logo antes do carnaval. Feito?
Convido vocês para continuarem aqui comigo. E qualquer dúvida, ideia, ou desabafo é só me chamar por aqui ou pelo meu LinkedIn. Um bom final de semana a todos, e até a próxima!

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O contexto e a cultura explicam muito

A pedagogia da rua formou os maiores craques do futebol brasileiro. Há cinquenta anos, por exemplo, havia mais espaços para a prática esportiva e menos opções de entretenimento para crianças e adolescentes. A principal atividade então era o futebol de rua. E nele, se jogava ‘dois contra dois’, ‘quatro contra quatro’, com ou sem goleiro, se jogava na chuva, ora descalço ora com calçado, mais velho contra mais novo, enfim, criavam-se regras que tinham ambientes de jogo propícios para o desenvolvimento de inúmeras habilidades técnicas, físicas e motoras.
Não só o futebol, mas atividades ao ar livre geravam instintivamente uma relação que é fundamental para qualquer prática esportiva: a relação “eu-corpo”. Para ficar mais claro, trago que no futebol as principais relações são: eu-corpo, eu-bola, eu-companheiro, eu-adversário e eu-alvo (gol). Já saíamos ganhando porque aqui no Brasil essa relação inicial do jogador com o seu próprio instrumento de trabalho era favorecido com brincadeiras lúdicas como pega-pega, polícia-ladrão, subir em árvores, etc.
E dentro desse mesmo contexto, nossos jogadores eram (e ainda são) formados muito na relação eu-bola e pouco na relação eu-companheiro. Por exemplo, em nossas peladas valorizamos quem dribla todo mundo. E sem a bola valorizamos quem faz o desarme. Pouco valorizamos quem faz bons passes. Por tudo isso, é muito fácil para um jogador entender quando o seu treinador pede para ele fazer uma marcação individual.
O contra ponto disso: e quando apelamos para a marcação mais utilizada hoje no mundo que é a por zona, como fazemos? Sofremos, porque nossa cultura nunca privilegiou a relação eu-companheiro. Quando temos que defender em linha, por exemplo, a maior parte da referência de ocupação de espaço é o jogador que está ao lado.
Porém minha preocupação nem é tanto com a defesa. E sim com o ataque. É mais difícil construir do que destruir. Estamos começando a ter bons sistemas defensivos no futebol brasileiro. Mas e o ataque? E quando temos que utilizar recursos, comportamentos e ideias que não seja dar a bola para o melhor do time que ele resolve sozinho no talento?! Aí não temos a relação eu-companheiro para atacar. Perceba que os sub-princípios de ataque mais utilizados pelos grandes clubes europeus são coletivos. É claro que pode e deve ter drible. Mas estou falando de ultrapassagem, troca de posição, mobilidade, etc. Tudo coletivo. Neste início de 2018, como em anos anteriores, dá tristeza acompanhar nossos times pelos estaduais em organização ofensiva.
Quebrar paradigmas e culturas faz parte de toda a evolução. Principalmente no esporte. Podemos ficar lamentando que no Brasil não há mais craques como antigamente ou criar mecanismos para suprir a falta de jogadores que dominem tanto as valências individuais como há algumas décadas e trabalharmos para coletivamente nos equipararmos com a elite do futebol mundial.