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O futebol e a música

“Esse é o recado dessa dupla bad boy
Eu saí do Jacarezinho
Eu saí lá de Niterói
Romário e Edmundo pede a paz para a nação
Pare com a violência e não arrume confusão (sic)”
Romário e Edmundo, em “Rap dos Bad Boys”


“Gotta make the grade but I’m failing image 101
teacher says I got no style and something has to be done
there’s radio and video and how to look really bored
and where to go in Timbuktu when you need to score”
Alexi Lalas, em “Pop School”

“Nou dat van die horens dat ken ik ook.kijk mij nu hier
K’heb er altijd wel een bal aan hangen,riep de stier.
Jullie mogen nog niet klagen piepte een veel te grootte mol
Telkens als ik frisse lucht wil schopt er iemand voor m’n hol
Oei oei oei het valt niet mee, het valt niet mee oh nee,
Oei oei oei t is foute boel.. met de dieren rond veld”
Johan Cruyff, em “Oei oei oei”

A relação entre futebol e música vai muito além do fato de Julio Iglesias quase ter se tornado goleiro profissional pelo Real Madrid, não fosse um acidente de carro que o deixou paralisado por um ano e meio e fez com que se inclinasse para o mundo dos palcos e dos ternos brancos.

Futebol e música se inter-relacionam em diversos sentidos.

São bastante comuns, por exemplo, relatos de músicos que dizem que se não fossem o que são, certamente seriam jogadores de futebol. Fernando Pires, vocalista da banda de pagode Só Pra Contrariar, por exemplo, passou pelas categorias de base do Cruzeiro e chegou a jogar profissionalmente pelo Uberlândia Sport, antes de investir na sua sonoridade. Outro pagodeiro que também teve passagem pela categoria de base de um clube representativo foi Vavá, ex-vocalista da banda Karametade, que foi titular do time juvenil do Santos e até recebeu um convite para jogar no XV de Piracicaba.

Como conseqüência da semelhança de origens e – possivelmente – de algumas questões sociais, é natural que boa parte dos jogadores brasileiros possuam muita afinidade com samba/pagode, vide as reportagens feitas a respeito do que acontece nos bastidores dos jogos da seleção brasileira, que sempre possuem um tempo destinado à banda formada pelos jogadores.

Essa relação íntima entre futebol e o ritmo acaba gerando muitas amizades entre aqueles que fazem parte dos dois meios. Não obstante, é comum que jogadores mais famosos façam uso do alcance e penetração da sua imagem nos diversos ambientes midiáticos e apadrinhem ou empresariem bandas de amigos, como é o caso do Ronaldinho Gaúcho, padrinho da banda de pagode gaúcha Samba Tri.

Na música “Goleador” do álbum “Só Alegria“, Ronaldinho mostra “que também é bom de voz, pandeiro e tantã“. Palavras da gravadora da banda.

Oséas, o das trancinhas, também já deu seus pitacos no mundo musical. Foi empresário da banda de pagode/axé Temperatura que, pelo menos até onde eu sei, não emplacou. Muito diferente do grupo de pagode Raça Pura, empresariado por Edílson e apadrinhado por Vampeta, que já posou pelado. O primeiro álbum do grupo, que contava com o hit “O Pinto” – uma coincidência bizarra, acredito -, vendeu 250 mil cópias.

Alguns jogadores foram mais longe. Marcelinho Carioca e Amaral chegaram a criar a própria banda, Divina Inspiração, que se enquadrava num estilo definido como pagode/gospel. Na banda, Amaral cuidava do pandeiro e Marcelinho Carioca tocava repique e cantava.

Porém, não é só no pagode/samba/axé/gospel que o futebol e a música se misturam. Depois de abandonar a carreira de fera-neném, Juninho Bill, ex-bad boy do grupo infantil Trem da Alegria, passou pelas categorias de base do Corinthians e da Portuguesa de São Paulo. Chegou, inclusive, a fazer parte do elenco do Sinop, time do Mato Grosso do Sul que revelou Rogério Ceni, e do Rio Branco de Americana, time que revelou Sandro Hiroshi.

Já que falei de goleiro e do Corinthians, não tem como não falar do ex-goleiro corinthiano Ronaldo, que com sua banda Ronaldo e os Impedidos vendeu 40 mil cópias do álbum homônimo e emplacou o hit “O Nome Dela”, chegando a ter até uma considerável popularidade na MTV. Pouco tempo depois, a banda mudou de nome para Ronnaldo e os Fora Da Lei (sic).

 
Alexi Lalas, ex-zagueiro da seleção americana e atual presidente do LA Galaxy, também era jogador e músico, e chegou a participar da trilha sonora do filme “Pisando na Bola” com a música “Kickin’ Balls“. Lalas investiu pesado na carreira artística e, não muito tempo atrás, lançou o álbum “Ginger“, uma compilação de músicas grudentas de rock leve, composto por guitarra, voz e bateria, e que foi muito bem recebido pela crítica, que disse que o jogador possui um certo talento musical a ser explorado. Lalas admite ter crescido ouvindo Bon Jovi e diz não ter vergonha disso. Um zagueiro com atitude.

Atitude também tem, de sobra, o atual técnico do Sunderland e ex-volante do Manchester United, Roy Keane, que sempre gritou, bateu e xingou muito em campo. Por tal comportamento, conseguiu atrair a si uma respeitável legião de fãs. Alguns desses o homenagearam montando uma banda com seu nome, Keane, que ficou famosa no Brasil por fazer parte da trilha sonora da novela “Como uma Onda“, com o hit “Everybody’s Changing“.

Por sua vez, a banda Pelé – ou Pele -, um grupo de rock alternativo americano, alega que o nome surgiu durante uma manifestação etílica de um dos componentes que – devido ao seu estado – não sabe dizer exatamente de onde veio a sua inspiração. Independentemente disso, ela provavelmente não teria vindo caso Pelé não tivesse jogado nos EUA na década de 70, época em que os gramados americanos atraíram diversas estrelas do futebol mundial.

 
Esse processo pode ter sido reativado agora, com o anúncio da transferência de Beckham do Real Madrid, time do Julio Iglesias, para o LA Galaxy, time do Lalas. Já até se relata que o ex-capitão da Inglaterra enviou sua mulher, a ex-Spice Girl Victoria, para comprar o rancho de Michael Jackson, que por sua vez já chegou a ser condecorado Diretor Honorário do Exeter City, clube da quinta divisão do futebol inglês, então comandado pelo entortador de garfos Uri Geller.
 
Ok, o Uri Geller não tem nada a ver com música.
Mas ele entorta garfos.

Não consegui resistir à deixa.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br