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O bom senso no jornalismo

O Palmeiras protagonizou no último dia 7 de setembro uma das melhores ações de marketing no ano, no evento de lançamento do terceiro uniforme do time de futebol. Uma foto posada do time com 1.500 pessoas, entre torcedores e convidados, em plena cadeira numerada descoberta do Palestra Itália, selou uma interessante estratégia de promoção da nova camisa.
 
Mais do que a “oportunidade única”, jargão que virou dogma no marketing esportivo, o fato curioso do evento acabou sendo uma batalha entre os torcedores e a imprensa que cobria o evento.
 
Com o sol na capital paulista a pino e a temperatura beirando os 30°C, o torcedor teve paciência de esperar os seus ídolos para tirar a foto durante mais de três horas. O evento estava programado para começar às 10h30, mas os atletas só chegariam às 13h para o registro da imagem.
 
Enquanto o tempo passava, os torcedores se distraiam com o que podia. O problema, porém, foi quando o time entrou em campo para uma foto oficial. Os repórteres, que mal haviam chegado ao estádio, se amontoaram após o registro e começaram a fazer perguntas aos principais astros do time.
 
Obviamente, Edmundo foi o mais requisitado. Enquanto todo o time já havia descido aos vestiários e se dirigia à numerada para a foto oficial, o “Animal” continuava a dar entrevistas, a falar sobre novo uniforme, renovação de contrato, chance de título, de classificação à Libertadores, etc.
 
Foi nesse momento que a paciência do torcedor se esgotou. O atraso de uma hora para a foto ser tirada foi canalizado na atuação dos jornalistas naqueles quase 15 minutos em que Edmundo ficou “preso” dando entrevistas à imprensa.
 
Foi a gota d’água para os impropérios começarem. Sobrou até mesmo para quem não tinha nada a ver com a história, que foi o animador da platéia durante o evento. Edmundo, em ótima jogada de marketing, foi solicito com os jornalistas até o momento em que percebeu que toda a tensão do estádio estava voltada a ele. Saiu da entrevista correndo, acenando aos torcedores, que deliravam e gritavam por seu ídolo.
 
Jogo de cena à parte, o profissional de imprensa muitas vezes não percebe que o bom senso poderia ajudá-lo, e muito, no exercício de seu trabalho. A imagem de um jornalista fiel a seus princípios, que não vê hora para a notícia acontecer, que perturba quem quer que seja e quando ele quiser, que sempre vê espaço para mais uma pergunta já virou lenda.
 
No passado, os filmes americanos adoravam mostrar uma imagem caricata do jornalista como uma espécie de pessoa de outro planeta. A essência pode até ser essa, de alguém que é curioso em excesso, que não vê entrave para uma pergunta que derrube o entrevistado, que está muito bem informado de tudo o que acontece.
 
Mas a boa educação e, principalmente, o bom senso, não precisam deixar de existir.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br