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Administrando erros…

Quantas vezes você assistiu a um jogo onde os jogadores só trocavam passes para o lado sem objetividade? Ou a única forma de progressão dos zagueiros era o famoso “chutão” em direção ao campo adversário? Ou então, atacantes que quase nunca arriscam um drible, uma jogada individual? Qual o seu sentimento quando vê equipes/jogadores muito conservadores?

Acredito que todos (pelo menos eu!) apreciem ver equipes/jogadores que buscam fazer o diferente, que prezam por um jogo onde prevaleça a criatividade, a ousadia, que se arriscam. Imaginem: o que seria do mundo hoje se grandes navegadores não tivessem se aventurado no mar? Ou se Alberto Santos Dumont não tivesse desafiado as leis da física pela sua ânsia de voar?

Se é notório que grandes invenções e descobertas da humanidade partiram da ousadia de alguns homens e que a grande maioria dos amantes do futebol apreciam jogadas que primam pela criatividade, coragem, ousadia de seus executores, por que, então, tais atitudes, não são a via de regra do jogo? E sabe o que estes inventores, exploradores e “artistas da bola” tem em comum? O erro! Todos erraram bastante até conseguir alcançar o que almejavam. Não são poucos os relatos de pessoas notáveis que atrelavam suas conquistas aos erros cometidos anteriormente. Michael Jordan disse: “Eu errei mais de 9.000 arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 oportunidades, confiaram em mim para fazer o arremesso da vitória e eu errei. Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E é por isso que tenho sucesso”. (Nike Culture: The Sign of the Swoosh – 1998).

Sendo assim, por que, em nossos treinos, somos tão incompreensivos e intolerantes com o erro de nossos atletas? E notem, é claro que não devemos ser condescendentes, isso é bem diferente, a busca pela perfeição deve ser diária, mas entender que existem muitos percalços neste caminho, é primordial.

Administrar os erros, entendê-los e transformá-los em acertos, é também tarefa do treinador. Psicólogos atestam que cobranças em excesso, desproporcionais e, principalmente, que não geram reflexão sobre o erro, contribuem para a formação de atletas que dificilmente irão se arriscar, tentar algo novo, que serão diferentes! Termo tão usado para designar aqueles atletas que saem do trivial e que tantos treinadores afirmam desejar ter em suas equipes.

É claro que nem todo erro é bom, que nem todo erro é necessário e é possível criar ambientes de aprendizagem onde este erro seja controlado e direcionado a uma reflexão. Por exemplo, vejamos a seguinte atividade:

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Uma atividade simples, porém, um erro pode gerar grandes prejuízos:

  • O adversário estará sempre próximo a baliza que você está defendendo.
  • Perder a bola ou errar um passe quase sempre irá gerar uma situação de inferioridade numérica.
  • Qualquer perda de bola pode acarretar em um gol adverso.
  • Além da “dura” vinda do treinador e dos companheiros em função do erro.

Porém, ao mesmo tempo, um drible ou passe vertical, pode criar uma situação extremamente favorável de superioridade numérica e desencadear num gol pró. A condução de uma atividade como essa, carregada de cobranças por erros, ou de abordagens do tipo “não se arrisca perto do gol”, “só bola de segurança”, “aí não se brinca” etc, resultam em atletas que terão, na maioria das vezes, como primeira opção o “passe para o lado, de segurança”, que não irão se arriscar para buscar o gol adversário. Agora, se forem realizadas abordagens que encorajem os atletas a buscar superar esse risco, buscar soluções para chegar ao gol adversário, que sejam responsáveis com seus atos, aliadas à manipulação de algumas regras, podem induzir nossos atletas a tomar atitudes audazes, criativas, diferentes!

Imagine a mesma atividade, com o acréscimo das seguintes regras:

  • A cada drible vertical (sentido do gol adversário) a equipe soma 1 ponto.
  • Gols = 2 pontos. Se anotados com a perna não dominante somam mais 2 pontos.

Isso aliado aos estímulos do treinador, iria encorajar a todos a se arriscarem mais, para em determinadas situações, optarem pelo drible, tentar uma finalização com sua perna não dominante, serem mais criativos, ousados, diferentes! Isso não irá eximir da responsabilidade e cobranças em caso de erro destas tentativas, porém, o encorajamento para tais atitudes seria muito maior e viria de companheiros e treinador, já que todos estão cientes dos riscos, porém o ambiente que se cria, é de que os benefícios são igualmente grandes e vantajosos.

O Prof. Dr. e livre docente em psicologia pela USP, Lino Macedo, afirma que “o erro significa que eu poderia ter feito melhor, que não antecipei uma surpresa. O erro é criativo também, a gente aprende com ele, por isso, o professor deve guiar o aluno para jogar no nível correto de sua experiência”. Ofertando a possibilidade de adquirir mais experiência no âmbito do erro e acerto, e das vantagens em se arriscar nos momentos propícios, formaremos jogadores mais capazes, conscientes e corajosos para lidar com os riscos do jogo.

Em um dos trechos do livro “Os números do jogo: Por que tudo o que você sabe sobre futebol está errado”, os autores David Sally e Chris Anderson, nos dizem que:

Os gols são raros no mundo inteiro. São raros nas partidas. Basta pensar que, em média, um time do campeonato inglês marca um ou nenhum gol em 63% de seus jogos, e em 30% deles não marca nenhum. Os gols são raros para os jogadores. Em três temporadas da Premier League entre 2008 e 2011, 861 jogadores entraram em campo – ao todo, foram 30.937 participações individuais. A vasta maioria dessas participações – 28.326, ou 91,6% – terminaram sem que o jogadores tivesse feito um gol; 45% dos jogadores não marcaram um gol sequer nessas três temporadas; e 17.322 participações individuais – 56% – terminaram sem que o jogadores finalizassem uma vez sequer ao gol; em um pouco mais de 80% das vezes, o jogadore finalizou uma ou nenhuma vez.”

A média histórica de gols do Campeonato Brasileiro Unificado (dados futpedia.globo.com) desde a 1º Taça Brasil em 1959 até o Campeonato Brasileiro em andamento de 2016, é de 2,49 gols por jogo. Dada a notória capacidade de produzir excepcionais atacantes que nosso futebol possui, não é uma média tão alta, e sabendo que alcançar a vitória é cumprir a lógica do jogo (marcar mais gols que o adversário), por que não nos arriscar mais nisso?

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Futebol é "coisa de menina": possibilidades para a educação física escolar

Nos nossos textos anteriores apresentamos algumas das dificuldades vivenciadas pelas mulheres em relação ao futebol tanto no esporte de alto rendimento quanto nas possibilidades relacionadas às práticas de lazer. Nessas discussões, consideramos os elementos culturais presentes em nossa sociedade e a historicidade destas práticas para compor o panorama do futebol feminino atual.

Baseadas na importância desses aspectos para a ampliação da participação das mulheres na modalidade, em nossa última coluna iremos envolver os espaços escolares como uma possibilidade de garantir estas transformações sociais.

Ao pensarmos no contexto escolar, podemos considerar ingenuamente que a prática do futebol é feita prioritariamente pelos meninos por uma questão de preferência – os meninos escolhem o futebol e as meninas outras atividades, como a corda ou o vôlei. Entretanto, uma análise um pouco mais profunda nos permite entender que não se trata de um gosto pessoal, mas sim de um quadro que tem contribuição cultural e histórica, e que a escola insiste em perpetuar, ao invés de tentar modificá-lo.

A educação física na escola deveria ter como função apresentar e discutir práticas corporais como a dança, a ginástica, a luta, o jogo e o esporte, levando em conta diversos aspectos associados à estas práticas. Assim, o futebol não deve ser apenas “jogado” na escola, sem uma mediação pedagógica, mas, sim, estudado em seu contexto social e a partir das diferenças de gênero estabelecidas entre seus praticantes.

O papel dos professores de educação física e dos demais educadores presentes no espaço escolar não deve ser só a promoção do futebol para as meninas, sugerindo uma falsa igualdade. A questão é que enquanto os meninos têm diversas oportunidades de praticar este esporte tanto na escola quanto em seus momentos de lazer, as meninas precisam de estímulos para que o futebol ganhe novos contornos e significados, dentro e fora do espaço escolar. Assim, é preciso dar um trato pedagógico às manifestações culturais relacionadas ao futebol, construindo novos saberes.

Este trato pedagógico é capaz de alterar essa relação “naturalizada” das meninas com o futebol, como evidenciado em uma pesquisa realizada em um colégio que oferecia aulas extracurriculares de futsal aos meninos e as meninas. Esta oferta originou um novo gosto em relação ao esporte, que foi considerado por mais de 70% delas como o esporte preferido de praticar, tanto na escola quanto em espaços destinados ao lazer.

Além disso, outros tempos escolares, como a entrada e o recreio, também poderiam ser aproveitados para diminuir as diferenças de gênero. Vemos que nesses espaços as atividades esportivas “espontâneas” são dominadas pelos meninos. Embora o professor de educação física possa “controlar” o uso da quadra em suas aulas, deixar que essas atividades aconteçam “naturalmente” serve apenas para perpetuar esse descompasso.

Concluímos nossa série de futebol feminino no Outubro Rosa da Universidade do Futebol apresentando o grande potencial da escola em transformar o panorama existente em relação ao futebol feminino no Brasil. É lá que nascem as possibilidades das meninas construírem novas relações de pertencimento e novos conhecimentos com relação à modalidade, seja na torcida, na análise, nas práticas de lazer ou profissionalmente.

Há uma tênue relação entre todos os aspectos que foram tratados nas colunas, seja no âmbito da seleção nacional, no âmbito das equipes de futebol feminino que insistem em se fazer existir no país, no bojo dos times que surgem a todo o momento nas praças e campinhos, seja nas escolas.

Em todos estes locais, basta um simples incentivo para que poucas interessadas se tornem uma grande equipe; basta um simples direcionamento para que pequenas ideias se tornem grandes projetos; basta um simples apoio para que pequenas crianças se tornem grandes atletas. O desejo das colunistas é que este nosso singelo incentivo às discussões sobre o futebol feminino, iniciadas no especial “Outubro Rosa”, sejam, quem sabe, um pequeno passo para grandes transformações no cenário do futebol feminino nacional.

** Esta coluna é dedicada às nossas alunas, que transformam escolas em espaços cotidianos de resistência.

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Se o futebol é ciência?

Quando falamos de futebol, invariavelmente estamos, mesmo inconsciente, entrando em áreas estritamente técnicas. Considero, as dimensões predominantes no futebol (técnica, tática, físico e psicológica) áreas da Ciência. Áreas que requerem, ao meu ver, algum tipo de estudo (mesmo que seja raso). Se o futebol é ciência? Não sei, penso que até pode não ser. Como diria Garganta: “O futebol é demasiado arte para ser Ciência e demasiado Ciência para ser só arte”. Essa ambiguidade de valores forma o sentido fantástico do futebol. O aleatório. Aquilo que até podemos prever, porém, não podemos dizer quando irá acontecer. Por isso, digo que o futebol não é imprevisível e sim aleatório. E, necessitamos pensar assim, a fim de construir algo. Lembrando que a forma de jogar é construída, arquitetado em ideias para o individual e coletivo.

O jogo coletivo é considerado por diversos autores, de preponderância tática que consubstanciam a necessidade de resolução das situações de jogo, isto é, problemas táticos continuamente de variáveis que derivam do grande número de adversários e companheiros com objetivos opostos através do fator técnico coordenativo.

Isto significa que a resolução de qualquer situação de jogo consubstancia-se numa dupla dependência:

– da capacidade técnico-coordenativa do jogador: “se uma situação de jogo determinar uma mudança do ângulo de ataque que o jogador não pode realizar, é necessário que este escolha uma outra solução que não será na lógica das opções táticas mais eficazes, mas que exprimirá as possibilidades de resposta desse jogador nesse momento” (Grehaigne, 1992);

– da opção tático-estratégica tomada pelo jogador: “na qual procura surpreender os adversários executando uma resposta imprevisível dentro das opções lógicas da situação por forma que resulte na ruptura da organização da equipa adversaria” (Grehaigne, 1992).

A tática não significa somente uma organização em função do espaço de jogo e das funções específicas dos jogadores, esta pressupõe, em última análise, a existência de uma concepção única para o desenvolvimento do jogo ou, por outras palavras, o tema geral sobre o qual os jogadores concordam e que lhes permite estabelecer uma “linguagem comum”. Neste sentido, a tática impõe diferentes atitudes e comportamentos estruturados num conjunto de combinações, cujos mecanismos assumem um caráter de uma disposição universalmente válida, edificada sobre as particularidades do envolvimento (meio). Logo, “a inteligência do jogo deverá permitir um pensamento lógico, flexível, original e crítico garantindo a execução ótima das habilidades táticas e permitindo modificações autônomas da ação segundo as circunstâncias” (Garganta).

Na construção do hábito tático, o desenvolvimento das possibilidades de escolha do jogador depende do conhecimento que ele tem do jogo. A forma de atuação de um jogador está fortemente condicionada pelos seus ”modelos de jogo”, ou seja, pelo modo como ele concebe e percebe o jogo. São esses modelos que orientam as respectivas decisões, condicionando a organização da percepção, a compreensão das informações e a resposta motora.

O jogador não se move, nem age isolado, mas antes atua em contexto, em coletivo, em equipe. Estas ações coletivas representam a soma de todas as ações individuais que a compõem.

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A cultura da pressão

Pode ser um gol irregular, uma expulsão injusta, um cartão exagerado ou até uma falta discutível no meio do campo: no Brasil, não há decisão da arbitragem que não preceda um bolinho de jogadores exaltados, gritos de diferentes naturezas e reclamações efusivas de um (ou dos dois) treinadores. Sim, o nível dos juízes no futebol brasileiro é baixo e carece de uma discussão mais ampla. Contudo, também precisa ser repensada a cultura de pressão que se naturalizou em âmbito nacional. Admitir isso como um aspecto indissociável do jogo é realmente o melhor caminho?

Há uma série de fatores a serem abordados em uma discussão sobre o nível dos árbitros e auxiliares no futebol brasileiro. Há uma série de medidas a serem tomadas para reduzir a margem de erro e aumentar a fluência dos jogos. O uso da tecnologia é uma saída, por exemplo; uma preparação mais eficaz para os profissionais do segmento é outra.

A questão aqui, entretanto, não é apenas o nível da arbitragem ou a quantidade de erros no Campeonato Brasileiro. É necessário discutir a cultura da pressão: o tipo de abordagem que temos com árbitros e auxiliares é mais do que uma simples manifestação de discordância. Existe um processo de formação de vilões que é ótimo para construir narrativas com menos conteúdo – culpar o árbitro é fácil para quem precisa explicar um resultado e não sabe como. Há também uma estratégia de criação de ambientes hostis – aposta alicerçada na lógica de que esses fatores podem influenciar sobremaneira as decisões.

Quando o Fluminense anotou um gol em flagrante impedimento num clássico contra o Flamengo, por exemplo, jogadores das duas equipes cercaram árbitro e auxiliar. Pressionaram e vociferaram, contribuindo para uma dúvida que já havia se instalado entre juiz e assistente. Foram 13 minutos até que o lance fosse impugnado, com suspeita de que houve influência externa – o que é proibido por lei.

No dia seguinte, presidentes dos dois times cariocas concederam entrevistas coletivas para falar sobre o lance. E o presidente do Palmeiras, que disputa com o Flamengo o título nacional, também convocou a imprensa para condenar o que identificou como ajuda externa. Os três (vexatórios) discursos dos dirigentes foram cheios de frases de efeito, repletos de juízos de valor e pululados por denúncias vazias.

A estratégia do Palmeiras prosseguiu na partida posterior, contra o Figueirense. Desde o apito inicial, todas as decisões de árbitro e auxiliares motivaram ostensiva pressão dos jogadores da equipe alviverde, que venceu com um gol marcado em pênalti inexistente.

Substitua essa sequência de fatos por qualquer outra história no futebol brasileiro ou tente pensar no inverso: quantos dirigentes são cobrados internamente em seus clubes por não serem incisivos em reclamações ou por não exercerem pressão adequada sobre árbitros?

Agora tente comparar com o que acontece no exterior. No último fim de semana, o Barcelona foi extremamente favorecido em vitória sobre o Valencia. Depois da partida, jogadores e comissão técnica da equipe derrotada até falaram sobre isso, mas adotaram um tom totalmente diferente e não permitiram que isso afetasse o diagnóstico que fizeram sobre o duelo. É um exemplo pontual, mas é um exemplo que diz muito sobre a diferença de cultura.

O que essa comparação diz é que o futebol brasileiro admitiu passivamente a existência de um processo de “vilanização” de árbitros e auxiliares. É fácil escolher uma muleta assim, sem qualquer necessidade de explicação mais densa. O difícil é entender como a tolerância zero com o trabalho de uma categoria e a reação violenta aos erros dizem muito sobre nosso comportamento como sociedade.

Difícil entender que culpamos os árbitros como culpamos políticos, sem tentar entender processos ou individualizar condutas. E nos dois casos, essa lógica só serve para manter o status quo e diminuir espaço para discussões que tenham potencial real para alterar as coisas.

Precisamos olhar para o nível da arbitragem como um problema grande, abordado de forma sistêmica e desprovida de pré-conceitos. Precisamos pensar em medidas que podem contribuir para que o jogo evolua como um produto.

Entretanto, também precisamos pensar no que queremos para a comunicação do futebol brasileiro. Em ligas mais organizadas pelo planeta (não apenas no futebol) há uma combinação de fóruns adequados para reclamação e conscientização da comunidade. Existe um trabalho institucional para evitar que o nível técnico ou o que acontece dentro das quatro linhas sejam menos relevantes do que erros pontuais.

A ordem no Brasil é inversa, com enorme contribuição da mídia (o espaço dado a erros e lances discutíveis sobre arbitragem é simplesmente absurdo). Já passou da hora de os dirigentes nacionais entenderem que vendem o jogo e que precisam falar sobre o jogo. Mas será que isso interessa a alguém?

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Humanamente árbitro

Em um momento em que tanto questionamos a qualidade dos árbitros que atuam no futebol brasileiro, uma questão vem à tona, qual a situação de competência emocional destes humanos que atuam num cenário ingrato de avanço tecnológico acelerado que gera inúmeras situações de dúvidas sobre o trabalho realizado em campo?

Pois é, com esses profissionais o Burnout também pode acontecer, tal e qual com nossos atletas, estes também podem sofrer consequências sérias deste quadro.

Aqui, vale resgatar o que significa este conceito, o Burnout é a saturação emocional de uma pessoa, devido à sobrecarga física e mental. De acordo com Dietmar Samulski, o Burnout é uma resposta psicofisiológica exaustiva, que se manifesta como uma tentativa de conciliar a quantidade de preparação conforme as elevadas exigências de desempenho nas competições de futebol. Para nosso conhecimento, compartilho algumas das características de um profissional em estado de Burnout:

  • Exaustão, tanto física como emocional, manifestada por perda de interesse, energia e confiança;
  • Despersonalização, vista muitas vezes como atitude impessoal e insensível;

Sentimentos de baixa realização pessoal, baixa autoestima, insucesso, fracasso e depressão geralmente são percebidos na baixa produtividade no trabalho ou na diminuição aguda dos níveis de desempenho.

Então me pergunto, temos consciência das exatas condições nas quais os árbitros atuam no futebol? O árbitro é aquele que as federações, confederações ou mesmo as ligas nomeiam em comum acordo para resolver o pleito, o jogo. Pensemos então, num profissional que atua num ambiente totalmente vigiado pelas câmeras de televisão, que de maneira despercebida, contribuem para julgamentos instantâneos quanto ao desempenho desse profissional.

Retornando ao Burnout, tem importância sabermos quais os sintomas mais comuns desta síndrome:

  • Baixa motivação ou energia
  • Problemas de concentração
  • Falta de preocupação
  • Perda do desejo de atuar em alto nível
  • Distúrbios de sono
  • Autoestima diminuída
  • Isolamento emocional
  • Ansiedade aumentada
  • Mudanças de valores e crenças
  • Esgotamento físico e mental

Agora, para concluir meu pensamento, imagine a expectativa em torno de um árbitro à beira de uma síndrome destas? Como ter atuação de qualidade, com os sintomas acima comentados?

Penso então, que as entidades que gerenciam e regulam o futebol, devem considerar a possibilidade de estudos e projetos pilotos para adoção definitiva dos recursos tecnológicos e de imagem nas partidas de futebol. Caso contrário, teremos cada vez mais, julgamentos imprudentes e situações conflitivas quanto aos resultados em algumas partidas de futebol. Lembrando que muitas destas, eventualmente decidem campeonatos e a própria do futebol brasileiro.

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Futebol feminino e práticas de lazer: espaços de resiliência

Nas nossas primeiras colunas apresentamos a estrutura e a organização do futebol feminino no âmbito internacional e nacional, discutindo as dificuldades ainda enfrentadas por suas praticantes. Destacamos como o baixo investimento na modalidade e a organização precária dos campeonatos nacionais não estimulam a profissionalização das atletas no nosso país. Mas, será que as mesmas dificuldades são enfrentadas quando a prática do futebol é realizada nos contextos recreativos e de lazer?

Estudos sobre as atividades físicas praticadas pelas mulheres nos momentos de lazer apontam para uma tendência de realização de atividades individuais e não institucionalizadas. Já os homens têm os esportes coletivos, em especial o futebol, como prática hegemônica. Podemos considerar que há uma questão de gosto pessoal que justifica a menor prevalência das mulheres em relação à prática do futebol? Esta equação, em muitos casos proferida, simplifica a complexa relação existente entre mulheres, futebol e práticas de lazer.

Para explorarmos essa relação, precisamos considerar a dinâmica cultural existente na nossa sociedade. Podemos facilmente listar os diversos preconceitos atribuídos às praticantes de futebol, quase todos ligados a masculinização que envolve esta prática esportiva. Além disso, esta dinâmica cultural em que estamos embebidos atribui as tarefas domésticas quase em sua totalidade às mulheres, o que também diminui seu tempo de lazer e de práticas de atividades físicas. Portanto, temos o futebol como um espaço de hegemonia masculina em vários sentidos, limitando a inserção das mulheres neste campo. Isso sugere a falta de oferecimento deste esporte enquanto prática de lazer e a menor ocupação dos espaços destinados ao futebol pelas mulheres.

Entretanto, as dinâmicas culturais estabelecidas pelas mulheres apresentam grande resiliência, ou seja, uma capacidade de transformação e de adaptação. Surgem, neste sentido, novos espaços de prática do futebol e de sociabilidades promovidas por ele, que se sobressaem a todos os problemas expostos e enfrentados pelas futebolistas.

Um bom exemplo é o Pelado Real (https://peladoreal.com.br/) grupo de mulheres que se reúne para jogar futebol society nos campos da cidade de São Paulo, promovendo a prática do futebol tanto para iniciantes quanto já praticantes da modalidade, de todas as idades. Em outras cidades do interior, esta iniciativa também vem crescendo e desenvolvendo novas adaptações dos espaços públicos e privados, como é o caso das equipes do Taquaral, Garotas Fênix, Nascanela F. C. e do Quinta Categoria F. C., iniciativas que reúnem diversas mulheres, de distintas faixas etárias, para jogar futebol na cidade de Campinas – SP.

Vemos que a transformação deste espaço que já foi outrora majoritariamente masculino contou com um aliado importante: as mídias não tradicionais. Enquanto reportagens de mídias tradicionais não abandonam o “cor de rosa” e os tons de feminilidade para abordar o assunto, novos meios de comunicação se preocupam com a técnica, a tática e, principalmente, com a visibilidade e divulgação da modalidade a diversas pessoas. As páginas Dibradoras (http://dibradoras.com.br/) e Planeta Futebol Feminino (http://planetafutebolfeminino.com.br/) são bons exemplos de canais criados para discussões sobre o futebol feminino no Brasil e no mundo, que promovem perspectivas que empoderam as mulheres não profissionais amantes e praticantes desta modalidade.

Aos poucos, esses novos espaços de discussão e de prática ultrapassam as dificuldades encontradas e ampliam o espaço da mulher no futebol. Mas será essa a única maneira de conquistarmos maiores espaços na modalidade? Na nossa próxima coluna discutiremos o papel da escola na desconstrução das desigualdades de gênero que constituem nosso país e na criação de oportunidades de experiências relacionadas ao futebol. Não deixem de acompanhar nossa última coluna do mês de Outubro.

** Esta coluna é dedicada ao Nascanela F. C. e Quinta Categoria F. C., espaços frequentados pelas autoras que também compartilham das dificuldades do estabelecimento de práticas relacionadas ao futebol feminino em espaços de lazer.

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Essência do futebol

Não podemos esquecer que o futebol é um jogo coletivo, independente do momento do jogo. Tem-se, por vezes, a equivocada impressão de delegar a individualidade ao momento ofensivo (quando não se faz gol geralmente se culpa a qualidade técnica) e a coletividade ao momento defensivo (quando sofre muitos gols o responsável é a organização (coletivo)). Contudo, a organização defensiva só conseguirá ser verdadeiramente coletiva se as ações tático-técnicas realizadas por cada um dos onze jogadores forem perspectivadas em função de uma ideia comum, respeitando um referencial coletivo, em que as tarefas individuais dos jogadores se relacionam e regulam entre si. Apenas assim o “todo” (a equipe que defende) conseguirá ser maior que a soma das partes que o constituem (comportamentos tático-técnicos de cada atleta).

Quando falamos em “ideia comum” ou “referencial coletivo” é preciso entender que não está se referindo a automatismos fechados, ou algo já estabelecido de forma estanque, mas a princípios que norteiam a ação coletiva da equipe e por consequência as ações individuais dos atletas nela inseridos. O futebol é um jogo inteligente. E não há inteligência mais complexa que a inteligência coletiva. E isso só se ganha com a tomada de consciência da importância dos princípios do jogo. Em cada momento do jogo, ou na máxima percentagem do jogo, temos 7 ou 8 atletas a pensarem a mesma coisa, em conformidade com esse referencial.

Portanto, faz-se necessário construir e definir princípios que balizem os comportamentos coletivos (princípios de jogo), visto que o jogo pelo seu caráter imprevisível não permite ações planejadas em sua plenitude. Pois o jogo vai sendo construído (construção de si mesmo) conforme as respostas que seus jogadores (tanto da equipe como do adversário) vão oferecendo pontualmente naquelas situações. Respostas essas que surgem da interação dos mesmos com sua equipe, com o adversário, com a posição da bola e de um número muito alto de outras variáveis que estão nele inseridos.

Falar nem sempre, ou quase nunca, diz alguma coisa. A simples informação não altera comportamentos e estes demoram muito tempo para serem alterados (requer treinos, muitos treinos). Cabe ao treinador direcionar esses comportamentos para a concepção de jogo (ideias) que pretende adotar, através de exercícios com complexidade crescente, sempre atuando na zona próxima de conhecimento do atleta com um objetivo final muito definido.

O objetivo é que a equipe apresente respostas coletivas para a maior quantidade possível de situações que estejam presentes nos quatro momentos do jogo: com a bola, sem a bola e transições defesa-ataque/ataque-defesa. Nessa proposta uma equipe pode ter a bola, mas, por estar com vantagem no placar, não quer dar profundidade ao jogo e quer defender-se com a posse. Suas movimentações são bem diferentes de quando ela precisa marcar gol. Caso algum(ns) jogador(es) não esteja com os princípios daquele momento assimilados, pode(m) apresentar respostas incongruentes com os objetivos momentâneos da equipe, realizando movimentações para regiões em que a pressão do adversário é mais intensa, aumentando os riscos de perder a bola e não colaborando com a meta coletiva estabelecida para aquela pontual situação, a manutenção da posse de bola simplesmente. E que fique bem claro com esse parágrafo que “estar defendendo” ou “estar atacando” independente de ter ou não a bola, pelo caráter indivisível que o jogo apresenta ao contemplar os quatro momentos anteriormente citados que se manifestam intimamente relacionados.

Os princípios de jogo estão ligados aos hábitos da equipe, que são resultado da interação dos hábitos individuais dos jogadores. Portanto, aí deve estar focada a intervenção do processo de treino. Frade relata que o hábito é um saber-fazer que se adquire na ação, portanto, vivenciar os devidos princípios de uma forma hierarquizada e sistematizada é fundamental para que o objetivo final, ou seja, a implantação da concepção de jogo idealizado pelo treinador baseado no contexto em que se encontra, materialize-se em campo de forma condizente com a proposta inicial.

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Futebol acima da média

Nesta edição do Campeonato Brasileiro, podemos observar como algumas equipes estão conseguindo manter um desempenho em campo de altíssimo nível, em termos de rendimento. São equipes que estão mantendo rendimentos constantes e brigando de maneira permanente pelas primeiras posições na tabela de classificação.

Existem diversos fatores que podem contribuir para esse padrão de rendimento destas equipes, tais como elenco de qualidade, comissão técnica confiante e com ótimo trabalho à beira do campo, boas condições de trabalho externo e por aí segue.

Mas tem um ponto que acredito ser muito importante para que essas equipes possam conseguir atingir tal nível de desempenho, a capacidade emocional que favorece ao alto rendimento, mais conhecida como competência emocional.

Em seu livro, Competência Emocional, Suzy Fleury cita conceitos importantes sobre este tema. Ela comenta que a competência emocional é a capacidade que o ser humano tem em regular os próprios estados emocionais, abrangendo pontos como a capacidade de controlar seus impulsos mais comuns como ansiedade, raiva e medo.

Considerando que o desempenho individual e em grupo no futebol, tem uma relação direta com a competência emocional, podemos compreender que quando um atleta consegue atingir seu estado de excelência emocional, ele entra em campo disposto a enfrentar de maneira adequada os desafios mais extremos em sua atividade profissional.

Cabe lembrar que um atleta competente emocionalmente, demonstra elevada confiança e esta é um ingrediente especial para guiar a busca pela excelência. A confiança aumenta ou diminui dependendo da qualidade de seu preparo, da sua concentração e do quanto o atleta acredita na sua capacidade. Na prática, sua confiança se manterá elevada quando seu foco estiver centrado em confiar ou acreditar:

  • Em seu próprio potencial;
  • Em sua capacidade de superar obstáculos e alcançar seus objetivos;
  • Em seu treinamento ou preparo mental;
  • Em sua concentração;
  • Em suas escolhas;
  • No significado de sua missão;
  • Naqueles com quem você trabalha.

Então, amigo leitor, seriam essas equipes que lideram o Campeonato Brasileiro, dotadas de uma maior competência emocional e maior confiança, sendo por isso a apresentada elevada capacidade de se manterem na ponta por tanto tempo? Fica a reflexão!

Até a próxima!

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Do you speak English? (Você fala Inglês?)

Não, leitor, a intenção não é avaliar seus conhecimentos em língua inglesa. Mas a partir do polêmico e acalorado debate que recentemente ocorreu no programa “Bem amigos”, da SPORTV, entre Vanderlei Luxemburgo e os demais participantes do programa, quero trazer alguns questionamentos e gerar reflexão.

A dinâmica do programa em questão gira em torno da presença de um convidado notoriamente reconhecido em seu meio de atuação que debate com os profissionais da casa. No programa em que Luxemburgo participou como convidado, dentre vários assuntos discutidos relacionados ao futebol e sua carreira como treinador, um lhe causou grande desconforto, a formação do treinador de futebol no Brasil. Assunto este, que não causa desconforto somente em Luxemburgo, mas em todos aqueles que atuam diretamente com o futebol no Brasil.

O tema é polêmico e extremamente delicado, mexe diretamente com o nosso ego, toca naquilo em que sempre consideramos ser os melhores (e indiscutivelmente o fomos durante muitos anos), e que para ser discutido de forma proveitosa, é necessário que saibamos reconhecer algumas verdades:

  • Há alguns anos temos poucos jogadores brasileiros sendo os principais protagonistas em grandes equipes europeias.
  • Tanto a nossa seleção como os clubes brasileiros, não têm obtido bom desempenho em competições internacionais.
  • Na principal competição de clubes sul-americana, 40% (15) eram treinadores argentinos e somente 8% (3) eram brasileiros, sendo que havia 5 equipes argentinas e 5 brasileiras na competição.
  • Na última Copa América, dos 16 participantes, 6 eram treinados por argentinos, 2 por alemães, 2 por colombianos, 1 francês e somente a nossa seleção por um brasileiro.
  • Nas 5 principais ligas europeias (Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha), não há nenhum treinador brasileiro atuando. Na atual temporada, 2 treinadores brasileiros começam a disputa do campeonato Português: PC Gusmão no Marítimo, demitido após 3 meses, com 4 derrotas em 5 jogos e a não equivalência do seu curso realizado na CBF; Fabiano Soares no Estoril (administrado pela empresa Brasileira TRAFFIC) desde 2015 e que realizou sua formação como treinador na UEFA.
  • A preocupação com a formação do treinador de futebol no Brasil é algo que passou a ser mais amplamente discutido a pouco tempo.
Fonte: globoesporte.com
Fonte: globoesporte.com

Durante o programa, foi levantada a questão da dificuldade com a língua, e apontada por Luxemburgo como a principal razão da falta de treinadores brasileiros atuando nas principais ligas estrangeiras e que isso não é culpa dos treinadores. Porém, este argumento foi refutado pelos presentes, alegando que os treinadores brasileiros não têm o domínio de outro idioma por que não se empenham para isso, visto que nos dias de hoje é mais acessível se estudar outro idioma, e que a grande maioria dos treinadores estrangeiros buscam qualificar-se também no domínio de outro idioma, ponto que não é a via de regra da maioria de nossos técnicos.

E, outra questão fundamental levantada no programa, foi a qualificação dos treinadores através de cursos específicos. Neste ponto, a responsabilidade não recai somente sobre os técnicos. Nosso país não possui a cultura de uma formação dos treinadores no futebol (nosso sistema educacional é falho), excluindo-se as escolinhas de futebol, que são fiscalizadas pelos Conselhos Regionais de Educação Física (CREF), o qual exige dos profissionais a carteira de registro no conselho (obtida pela realização da faculdade de Educação Física ou através de provisionamento pela instituição). Ademais, para aqueles que exercem a função de treinadores nos clubes de futebol profissional (seja na base ou no profissional), a CBF, que é o principal órgão regulador do futebol brasileiro, ainda não exige nenhum tipo de formação específica para a função, o que não ocorre nos principais centros de futebol, onde todos os treinadores são obrigados a realizar um curso de formação específica.

Essa brecha histórica abriu precedentes para se criar essa certa acomodação no meio, porém, há alguns anos, o mercado nacional tem sentido (e cada vez mais) a necessidade de melhor qualificação profissional para função, fato que motivou muitos treinadores a buscarem a graduação universitária em diversas áreas (Fernando Diniz, por exemplo, é formado em Psicologia) e ao surgimento de vários cursos de futebol no país, o que aos poucos, vem mudando essa cultura e impulsionando os profissionais a buscar capacitação.

Fonte: virandojogo.com/ Arte: Felipe Diuana
Fonte: virandojogo.com/ Arte: Felipe Diuana

Porém, por estarmos ainda no processo de desenvolvimento desta cultura, existem alguns entraves que dificultam a inserção de nossos treinadores nos grandes centros, os principais ainda são a não obrigatoriedade de formação específica para a função, e o fato do curso oferecido pela CBF não ser ainda reconhecido em outros países. O curso da Associação Argentina de Futebol (AFA), possui uma estrutura e carga horária diferente do da CBF, o que facilita sua aceitação e equivalência em todos os continentes, facilitando a entrada dos treinadores argentinos em outros países. Alguns treinadores brasileiros têm buscado viajar a Europa para realizar estágios nos clubes e até mesmo o curso UEFA, porém o custo para isso é alto, não sendo uma opção muito acessível a todos.

É, também, importante ter o cuidado de compreender que todo esse movimento e processo de formação não é instantâneo e muito menos finito, um curso de formação específica não é a solução de todos os problemas (ainda que seja para grande parte). A grande maioria de nossos treinadores são capazes de assistir a um jogo e fazer uma leitura do que está acontecendo nesta partida e de como se comportam as equipes, precisamos é ir mais adentro disso tudo, entender que motivos levaram a esses comportamentos, como foram operacionalizados nos treinamentos, que estrutura física e de gestão os clubes devem possuir para facilitar isso, de que forma se controlar efetivamente esse desempenho, quais e em que momento alguns estímulos devam ser oferecidos aos jogadores, etc. A formação do treinador e de todos os que trabalham no clube deve ser contínua.

Sim, a estrutura de futebol do nosso país está aquém em vários aspectos em relação a outros países, nossos profissionais (técnicos, gestores, analistas, etc) podem e devem buscar capacitação. Nosso futebol ainda possui muitas virtudes, se faz necessário reconhecer e combater nossas fraquezas. A internet tem facilitado muito o acesso a diversos conteúdos, não são poucos os sites que disponibilizam de forma gratuita todo tipo de material didático sobre futebol. É possível, já neste momento, se capacitar e melhorar o nível de desempenho (não somente o placar) de sua equipe, oferecer melhores treinos, melhores condições de trabalho à comissão, oferecer um futebol melhor, isso é responsabilidade de todos, desde o treinador na iniciação até o presidente da CBF.

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"FLA-FLU" ANULADO?

O Flamengo venceu o Fluminense, está a um ponto do Palmeiras e esquentou a briga pelo título. A vitória rubro-negra veio após polêmica anulação de gol do tricolor carioca. O árbitro teria “voltado atrás” na decisão por ter recebido informações (influência externa).

Se, de fato, tiver havido influência externa, o Fluminense pode pedir a anulação da partida ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), com base no art. 84, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.


O fundamento da demanda seria o fato do árbitro ter tomado a decisão com ajuda eletrônica externa para dar a informação de que o gol deveria teria sido inválido.


Pelas regras do futebol e da International Board, somente o árbitro e seus auxiliares podem participar da decisão.

Assim, ocorrendo algum tipo de interferência externa, há ilegalidade. A aplicação das regras do futebol com base nessa “prova externa”, fere o microssistema [formado por árbitros e auxiliares] e traz irregularidade a ensejar a anulação da partida.

Trata-se de caso a ser analisado com bastante prudência, pois, se essa moda pega, os clubes poderiam criar pequenos postos de TV nos quatro cantos do campo. E, havendo, lances polêmicos a seu favor, eles avisariam os outros árbitros.


A grande dificuldade do sucesso de eventual pedido de anulação por parte do Fluminense está na prova, já que é muito difícil comprovar a influência externa na decisão do árbitro.

De toda forma, por mais difícil que possa ser a ocorrência da anulação da partida, o pedido do Fluminense encontra respaldo nas normativas FIFA e no CBJD.