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O futebol alemão, o futebol espanhol, o futebol brasileiro: todos a aprender, todos a ensinar

Lembro-me em um evento, de tempo não muito distante (talvez 6 ou 7 anos – talvez um pouco mais), que após assistir palestra de um dos coordenadores responsáveis pelo desenho e formatação da preparação físico-técnica-tática dos jogadores de base e dos profissionais do FC Barcelona, o respeitado professor e cientista do desporto alemão Jurgen Weineck, que estava no auditório (porque também já havia palestrado) se manifestou entusiasmado e perplexo, dizendo que aquilo que estava sendo proposto pelo colega espanhol era muito distante e diferente daquilo que ele propunha.

Naquele evento, houve um grandioso debate sobre a fragmentação ou não do treinamento desportivo do futebolista. Questões que envolviam treinamento de força, potência, velocidade e competências técnicas e táticas estavam a todo o momento à frente nas discussões.

Pois bem.

Ao que nos parece, o futebol alemão saltou de qualidade. E conforme menciona, um dos mais jovens notáveis do "Café dos Notáveis" – agora com encontros brindados com variedades de cremosos "cappuccinos" – "el Mineiro", o futebol que se quer jogar é sempre reforçado pela maneira com que ele, o jogo de futebol é enxergado, percebido:

"(…) historicamente, o "jogar germânico", sempre foi reconhecido (empiricamente falando) por estar ligado a duas vertentes que compõem o jogo de futebol, a vertente física e a vertente tática.
Atualmente, tem se visto um futebol no qual as equipes e os atletas da nova geração estão cada vez mais "técnicos", mais "resilientes" diante das situações problemas que emergem ao longo de uma partida.

De fato, várias coisas mudaram. Todavia, o mais determinante nesse processo de mudança de paradigmas, talvez tenha sido acerca da forma como o jogo passou a ser visto pelos profissionais que ali estavam – o que acabou por influenciar diretamente no processo de treino e consequentemente no processo de formação das equipes e do talento alemão."

Não sabemos ao certo, com exatidão, o que mudou dentro do processo prático de treinamento desportivo do futebolista alemão (precisaríamos estar lá para saber disso)– e nem somente essa mudança poderia explicar as questões que vou levantar aqui.

Mas, é fato, que a mudança na maneira com que o jogo passou a ser vista, conforme menciona o notável "el Mineiro", é determinante para o desencadeamento de uma série de transformações no futebol jogado na Alemanha.

Sinceramente, não acredito conforme muitas vezes fora dito nas últimas duas semanas, que o "bastão" de tudo aquilo que está sendo bem feito no futebol, passou da mão de espanhóis para a mão dos alemães – e não acredito nisso, especialmente porque também não penso que os espanhóis (ou alguém) tivessem (ou tenham) esse "bastão".

Tive experiências e boas oportunidades de aprender e trocar informações com ingleses (Manchester United, Chelsea), com espanhóis (FC Barcelona), com italianos (Inter de Milão e Juventus), com holandeses (PSV), mas em nenhuma oportunidade com alemães (o que confesso, é uma lacuna, que pretendo rapidamente preencher).

Minha única oportunidade de entender um pouco do que os germânicos estavam fazendo na prática, em termos de futebol foi com o amigo Schoenmaker, quando esse (antes de ir para o futebol inglês) trabalhava na equipe profissional do alemão Wolfsburg.

Porém, mesmo com o pouco contato com que os alemães estão fazendo, posso dizer aquilo que vejo quando assisto jogos de equipes alemãs (profissionais e de categorias de base).

E o que vejo?

Um jogo cada vez mais veloz (não estou falando de correria, estou falando de ritmo de jogo), em que a precisão técnica, mesmo em ações de altíssima velocidade tem chamado muito a atenção.

E com relação a essa variável (precisão técnica em alta velocidade), penso que é fato, que os espanhóis, em linhas gerais também se destacam – e são influenciadores do futebol alemão (assim como o futebol brasileiro foi e é – agora em menor magnitude).

O comprometimento coletivo dos jogadores no futebol europeu, seja nos jogos de categorias menores (nos grandes centros futebolísticos), seja nos jogos de futebol profissional, é outra coisa que merece destaque.

Todos, nos jogos, participam do processo ofensivo, defensivo e de transições. Todos têm missões importantes dentro da construção de uma inteligência coletiva de jogo.

Os jogos têm pouco espaço efetivo para troca de passes, dribles ou finalizações. Jogadores e equipes são condicionados ao longo dos anos de formação e preparação, a enfrentarem situações de jogo de altíssima pressão espaço-tempo, onde ter precisão só, não basta.

É necessário ser preciso e rápido, eficaz em alta velocidade, perceber-decidir-agir em uma fração pequena de segundo. O drible tem que ser preciso e rápido. O passe tem que ser preciso e rápido. A finalização tem que ser precisa e rápida. A tomada de decisão te que estar certa, e rápida…

A médio e longo prazo, isso leva a uma série de benefícios no jogar.
E o que se tem buscado na Alemanha, na Espanha, na Inglaterra, na Itália, na Holanda, e porque não, no Brasil, é entender qual a melhor maneira/modelo/processo para conseguir alcançar esse jogar (preciso, veloz, controlado).

As soluções são inúmeras, e é possível que se chegue aos mesmos bons resultados de maneiras totalmente diferentes.
Claro, se alguém está na frente, precisamos rapidamente entender quais os caminhos que esse alguém tomou.

Isso não significa abrir mão daquilo que já se construiu ou conquistou. O fato é que se existe um "bastão", ninguém ainda pôde se apossar dele.

A maneira com que vemos o jogo é essencialmente determinante para decidirmos os rumos que pretendemos seguir.

Talvez naquele dia, naquela palestra que mencionei no início, Weineck tenha aprendido a olhar o futebol de uma nova maneira… e sem destruir nada daquilo que já sabia, com seus anos de experiência e pesquisa pode ter ajudado o futebol alemão a encontrar novos caminhos. Talvez nada disso tenha acontecido…

Então, sem certos e errados, sem sim e sem não, é importante que possamos a cada dia perceber coisas novas no jogo, porque só assim poderemos interferir nele e atingir novos níveis no jogar, seja lá qual for nosso paradigma ou a maneira que o enxergamos hoje…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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O jogador de futebol e o status de celebridade

Há cerca de três anos, num Fórum de Futebol, Sandro Orlandelli, na ocasião scouter do Arsenal-ING, foi categórico ao afirmar que um dos grandes problemas dos jovens jogadores brasileiros era o status de celebridade.

Nesta oportunidade, Sandro, que após passagem pelo Atlético-PR, atualmente exerce a função de observador técnico no Santos FC, criticou a conduta dos milhares de atletas brasileiros em formação, que se comportam como jogadores consagrados, preocupam-se mais com o estilo/visual do que com os treinamentos e aperfeiçoam, ano após ano, o jeito acomodado de agir, dependente do roupeiro, do treinador, da cozinheira e do empresário.

Apenas como exemplo, afirmou que, no clube inglês, influenciado por um modelo japonês de organização, cada atleta (mesmo na categoria profissional) é responsável por limpar suas próprias chuteiras. Uma utopia para nossos mal-acostumados jogadores.

Como este espaço é dedicado para além da tática e uma vez que tudo está inter-relacionado, nesta semana as reflexões propostas se referem a um dos princípios pedagógicos propostos por Freire, em que os gestores de campo devem ter o compromisso de ensinar mais do que futebol.

Muitos podem dizer que a missão é difícil (como é, de fato) para não dizer impossível de ser aplicada no atual cenário do nosso futebol. Entre os fatores que contribuem para esta aparente impossibilidade, pode-se destacar a mídia, que privilegia o individual em detrimento do coletivo, que reverencia pseudo-craques e que cria novas estrelas a cada rodada do final de semana.

Já boa parte dos empresários distribui jogadores em clubes e alimentam-nos com chuteiras, celular, notebook e roupas. Por sua vez, um livro é um mimo desnecessário!

Os próprios familiares contribuem para estimular o ambiente nocivo em que o jovem constrói-se pessoal e profissionalmente. Espalham a todos que tem alguém na família que é jogador de futebol (quando na verdade são apenas potenciais jogadores), depositam a esperança (ou seria a pressão) da salvação financeira da família e o acompanhamento dos estudos, quando muito, fica em último plano, afinal, várias das celebridades do país não precisam de escola.

Os profissionais de campo, vítimas (???) do sistema e pressionados pelos resultados de curto prazo, escalam os aspirantes a Neymar, Sheik, Fabuloso, Fred, pois são os caras que "resolvem" no final de semana. O imediatismo fecha as portas para boa formação, para a conduta profissional adequada e para o exercício de autoconhecimento, onde ser vale muito mais que parecer.

Outro grande problema ocorre quando os profissionais de campo, mesmo não pressionados pelas vitórias a qualquer custo, optam pelos célebres jogadores. Muitas vezes, tal opção é oriunda da visão distorcida do papel do jogador, do treinador, do processo de formação e representa a visão de quem um dia esteve dentro das quatro linhas, também com o status de celebridade.

A boa notícia é que, como foi afirmado semanas atrás, o futebol brasileiro está mudando os rumos. E precisa mudar para além das concepções de treinamento. As transformações necessárias transcendem os métodos e apontam para jogadores, segundo Scaglia, inteligentes de corpo inteiro.

Com o novo perfil de jogador que se deseja formar, novas relações serão estabelecidas entre o atleta e a mídia/família/empresário. Se, por um lado, clube/treinador têm pouco poder de influência nestes três segmentos, com o atleta podem (e devem) definir diretrizes, procedimentos e promover somente aqueles que estiverem ajustados aos princípios e valores da instituição.

Ganha o clube, que forma o jogador que tem a identidade pretendida; a mídia, que poderá sair da superficialidade na relação imprensa-atleta; a família, que tem um ser humano que pode ou não exercer o papel de jogador de futebol e, inclusive, o empresário, que terá em sua carteira, profissionais cientes dos compromissos da carreira esportiva.

Quem sabe assim, aquele andar que representa a linguagem corporal do "boleiro" e que é facilmente reconhecida não tenha os passos destinados a um triste fim.

A tarefa é muito difícil, portanto, mãos à obra treinadores e demais gestores de campo.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Havelange, Teixeira, Leoz, Fifa e propinas

Seguindo o caminho de Ricardo Teixeira na CBF e Nicolas Leoz na Conmebol, essa semana, o ex-presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, 96 anos, em meio ao escândalo de corrupção que mancha a organização por mais de uma década, anunciou sua renúncia ao cargo de presidente honorário do órgão que rege o futebol mundial.

Segundo o juiz da corte de ética da Fifa, Joachim Eckert, Havelange renunciou em 18 de abril. Eckert foi o juiz que afastou o atual presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, da participação no escândalo de corrupção, envolvendo a ISL, empresa suíça de marketing esportivo que entrou em processo de falência em 2001.

Além disso, o juiz considerou Havelange, que presidiu a Fifa entre 1974 e 1998, e seu ex-genro Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), culpados "por uma conduta moral e eticamente reprovável".

As condutas dos brasileiros na época, não foi considerada crime na Suíça já que aceitaram propina entre 1992 e maio de 2000, época que o recebimento de propina não constituía crime.

Neste caso, aplica-se o Princípio da Anterioridade Penal, ou seja, não há crime, nem pena, sem prévia cominação legal, sendo que eventual lei penal somente poderia retroagir para beneficiar o réu, segundo o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal.

Em 2011, Havelange já havia renunciado como membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), também em decorrência do caso da ISL. São atribuídos pagamentos a contas conectadas com ele e Teixeira, em um total de US$ 22 milhões recebidos entre os anos de 1992 e 2000.

Essa renúncias foram deflagradas por denúncia da emissora de televisão BBC de Londres, que, em reportagem afirmou que Ricardo Teixeira, que se afastou da Fifa no ano passado, e João Havelange ganharam um total de R$ 45 milhões em propinas, diretamente ou indiretamente, de acordo com o relatório da Justiça suíça. Ambos negam, tal como Nicolas Leoz, paraguaio que renunciou neste mês ao cargo de presidente da Conmebol. O dirigente paraguaio levou US$ 700 mil da ISL.

Vale dizer que a escolha da Suíça como sede para a maioria das Federações Esportivas se dá pelo fato de ser um sistema jurídico de pouca intervenção na estrutura dessas entidades privadas, o que pode dificultar e até afastar eventual punição criminal.

Assim, Havelange, Teixeira e Leoz teriam se afastado para evitar punições administrativas. Neste esteio, importante destacar que, apesar do código de ética da Fifa, ser de 2004, ou seja, de data posterior aos atos investigados, por se tratar de norma administrativa não se aplica o Princípio da Anterioridade, como bem destaca o filósofo alemão Hans Kelsen.

Todo historio de propinas, vendas de votos e outras obscuridades ocorridas na Fifa pode ser lido no livro "Jogo Sujo: O mundo secreto da Fifa" do inglês Andrew Jennings, editado no Brasil pela Panda Books. Excelente sugestão de leitura aos amantes do futebol.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Como promover a mudança de comportamento em atletas

É comum percebermos atletas que possuem comportamentos inadequados para um desempenho diferenciado em sua vida como atleta profissional.

Muitos possuem grande potencial técnico e físico para tornar-se um atleta de alto rendimento, mas os seus comportamentos além de não contribuírem, atrapalham diretamente seu desempenho e seus resultados.

Neste ponto, o coaching comportamental pode contribuir diretamente no suporte ao movimento de mudança destes comportamentos e, consequentemente, a obtenção de novos resultados na carreira destes atletas.

A mudança comportamental em qualquer ser humano passa por quatro (4) estágios de mudança, conforme esclareço abaixo:

Estágio reflexivo

• Neste momento o atleta encontra-se num estado de desconhecimento sobre um determinado comportamento nocivo ou problema existente e estão inconscientes de que há uma mudança necessária a ser feita (fase um). Ou, ele pode aceitar que a mudança precisa ser feita, mas ainda não assumiu o compromisso de mover-se em direção ao novo comportamento desejado (fase dois). E geralmente e nesta fase que o coach funciona muito bem como o educador.

Estágio de preparação

• Neste segundo estágio da mudança, o atleta percebe que há uma mudança necessária, mas encontra-se inseguro em como promovê-la e se mantém parcialmente comprometido com o processo de mudança. Neste momento, o papel do coach é organizar o processo de mudança, coletando dados, fixando metas e propondo planos de ação elaborados com o atleta. Estas ações preliminares são extremamente necessárias antes que sejam aplicadas técnicas de mudança de comportamento.

Estágio da ação

• Neste estágio, o atleta coloca em prática as novas habilidades no eu ambiente de trabalho, estas ações são monitoradas, medidas e avaliadas.

Estágio da manutenção

• Neste momento de mudança, o foco é sustentar os novos comportamentos e ganhos reais e assegurar que o atleta não reverta suas ações aos padrões de comportamento anteriores.

Agora, o que penso ser o mais importante para promover estas mudanças de maneira sustentável é reconhecermos o fato de que existem armadilhas escondidas por trás das fases emocionais de qualquer mudança comportamental e ignorá-las podem levar o processo de mudança ao fracasso.

As quatro (4) fases emocionais de uma mudança são:

1 – Negação

Num primeiro momento toda e qualquer mudança de comportamento é percebida com descrença e negação por parte do atleta. Não é raro ouvirmos algo do tipo: "Sempre fiz assim e no final deu tudo certo", ou ainda, "Sempre encontro uma forma de me virar, pode deixar".

2 – Raiva e culpa

Em seguida a negação, é comum vir raiva e culpa. Numa rotina de trabalho em que existam comportamentos inadequados o atleta pode resistir ativamente às mudanças necessárias e reagem dizendo coisas como: "Por que eu preciso mudar?". Neste caso, o risco encontra-se no atleta perder concentração, compromisso e falta de produtividade como comportamentos.

3 – Aceitação relutante

Conforme os atletas vão trabalhando internamente seus sentimentos de raiva, eles caminham para o terceiro estágio, no qual eles começam a aceitar as mudanças de comportamento necessárias. Neste ponto poderemos ouvir algo como: "Mudar é muito difícil para mim, como irei fazer isto?", ou “Eu nunca aprenderei a fazer isto, preciso de ajuda!".

4 – A fase final

Quando um atleta se compromete sinceramente em mudar, ele começa a ter o foco no futuro em vez de enfatizar sempre o passado; passa a ter um senso claro do seu papel e para a direção que está seguindo.

Este é um processo simples, mas muito rico e eficaz, para promover mudança de comportamentos e que um coach bem preparado, capacitado e experiente pode realizar com atletas no mundo do futebol.

E você, tem algum comportamento que deseja mudar atualmente?!

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br

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Renúncias e corrupção

A renúncia de João Havelange como presidente de honra da Fifa por escândalos de corrupção na época em que liderou a entidade máxima do futebol foi apenas o desfecho de um ciclo iniciado por Ricardo Teixeira e que passou por Nicolás Leoz, que seguiram caminhos similares na CBF e Conmebol.

Os casos citados estão longe de surpreender, uma vez que há anos repórteres investigativos, como o escocês Andrew Jennings, retratam alguns dos submundos do futebol. De livros que igualmente mostram a forma exponencial como o futebol se desenvolveu dão a entoada daquilo que vivemos hoje.

Se não surpreende, preocupa, já que tais problemas passam a nos ser familiares. Havelange, por exemplo, por tudo que representou, não se sentará em uma Tribuna de Honra durante a Copa do Mundo ou as Olimpíadas que acontecerão em seu país – a não ser que compre ou ganhe ingressos por outro meio…

Mas é o outro lado destas histórias que gostaria de comentar – e aqui o faço bem longe de querer defender qualquer um destes indivíduos (Bem longe!!!).

O fato é que a Fifa, na década de 1970, era uma entidade deficitária e se tornou bilionária no final da década de 1990 pelas mãos de Havelange – e isto não é novidade para ninguém: os números comprovam.

Lógico que isto não é desculpa para eventuais desvios ou corrupções, como as que o ex-presidente da Fifa está sendo acusado. Na realidade, estamos falando de uma entidade privada, "sem fins econômicos", que se relaciona com outras entidades privadas, "com finalidade econômica", e é aí que reside o grande desafio para o desenvolvimento do esporte moderno.

Nas entidades sem fins econômicos não há remuneração para os cargos eletivos. As práticas das empresas, por sua vez, é de gratificar – seja com bônus ou altos salários – seus principais executivos. A famigerada "Participação nos Lucros" ou "Success Fee" simplesmente não existe e, portanto, é criminalizada nas entidades que administram o esporte quando algum dirigente o percebe.

Reforçando a linha de raciocínio: os eventuais desvios pelos quais os citados dirigentes estão sendo acusados são crime, sim (embora as Leis da Suíça tratem de forma diversa esta questão) pelo formato de constituição das entidades que lideraram. São também, hoje, imorais, pela mesma razão.

Contudo, merece uma reflexão mais técnica, sem demagogias e menos eivada de paixões por conta da dimensão e proporção que a indústria do esporte conquistou nos últimos 40 anos.

A reflexão é baseada em uma pergunta simples, que encerra este texto: "é justo o presidente de uma entidade bilionária não receber nada pelo seu trabalho?"

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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O legado também depende de comunicação

Legado é um dos assuntos mais frequentes em debates sobre a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Brasil.

No entanto, quase todas as discussões sobre o tema abordam estruturas físicas ou de serviços que o país terá de desenvolver para acomodar os dois eventos. Pouco se fala sobre algo que os torneios poderiam promover: uma revolução na cultura esportiva nacional.

A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos são grandes oportunidades para mostrar ao mundo um pouco da cultura do país que os organiza. Mas, também são, por tudo o que representam, uma chance de o local criar novos costumes e condições. Sobretudo em sedes como o Brasil, que demandam mais intervenções na estrutura física.

O exemplo da África do Sul serve para deslindar a situação: a Copa do Mundo de 2010 foi uma plataforma para o país mostrar a relação que tem com o futebol – as vuvuzelas, por exemplo –, mas exigiu um novo conceito de consumo do esporte, guiado pelo perfil escolhido para os estádios.

Esqueçamos por alguns momentos os orçamentos estourados, a necessidade das obras, a locupletação ou a pasteurização desses equipamentos. Isso à parte, o fato é que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos exigem um padrão diferente do que é usado, por exemplo, no cotidiano brasileiro. São estádios cobertos, com lugares numerados, lojas, restaurantes de qualidade, camarotes bem estruturados e até gramados baixos e menores, feitos para acelerar o ritmo das partidas.

Todos esses atributos são bases usadas pela Alemanha para alicerçar a Bundesliga como a liga de futebol que mais cresce no planeta. É o campeonato com maior média de público entre os grandes, tem uma política mais austera do que outras ligas e vê crescer gradativamente o faturamento dos participantes. Essa evolução tem ligação intrínseca com a transformação que o país sofreu para receber a Copa do Mundo de 2006.

A África do Sul também precisou se transformar para sediar o Mundial de 2010. O país também ergueu novos estádios, reformou outros e uniformizou a excelência entre essas arenas. Contudo, a estrutura nunca foi plenamente aproveitada.

O que distancia a Alemanha da África do Sul, nesse caso, é o foco. A Copa do Mundo feita em solo germânico foi concebida com um propósito e foi colocada em um projeto muito maior. O evento foi meio. No exemplo africano, o evento foi fim.

Entre os dois exemplos, o Brasil está, evidentemente, muito mais próximo do segundo. O país ainda pode percorrer ambas as rotas, e o que vai determinar a escolha nacional é uma combinação entre dois aspectos: organização e comunicação.

Organização aqui é um conceito extremamente amplo, que passa pela criação de uma liga administrada de forma equânime, que trate o futebol como produto e que exija profissionalização de gestão para campeonatos e clubes. Esse é um caminho claro, que só não é obrigatório porque destruiria a estrutura política e coronelista que beneficia poucos.

Quanto à comunicação, o processo ainda não é tão nítido assim, mas não há outro meio de incutir nos consumidores a necessidade de uma mudança na relação com o esporte.

Por natureza, o ser humano é avesso a mudanças. Algo como se a homeostase fosse um novo patamar na escala evolutiva. O maior desafio não é criar novidades, mas fazer com que elas sejam assimiladas.

Pensemos nos estádios, então: a Fifa exige, por exemplo, que as arenas usadas na Copa do Mundo tenham lugares marcados. O respeito a isso, porém, só será possível com um grande esforço de comunicação dentro e fora dos aparatos.

Houve problemas com desrespeito a lugares marcados na Copa do Mundo de 2010. Curiosamente, alguns deles envolveram brasileiros. Os mesmos brasileiros que respeitam locais marcados em cinemas e teatros.

Lugares marcados são apenas um exemplo do quanto a cultura em eventos esportivos pode mudar com as novas arenas. Há outros, como o fim dos ambulantes circulando dentro e fora dos estádios. É necessário que essa prática seja regulamentada e que não seja predatória. As lojas oficiais são importante fonte de receita, e a emoção de um jogo normalmente é um bom impulso para fazer os consumidores gastarem.

Tudo isso demanda comunicação. O torcedor precisa saber, por exemplo, que a Fifa cria um raio de proteção em torno das arenas usadas na Copa do Mundo. Nesse setor, é impossível circular com produtos de marcas diferentes das que patrocinam o evento. Até os bares e restaurantes nas imediações dos estádios precisam se adaptar.

O torcedor precisa saber quais são as funcionalidades de cada novo estádio e precisa entender como usá-las. Não basta prepará-lo para o clima de festa ou tentar forjar no país um Carnaval em torno dos eventos esportivos; é fundamental mostrar de forma prática como eles podem afetar o cotidiano do povo.

Nesse ponto, nenhum estádio entre os que foram inaugurados recentemente no Brasil foi competente. O último exemplo veio do Maracanã, reaberto no último sábado. O primeiro jogo no novo palco, que será sede da Copa do Mundo de 2014, foi um amistoso entre amigos dos ex-jogadores Bebeto e Ronaldo.

(Parênteses: Sim, o estádio mais importante da Copa do Mundo de 2014 foi reinaugurado em um jogo de amigos. Sim, essa é uma representação incrível de como o país funciona. Os amigos, chegados e cupinchas são sempre os primeiros.)

O foco da discussão, todavia, não é nem esse. O importante é pensar que a reabertura do Maracanã não foi sustentada por grande campanha de comunicação. E que todo o espaço foi usado para divulgar o evento, não para mostrar ao torcedor o que isso muda na vida dele.

Em Salvador, a maior campanha sobre a inauguração da Itaipava Arena Fonte Nova foi feita pela cervejaria que comprou os naming rights do aparato. Mas também foi, a exemplo do Maracanã, algo com perfil totalmente institucional.

A sensação que fica é como se Brasil estivesse comprando 14 novos supercomputadores, mas não capacitasse pessoas para operá-los ou para aproveitar plenamente as funcionalidades oferecidas.

O maior exemplo disso também foi dado na Itaipava Arena Fonte Nova. No último fim de semana, torcedores que foram ao estádio ganharam caixirolas, instrumentos criados pelo compositor e músico Carlinhos Brown e adotados pelo governo federal como artefatos oficiais da Copa do Mundo de 2014.

A experiência não podia ter sido mais frustrante. As caixirolas produziram barulho chato, comparável ao da vuvuzela sul-africana. E a situação ficou ainda pior durante o jogo: enquanto o Bahia perdia para o arquirrival Vitória, torcedores atiraram os instrumentos na direção do gramado.

As cenas dos jogadores recolhendo os objetos rodaram o mundo. Autoridades ligadas à Copa do Mundo de 2014 já
se sarapantaram com a possibilidade de algo semelhante acontecer no evento internacional.

As caixirolas, assim como os estádios modernos e reformulados, são equipamentos estranhos para o público. Não basta simplesmente jogar as coisas nas mãos das pessoas e esperar que a cultura emerja sozinha.

Essa noção é fundamental para que o Brasil comece a pensar em um plano de comunicação para os grandes eventos esportivos. Não apenas para a duração desses campeonatos, mas para o que eles deixarão no país.

O problema é que um plano de comunicação assim depende de uma abordagem sistêmica, que admita as peculiaridades de cada sede e que coloque isso a serviço de um projeto maior. Fazer algo assim é extremamente difícil com a estrutura politizada do comitê organizador local e das entidades esportivas do Brasil.

A comunicação, afinal, depende da gestão. Ignorar isso é abrir mão de todas as possibilidades que o esporte oferece.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Pacotão de reforços

Vem aí um grande pacote de reforços prometido para salvar o futebol brasileiro da iminente insolvência econômica – historicamente acumulada – e instituir, em mais uma das tentativas, um marco regulatório no Brasil.

Junto da grande anistia aos clubes de futebol do país, o Governo Federal e o Ministério do Esporte pretendem incluir, no marco de gestão e responsabilidade fiscal, a limitação dos gastos com salários dos jogadores e comissão técnica, do tamanho dos elencos, além de alinhar o calendário de competições do Brasil com o da Europa.

A Europa já vem discutindo e implementando medidas no futebol continental, a partir do Sistema de Licenciamento de Clubes da Uefa, conjunto de normas e procedimentos regulatórios que versam sobre melhores práticas de governança corporativa, dirigidos aos clubes e associações nacionais.

De fato, as associações nacionais também se envolvem diretamente na aplicação de tais medidas, no âmbito de sua atuação nacional, e isso é um dos fatores de êxito do sistema.

Recentemente, após o período de adequação de clubes e associações ao sistema, alguns clubes foram punidos por não cumprirem com a previsão de respeitar as diretrizes orçamentárias.
As sanções variam de perda de pontos até a eliminação de competições continentais.

No Brasil, corre-se um grande risco de insucesso nessa tentativa de "enquadrar" o futebol a tais regras impositivas, se a própria CBF não estiver envolvida na construção do sistema de licenciamento.

Não só de fato como de direito, a autonomia desportiva que a Constituição Federal lhe assegura e, consequentemente, aos clubes e federações estaduais, permite à CBF decidir quando e, se, deseja por em prática esse marco regulatório.

A não ser que o movimento para a instauração do licenciamento seja originário da Fifa e impulsione, ou até mesmo, obrigue a CBF a implantá-lo por aqui, dificilmente a iniciativa do Governo e Ministério do Esporte ganhe legitimidade junto ao futebol brasileiro, além da questão formal-legal definida na legislação federal.

Se for, obviamente, apenas para anistiar os clubes e não se lhes exigir, como contrapartida, o estabelecimento de melhores práticas de governança corporativa, em áreas estratégicas da gestão, como recursos humanos, jurídica, ética, administrativa, desportiva, financeira e de responsabilidade social, ficará muito fácil e tranqüilo.
Afinal, é muito simples proibir ou permitir.

Muito mais complexo é se criar um sistema baseado na ampla discussão, na educação e informação, visando regulamentar e contribuir com a evolução da gestão do futebol brasileiro, chamando a todos para discutir e assumirem responsabilidade sobre este marco regulatório – CBF, clubes, federações, atletas, poder público.

Nesse sentido, o horizonte pode ser positivo, não apenas impositivo.
E, no fim das contas, nós todos pagaremos a conta disso tudo.
Já pagamos outras tantas vezes. Não pretendo ver meu dinheiro, recolhido através dos impostos, sustentando instituições falidas que não entendam seu relevante papel social e assumam o ônus decorrente disso.

Porque o bônus já estamos cansados de oferecer.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Os treinos, os tipos de jogos e a manutenção da posse de bola

A qualidade na manutenção da posse de bola é um comportamento coletivo pretendido pela grande maioria dos treinadores. Seja a equipe orientada para um ataque posicional, ou até mesmo um ataque rápido ou contra-ataque, é fato que se espera a eficácia na transmissão da posse de bola para que a ação ofensiva termine com possibilidade de finalização.

Posto isso, para aperfeiçoar a dinâmica coletiva da progressão em posse, os treinadores fazem uso de diversos treinamentos, atividades e recorrem à utilização de diferentes métodos.

Em minha atuação prática, como todos sabem, aplico um método de treino sistêmico em que toda atividade (jogo) é ao mesmo tempo física-técnica-tática-mental. Nesta semana, serão feitas algumas observações para quem escolhe este método e pretende evoluir na construção do comportamento de manutenção da posse de bola (não necessariamente um jogar predominantemente em posse).

É bem frequente a realização de jogos sem alvos para aperfeiçoar a manutenção da posse. Denominados jogos conceituais, por não terem as zonas de risco e finalizações, estes tipos de atividades são muito distantes do futebol formal e seguramente não traduzem no ambiente competitivo a posse de bola desejada. Nestas atividades, elementos indispensáveis para uma boa circulação como as coberturas ofensivas, a profundidade e as estruturas zonais fixas inexistem, logo, a dinâmica da construção da posse na sessão de treino não será a mesma daquela que se pretende evidenciar no jogo.

Outra situação muito utilizada é a dos jogos conceituais, agora com a presença de alvos, portanto, mais próximos do futebol formal. Por definição, os jogos conceituais são realizados em dimensões significativamente menores que o espaço formal de jogo. Com a distância entre alvos mais próxima, a atração pelas metam são ainda maiores e um equívoco não deve ser cometido: preocupados com a manutenção da posse, a solução encontrada por alguns treinadores (inclusive por este que vos escreve, anos atrás) é estipular um número mínimo de passes para permitir a finalização. Um crime contra a Lógica
do Jogo!

 

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É preciso saber que jogos com dimensões reduzidas, por sua formatação, inviabilizam um trabalho de manutenção da posse de bola em quantidade de passes. O que não significa que tal referência operacional não possa ser treinada em tais dimensões.

Os jogos conceituais em ambiente específico, se corretamente planejados e aplicados, são os que proporcionam maior proximidade com o jogo de futebol. Neles, as regras de ação desempenhadas por cada um dos jogadores, derivadas das competências essenciais do jogo (estruturação do espaço, comunicação na ação e relação com a bola), são altamente específicas. Com os 22 elementos (ou a maioria deles) na mesma atividade, a densidade das situações-problema que surgem relativas à manutenção da posse (lembrando, independentemente do tipo de ataque utilizado) é elevada e tem grande relação com o ambiente competitivo uma vez que são exigidas a ampliação do espaço efetivo de jogo, a abertura de linhas de passe, as desmarcações, as movimentações com ou sem troca de posição, a ação dos fundamentos técnicos de transmissão da posse de bola, além das coberturas ofensivas, profundidade e estruturas zonais fixas (citadas no início do texto), indispensáveis para o sucesso do referido princípio de jogo.

É válido mencionar que a faixa etária e o nível de compreensão do jogo por parte da equipe influenciam a escolha que a comissão técnica fará sobre os jogos. Quanto mais próximos da profissionalização, aconselha-se maior quantidade de jogos conceituais em ambiente específico.

Para a evolução de cada princípio de jogo, os treinadores fazem uso de diversos treinamentos, atividades e recorrem à utilização de diferentes métodos. Qual o método você utiliza?

Aguardo sua resposta!

 

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O que a Copa do Mundo tem a ver com a escola dos seus filhos

No próximo ano, o Brasil sediará o maior evento esportivo do planeta, a Copa do Mundo de Futebol. Desde a confirmação do país como sede, em 2007, a expectativa é grande. Espera-se um evento fantástico e, acima de tudo, que, enfim, a seleção canarinho possa vencer um Mundial em casa.

Entretanto, organizar um Mundial não envolve apenas questões desportivas e estruturais, mas interfere no país como um todo. Por esta razão, em 2012, foi promulgada a Lei Geral da Copa que dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações Fifa 2013, à Copa do Mundo 2014 e à Jornada Mundial da Juventude – 2013.

Dentre as medidas previstas, o art. 64 determina que, em 2014, os sistemas de ensino deverão ajustar os calendários escolares de forma que as férias escolares decorrentes do encerramento das atividades letivas do primeiro semestre do ano, nos estabelecimentos de ensino das redes pública e privada, abranjam todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo Fifa 2014 de Futebol.

Como a Copa do Mundo ocorrerá entre 12 de junho e 13 de julho de 2014, as férias escolares do meio do ano que normalmente são de 15 dias, em 2014 terão 30 dias.

Doutro giro, a Lei de Diretrizes e Bases, em seu artigo 24 determina que a educação básica, nos níveis fundamental e médio terá carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver.

Sobre estas disposições, o Ministério da Educação homologou, em março, parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) no sentido de que a Lei Geral da Copa não poderá se sobrepor à Lei de Diretrizes e Bases. Assim, as escolas deverão adequar seus calendários de forma que cumpra a carga horária prevista e ao mesmo tempo conceda férias durante a Copa do Mundo.

Dessa forma, os sistemas de ensino possuem três soluções. A primeira seria iniciar as aulas ainda no mês de janeiro. A segunda seria repor aulas aos sábados. E a última, seria terminar o ano letivo mais tarde.

A tendência é que a primeira solução seja adotada, ou seja, as aulas do ano letivo de 2014 devem se iniciar ainda na segunda quinzena do mês de janeiro, razão pela qual, os pais não devem programar suas férias de verão para este período, sob pena de não poder desfrutar do tempo livre com seus filhos.

Urge destacar que, com base no parecer do CNE, as escolas que pretenderem manter o calendário regular, ou seja, sem férias durante o Mundial, terão subsídio jurídico e poderão pleitear seu anseio judicialmente.

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Estresse no futebol, como controlá-lo?

No esporte o estresse é uma das variáveis determinantes do rendimento esportivo e por este motivo tem sido estudado ao longo dos anos por vários pesquisadores no campo das ciências do esporte.

Os sintomas e consequências são investigados com o objetivo de desenvolver instrumentos eficazes de diagnóstico e controle do estresse. Os resultados desses diversos estudos nos permitem compreender que o estresse poder afetar os atletas de diferentes formas e que devemos levar em consideração fatores como idade, sexo, nível de rendimento e modalidade esportiva.

Essa situação que requer alguma adaptação dos atletas que denominada estresse pode ter diversas fontes, tais como: o volume dos treinos, a importância da competição, contusões, pressão da torcida, a obrigação de vencer, a cobrança do técnico, a cobrança do próprio atleta, de colegas da equipe e às vezes da própria família.

E nestas situações é que a ausência de instrumentos para controle do estresse é que alguns ou muitos atletas perdem o controle emocional. Estes mesmos atletas eventualmente acabam recorrendo à utilização de medicamentos para controlar o estresse, em outros casos vão buscar o relaxamento na bebida alcoólica ou até na comida.

Pelo este motivo, na coluna desta semana que contribuir com a exposição de uma técnica para controle do Estresse: a Técnica de Respiração. Esta técnica somática, desenvolvida por Lindemann (1984), é realizada através da respiração e por meio de movimentos respiratórios, na qual se pretende relaxar todo o organismo e os segmentos corporais.

Os principais efeitos desta técnica são:

• Relaxa todo o corpo e a mente por meio da respiração profunda;

• Aprende-se o autocontrole e o autodomínio sobre o corpo e a mente;

• Melhora a capacidade mental de relaxamento e consequentemente a saúde mental e a qualidade de vida.

• Podemos atentar que a grande vantagem desse método é a flexibilidade de aplicação: pode ser realizada em qualquer lugar, em qualquer momento e com duração de apenas 2 a 5 minutos.

Temos as seguintes opções para as posições para a realização desta técnica:

1. Posição sentada (numa cadeira ou num banco);
2. Posição deitada no chão (relaxamento profundo);
3. Pernas colocadas em cima de uma cadeira e corpo deitado no chão;
4. Posição em pé (adequado para competição);
5. Respirar profundamente caminhando ou correndo levemente (adequado para competição).

A fase de preparação da técnica necessita que o atleta esteja numa posição cômoda e num lugar tranquilo, que esteja mentalmente positivo e que a expiração do atleta seja profunda.

Na execução a inspiração deve ser um processo natural e acontece automaticamente; devem-se evitar intervalos após a fase de inspiração; a fase de expiração de ser levemente prolongada, sendo que após esta fase é necessário termos um intervalo acentuado. Lembrando que a referência na execução deve ser a respiração abdominal.

Como orientação, recomenda-se contar internamente, na fase de inspiração, até 3, e na fase de expiração, até 5. No final dos exercícios de respiração, devem-se abrir os olhos e aplicar a fórmula positiva de autoafirmação, como por exemplo: "Eu estou me sentindo tranquilo, concentrado, com muita energia e pronto para competir".

O exercício da respiração pode ser realizado em durações diferentes conforme abaixo:

1. Programa de 2 minutos: Relaxamento parcial (antes de treinos e competições);
2. Programa de 5 a 10 minutos (com música de relaxamento): Relaxamento profundo (após treinos e competições);
3. Programa de 10 a 15 minutos (com música de relaxamento): Relaxamento profundo (antes de dormir, um dia antes da competição).

E você, tem controlado seu estresse? Fica a dica, tente a técnica da respiração e sinta-se melhor e no controle de suas emoções.

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br