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Calendário e precocidade dificultam preparaçáo de base brasileira

As diferenças de calendário, de hábitos de treinamento e, ainda, de costumes culturais, têm causado muitos problemas para a preparação das categorias de base da seleção brasileira. Em janeiro de 2007, o time sub-20 do Brasil terá seu primeiro desafio no ano, na disputa do Sul-Americano da categoria, que vale vaga para o Mundial. E, desde já, a comissão técnica brasileira estuda como preparar melhor o atleta para a competição.
 
“Pelo calendário nacional, o Brasileirão termina em 4 de dezembro e por volta do dia 15 já haverá convocação para o Sul-Americano. Como muitos estão atuando em seus times, vamos pegar os jogadores querendo férias, descansar”, afirmou Paulo Camello, preparador físico do time sub-20, durante palestra no Congresso Carioca de Educação Física, organizado pelo Fiep-RJ (Federação Internacional de Educação Física).
 
Segundo Camello, como cada vez mais os atletas são usados precocemente nos times principais, a seleção brasileira acaba tendo uma preparação dificultada para a disputa das principais competições menores.
 
“Fazemos convocações periódicas de treinamento [de dois em dois meses], enquanto monitoramos os atletas à distância. Mas hoje até o time sub-17 tem problemas de convocação. Muitas vezes usamos um time considerado de terceiro escalão”, disse.
 
O maior problema é que, por normas da Fifa, o clube só é obrigado a ceder um jogador 15 dias antes de uma competição oficial da entidade. Como apenas Sul-Americano e Mundial se enquadram nessa categoria nas divisões de base, os treinadores acabam procurando alternativas para os torneios amistosos.
 
Em razão do pouco tempo para preparar o atleta, Camello afirma que faz um trabalho diferenciado com os garotos. Em vez de estudos detalhados sobre a saúde física do atleta, é feito um trabalho junto com os clubes e, também, avaliações concisas quando os jogadores se reúnem para o treinamento.
 
Na seleção sub-20, Camello implementou dois sistemas de avaliação. A primeira é considerada uma “avaliação geral”, na qual o atleta passa por exames médico, odontológico, físico e psicólogo. Posteriormente é feita uma “avaliação física”, envolvendo teste de composição corporal, de repetição máxima de musculação, do liminar anaeróbico do atleta, um teste anaeróbico de 300 m e, por fim, uma avaliação do equilíbrio muscular.
 
“Tudo deve ser feito de forma prática, porque o tempo é extremamente curto”, afirmou o preparador, que durante 20 anos trabalhou no Fluminense e hoje se dedica à seleção quando é convocado para as competições.
 
Essa praticidade a que Camello se refere é a preferência pela realização de testes diretamente no campo de jogo, já que, nas categorias menores, dificilmente existe um laboratório móvel à disposição da comissão técnica.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Profissionalizaçáo total

O detalhe é, a cada dia que passa, ponto fundamental dentro da estrutura de uma equipe de futebol. Atualmente, os mais diversos estudos são usados para auxiliar o atleta em sua performance e conduzir as equipes às vitórias.
 
A antiga estrutura de uma comissão técnica de um clube é coisa do passado. O grupo formado pelo técnico, o médico, o massagista e o preparador físico já não tem mais condição de ser usado na disputa de alto nível.
 
O clube não pode mais se dar ao luxo de brincar quando o assunto é trabalhar a performance do atleta. E o Brasil talvez seja, atualmente, o país que mais dá abertura para que o treinamento esportivo seja estudado ao máximo, elaborado nos mínimos detalhes.
 
Mas por que ainda não conseguimos levar esse pensamento para além das quatro linhas?
 
Se é certo hoje que a performance esportiva é tudo, ainda não ficou tão claro dentro da estrutura de um clube que a performance financeira pode potencializar todo o restante. Geralmente temos, na presidência dos clubes, empresários bem-sucedidos, que trabalham em grandes empresas ou na sua própria companhia. Mas que ainda acham que o clube é um espaço de lazer.
 
Em alguns clubes brasileiros existe uma consciência de que é fundamental se ter uma excelente estrutura de treinamento, recuperação e formação de atletas. O conceito é básico. Quanto mais eu invisto no meu jogador, mais rendimento ele pode ter. Mas, ao mesmo tempo, na área gerencial tal pensamento não faz parte do cotidiano do clube. E aí a questão que se coloca é simples: será que investir na gestão não traz resultados?
 
Hoje, cartolas e profissionais do esporte se vangloriam de que a medicina esportiva brasileira é a mais avançada do mundo. Mas não conseguem enxergar além disso. O resultado é que, salvo raras exceções, o Brasil continua a achar que investir na profissionalização plena do clube não é fundamental.
 
Enquanto isso o país continua a ser exportador de pé-de-obra. Quando passar a exigir excelência na gestão, a coisa pode mudar. Mas antes disso temos de mudar a cabeça.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br