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Diga não!

O ser humano reina na Terra.

Reina porque a evolução das espécies privilegiou-nos com a capacidade intelectual.

O cérebro é nosso maior signo distintivo perante os demais seres.

É verdade, existem outros atributos que nos tornam únicos e favoreceram nossa adaptação, como a oposição do polegar ante outros dedos da mão, que permitiram a manipulação de instrumentos, em especial de defesa e, posteriormente, de domínio da agricultura e de outros animais.

Na transição evolutiva de milhares de anos entre os primatas e o primeiro ser humano, muito se perdeu e muito se conservou em nosso DNA. Herança genética que também condiciona, até hoje, nossa parte instintiva.

Passados alguns milhares de anos, o homem, de fato, usou essa inteligência para gerar riquezas, melhorar as condições de vida de seus pares, inventar maravilhas tecnológicas.

Também fez uso dela para destruir, matar, subjugar, escravizar, dominar, excluir, aproveitar-se.

Vendo o filme O Planeta dos Macacos – A origem, entendemos que, tanto o primata quanto o homem, dispõem de uma carga genética, inata, bem como o condicionamento ao meio em que vivem.

E que ambos conseguem, à sua medida, dispor de inteligência para aprender e executar ações.

No filme, César, o chimpanzé inteligente, consegue, com treino e estímulo medicinal, realizar tarefas em número recorde de movimentos.

Mas o homem consegue também ensinar, principalmente pelo exemplo.

E o homem também possui a capacidade de dizer não. O livre arbítrio.

Os primatas são condicionados a um aprendizado que lhes é imposto, sem questionamentos.

O homem pode dizer não. Pode indignar-se.

Se continuarmos fazendo as mesmas coisas, atingiremos os mesmos resultados.

Se o futebol brasileiro continuar formando jogadores autômatos, e não questionadores, pensantes, críticos, que desafiem a lógica, embora a respeitem, seguirá como a boiada pro abate.

Declínio técnico, que se refletirá em declínio comercial, e, com isso, o sistema não se sustentará.

Muitos de nossos jogadores sabem realizar tarefas com precisão.

Uns poucos sabem seu papel, o por quê de sua função no meio social, que lhes permita transferir o conhecimento e experiência adquiridos, quando almejarem novos horizontes na carreira – como treinadores, por exemplo, ou diretores de futebol.

É dever dos gestores do futebol criar condições favoráveis para essa evolução.

Dizer não a uma série de coisas equivocadas que são feitas no futebol, e encontrar caminhos diferentes, é o ponto de partida.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Estruturando o espaço de jogo: do anárquico ao elaborado

Estruturar o espaço de jogo não se resume apenas a “fechar o espaço aqui ou ali” ou saber se posicionar neste ou naquele esquema tático, mas sim no entendimento do jogo como um ambiente de cooperação e disputas posicionais.

Estruturar bem o espaço de jogo passa por saberes anteriores aos conteúdos estruturais do Modelo de Jogo e faz parte das competências essências.

Conforme nos trazem em seus estudos Alcides Scaglia e Júlio Garganta, a estruturação do espaço, a relação com a bola e a comunicação na ação fazem parte das competências essenciais do jogo de futebol. Essas competências caminham juntas em todo o processo de evolução do jogar dos atletas e são habilidades básicas dentro do jogo.

Na estruturação do espaço, os jogadores caminham de uma fase anárquica, em que os jogadores se aglutinam em torno da bola, até uma fase elaborada, quando há polivalência de funções e as ações dos jogadores são coordenadas coletivamente.

Antes de chegar à fase elaborada, os jogadores passam ainda pelas fases de descentração, em que a ocupação do espaço acontece em função dos elementos do jogo, e estruturação, quando há uma ocupação racional do espaço do jogo.

Ao longo desse processo de evolução da fase de jogo no que tange a estruturação do espaço, os jogadores vão entendendo gradativamente: o espaço de jogo; como se posicionar em função dos elementos constituintes da partida (campo, bola, alvos, companheiros, adversários); suas funções e as de seus companheiros; como a regra orienta a ocupação do espaço; posicionamentos básicos; a coordenação coletiva de funções dentro do jogo, etc.

Nesse processo de evolução, os jogadores passam a visualizar, entender e elaborar respostas cada vez mais evoluídas aos problemas “espaciais” do jogo.

Como nada ocorre por acaso, é preciso criar um processo de aprendizagem adequado para o desenvolvimento da “habilidade espacial” dos jogadores.

Abaixo, apresento três atividades que têm a estruturação do espaço como norte. Vale ressaltar que elas fazem parte de um processo hipotético de treino.

Atividade 1

Descrição
– Atividade é composta por duas equipes de três jogadores.

Pontuação
– Equipe que fizer o gol nos golzinhos adversários marca 1 ponto.



 

Atividade 2

Descrição
– Atividade é composta por duas equipes de quatro jogadores mais um coringa que joga para a equipe que estiver com a posse de bola.

– Cada jogador deve ficar no seu quadrante dentro do campo e o coringa se movimenta de forma livre pelos quadrantes.

Pontuação
– Equipe que trocar cinco passes marca 1 ponto.



 

Atividade 3

Descrição
– Atividade é composta por duas equipes de cinco jogadores mais quatro coringas que jogam dentro de um espaço delimitado nos vértices do campo.

Pontuação
– Equipe marca ponto quando conseguir fazer um passe para os coringas.



 

Estruturar o espaço de jogo vem antes e vai muito além do esquema tático…

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br  

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O que deve ser aperfeiçoado para evolução do jogar da seleção brasileira sub-20?

A seleção brasileira de futebol sub-20 conquistou o pentacampeonato mundial da categoria vencendo a equipe de Portugal, na prorrogação, por 3 a 2. Mesmo com as ausências de Lucas e Neymar, que serviram a equipe principal na Copa América, os atletas comandados pelo técnico Ney Franco fizeram uma excelente campanha com cinco vitórias, dois empates, 18 gols marcados e cinco sofridos nos sete jogos que disputaram.

Diferentemente do ocorrido na Copa América, as críticas que foram amplamente distribuídas pela mídia ao treinador Mano Menezes, foram poupadas ao Ney Franco (e, consequentemente, à sua comissão técnica), devido à conquista do primeiro lugar. Porém, se quando se perde não significa que exatamente tudo está equivocado, quando se ganha, não significa que tudo está perfeito. Após as merecidas comemorações, é momento de reflexões do que precisa ser aperfeiçoado, ajustado, mantido e, até mesmo, modificado. Reflexões necessárias para que o potencial de supremacia da seleção brasileira seja confirmado não só como foi no Mundial, mas também, no Panamericano que acontecerá em outubro, nos Jogos Olímpicos de Londres no ano que vem e a fim de que em cada competição que as categorias inferiores estejam envolvidas, comecem a ser observados os jogadores que, futuramente, poderão integrar a equipe principal (como já aconteceu com Danilo).

Individualmente, a seleção brasileira contou com peças-chave em diferentes jogos, tanto em ações defensivas como em ofensivas. O goleiro Gabriel falhou (e não foi sozinho) em um único lance frente à equipe portuguesa. Nos demais jogos, mostrou-se muito eficaz na ação de proteção do alvo e praticamente imbatível no 1×1. Bruno Uvini foi muito seguro na manutenção do posicionamento zonal, nas coberturas defensivas e combates, além de ter sido a grande referência de liderança da equipe. Casemiro, de volante pelo lado direito, zagueiro da sobra ou central, poupou diversas substituições de Ney Franco para posições mais defensivas de modo que Dudu e Negueba pudessem entrar em todos os jogos.

Oscar, desta vez utilizado em setores do campo em que melhor pensa o jogo (se você ler o artigo sobre o Modelo de Jogo da seleção brasileira no sul-americano sub-20, poderá observar que algumas regras de ação de Oscar eram de atacante, o que lhe custou a titularidade), fechava muito bem linhas de passe, posicionava-se rapidamente atrás da linha da bola na ação defensiva e tinha a componente tomada de decisão-ação para o passe acima da média. Um belo organizador.

Henrique, com finalizações de média distância, linhas de passe abertas na zona de risco ou ataque à bola, mostrou recursos ofensivos suficientes para a premiação de bola de ouro do Mundial. Defensivamente, pressionou alto, retardou, recompôs e nas transições atacou a bola como poucos no Brasil geralmente fazem.

Dudu e Negueba precisam evoluir tática, defensiva e coletivamente, porém, com a bola nos pés, a imprevisibilidade da ação ofensiva deles aumenta exponencialmente. Desconcertam, driblam, fintam, cruzam e, o primeiro, ainda faz gols.

Coletivamente, a plataforma de jogo mais utilizada foi a 1-4-3-1-2 que, no segundo tempo, variava preferencialmente para a 1-4-3-3. A 1-3-4-3 contra a Espanha e 1-3-5-2 contra o México, também foram observadas. As variações estruturais do sistema aconteciam visando um melhor aproveitamento das características de Dudu e Negueba que têm melhores desempenhos pelas faixas laterais. Para utilizar três zagueiros, a solução encontrada por Ney Franco era recuar Casemiro entre Juan e Bruno Uvini.

Resumidamente, na fase defensiva, a organização zonal era mais bem executada na plataforma que a equipe utilizava no primeiro tempo. Com bom equilíbrio defensivo, boa compactação, retardamento e flutuação, a superioridade numérica e a cobertura defensiva eram constantes. Na transição ofensiva, a ação vertical era a mais procurada. Na fase ofensiva, as ultrapassagens dos laterais eram constantes; com dois atacantes, um recuava entre linhas adversárias para procurar tabelas, pivô e finalizações; Philippe Coutinho buscava diagonais para as faixas laterais e Oscar procurava a melhor linha de passe. Já com três atacantes, a amplitude gerada tendia a abrir a linha defensiva dos adversários e a bola nas faixas implicava em jogada individual para cruzamentos. Nas transições defensivas, ocorria principalmente a tentativa de recuperação imediata da posse com devida recomposição dos demais jogadores.

As breves linhas apresentadas até aqui indicam muitos comportamentos que foram eficazes ao longo do Mundial, no entanto, algumas ações individuais e coletivas necessitarão aperfeiçoamentos para evolução do jogar da seleção brasileira. Como, por exemplo, as reposições de bola do goleiro Gabriel que, por muitas vezes, resultaram em perda da posse e que remetem a um comportamento coletivo que não está bem internalizado.

As falhas de posicionamento da dupla William e Henrique, nas quais o primeiro apresentava dificuldade de movimentação entre linhas quando Henrique buscava profundidade na zona de risco. A maior circulação da posse no campo ofensivo para desorganizar as organizações defensivas adversárias e a amplitude de Danilo que diminuía o campo efetivo de jogo em setores muito distantes do alvo. Sobre as transições defensivas, executá-las em maior velocidade poderá dificultar as transições ofensivas de seleções de qualidade.

Em relação à organização defensiva, um melhor equilíbrio quando em três zagueiros, um melhor posicionamento de Juan, que tende a esquecer de proteger o alvo, sai para combates desnecessários nas faixas laterais e expõe significativamente seu setor, além de maior participação de Philippe Coutinho fechando as linhas de passe e limitando o tempo de ação dos jogadores próximos ao seu setor. Uma observação sobre Casemiro: resolveu o problema da seleção sub-20 como zagueiro, mas dificilmente exercerá esta função na seleção principal. Para finalizar, nas transições ofensivas, melhorar o passe vertical, especialmente de Fernando e Juan.

Gostaria de postar vídeos, como geralmente faço, para identificar os comportamentos da seleção brasileira, acertos e erros acima descritos, porém, nesta semana, o tempo que tenho para produzir a coluna ficou ainda mais reduzido devido a uma viagem a Porto Alegre para participar do II Seminário de Futebol – Construindo os alicerces da formação nas categorias de base. Esta semana, o tempo que levo para editar os vídeos será dedicado para o meu aperfeiçoamento profissional.

Aguardem que compartilharei o conhecimento. Abraços e até a próxima semana!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Jogos reduzidos vs treino convencional: vantagens e desvantagens

Historicamente, o desenvolvimento das capacidades físicas exigidas pelo futebol desenvolveram-se de forma seperada dos aspectos motores do jogo, principalmente pelo fato de se “importar” modelos de treinos já consagrados em outras modalidades esportivas, como o atletismo, por exemplo.

Embora em muitos clubes do mundo ainda seja comum encontrarmos treinos técnicos, físicos e táticos sendo realizados em sessões separadas, atualmente, a popularização dos chamados “jogos reduzidos” trouxeram a tendência de se integrar as diferentes exigências do futebol moderno.

Mas será que há indícios suficientes que garantam aos jogos reduzidos maior efetividade do que o treino convencional?

Os jogos reduzidos utilizam pequenos jogos em que as regras são adaptadas às quais variam o tamanho do campo, o número de jogadores e o tipo de estímulo que é dado (contínuo vs intervalado). Entre seus benefícios encontram-se a reprodução de movimentos específicos em situação competitiva, exigindo dos atletas tomadas de decisão em situação de pressão e também com fadiga acumulada facilitando a aquisição da habilidade técnica e da inteligência de jogo.

Para o sucesso efetivo desse tipo de estratégia é fundamental que as regras utilizadas permitam um jogo que aprimore exatamente aquilo que se deseja. Nesse caso, fatores como a área do jogo selecionada, o número de jogadores, a utilização ou não de goleiros, o incentivo do treinador e a característica do estímulo serão fatores que influenciam diretamente no sucesso ou fracasso da execução dos jogos reduzidos.

 

Jogos Reduzidos e Adaptados no Futebol: conheça o novo curso online da Universidade do Futebol! Faça a primeira aula gratuitamente 

 

Como controle da efetividade deste tipo de treino estudos já identificaram boa validade e reprotudibilidade. O controle da intensidade geralmente é feito pela análise da frequência cardíaca (FC), das concentrações sanguíneas de lactato ([La]) e da percepção subjetiva de esforço (PSE), sendo que a PSE apresenta-se mais confiável do que a FC e o [La].

Quanto à distância percorrida e as velocidades de deslocamento, a monitoração pelo Sistema de Posicionamento Global (GPS) tem se mostrado efetiva e impressindível no controle da carga, embora existam algumas limitações em atividades realizadas em alta velocidade e outros problemas técnicos como frequência de aquisição dos dados, quantidade de satélites para captação do sinal, bem como restrição de medida em lugares cobertos.

Quanto à especificidade do jogo, no geral os estudos demonstram que a intensidade da tarefa é maior quanto menor for o número de jogadores utilizados em relação à área do campo; entretanto, nem sempre isso significa que cada jogador tenha maior quantidade/qualidade na distância dos deslocamentos.

Também tem se sugerido que nos jogos reduzidos a intensidade costuma ser maior do que o jogo propriamente dito, assemelhando-se inclusive aos treinos genéricos realizados de forma intervalada, tanto de curta quanto de longa duração. Isso sugere que parece não haver diferença sobre o aspecto físico em se fazer um treino com jogo reduzido ou tradicional.

Sem dúvida, a grande vantagem dos jogos reduzidos está em integrar aspectos técnicos, físicos e táticos específicos do jogo que permitem economizar tempo – fator muito importante nos dias atuais. Porém, para que isso seja efetivo, a comissão técnica terá que ter o trabalho de desenvolver treinos lógicos e com logística suficiente para aprimorar aspectos específicos conforme os objetivos pré-estabelecidos. Caso isso não seja pensado, corre-se o risco de os jogos reduzidos desenvolverem outros aspectos que não são desejados no momento, ou até mesmo de se tornar menos efetivo do que os treinos convencionais.

Pelo visto, a escolha entre o chamado treino tradicional e os jogos reduzidos dependerá do conhecimento e da experiência prévia de cada comissão técnica que deverá calcular riscos, benefícios, vantagens, desvantagens e limitações de cada estratégia.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br  

Saiba mais:

Hill-Haas SV, Dawson B, Impellizzeri FM, Coutts AJ. Physiology of small-sided games training in football: a systematic review. Sports Med. 2011 Mar 1;41(3):199-220.

Gray AJ, Jenkins DG. Match analysis and the physiological demands of Australian football. Sports Med. 2010 Apr 1;40(4):347-60.

Casamichana D, Castellano J. Time-motion, heart rate, perceptual and motor behaviour demands in small-sides soccer games: effects of pitch size. J Sports Sci. 2010 Dec;28(14):1615-23.

Foster CD, Twist C, Lamb KL, Nicholas CW. Heart rate responses to small-sided games among elite junior rugby league players. J Strength Cond Res. 2010 Apr;24(4):906-11.

Rampinini E, Impellizzeri FM, Castagna C, Abt G, Chamari K, Sassi A, Marcora SM. Factors influencing physiological responses to small-sided soccer games. J Sports Sci. 2007 Apr;25(6):659-66.

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A poluição do patrocínio

Discussões recentes norteiam o “abadá” que virou as camisas de futebol de grande parte dos clubes brasileiros. A mais recente investida teve como personagem principal o Flamengo, que após negar boas propostas no início de 2011 se viu obrigado a dividir espaço no seu manto com outras cinco marcas, contribuindo para o festival de aberrações que vemos no Campeonato Brasileiro, com as camisas de jogo completamente desfiguradas.

É redundante falar em amadorismo nas organizações do esporte no Brasil. Por isso, os créditos (ou débitos) dessa “estratégia” não podem recair completamente nas costas dos dirigentes dos clubes de futebol. O grande problema é que o ciclo de profissionalismo ainda não fechou entre todos os entes envolvidos com o esporte.

Lembro de algumas palestras de José Carlos Brunoro que menciona o “Ciclo Virtuoso do Sucesso”, o qual transcrevo a seguir. O ciclo até começa a se desenhar de maneira clara em alguns clubes, apesar de em muitos dos casos apresentar alguns desvios.


 

Um destes desvios diz respeito ao “poder de comunicação” e de “posicionamento de marca”. Como uma empresa quer ser bem vista pelos seus consumidores se ela não respeita o emblema mais sagrado para eles? Será que a visibilidade se sobrepõe em relação à mensagem percebida pelos torcedores?

Lembro de notícia publicada no site Máquina do Esporte em janeiro de 2010 que relatava a ação do Banco Hipotecario Nacional, que literalmente limpou a camisa do Racing, da Argentina. Para fazer valer o investimento, a instituição projetou inúmeras ações de ativação para comunicar o vínculo e o respeito que a mesma possui perante o clube.

Por isso é que acredito que as marcas, no fim das contas, é que estão subvalorizando o potencial de negócios que o futebol pode gerar. Veem as camisas como “outdoor ambulante”, mas se esquecem que, ao contrário de um outdoor, por trás dos clubes de futebol há uma massa de consumidores apaixonado e sedento por investir no seu time do coração.

“INNOVET QUI VENIT” na indústria do patrocínio esportivo!

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O livro do ano

Gislaine Nunes, ou melhor, a “Doutora” Gislaine, não deve ser muito conhecida do grande público.

Existem muitos outros profissionais liberais – médicos, dentistas e advogados – que conquistaram notoriedade no país, ingressando na vida pública ou emitindo opiniões aos meios de comunicação.

Gislaine ficou famosa por confrontar clubes de futebol, em nome de seus clientes, os jogadores.

A trajetória de sucesso foi forjada na esteira da vigência da Lei Pelé, quando suas liminares obtidas na Justiça atordoavam os clubes e movimentavam o mercado de transferências de jogadores – em especial do Brasil ao exterior.

Agora ela lançará sua autobiografia, chamada de “Vim, vi e venci”.

Na resenha ou excertos do primeiro capítulo do livro, disponíveis em seu site oficial, faz menção ao início da carreira e da experiência adquirida no Sindicato dos Atletas de SP, quando liderava os jogadores na busca pela liberdade de exercício do trabalho.

Talvez, o que mais chama atenção é o conteúdo dedicado às ameaças sofridas, em público ou clandestinamente, da cartolagem que reprovava sua atuação.

Um trecho:

Recordo-me as ameaças de morte que se seguiram com a explosão da libertação de atletas. As concessões de liminares que libertavam os atletas profissionais de futebol dos grilhões que prendiam seus tornozelos aos seus empregadores (Clubes de Futebol) aconteciam em grande número. Às vezes quatro ou cinco por dia. Era muito bom. Era gratificante ver o Judiciário acolhendo a ânsia daqueles que tanto sonharam com o livre exercício ao trabalho.

Seus mais recentes e famosos casos são a defesa de Zé Elias, na revisão de pensão alimentícia que o levou à prisão, e o volante Cristian, contra o Corinthians.

Mas a lista de casos midiáticos foi muito extensa – Fábio Costa, Luizão, Rogério Ceni, Marcelinho Carioca, Juninho Pernambucano e Ricardo Oliveira.

Em que pese o mérito, sua atuação, nos primeiros anos de Lei Pelé, contou com a total desorganização dos departamentos jurídicos do clubes.

Hoje, o cenário seria absolutamente diferente. Futebol é gerido como negócio. Negócios geram dinheiro. Negócios necessitam de proteção jurídica. E os clubes aprenderam com a navalha na carne.

Gislaine promete ir além e revelar tudo, tudo o que viveu no meio do futebol.

Afirma ela que fará as narrações de acontecimentos que com certeza irão abalar algumas estruturas, na qual, renderão processos por danos morais, etc. Mas aconteceram. Direi onde, como e quem foram os autores destas mediocridades… A hora chegou!

Que Andrew Jennings x Fifa, que nada!

Se for tudo isso, o livro do ano, no futebol brasileiro será o da “Doutora” Gislaine.

E a pronúncia é “Gisleine”. Senão, vai sobrar pra você também.

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O quinto momento do jogo: bolas paradas

O jogo de futebol pode ser entendido a partir de quatro momentos: ofensivo, defensivo, de transição ofensiva e de transição defensiva, os quais se relacionam entre si de forma complexa.

Em decorrência da observação do comportamento distinto das equipes nas jogadas originárias de bolas paradas surgiram várias discussões sobre a necessidade de se adicionar um novo momento para o entendimento do jogo de futebol: o momento das bolas paradas.

Surgira, assim, o quinto momento do jogo!

Alguns autores foram além e afirmaram que o quinto momento correspondia às bolas paradas defensivas e o sexto momento às bolas paradas ofensivas – não é o objetivo entrar nessa discussão e vamos tratar as bolas paradas como um momento apenas.

Nesse quinto momento do jogo, as equipes partem da organização, ou seja, os jogadores “conhecem” o posicionamento da sua equipe e do adversário (fato raro no jogo de futebol que se caracteriza por um jogo em que o caos é seu ambiente). A partir dessa organização, os jogadores que têm a bola parada a seu favor tentam desorganizar o adversário para obter o êxito na jogada enquanto a equipe adversária exerce uma ação contrária.

Toda essa dinâmica tanto ofensiva como defensiva precisa ser norteada pelo Modelo de Jogo que deve contemplar ainda a transição após essas jogadas.

No Modelo de Jogo preciso definir a forma de marcação, a forma de ataque, a estruturação do espaço, a barreira (em tiro livre direto/indireto), o balanço ofensivo e defensivo (pensando na transição), quem e como a reposição será feita, etc.

A partir da definição dos conceitos devo construir as atividades.

As atividades seguem os mesmos pressupostos apresentados nas colunas anteriores, só que neste momento a ênfase é nas questões pertinentes às bolas paradas sem descontextualizá-las do jogo. Isso significa que as bolas paradas devem estar inerentes ao jogo e não ser treinadas separadas e sem ter uma ligação com os momentos subsequentes à mesma.

Vamos ao exemplo prático.

O Modelo de Jogo da minha equipe pressupõe que a marcação a ser realizada na bola parada defensiva no escanteio é a marcação mista com um jogador marcando a zona da bola baixa (2), um marcando a zona da primeira trave (7), um marcando a zona central da área (4) e um jogador marcando a zona da entrada da área (10), com os demais marcando individualmente, conforme ilustração abaixo:


 

No balanço ofensivo, minha equipe possui um jogador no meio de campo na lateral oposta lado do escanteio e um jogador centralizado, conforme ilustração abaixo:


 

Na transição ofensiva, minha equipe deve estruturar rápido um 1-4-4-2 em losango e o jogador que recuperar a bola deve buscar um passe vertical e a equipe deve progredir e realizar um contra-ataque ou um ataque rápido, conforme animação abaixo:
 


 

A fim de desenvolver os conteúdos descritos acima relacionados à bola parada defensiva no escanteio a atividade abaixo foi concebida.

Descrição
– Atividade de 11 X 11 no campo todo (“coletivo” adaptado)
– Toda a vez que a bola sair do campo a reposição é feita a partir de um escanteio

Pontuação

Geral
– Gol durante o jogo vale três pontos (sem ser a partir do escanteio)

Equipe que ataca no escanteio
– Finalização no gol ou pra fora vale um ponto
– Gol vale cinco pontos

Equipe que defende no escanteio
– Se ultrapassar a linha tracejada com a bola dominada marca um ponto
– Se fizer o gol no contra-ataque vale cinco pontos

Regra do goleiro
– Se fizer a saída completa no escanteio sua equipe marca um ponto
 


 

Treinemos as jogadas de bola parada que elas alteram, sim, o placar!

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O currículo de formação do atleta de futebol – parte IV

Na parte II do currículo de formação do atleta, foi possível observar os oito grandes conteúdos que compõem o material. Naquela oportunidade, foram identificados os temas que derivam de cada conteúdo e sinalizado que em outro momento seriam apresentados os sub-temas.

Nem todos os temas se dividem em sub-temas. Por exemplo, o conteúdo “Lógica do Jogo”, que se subdivide nos temas aplicação e abordagem da Lógica do Jogo Formal, já se encerra neste desdobramento. Deste modo, alguns conteúdos e temas não serão identificados no presente texto.

O tema Relação com a Bola, derivado do conteúdo Competências Essenciais, subdivide-se em:

Vivência de todos os fundamentos técnicos do futebol;
Utilização de membro não dominante;
Descentrar-se da bola ofensivamente;
Descentrar-se da bola defensivamente.

Para o tema Estruturação do Espaço, que também é derivado do mesmo conteúdo, os sub-temas são os seguintes:

Estruturação racional do espaço em diferentes tamanhos de campo (?, ¼,½, campo todo etc);
Estruturação do espaço ofensivo;
Estruturação do espaço defensivo;
Estruturação de acordo com Referências do Jogo (alvo, bola, adversário, companheiro e região).

Já o tema Comunicação na Ação, último que deriva das Competências Essenciais, compreende os sub-temas:

Tomada de decisão;
Antecipação da ação;
Na ação ofensiva, todos participam;
Na ação defensiva, todos participam;
Nas transições, todos participam.

O próximo tema se refere às Plataformas de Jogo, que compõem o Conteúdo Referências do Jogo de Futebol. Os sub-temas das Plataformas são:

As plataformas de jogo básicas (1-4-4-2 – quadrado; 1-3-5-2 e 1-4-3-3);
Variações das plataformas de jogo;
Utilização da plataforma de jogo em Jogos Conceituais e Conceituais em Ambiente específico.

Do tema seguinte, denominado Referências Operacionais, desdobram-se os sub-temas:

Referências Operacionais de Ataque – manutenção da posse de bola, progressão ao alvo e ataque ao alvo;
Referencias Operacionais de Defesa – proteção do alvo, impedir progressão ao alvo e recuperação da posse de bola;
Referências Operacionais de Transição Ofensiva – manutenção da posse na zona de recuperação, retirada horizontal da zona de recuperação e retirada vertical da zona de recuperação;
Referências Operacionais de Transição Defensiva – recuperação imediata da posse de bola e recuperação a partir de outras referências do jogo.

O terceiro e penúltimo tema deste conteúdo são as Referências Espaciais que se subdividem em:

As linhas do campo – Linhas 1,2,3,4 e 5;
As faixas do campo – laterais e central;
As zonas de risco – altíssimo, alto, médio e baixo risco.

E, o último tema, classificado como Referências Atitudinais, apresenta os sub-temas abaixo:

Referências Atitudinais a partir do adversário;
Referências Atitudinais a partir da própria equipe.

Dentro de poucas semanas, será dada continuidade na apresentação dos sub-temas restantes, derivados do conteúdo Estratégico-Tático do Jogo. A separação foi feita devido à extensão de cada um deles e à reflexão que se pretende dos sub-temas já apresentados.

Em relação às reflexões, comece a perceber as inter-relações existentes entre cada grande conteúdo e as implicações que as mesmas geram em sua sessão de treinamento.

Exemplificando, pensar um jogo que estimule a Referência Operacional Ofensiva de manutenção da posse de bola significa que algumas habilidades da equipe oriundas de outros conteúdos serão necessárias para que a esperada posse aconteça. Dentre as habilidades esperadas, pode-se mencionar uma boa relação com a bola no fundamento passe, uma eficaz descentralização ofensiva, uma boa estruturação de espaço ofensivo no tamanho do campo em questão (posicionar bem em 40m x 20m não significa posicionar bem em 100m x 70m) e até nas regras de ação a serem executadas de acordo com a função exercida na plataforma de jogo utilizada.

Outra reflexão se refere a determinados sub-temas que nunca serão o único macro-objetivo de uma atividade. Por exemplo, não se criará um jogo em que a única preocupação será com o sub-tema tomada de decisão.

Sabemos que decisões são tomadas a todo o momento (acertadas ou não), por todos os jogadores, em cada um dos quatro Momentos do Jogo e em cada emergência que ocorre no Jogo. Melhorar a tomada de decisão só ganha significado se alinhada ao aperfeiçoamento de novos comportamentos da equipe em relação a habilidades, como: setores de recuperação da posse de bola, ação técnica e operacional principal de transição ofensiva ou quaisquer outros conteúdos e suas derivações que se pretenda trabalhar.

E, para o que se pretende trabalhar, o seguinte questionamento é fundamental: em que nível sua equipe se encontra e qual nível se espera alcançar?

Esteja seguro que ter a resposta mais assertiva possível para este questionamento e dominar o modo mais eficaz de evoluir o jogar de uma equipe te aproximará (mas não te garantirá) das vitórias, afinal, o desempenho no futebol é multifatorial.

Já começou as reflexões? Para aperfeiçoar a Relação com a Bola da equipe no fundamento cabeceio defensivo, de quais habilidades ela precisa?

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Planejamento pessoal e profissional em três fases – fase II de III

Saudações a todos!

A pré-temporada é uma fase de reflexões, testes e planejamento sobre o que será feito no ano. No futebol, o período é utilizado para verificar o que foi realizado durante o ano anterior. Neste momento, são revisados os acertos, os erros, quais os pontos podem ser melhorados, qual o esquema tático que será utilizado na próxima temporada, quais competições serão priorizadas, qual será o time titular, os reservas imediatos, como será a evolução da preparação física, em quanto tempo a equipe deverá estar tinindo, etc.

Já na Fórmula 1, a pré-temporada é o período em que são testadas as partes aerodinâmicas do carro projetado, quais os pneus que funcionam melhor, quais os ajustes básicos para os principais circuitos, se o carro anda melhor com pouca ou com muita gasolina, etc.

Como acontece em todo processo de planejamento, e até mesmo no esporte, a exemplo do futebol ou da Fórmula 1, para realizarmos um bom planejamento, precisamos de uma pré-temporada, e foi isso o que vimos na semana passada: iniciamos a nossa pré-temporada. O momento é realmente para refletir sobre o passado, pensar em erros, em acertos, no que deve ser continuado, no que pode ser melhorado e em seguida iniciar um planejamento, com a definição de objetivos e prioridades.

Agora, iniciaremos a fase II do nosso exercício, uma fase de muita reflexão e investimento para termos um alicerce sólido. Darei uma semana a mais para vocês refletirem e traçarem seus planos.

Que tal relembrar o que foi proposto na fase I (se ainda não realizou, ainda há tempo de começar)? Clique aqui e veja o artigo anterior.

Após a conclusão da fase I (saiba que sempre que achar necessário, acrescente, detalhe ou retire conteúdo das etapas que já completou), gostaria que você escrevesse de forma resumida, mas não muito, a história de sua vida até hoje, seguindo esta ordem:

1) O que fez e o que não fez;

2) O que gosta e o que não gosta; e

3) O que gostaria que tivesse acontecido ou mudado em sua vida profissional/ pessoal.

Nesta fase, aprofunde-se em seus sentimentos (VOCÊ). Essa reflexão vai enriquecer o trabalho e trazer mais elementos para VOCÊ pensar e desenvolver o seu projeto pessoal de planejamento profissional e de vida (tempo estimado – três dias).

Fase II – 12 dias

Passos para realização de planejamento profissional/pessoal

1) Planejar “a vida” profissional/pessoal no espaço e no tempo (tempo – 12 dias)

Pensar em termos de tempo e desejos (objetivos), ou seja, procure planejar no prazo de um, três e cinco anos (após o primeiro ano da realização deste trabalho, será possível ampliar o planejamento em termos de 10 anos).

Modelo (sugestão) para desenvolver o trabalho. Procure descrever de forma detalhada e objetiva todos os itens acima:

– Item: 1

– Projetos: fazer uma MBA – Internacional

– Data limite: 01/12/2012

– Objetivos: estar apto a assumir novas responsabilidades em [determinar prazo]

– Observações: faz parte de minha iniciativa para aprimorar meus conhecimentos em gestão e…

Neste trabalho, procure analisar as informações da fase anterior como os conhecimentos (habilidades) que tem; caso defina algum ítem que necessite de um conhecimento (habilidade) que você não tenha, significa que deverá desenvolver este conhecimento (habilidade).

Nota: lembre-se que o planejamento é algo que sempre precisa ser revisto e reprogramado, pois os objetivos/desejos podem mudar assim como o ambiente a sua volta.

Procure durante a realização de seu planejamento identificar quais treinamentos ou outros meios podem auxiliá-lo a desenvolver os conhecimentos (habilidades) necessários para a realização de seus projetos.

Após realizar seu planejamento de um, três e cinco anos, procure analisar o material para identificar e listar suas necessidades, ou seja, a partir desta análise você terá condições de elaborar seu Plano de Ação de Desenvolvimento.

Esta etapa é muito importante, pois você pode identificar a necessidade de desenvolver algum conhecimento por meio de curso (como por exemplo, um MBA, um curso de línguas e outros) ou por outros meios (como um estágio em uma determinada área, conversar com profissionais que atuam utilizando tal conhecimento, etc.).

Para o Plano de Ação de Desenvolvimento, sugerimos o modelo abaixo, que deverá ser preenchido de forma detalhada.

– Ação: pesquisar junto aos meios de comunicação e na Internet sobre os cursos de MBA – Internacional. Verificar preço, qualidade de ensino entre outras informações que julgar importante.

– Data Pretendida: 01/03/2012

– Data da Conclusão: __/__/____

– Status: ( ) em andamento/ ( ) mudei de prioridade/ ( ) realizado

– Comentários: Preciso executar esta ação para poder programar a realização do curso em…

Esta etapa do trabalho faz com que os desejos sejam priorizados e programados, não restando dívidas ou desculpas de esquecimento por VOCÊ. Ao final do trabalho acima procure escrever uma conclusão final. Isso ajuda a fortalecer SEU compromisso consigo mesmo.

Importante: esse planejamento sugere que você seja acompanhado por um “tutor”, que terá a função de te orientar (uma pessoa de sua confiança e isenta de opinião), ou seja, tem que ser uma pessoa que tenha credibilidade para analisar o material que VOCÊ está produzindo em cada etapa, deve te dar dicas ou sugestões para que o trabalho seja realizado com a maior independência possível e com a comprovação de quem VOCÊ realmente é.

Entre as características exigidas para um tutor, está te conhecer com um maior detalhamento possível, para assim saber te nortear em seus próximos anos e no seu dia-a-dia.

Lembre-se que costumamos planejar uma viagem ou um encontro, mas em geral não damos a mesma atenção ao planejamento de nossa vida.

Em suma, este material tem a função de tornar a trajetória da pessoa, seja na vida profissional ou pessoal, mais objetiva e clara. Isso não significa que não se deva mudar ou modificar uma ação ou pensamento; ao contrário, este material convém ser consultado exatamente nestas ocasiões, quando pensamos em mudar ou rever caminhos em nossa vida. O poder de decisão está com você!

Agora, intervalo, vamos aos vestiários! O objetivo é que entre 19/08 e 01/09, vocês concluam esta etapa e voltemos a nos ver aqui no dia 02/09, para as instruções da fase III, última etapa do nosso planejamento.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br  

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A importância de se quantificar variáveis fisiológicas em conjunto com aspectos técnicos e táticos nos jogos reduzidos

Muito já se discutiu nesse portal a utilização dos jogos reduzidos para melhora de diversos aspectos relacionados às especificidades do jogo. Mas, como escolher o tamanho certo do campo e o número de jogadores de acordo com o que se pretende desenvolver?

Um estudo realizado por Owen et. al. (2011) demonstra que jogadores de elite trabalham fundamentos técnico-táticos diferentes conforme o tamanho do campo.

No estudo, os autores compararam aspectos fisiológicos (frequência cardíaca) e técnicos (choque, dribles, cabeceios, interceptação, passe, recepção, chute, condução de bola e roubada de bola) em jogos reduzidos (3×3 vs 9×9) que constaram de três estímulos de cinco minutos e intervalos de recuperação passiva de quatro minutos.

Os resultados mostraram que o 3×3 apresentou menor número de choques, cabeceios, interceptações, passes, dribles e recepções de bola do que no 9×9. Além disso, a quantidade total de contato com a bola também foi menor no jogo 3×3; porém, em termos relativos, cada indivíduo teve mais contato com a bola no 3×3 do que no 9×9 (p<0,05). O número de chutes a gol também foi maior no 3x3 do que no 9x9 (p<0,05).

A tabela abaixo demonstra os valores encontrados em cada variável analisada:

*Diferente de 9×9 (p<0,05).

A frequência cardíaca apresentou valores médios superiores durante o jogo 3×3 do que 9×9 (90±2.4 vs 81±5.5% FCmáx, respectivamente, p<0,05). O jogo 3x3 também apresentou maior frequência cardíaca de pico (94±2.7 vs 89±4.8% FCmáx, p<0.05.
 

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Em relação ao tempo de manutenção da frequência cardíaca, no jogo 3×3 os jogadores permaneceram menos tempo (0.9±0.5 vs 8.3±1.3 minutes, p<0,05) na zona de frequência cardíaca moderada (71 a 84% da FCmáx) do que na zona de frequência cardíaca máxima (>85% da FCmáx) (13,4±0,64 vs 4,8±1,5 minutes, p<0,05) em relação ao 9x9.

Com esses achados, fica evidente a importância de se quantificar as variáveis fisiológicas durante as sessões de treinamento – não de forma isolada, mas juntamente com os aspectos técnico-táticos. Além disso, de acordo com as capacidades e os fundamentos específicos do futebol que se pretende trabalhar, conclui-se que é imprescindível acertar no tamanho do campo, na quantidade de jogadores e nas regras que vão nortear os trabalhos de jogos reduzidos.

Referências bibliográficas

Owen AL, Wong del P, McKenna M, Dellal A. Heart Rate Responses and Technical Comparison Between Small- vs. Large-Sided Games in Elite Professional Soccer. J Strength Cond Res. 2011 Aug;25(8):2104-10.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br