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Futebol e desenvolvimento humano

Acompanhando os acontecimentos no mundo e no Brasil, fico imaginando como poderíamos medir o grau de desenvolvimento que a humanidade atingiu neste início de século 21. E quando falo em desenvolvimento, refiro-me não apenas ao processo de acumulação de riquezas materiais, mas às possibilidades de ascensão das pessoas de uma forma mais ampla, ou seja, também nos aspectos biológico, psicológico, ideológico, cultural, espiritual e social.

 

Somos surpreendidos a cada instante com escândalos de toda ordem que nos fazem questionar se vivemos, realmente, numa sociedade civilizada. 

 

Para aumentar estas dúvidas basta vermos, também, o que acontece no mundo do futebol, onde a busca pela vitória, vantagens pessoais e institucionais, muitas vezes, atropelam qualquer apelo que realmente justifique tudo aquilo que entendemos como civilizado.

 

Esta reflexão me trás à mente uma experiência muito interessante, contada há anos por um antropólogo, sobre o comportamento de um povo selvagem. Disse ele que certa vez visitou, com seu grupo de estudos, uma tribo no Mato Grosso, que nunca teve contato com a cultura civilizada.

 

Ao pesquisar aquela população indígena, buscando entender seus relacionamentos, ele e sua equipe aproveitaram para ensinar algumas práticas de nossa cultura, entre elas o futebol. Os índios gostaram tanto do jogo que começaram a praticá-lo diariamente. 

 

Mas um fato chamou muito a atenção dos antropólogos. Como os índios aprenderam que o grande objetivo da competição era a marcação do gol, quando isto acontecia, de um lado ou de outro, os dois times comemoravam entre si, indistintamente. Afinal alguém atingiu a meta e, portanto, cabia uma celebração coletiva que dispensava o conceito de vencedores e perdedores.

 

Bom, talvez, este modelo “selvagem” de ver o futebol não seja o ideal a ser seguido por nós, chamados “civilizados”, participantes de uma sociedade tão competitiva e focada em resultados, mas com certeza pode nos inspirar a colocar alguns limites nas nossas ambições, muitas vezes exageradas, para não dizer doentias.  

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br