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Cristiano Ronaldo ou Eusébio: qual o melhor?

Qual o médico português, hoje, por mais informado que seja, que afirma, sem receio, ser melhor médico do que o foram, por exemplo, Egas Moniz, Francisco Gentil, Fernando Fonseca, Polido Valente ou Reinaldo dos Santos?

O nosso António Damásio, neurologista que o mundo todo conhece e admira, pode considerar.se mais inteligente do que o Claude Bernard (1813-1878), um dos nomes maiores da História da Medicina, porque tem por si conhecimentos que o médico francês necessariamente não possuía?

Em todas as áreas do conhecimento, os pioneiros não temem cotejo com os seus discípulos, porque o progresso com eles se iniciou e não com os mais jovens. “Eu sou eu e a minha circunstância”.

Ora, a “circunstância” de meados do século XX, ou do século XIX, não dava espaço a homens superiormente inteligentes, como os que acima citei, que pudessem revelar muitas das suas virtualidades.

Na sua tese de doutoramento (de que fui eu o orientador, perdoem-me a imodéstia) Gonçalo M. Tavares declara que até os movimentos, se é verdade que pertencem ao esqueleto que os sustém, à vontade individual e às decisões tomadas por uma única cabeça, não é menos certo que, também eles, estão condicionados por Leis, por uma História, por uma Geografia, por uma Economia.

Por isso, em cada movimento, o corpo pode afirmar: eu já não sou o que era! Também as várias ciências se movimentam e, a cada corte epistemológico, cada uma delas pode adiantar sem receio: eu já não sou aquilo que era. E não é o desporto movimento?

Os meus oitenta anos de vida, quase sempre próximos do futebol, permitem-me escrever o seguinte: para depor sobre os melhores rematadores do futebol português, que eu tenha visto jogar, julgo dever assinalar Fernando Peyroteo (nos 432 encontros em que participou marcou 694 golos), Matateu, Eusébio, Fernando Gomes, Pauleta e Cristiano Ronaldo.

Para o pódio, apontaria Eusébio, Cristiano Ronaldo e Matateu, por esta ordem.

Nem a Medicina, nem a Psicologia, nem o Direito, nem a Sociedade, nem a Cultura, nem os Clubes, nem a organização desportiva, nem o próprio treino, na década de sessenta, podiam dar ao Eusébio o que podem oferecer, hoje, ao Cristiano Ronaldo. E, se as condições não são idênticas, mesmo coligindo observações minuciosas uma classificação rigorosa não se torna possível.

Façamos de ambos émulos de Deus, na sua função criadora de futebolistas geniais. E deixemo-nos de romper pelos jornais, pela rádio e pela televisão, a anunciar: o Cristiano Ronaldo é melhor do que o Eusébio. Ou o contrário: o Eusébio é melhor do que o Cristiano Ronaldo. Seria o mesmo que dizermos que o Platão é melhor que o Aristóteles, ou que o Dante é melhor do que o Camões ou, futebolisticamente falando, que o Maradona é melhor do que o Pelé.

N’A Poética do Espaço, Gaston Bachelard adverte: “O cientista nunca vê pela primeira vez. Na observação científica, uma só vez não conta. A ciência pertence ao reino das muitas vezes” (p. 164). Ora, como é que opinadores que nunca viram jogar nem o Eusébio, nem o Pelé, muitas vezes (alguns. nem uma vez que fosse), podem convictamente afirmar que o Cristiano Ronaldo é melhor do que o Eusébio, ou que o Maradona é melhor do que o Pelé?

Durante estes meus oitenta anos de vida, distingo dois extremos, no futebol português, que jogavam normalmente à direita: José Augusto e Figo. A ambos os vi jogar muitas vezes (ao Figo, mais pela televisão). António Oliveira (F.C.Porto e Sporting C.P.), um verdadeiro artista que, como o Manuel Vasques dos “cinco violinos”, fazia do futebol um pretexto para dizer e fazer beleza – António Oliveira nem sempre jogou à direita, como um extremo clássico (os seus três anos de jogador do Sporting assim o confirmam). Por isso, escolhi o José Augusto e o Figo.

O José Augusto usufruía de uma velocidade e de um jogo de cabeça e de um poder de finta que o Figo não tinha. Este era mais poderoso e de inexcedível inteligência tática. Qual dos dois foi o melhor? Não sei!

Que o digam os estagnados em rotinas caducas que nunca viram jogar o José Augusto. Num romance de Clarice Lispector, o seu livro Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres, uma das personagens afirma: “Não entender era tão vasto que ultrapassava qualquer entender. Entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma bênção estranha, como a de ter loucura sem ser doida” (p. 42).

Admito, de facto, que dê um gozo estranho falar do que não se sabe. Mas vou mais além. Sócrates tinha razão, ao declarar: “Só sei que nada sei”. Mas uma coisa é não saber porque se sabe e outra é não saber porque não se procura o saber.

É evidente que, se me referisse a extremos, que jogavam normalmente do lado esquerdo, escolheria, para o pódio, António Simões, Paulo Futre e Fernando Chalana. Uma nótula para evitar confusões…
 

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

 

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Mais uma para a saga: os ingressos no futebol

Estamos diante de mais um episódio da novela: “O preço dos ingressos em jogos de futebol”. Como protagonista, o Flamengo, com a final da Copa do Brasil diante do Atlético Paranaense.

O vilão é o Procon-RJ, junto com o Ministério Público, que pedem “explicações” sobre o aumento “abusivo” do preço. Para alguns, na realidade, os papéis de vilão e mocinho deveriam ser invertidos, mas explico o porquê de tratarmos esta coluna com personagens caricatos no sentido inicialmente descrito.

Primeiro, que o futebol não é um bem essencial. É, sim, um produto importantíssimo para o cotidiano da grande maioria da população brasileira, mas está longe de ser questão de vida ou morte – mesmo para os mais fanáticos.

Digo isso pois vejo negligência e afronta aos direitos do consumidor ou de um maior rigor na fiscalização destes mesmos organismos para itens básicos, de água a alimentação, de bancos a regulação de preços de outros bens de consumo.

Segundo, que a indústria do futebol passa por um momento de transição importante, que é a acomodação de uma linguagem nova, ainda pouco testada no Brasil, que é a venda do esporte efetivamente como espetáculo. Neste âmbito, o próprio mercado tende a se regular e a se adaptar, respondendo aos anseios do consumidor.

É natural que possam existir falhas ou exageros, para mais ou para menos. No fim, o choque de realidade ocorrerá, mas é o próprio mercado que deverá aprender a medida certa de sua conduta.

Finalmente, apesar do relato que pretende esclarecer este processo natural de mudança, percebe-se que ainda comete-se a falha de não ser transparente.

E o processo é tão simples quanto tabelar preços antes do início da temporada. Desta maneira, é possível se deixar claro o processo de precificação, que tende a levar em conta fatores estritamente de mercado, respeitando a lei da oferta e da procura.

É fato que precisamos evoluir nestes termos. Mas, a solução passa completamente longe de uma proposta populista, política ou interesseira que pretenda regular uma atividade de entretenimento privada, que passa por um processo claro de profissionalização e ajuste.

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O preço do espetáculo

Os quatro "Ps" são um conceito usado no marketing ao menos desde a década de 1940. Nos negócios, ainda que forma empírica, a discussão sobre produto, preço, promoção e ponto de venda é ainda mais antiga. O futebol brasileiro ainda não é tratado como um produto, mas aos poucos começa a abordar o tema.

É claro que a discussão no futebol brasileiro ainda é rudimentar. É claro que o futebol brasileiro ainda começa a chegar aos quatro "Ps", mas os teóricos de comunicação e marketing já aprimoraram e modificaram esse mix. É claro que o debate no país tem sido permeado por uma série de conceitos prontos e de idiossincrasias. Ainda assim, é salutar pensar que assuntos outrora ignorados começam a fazer parte da pauta.

O futebol brasileiro ainda trata mal o ponto de venda e a promoção, mas evoluiu muito nos últimos anos sobre a visão de produto. E tem tido conversas – imaturas, é verdade – sobre o preço. Tudo isso expõe as feridas e mostra o quanto o mercado aqui ainda é subdesenvolvido, mas ao menos oferece perspectivas positivas.

Olhe o copo meio cheio: há alguns anos, o futebol brasileiro ignorava discussões sobre preço e produto. Hoje em dia, os assuntos pelo menos fazem parte da pauta.

Agora, olhe o copo meio vazio: a discussão sobre produto ainda é sair do zero para o quase zero. A discussão sobre preço ainda é "está caro" ou "está barato". Enquanto os debates não forem aprofundados, a evolução seguirá sendo lenta.

Quanto ao produto, a NBA deu na última semana uma aula ao futebol brasileiro. A liga profissional de basquete dos Estados Unidos já tem um patamar absolutamente diferente de relação com os consumidores, e quem foi ao jogo de pré-temporada que eles fizeram no Rio de Janeiro pôde ter uma ideia disso.

No entanto, preocupada com o tratamento destinado ao torcedor, a organização do campeonato procurou a Disney, maior empresa de entretenimento do planeta, para entender os preceitos que balizam a relação da marca com o público.

A NBA participou de uma reunião no Disney Institute, órgão responsável por montar os treinamentos dados aos funcionários dos parques. Além disso, a liga de basquete pediu um estudo sobre o atual tratamento dado ao público e em que pontos eles podem evoluir. A pesquisa incluirá todas as franquias e servirá como ponto de partida para as metas dos próximos anos.

O salto que a NBA pretende dar é de "tratar bem" para "tratar melhor" o consumidor. O futebol brasileiro ainda busca o “tratar bem”. Enquanto isso, no último sábado, a torcida do Coritiba tentou invadir uma área demarcada nas arquibancadas do Canindé durante o jogo contra a Portuguesa e foi abordada pela Polícia Militar com violência contundente. Ao menos 17 dos 20 times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro tiveram adeptos envolvidos em episódios de brigas neste ano.

O futebol brasileiro vê a aproximação de uma realidade diferente, com novas arenas e um patamar mais refinado de serviços. Se isso não incluir respeito e um bom tratamento ao consumidor, contudo, a "casca" não será suficiente para provocar uma mudança.

Tratar o futebol como produto é ainda mais amplo, mas o futebol brasileiro já ficaria muito feliz se apenas retirasse do público a sensação de ser lesado.

O mesmo vale para os preços. Na semana passada, em evento realizado em São Paulo, o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, fez uma ponderação interessante sobre o assunto: "Quem define os valores dos ingressos é o mercado".

Sanchez ofereceu um bom gancho para discussão. Podia ter saído daí um debate muito mais denso do que "é caro" ou "é barato". Ele mesmo, porém, desviou o foco. Questionado sobre uma promoção realizada pelo São Paulo, que reduziu o preço dos ingressos para jogos do Campeonato Brasileiro, o ex-mandatário alvinegro foi enfático: “O que eles fizeram foi um mal para o futebol brasileiro”.

Quando presidiu o Corinthians, Sanchez colecionou troca de farpas e provocações com a diretoria do São Paulo. Some essa animosidade a uma avaliação rasa e o resultado é um debate como o que aconteceu na terça-feira: réplicas e tréplicas intermináveis e inaproveitáveis.

Dias depois, o Flamengo ofereceu uma nova chance de discutir o assunto preço. O time rubro-negro reajustou preços de ingressos para a decisão da Copa Perdigão do Brasil, contra o Atlético-PR, no Maracanã. Torcedores comuns terão de pagar de R$ 250 a R$ 800, e os valores para sócios vão de R$ 150 a R$ 480.

“Essa é a última oportunidade que nós temos para arrecadar e equilibrar o fluxo de caixa. Depois, só em janeiro. Nós seremos muito gratos a quem puder fazer esse sacrifício e pagar um valor maior do que o de costume. Nós estamos passando por dificuldades e precisamos da ajuda de todos”, disse o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, à “Rádio Tupi”.

O reajuste dos preços gerou repercussão negativa e protestos. Até o Procon-RJ cobrou explicações do Flamengo sobre os valores cobrados por entradas para a decisão da Copa do Brasil.

Como disse Andrés Sanchez, “quem define é o mercado”. Essa é a lógica que faz com que times em crise criem promoções absurdas e que equipes em bom momento tentem tirar disso o maior faturamento possível.

A questão é que o futebol não pode ser tão suscetível ao mercado. O futebol precisa ser um produto atraente, que trabalhe com uma taxa de lotação maior nos estádios e que dependa menos dos períodos de bonança.

O exemplo está em muitas ligas da Europa. O Campeonato Inglês tem mais de 90% de taxa de ocupação nos estádios, por exemplo. O time que faz campanha ruim também leva muita gente, mesmo que seja apenas para ver a equipe mais badalada.

O futebol brasileiro vive uma gangorra de oferta e demanda porque promove mal os espetáculos. Também permite que isso aconteça porque oferece um produto que não condiz com a expectativa dos consumidores (nem em campo, nem fora dele).

É muito positivo que exista uma discussão sobre preço no Brasil. O país tem um padrão de vida caro, e isso permeia vários setores. O futebol tem usado argumentos como as novas arenas e as boas fases para inflacionar entradas.

Entretanto, a discussão não vai avançar se for apenas focada no preço. Já passou da hora de o Brasil aprender que as coisas não podem ser vistas de forma isolada e que elas têm repercussão, sim. Reduzir ou elevar os custos de entradas põe o time em um caminho, e é fundamental que os dirigentes entendam para onde essa rota vai.

A comunicação e o marketing entendem há pelo menos 70 anos que o preço não pode ser um evento isolado. No futebol brasileir
o, eu já ficaria feliz se visse pelo menos um resquício de estratégia nesse tipo de decisão.

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Gestão do espaço: por que 1-4-2-3-1?

Nas partidas de futebol, o confronto emergente das propostas de jogo das equipes que se enfrentam põe em disputa, primariamente, os espaços do campo e as vantagens nas ações dos jogadores dentro deles.

Bola e gol (meta) de ataque devem se aproximar. Bola e gol de defesa devem se distanciar.

Em um jogo de futebol, as equipes funcionam, coletivamente, como um organismo vivo, atento e operante na gestão dos espaços do campo, e em todo movimento produzido dentro dele – tentando controlar as relações entre a bola, a sua meta e a meta adversária.

Muitas vezes nas partidas, dificuldades na gestão dos espaços podem ser resolvidas a partir de intervenções que correspondem as ações realizadas dentro dele. Outras vezes somente a mudança da geometria desenhada pela equipe é que traz soluções efetivas.

Ainda que muitos especialistas digam que esquemas táticos são apenas a representação numérica de algo que nunca está em jogo, foi ele (o esquema tático) o primeiro grande e duradouro paradigma da gestão do espaço para utilização das equipes nas partidas de futebol.

Ao longo da história foi se “modernizando”, ganhando novos enlaces e dinâmicas – sazonalmente alguns viraram moda, outros ficaram na nuvem esquecimento.

No Brasil atualmente, o 1-4-2-3-1 e suas variações têm ganhado certo espaço – o que já mereceu um ótimo texto e debate do amigo Leandro Zago na revista Futbol Tactico (e com link aberto em seu blog).

Sem me aprofundar hoje na questão, entendo as mudanças na disposição dos jogadores nas linhas de jogo (goleiro – linha de defesa – linha de meio-campo – linha de ataque) ao longo da história, como soluções emergentes de problemas comuns enfrentados pelas equipes sistematicamente em seus jogos.

Muitas e muitas vezes, foi na mudança da ideia geral de uma geometria concebida a partir de um esquema tático, que dificuldades de gestão do espaço foram sanadas – e ainda, que problemas novos surgissem aos adversários.

É muito mais comum que as decisões de treinadores se voltem a resolver desvantagens ou para levar vantagens em um jogo, à geometria, do que às regras de ação inseridas nela.

O 1-4-2-3-1, suas variações e distorções surgem daí – porque esse esquema tático foi dando conta de resolver hoje (faz alguns anos) a maior parte das “circunstancialidades desequilibrantes” a que uma equipe pode ser submetida sob o ponto de vista da estruturação do espaço (sem que necessariamente ela se dê conta disso!).

Com pouca sofisticação organizacional, ele tem permitido a treinadores e equipes a produzir mais, com aparentemente menos – e com muita sofisticação – resultados muito interessantes.

Não, não penso que o 1-4-2-3-1 seja aquilo que se possa produzir de melhor em termos de ideias para a ocupação organizada do espaço – vislumbro outra coisa/ideia/conceito (e aqui não estou nem entrando no debate sobre as características dos jogadores para maximizar as potencialidades que o 1-4-2-3-1 pode apresentar).

Mas, sim, ele pode trazer vantagens; porém, mais pelo tipo de problema que hoje as equipes vivenciam e propõem nos jogos, do que por todas as possibilidades que esse esquema tático propicia.

Pensemos nisso.

Se coletivamente o jogo de futebol é um jogo de gestão de espaços, ações, bola e metas, individualmente, toda a ação de todo jogador, a qualquer instante, influencia e recebe influência da massa coletiva dos jogadores da própria equipe e da equipe adversária. O esquema tático é um paradigma voltado para que essas influências tragam o máximo de vantagens e benefícios.

Se ao longo da evolução do jogar futebol eles surgiram como soluções, é melhor pensarmos rápido quais são os novos problemas que queremos propor, porque senão ficaremos sempre à mercê de uma solução padronizada e pouco discutida.

Por hoje é isso…

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Futebol: 150 anos de uma paixão

E não é que o futebol completou 150 anos de idade no mês de outubro?

Na verdade, esportes com bola existem desde os primórdios, como na China há quatro milênios (a bola era um crânio), ou nas civilizações antigas da América Central, pelos idos do ano 500. A Fifa reconhece o milenar tsu chu, praticado na China por volta de 2000 a.C., como uma das primeiras práticas do que viria a ser o futebol.

A comemoração conta da data de unificação das regras do esporte, que se deu em uma noite de segunda-feira, 26 de outubro de 1863, em uma mesa na Freemason’s Tavern, no Centro de Londres, quando Ebenezer Morley, presidente do Barnes Club, convocou 11 representantes de outros grupos para unificar as regras do esporte que era praticado na Inglaterra havia quase mil anos e havia se popularizado no século 19, mas cada qual com seus próprios códigos. Na mesma reunião, os dirigentes fundaram a Football Association (FA), versão da atual Federação Inglesa.

Não foi a primeira tentativa de se unificar as regras, já que desde 1823 diversas escolas públicas britânicas tornou o esporte atividade obrigatória. Ocorre que em Oxford e Westminster, usava-se somente os pés para tocar a bola (o football). Em Cheltenham e Shrewsbury, eram permitidos mãos e pés (chamado de rugby). E havia, ainda, um terceiro esporte, o football rugby, também jogado por os estudantes.

Para se tornar o esporte mais popular do mundo, o futebol foi se adaptando. A implementação do árbitro se deu em 1874, quando passou a existir um árbitro para cada lado do campo. O pênalti surgiu depois de 1891 e aplicar cartões amarelos e vermelhos bem mais tarde, na Copa do Mundo de 1970.

Outros elementos fundamentais do jogo também foram admitidos com o passar dos anos, como a função do goleiro (1871), as linhas das áreas (1902), o impedimento (1925), as substituições (a partir de 1958), a vitória valorada com 3 pontos (1994) até a última mudança autorizada pela Fifa: a tecnologia na linha do gol.

A competição mais antiga do mundo é a Copa da Inglaterra, cujo a primeira edição se deu em 1871. Onze anos depois, em 1882, foi criada a International Football Association Board, órgão que até os dias atuais regulamenta as regras do futebol, mesmo depois da criação da Fifa (1904), à qual é hoje ligada.

Atualmente, o futebol é um grande negócio que movimenta a economia mundial. Desde 1930, a Fifa organiza a Copa do Mundo, maior evento desportivo do mundo, que teve 3,2 bilhões de telespectadores na decisão da última edição (Espanha 1 x 0 Holanda), em 2010, na África do Sul.

No Brasil, as primeiras bolas chegaram oficialmente em 1894, trazidas pelo paulistano Charles Miller, filho de escocês, depois de estudos na Inglaterra.

Não obstante isso, há quem defenda que o futebol chegou ao Brasil, nos colégios jesuítas do interior de São Paulo por volta de 1881. Há ainda outros estudos que indicam a chegada do futebol ao Rio de Janeiro, introduzido por tripulantes de navios, e até o Bangu, por meio de um técnico inglês da fábrica têxtil do subúrbio carioca.

O fato é que o primeiro país da América do Sul a receber o futebol foi a Argentinam em 1867 por meio de operários ingleses que construíam rodovias na Argentina e criaram o Buenos Aires F.C., o primeiro clube do continente. A Argentina foi também o primeiro país a organizar um campeonato local depois da Inglaterra, em 1891.

Atualmente, o futebol é o esporte mais amado e rentável do mundo, capaz de ter mais seleções nacionais filiadas à entidade que a rege, a Fifa, do que de países reconhecidos pela ONU (204 a 193).

Tudo isso graças à emoção e a paixão despertada por este esporte no qual o mais fraco pode vencer o mais fraco e onde um segundo pode mudar tudo como na fatídica defesa do goleiro Victor do Atlético em pênalti marcado marcado aos 48 minutos do segundo tampo em uma partida decisiva válida pelas quartas de final da Taça Libertadores da América.

Neste esteio, imprescindível terminar este texto parabenizando o nosso esporte bretão citando-se o saudoso escocês e ex-técnico do Liverpool Bill Shankly:

“Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante ..”

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Como o humor pode contribuir em situações adversas

O final do campeonato brasileiro da série A se aproxima e chega a hora da verdade para a maioria dos clubes, principalmente aqueles que tentam escapar de qualquer maneira do descenso para a série B.

É raro perceber, num clube que se encontra numa situação adversa de alto risco em relação ao rebaixamento, os atletas e membros da comissão técnica sorrindo e demonstrando alegria em suas atividades. Muitas vezes o que vemos são semblantes fechados, cabeças baixa, desconforto em relacionar-se com a imprensa e toda e qualquer reação de tristeza pelo abatimento com a situação desconfortável.

Mas, sabiam que o controle do humor pode ser fundamental em situações como está?

Sim, isso mesmo, o controle do humor direciona o foco para as coisas positivas e não contribui para não gerar aborrecimentos desnecessários com as coisas que não possuem enorme importância ou circunstâncias com as quais não se está familiarizado ou aquelas que não se pode controlar. Pensar de maneira adequada antes mesmo de levantar-se, pela manhã, já representa uma ótima maneira de começar bem o dia.

Se o atleta tem pensamentos negativos, devemos ajudá-lo a ter condições de modificar esse foco para coisas positivas. Estimular emoções negativas pode ascender a chama de sua própria destruição e todo atleta deve conhecer esse fato. Ao contrário, uma atitude positiva pode ser vital para a retomada do sucesso, pois elas inspiram o atleta, aumentam sua energia para realização dos trabalhos diários em busca da recuperação do clube na tabela da competição.

Mas, essa teoria realmente pode fazer a diferença? A resposta é sim! E na prática, (pois vamos hoje direto ao ponto já que os clubes não tem tempo a perder, certo?) temos três pontos nos quais todos os envolvidos devem se concentrar.

1 – Preparar-se para ser mais positivo

• Descansar mais, quando se está excessivamente cansado é provável que o atleta apresente uma tendência em se deixar levar pelo foco negativo; então uma boa estratégia pode ser realizar pequenos repousos durante o dia sempre que possível.

• Aproveitar os sucessos, sejam eles pequenos ou grandes; as emoções positivas do sucesso podem manter o atleta concentrado nos aspectos positivos quando retornam à essas emoções.

• Fazer pelo menos uma coisa boa para você mesmo, o atleta precisa realizar uma vez por dia algo que realmente goste, isso contribuirá para levantar o ânimo e elevar a concentração.

2 – Proteger-se das coisas negativas

• Para de remoer pensamentos negativos, isso só aumenta sua negatividade e consome sua energia desnecessariamente;

• Em vez de concentrar-se no ponto negativo das coisas boas que aconteceram, tente se concentrar nos pontos positivos das coisas negativas. Boas lições podem ser aprendidas com essa atitude!

• Se um pensamento ou emoção negativa se instalar, procure mudar o foco para outra emoção ou pensamento positivo; seja ele uma lembrança de conquista, uma vitória num grande jogo ou uma emoção positiva do lado pessoal.

3 – Planejar ações positivas

• Existem duas opções para criar uma mudança positiva: ou muda-se o foco ou o ambiente. Então a dica é: mude sua perspectiva e o seu foco.

• Desenvolver um plano pessoal para manter-se positivo com frequência, isso contribui para aumentar sua capacidade de retornar ao foco positivo.

• Pratique concentrar-se nas coisas positivas e mudar seu foco de coisas negativas para positivas, sempre que houver oportunidade. Abuse de músicas ou filmes que promovam uma sensação positiva para você.

Com o tempo relativamente curto para o final da competição, deve-se dedicar um esforço adicional para promover a recuperação da equipe, resgatar a confiança e a esperança de ser capaz de retomar o caminho das vitórias.

Imagine-se nessa situação e responda, você realmente acredita que uma postura negativa e depressiva é capaz de contribuir com a melhora de desempenho em sua visa profissional? Pensou? Acho que não, não é mesmo?

Ou seja, se a situação é realmente difícil, promover um ambiente bem humorado aliado a um trabalho intenso e dedicado, pode se tornar um grande diferencial para qualquer equipe reverter um quadro de desanimo e resultados ruins, com certeza irá ajudar a equipe alavancar seu desempenho.

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Os ingressos e a sua dinâmica

Não existe mágica. Existem problemas e soluções. A grande questão é como estamos dispostos a buscar efetivamente as soluções. E assim seguimos com mais um exemplo de como se administra preços e produtos que estimulam a participação de torcedores em dias de jogos, retirado de Howard & Crompton (2004)[1].

Há mais de uma década, o artigo relata as ações protagonizadas pelas ligas americanas no sentido de trazer as pessoas para os estádios/ginásios/arenas. São 4 táticas, conforme breve descritivo:

1) Diferenciação de Preços: existem jogos e jogos. Cada qual com seu valor. É neste sentido que algumas ligas adotam a tática de diferenciação de preço por jogo conforme os seguintes critérios:

(a) Qualidade do adversário – no nosso caso, os “clássicos” teriam valores diferentes;

(b) Horário do jogo – variação conforme o dia da semana, o horário, o período do ano (levando em conta também a temperatura), se primeiras rodadas ou rodadas decisivas e finais;

(c) Local do assento na arquibancada, tendo valor mais elevado nos melhores locais do estádio.

2) Flexibilidade na Precificação do “Season Ticket”: o valor do “Season Ticket”, em muitos casos, é caro para o consumidor comum nos EUA. Em algumas franquias, mais de 60% dos “Season Tickets” são adquiridos por empresas e não por pessoas físicas.

Além disso, algumas franquias colocam como opção a compra de ingressos para toda a temporada, para a 1ª ou 2ª metade da temporada, ou o fazem por pacotes temáticos – como, por exemplo, somente para jogos contra os principais rivais (os nossos clássicos), ou somente os jogos de verão, ou somente os jogos de domingo (este com foco na atração de famílias), e por aí vai.

A chave é oferecer diferentes oportunidades de consumo, de acordo com o perfil de cada tipo de torcedor em relação a sua capacidade de pagamento.

3) Garantias de Devolução de Dinheiro: que nada mais é do que deixar a possibilidade de devolver parte do investimento para o consumidor caso este não fique satisfeito com os serviços do clube. Serve, principalmente, para não deixar margem de dúvidas sobre a obrigatoriedade em ir a todos os jogos, assumindo um compromisso fixo ao longo de toda uma temporada. Permite, portanto, resgatar um valor proporcional na temporada seguinte.

4) Compras pela Internet: no registro histórico, as compras de bilhetes pela internet são mais efetivas e deixam maior margem de lucro para as equipes, facilitando também a vida dos torcedores.

Somado a estas quatro táticas, existe o estímulo constante para que aqueles torcedores que adquiriram ingresso acompanhem de fato os jogos de sua equipe.

Os autores calcularam que, em jogos da NBA ou NHL, o registro de “NO SHOW” na base de 10% a 15% das pessoas que compraram bilhetes significa um prejuízo na ordem de US$ 1 milhão ao término de uma temporada por deixar de comercializar bebidas, comidas, estacionamento, produtos licenciados e outros.

Enfim, o debate é amplo e precisa evoluir em muito ainda no Brasil. O fato é que as soluções são pensadas estrategicamente. Não podemos sentar em berço esplêndido, justificar com inúmeras desculpas e não agir.

No fim das contas, o que incomoda não é a conhecida baixa média de público e a baixa taxa de ocupação dos estádios de futebol no Brasil. É sim a inércia e as atitudes pouco criativas e efetivas para se trazer o torcedor para acompanhar os jogos de perto, ampliando sua proximidade com o clube e deixando melhores recursos para o mesmo…

1 – Howard, Dennis R.; Crompton, John L. Tactics used by sports organizations in the United States to increase ticket sales. Managing Leisure 9, 87-95, April 2004.

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Entre a verdade e o mito

Flávio Renato de Queiroz Segundo tem 20 anos e cursa o segundo ano de ciências contábeis na Universidade de São Paulo. No último domingo, ele resolveu pregar uma peça em jornalistas e foi à Uninove. Escalou um portão, gritou e lamentou ter perdido o horário para entrar no Enem (Exame nacional do ensino médio).

“Eu disse que queria fazer ciências econômicas na Universidade Federal de São Carlos. Só que nem existe esse curso”, declarou o estudante ao jornal “Folha de S.Paulo”. “A imprensa é muito ingênua”, completou.

O curso citado por Queiroz Segundo não existe em São Carlos, mas no campus da UFSCar em Sorocaba. E o garoto, por vontade de aparecer ou apenas por querer ilustrar a tal ingenuidade da imprensa, acabou dando uma série de lições involuntárias sobre comunicação.

A primeira e mais importante reflexão que o caso suscita: uma versão, por mais que seja plausível, não é necessariamente a verdade. Dar a qualquer história o peso de ser real é antes de tudo um ato de presunção.

É com isso que determinados profissionais flertam em vários momentos. Advogados e jornalistas, por exemplo, ouvem histórias diferentes, muitas vezes dicotômicas, e têm de lidar com um axioma: eles não podem ter certeza de qual é a versão verdadeira.

Nas últimas semanas, jornalistas que trabalham com esporte anunciaram a saída do técnico Tite, que atualmente trabalha no Corinthians, e a demissão de Vanderlei Luxemburgo, que está no Fluminense. Nenhuma das histórias se confirmou.

Aí entra uma segunda ideia referente ao episódio do garoto fingidor: era realmente importante entrevistá-lo? Um adolescente que chega atrasado e perde uma prova decisiva para o futuro dele é relevante de alguma forma? Por quê?

Ao contrário de outros segmentos, o esporte tem muitas fontes de informação. Se você quiser saber o que acontece em um clube ou federação, por exemplo, há sempre um enorme número de caminhos possíveis.

Em alguns casos, profissionais do departamento de comunicação tentam blindar as instituições ou os clientes e proteger informações. Aí, sempre é possível conversar com quem rodeia essas figuras.

Em outras palavras: foram raras as manifestações de Neymar sobre a transferência quando o jogador discutia a saída do Santos, no meio deste ano. Ainda assim, diferentes veículos encontraram informações sobre acertos do atacante com o Barcelona e até versões diferentes sobre o futuro do atleta.

As informações de acerto com o Barcelona, contrato assinado com o Real Madrid, valores assombrosos envolvidos no negócio e detalhes similares não partiram de Neymar. Elas saíram de pessoas que gravitam em torno do jogador, que podem ser dos clubes, do estafe, da família ou do convívio dele.

Da mesma forma, Tite e Vanderlei Luxemburgo não falaram sobre saídas dos clubes. Não fizeram nenhum anúncio e tampouco decidiram que deixariam os cargos – o corintiano chegou a pedir demissão depois de um revés para a Portuguesa, mas foi demovido.

No esporte, é possível encontrar gente para falar sobre praticamente todos os assuntos. É uma seara muito presente no cotidiano das pessoas, com incidência no dia a dia e muitas possibilidades de abordagens simples. A questão é: essas opiniões valem a pena?

Um profissional que trabalha com comunicação precisa ponderar tudo isso. É fundamental entender que haverá contradições e que muitas delas podem partir de pessoas que não têm qualquer relevância.

Essa discussão sempre me faz lembrar o filme “12 homens e uma sentença”. A obra relata a história de um réu acusado de ter matado o pai. No júri, 11 pessoas querem a condenação imediata e estão convencidas de que os argumentos são irrefutáveis. O outro mostra, de forma didática, que a verdade pode não ser assim.

O jurado dissonante não desmente a versão da maioria. Ele apenas mostra que há outras interpretações possíveis para fatos que são dados como certos por quem não os vivenciou.

A certeza de qual versão é verdadeira é algo praticamente impossível na vida de um profissional de comunicação. Um jornalista não pode asseverar isso sem ter dúvidas, por melhor que seja a apuração, a não ser que tenha presenciado a cena. Ainda assim, corre riscos de fazer interpretações erradas.

Ora, não é isso que fazem os comentaristas que tentam julgar intenção de jogadores? É impossível ter certeza, ao ver um jogo, se um atleta realmente quis colocar a mão na bola ou agredir um adversário. Por mais que as imagens esclareçam, a verdadeira intenção é certeza apenas para quem cometeu o ato.

A comunicação não trabalha com fatos, mas com versões sobre fatos. “Na dúvida entre a verdade e o mito, publica-se o mito”, disse alguém.

O esporte vive de mitos. Em todos os âmbitos, a comunicação precisa ter isso sempre em mente. Os ângulos das câmeras de TV na NBA são padronizados a fim de dar aos jogadores um ar de superioridade – as imagens são sempre de baixo para cima, valorizando o tamanho dos atletas.

As transmissões de um jogo, as entrevistas e até o comportamento dos atletas fazem parte de um plano de comunicação – ou deveriam fazer, pelo menos. Tudo comunica, afinal. Mesmo que a comunicação seja apenas uma versão dos fatos.

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Bastilha

François Hollande, o Presidente francês, já fez fugir de seu país o ator Gérard Depardieu.

É possível que, em breve, jogadores de futebol pensem que o melhor lugar da França seja o aeroporto Charles de Gaulle.

O governo do partido socialista havia prometido, em campanha, tributar em 75% os salários de todos os que ganhassem acima de EUR 1 milhão ao ano.

Isso, naturalmente, não só impacta no bolso do “empregado”, como também onera a política de remuneração que o “patrão” deve adotar nas negociações dos salários, encarecendo seu caixa.

Eis que os clubes de futebol, na França, estão acenando com o “lockout”, a greve dos empregadores que, seguramente, terá o apoio dos seus milionários jogadores-celebridade.

A reação ocorre diante da afirmação do governo de que não isentará o futebol da taxação de suas fortunas.

O futebol mundial tem vivenciado um presente de “exuberância irracional”.

A noção foi cunhada pelo ex-Presidente do FED, o Banco Central Americano, Alan Greenspan, chamando a atenção para a supervalorização do mercado de ações na bolsa e do sistema financeiro dos EUA em meados dos anos 1990.

Muito dinheiro vem sendo carreado para o futebol, dada a diversificação de fontes de receita global, incluindo investimento de grupos empresariais que compram clubes de futebol e passam a administrá-los.

O paradoxo, aqui, é que, em vez de se racionalizarem investimentos, acaba-se por “abrir a torneira” até a bacia transbordar, fazendo com que toda a indústria sofra com essa gestão irracional.

Por outro lado, os esforços ao chamado “fair play” financeiro do futebol tentam encontrar mecanismos para regulamentar, na esfera esportiva, o equilíbrio na gestão como princípio norteador. Michel Platini, francês, Presidente da Uefa, é o maior defensor dessa regulamentação.

Nos EUA, as grandes fortunas sempre foram taxadas com alíquotas bem altas, pois isso tem a seguinte origem e validação sociocultural e histórica: pagar mais impostos significa que uma empresa ou uma pessoa são bem-sucedidas e, como conseqüência natural, deve se sentir orgulhosa e “devolver” à sociedade ou “compartilhar” seu êxito com a comunidade.

É o conceito de “give back” que permeia toda a sociedade americana e a torna a nação que mais destina recursos à filantropia.

Filantropia essa que também se desenvolve na indústria esportiva, por meio das fundações e iniciativas administradas pelas ligas, pelos clubes e pelos grandes atletas.

Portanto, chama a atenção o movimento arquitetado na França, país notadamente conhecido pelo Estado de Bem-Estar Social, que orgulha o povo francês como sendo uma grande conquista que remonta à Revolução Francesa.

Ou não seria justo o pagamento de altos impostos por quem já ganha muito dinheiro?

Justo seria anistiar dívidas dos clubes de futebol, no Brasil, uma vez que o tamanho dessas dívidas é tão grande que não se pode pagar?

Ou justo é ter folhas salariais inflacionadas, desde o mais recente profissional egresso do sub-20, passando pela comissão técnica e chegando aos executivos de futebol?

Entre atores, jogadores de futebol e donos de clubes de futebol, parece que, na Europa Latina e na América Latina, o único ideal que se pode afirmar vigente é o da liberdade.

Porque igualdade e fraternidade custam caro demais aos seus bolsos.

E bem são ideais ultrapassados… Estão lá em 1789.
 

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Direito Desportivo agitará o mês de novembro

Nos dias 07 e 08 de novembro o Instituto Brasileiro de Direito em parceria com a Associação dos Advogados de São Paulo realizará a 9ª edição do tradicional Forum de Direito Desportivo.

O evento será em São Paulo, na sede da AASP, certificará com 8 horas e será composto por 6 painéis.

O primeiro tratará da "Profissionalização no Desporto e a busca por resultados". Destarte, o esporte movimenta bilhões e para alcançar resultados positivos em um clube ou federação desportiva, o caminho é a gestão profissional.

O debate, mediado pelo editor da Universidade do Futebol, o jornalista Bruno Camarão, será protagonizado por Mizael Conrado (bicampeão paraolímpico de futebol de 5 para cegos e Vice Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro), Montanaro ( gerente de vôlei – Sesi-SP – medalhista de prata nas Olimpíadas de Los Angeles/84) e Alexandre Pássaro Filho (Advogado e Vice presidente do Desportivo Brasil) e, dentre outras indagações avaliará como construir entidades vencedoras sem o especialista em cada área da entidade.

Na sequência o tema será a Copa do Mundo e seus impactos no Brasil avaliando-se as contribuições para o esporte brasileiro e as reinvidicações do Bom Senso Futebol Clube. Para tanto foram convocados o Deputado Federal Romário (a confirmar), o advogado e ex-presidente do São Paulo e do Clube dos Treze, Carlos Miguel Aidar, João Henrique Cren Chiminazzo (Advogado do Bom Senso FC) e Claiton Fernandez (Especialista em Gestão Estratégica de Esportes da FIFA/CIES/FGV). Este debate será mediado pelo comentarista do Sportv, Rivelino Teixeir.

O segundo dia do evento iniciar-se-á com o painel sobre o Futuro dos Direitos Econômicos abordando, dentre outros temas, o impacto e como o mercado irá reagir com eventual proibição de compra de parte ou totalidade dos direitos econômicos dos atletas. Este painel será mediado pelo Presidente do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo, Luiz Marcondes e contará com a presença do técnico Jorginho, do advogado Marcelo Amoretty e do gerente de contratos e registros do Coritiba FC, Lucas Pedrozo.

O quarto painel 4 abordará o doping e suas novas Perspectivas e terá como debatedores Thomaz Mattos de Paiva ( Advogado e Presidente Nacional do Comitê Antidopagem Cbat), Francisco Radler (Coordenador do Laboratório Ladetec) e Marco Aurelio Klein (diretor executivo da ABCD – Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem)

O penultimo painel trará um tema extremamente polêmico, a Homofobia no Esporte. Mediado pelo jornalista Ivan Bruno (Conexão FM), o debate contará com o Deputado federal e ex-BBB Jean Willys, o atleta Michael ( São Bernardo), Felipeh Campos (Criador da Gaivotas Fiéis) e por este articulista que escreveu artigo sobre o tema na última edição da Revista Brasileira de Direito Desportivo.

Para fechar com chave de ouro, o sexto painel tratará da limitação dos mandatos nas entidades desportivas e terá a participação do ilustrissimo advogado e vice-presidente da CBFs, Álvaro Melo e de Patricia Medrado, Diretora da Ong Atletas pelo Brasil. A mediação ficará por conta de Mauro Beting, jornalista esportivo da TV e Rádio Bandeirantes e do Lance.

As inscrições podem ser feitas pelo site do IBDD, www.ibdd.com.br.

Sem fôlego?

Os eventos não acabam aí, entre os dias 11 e 13 de novembro, a Universidade Federal de Santa Catarina promoverá o1º Congresso de Direito Desportivo com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais como os drs. Lucas Ottoni, advogado do Clube Atlético Mineiro, Leonardo Andreotti, professor do IESDE Madrid, Leonardo de Bem, Professor da UFSC e doutor pela Universidade de Milão, Rodrigo Bayer, Professor da UFSC, dentre outros. Terei a honra de palestrar neste grande evento.

As inscrições podem ser feitas pelo site http://congressodireitodesportivo.ufsc.br/

Coladinho ao evento de Santa Catarina, o Instituto de Direito Desportivo da Bahia (IDDBA) organizará a quinta edição do já tradicional “Esporte e Justiça”. Idealizado pelo Presidente do IDDBA e Procurador do STJD, o Seminário também contará com grandes nomes do Direito Desportivo como os Drs. Gustavo Delbin, Presidente do IBDD, André Sica, advogado do Palmeiras, Cristiano Possídio, auditor do TJD, Hudson Mancilha, Presidnete do Instituto Sergipano de Direito Desportivo, Marcelo Jucá, Presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB/RJ, Paulo Schimdt, Procurador Geral do STJD, dentre outros. Este evento contará, ainda, com o lançamento do meu livro “Comentários ao Estatuto do Torcedor” na Bahia.

As inscrições podem ser feitas pelo site www.esporteejustiça.com.br.

Finalmente, nos dias 21 e 22 de novembro, a Comissão de Direito Desportivo da OAB/SP, seccional de Ribeirão Preto, juntamente com a UNISEB, organizará o I Simósio de Direito Desportivo de Ribeirão Preto. A programação ainda é provisória, mas já estão confirmados os Drs. Luis Marcondes, Presidente do IIDD, Gustavo Delbin, Presidente do IBDD, Leonardo Andreotti, Professor do IESDE Madrid, Eduardo Berol, Procurador do STJD da Cbat, Lívio Enescu, Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB/SP. Com muita honra e alegria, participarei deste evento. As inscrições ainda não se iniciaram.

Portanto, o mês de novembro promete, e muito, aos amantes do Direito Desportivo. Nos vemos!!